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Reconquista (grupo extremista português)

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Reconquista
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História
Fundação
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Sede social
País
Organização
Orientação política
Posicionamento político

Reconquista é um movimento político nacionalista e tradicionalista português, fundado em junho de 2023 e liderado por Afonso Gonçalves. O movimento reúne centenas de membros jovens em todo o país e está a ter bastante notoriedade nas redes socias.

Caracterização[editar | editar código-fonte]

A RECONQUISTA afirma os seguintes objetivos:

Influenciar a radicalização de outras forças políticas; Agremiar e mobilizar todos os jovens portugueses patrióticos e identitários; Formar e desenvolver a elite dormente nacional, preparando-a para a sua missão.

A RECONQUISTA acredita que pode atingir os seus objetivos supramencionados através da ação política prosélita, consistente e determinada, não parlamentar, consubstanciada em três vérticesp praxiológicos: ativismo e participação política, ideologização e intervenções socioculturais de âmbito local.

A RECONQUISTA é um movimento apartidário, mas Afonso Gonçalves é apoiante e participante ativo nas campanhas do partido Chega.[1] Líderes da Juventude Chega têm mostrado apoio ao novo movimento, como o líder da Juventude Chega de Coimbra, João Antunes. Também o líder da Juventude Chega do Porto, Francisco Araújo, usou o seu canal no Telegram para promover o congresso da RECONQUISTA e convencer o seu público a comprar ingressos para o evento.

Após as eleições legislativas de 2024, e da vitória alcançada com a eleição de 50 deputados do Chega, a RECONQUISTA tem vindo a pressionar a radicalização do partido na área da imigração, usando como estratégia o termo "remigração", ideia que tem vindo a ser propagada por membros da juventude do Chega nas redes sociais.[1]

Segundo o cientista político Vicente Valentim, autor do livro "O Fim da Vergonha", referindo-se a grupos como o Reconquista, é comum partidos políticos terem pessoas ou grupos para divulgar o discurso mais extremista, sem que estejam formalmente filiados, ou pertencendo a uma hierarquia mais baixa do partido, transmitindo de forma mais extremista o que a cúpula do partido diz de modo ambíguo.[1] Por outro lado, segundo o politólogo Riccardo Marchi, Afonso Gonçalves, tal como Mário Machado, por mais que discordem do Chega em relação à identidade nacional, viram no seu líder André Ventura “uma janela de oportunidade nunca vista em Portugal para fazer avançar um certo tipo de ideia”, apelando abertamente ao voto no Chega. Segundo Marchi, tais grupos não representam minimamente um perigo para ninguém e mesmo as tentativas iniciais de integrarem o Chega, por exemplo, foram travadas imediatamente pela própria direção do partido ainda em 2019. Já Heidi Beirich, investigadora e cofundadora do projeto GPHAE, afirma que os grupos apresentam riscos, o maior deles na forma de crimes de ódio e terrorismo, habitualmente dirigidos contra imigrantes e outras pessoas por eles visadas e humilhadas, podendo também ameaçar os Direitos Humanos em geral através da sua influência na política.[1]

Segundo Cátia Moreira de Carvalho, investigadora de extremismo e radicalização, os jovens em formação de personalidade são “mais predispostos” a aderirem a movimentos extremistas como o Reconquista, devido à perceção de ameaça e de ataque à identidade, tomando a equidade de género como ameaça à perceção de dominância do patriarcado, fazendo com que não se sintam confortáveis com estes novos papéis pouco definidos e pouco conformes aos seus padrões mentais. Moreira de Carvalho vê a situação como perigosa, especialmente para as mulheres, fazendo ressurgir na agenda política e no debate público temas que "há muito deviam estar arrumados numa gaveta e deviam ser consensuais na sociedade", questionando os direitos conquistados pelas mulheres a muito custo, com potencial de minar o futuro das mulheres mais jovens.[1]

O Reconquista, tal como o 1143, está na mira de autoridades portuguesas, tendo sido referenciado no Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) 2023, no qual se diz que "foram criados projetos e organizações por jovens que estendem o alcance da mensagem extremista a uma nova geração com um perfil distinto (...) e projetos com convergência ideológica com a extrema-direita mesmo que, por vezes, perpassem a sua versão clássica com ideias patriarcais e misóginas.”[1]

Fundadores e liderança[editar | editar código-fonte]

De acordo com o Global Project Against Hate and Extremism (GPAHE), que em outubro desse ano incluiu a organização no seu relatório sobre o ódio e grupos extremistas de extrema-direita em Portugal, Gonçalves "é um supremacista branco e misógino, que se apresenta como um líder autoritário", descrevendo-se a si próprio como transfóbico, ultranacionalista, racista e xenófobo. Começou militando nas redes sociais em 2022, inspirado pela entrada de André Ventura no parlamento em 2019, estreando o canal de Telegram com um vídeo intitulado “o feminismo é uma doença”. Outra das suas primeiras publicações foi uma foto em que simulava dar uma bofetada na deputada Inês Sousa Real, do PAN.[1] Gonçalves é particularmente conhecido pela sua misoginia, postando discursos bizarros sobre o direito das mulheres ao voto, sexo casual e mulheres sentadas em público, referindo-se às mulheres como “prostitutas” e “baratas”. Gonçalves argumenta que mulheres que se divorciam não deveriam “ter direito a receber dinheiro/bens” dos maridos, e deveriam ser obrigadas a “pagar pelos danos causados à família”. Considera o aborto um crime contra a humanidade, pedindo que mulheres que realizem esse procedimento recebam a pena de morte. Segundo Gonçalves, “famílias não tradicionais” são uma “aberração”, “80% de todos os divórcios são iniciados por mulheres” e pessoas de ascendência africana estão criando uma “substituição populacional” de pessoas de ascendência europeia “nativa”. Argumentou que “homens afro-americanos têm 12 vezes mais probabilidade de cometer assassinato do que homens brancos”.[1] Gonçalves afirmou que “a imigração brasileira e as suas consequências são a principal ameaça à sobrevivência de Portugal”, associando frequentemente as mulheres brasileiras à prostituição, assim como qualquer mulher que frequente um ginásio, use as redes sociais ou tenha qualquer opinião.[1] O caráter extremo dos seus preconceitos levou o Twitter a suspender tanto a sua conta principal quanto a secundária, por “comportamento abusivo”.[2][3][4]

O outro membro fundador, Alexandre Lima Gazur, engenheiro informático[1] natural de Viseu, é um YouTuber de extrema-direita, funcionando como coorganizador e promotor dos protestos da Reconquista. É militante do Chega, tendo servido como delegado na 5.ª Convenção Nacional do partido, realizada na sua cidade natalÉ conhecido por seu antissemitismo, acreditando no “controle judeu” do mundo. Em resposta à publicação do relatório sobre Portugal da GPAHE, Gazur acusou a organização de ser finaciada por George Soros, um tema recorrente antissemitista e conspiracionista. Gazur é conhecido por comentários racistas e grosseiros, como os feitos em resposta a um vídeo no Twitter sobre as políticos Katar Moreira e Ossanda Liber,[2] ou os ataques ao próprio deputado do Chega, Marcus Santos, que descreveu como "preto africano, que fala brasileirês".[1] Tal como Gonçalves, Gazur acredita que há uma “substituição populacional” em andamento do povo português, em referência à teoria da conspiração da “Grande Substituição”, argumentando que “deportar todos os imigrantes” que usam o serviço de saúde “gratuitamente” resolveria 90% de todos os problemas do sistema. Pediu que os jovens que participam de eventos do Orgulho LGBT+ sejam “presos pelo Estado”. No seu canal de Telegram, compartilha regularmente mensagens do supremacista branco americano negador do Holocausto Nick Fuentes e do neonazi Andrew Anglin. Após Elon Musk comprar o Twitter teve a conta restaurada, sendo posteriormente suspensa.[2][1]

Militância[editar | editar código-fonte]

A maioria dos adeptos da Reconquista são homens de ascendência portuguesa. Porém participantes identificados pela organização americana GPAHE nos seus canais no Telegram também incluem usuárias que seguem a estética tradwife e participam em manifestações do grupo; Alguns outros membros ou apoiadores são Miguel Morato, skinhead nacionalista ligado ao Grupo 1143, e ao canal mantido por Mário Machado, “Racismo contra Europeus”, que compareceu tanto à manifestação antimuçulmana quanto ao protesto no SEF; e Carlos José Martelo Pagará, candidato do partido de extrema-direita Ergue-Te por Évora em 2022, que apareceu na manifestação de 4 de julho. Ricardo Camões Coutinho, descrito pelo GPAHE como supremacista branco, membro do Chega e delegado por Aveiro na 5.ª convenção do partido, também participou da manifestação.[2] A média de idade dos membros é de 23 anos, sendo o alinhamento com o patriarcalismo um dos requisitos.[1]

O grupo alia o ativismo de rua com um grande foco na internet, misturando os dois tipos de ações. As atividades na rua, como protestos e instalação de faixas e autocolantes com frases xenófobas em locais públicos, são filmadas e fotografadas, sendo depois criadas comunicações para as redes como o Telegram e o TikTok, onde atingem uma camada mais jovem da população.[1] Segundo o RASI 2023, o crescimento da extrema-direita entre as gerações mais jovens "deveu-se, em grande parte, ao esforço desenvolvido na esfera virtual, tornando-a o seu principal veículo de disseminação de propaganda e motor de radicalização e contribuindo, assim, para a proliferação das narrativas extremistas, que atingem um público mais alargado e diversificado.”[1]

Com o passar dos meses e o aumento no número de militantes, o grupo profissionalizou-se, com a contratação de um web designer. Os vídeos iniciais, gravados sem microfone e sem edição, deram lugar a produções mais elaboradas, com linguagem padronizada e estratégias de marketing bem delineadas. A estratégia de comunicação passa igualmente pela articulação nacional e internacional entre grupos com ideias semelhantes, como a página Invictus Portucale, com quase cem mil seguidores nas redes sociais, ou a Rádio Genoa, plataforma digital internacional de notícias falsas e descontextualizadas sobre imigração, parceira da Reconquista e do Grupo 1143.[1]

O alcance da narrativa tem sido limitado pelos mecanismos de moderação das plataformas, que levaram o YouTube a derrubar o canal inicial da Reconquista durante as exibições dos primeiros vídeos da série "A Grande Invasão". Os perfis no Twitter/X foram banidos, embora já tenham retornado.[1]

A Grande Invasão[editar | editar código-fonte]

O grupo produziu uma série de 18 vídeos intitulada A Grande Invasão, considerada pelo Diário de Notícias um dos melhores exemplos de propaganda anti-imigração com o objetivo de atuar no viés de confirmação da população. A produção baseia-se na teoria da conspiração nazifascista e nacionalista branca da Grande Substituição, já referida várias vezes por André Ventura e uma das bases do grupo europeu Identidade e Democracia (ID), do qual o Chega. De acordo com Gonçalves, os objetivos foram “tornar a substituição populacional em tema de debate nacional” e “levar esta realidade a todos os lares Portugueses antes das eleições”. Ao serem divulgados nas redes sociais, todos os posts foram acompanhados da hashtag #Chega, sendo amplamente partilhados por militantes desse partido. A publicação desenrolou-se precisamente até às eleições legislativas de 10 de março de 2024, sugerindo que o seu objetivo terá sido efetivamente criar um ambiente favorável ao Chega nessas eleições.[5]

Cada um dos vídeos foi filmado num distrito do país, iniciando-se pelo Porto, contando estórias que vão ao encontro da narrativa do Chega, de que os imigrantes são criminosos, que não trabalham e que vivem de subsídios, levando-o a incluir no seu programa eleitoral medidas inconstitucionais como a criação do o crime de residência ilegal e a proibição do acesso a apoios sociais nos primeiros cinco anos de residência. Gonçalves descontextualizou as informações recolhidas, editando-as para ocultar respostas, não tendo informado os participantes do objetivo real das entrevistas, induzindo as respostas pretendidas aos imigrantes, a maior parte dos quais não falava português ou apresentava mesmo dificuldades em entender inglês. Participantes que esconderam o rosto e pediram para não ser filmados, incluindo requerentes de proteção internacional, foram expostos. Gonçalves entrou em hotéis e pousadas de juventude onde os requerentes de asilo ficam temporariamente instalados, tal como previsto na lei e de acordo com as regras da União Europeia, apresentando sempre os hóspedes como “pessoas a viver à custa do Estado”, fazendo muitas vezes publicações em que gozava com aqueles cidadãos.[1][5]

Segundo Gonçalves, a produção custou 4,5 mil euros, paga com doações conseguidas via pedidos nas publicações, nas quais se disponibilizam números de MB WAY, PayPal e bitcoin, para quem não quer deixar registo da doação.[1]

Histórico[editar | editar código-fonte]

O grupo surgiu em junho de 2023, quando os líderes Afonso Gonçalves e Alexander Gazur, deslocaram-se a Évora com o propósito de “invadir e interromper de maneira muito agressiva” o evento anual do Mês do Orgulho na cidade, o “Pride dos pequeninos”. Gonçalves tentou interromper o evento por 10 a 15 minutos, gritando em um alto-falante, sendo vigiado por agentes policiais entre este e uma barreira de participantes do Pride. Embora apenas três a cinco pessoas se tenham reunido para o protesto, a cobertura dada pelos órgãos de comunicação social chamou à atenção de apoiadores do partido político de direita Chega!, alguns dos quais já haviam assediado membros do Mês do Orgulho de Évora no início da semana, e que expressaram apoio às suas ações. O novo grupo angariou um conjunto de novos apoiadores com processo de inscrição formal, criando a Reconquista como um movimento.[2]

A 4 de julho, o grupo organizou uma manifestação na Praça Martim Moniz, em Lisboa com o lema “Não há Portugal B”, variação do lema ambientalistanão há planeta B”. A 29 de julho, a Reconquista reuniu-se novamente, agora no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), para protestar contra o plano de regularização de cerca de 170.000 imigrantes, que aguardavam num limbo legal a renovação das suas residências devido à pandemia de Covid-19. Embora o plano não implicasse trazer mais imigrantes para Portugal, mas sim a regularização dos que já se encontravam no país, o grupo reuniu-se frente ao escritório vazio do SEF em Lisboa para protestar contra o que considerou evidência da “substituição populacional”, frase que ecoa a teoria da conspiração nacionalista branca “Grande Substituição”.[2]

Em setembro de 2023, invadiram a apresentação pública do livro "No meu bairro", de Lúcia Vicente, numa livraria de Lisboa, levando a múltiplas reações de condenação, incluindo do então Presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva.[6]

Em outubro de 2023, Gonçalves planeava o lançamento oficial de seu grupo numa espécie de congresso que seria realizado em Lisboa a 21 desse mês, dia em que o D. Afonso Henriques tomou Lisboa “aos muçulmanos”. A plataforma do partido pede a deportação em massa de imigrantes não europeus e a promoção do retorno de emigrantes portugueses, o fim do aborto legal, o fim dos divórcios sem culpa, a proibição de “partidos marxistas” e da promoção do feminismo, e a “terminação e expropriação de todos os institutos e organizações que promovem o ódio a Portugal”.[2]

Em janeiro de 2024, iniciou uma série de 18 vídeos intitulada A Grande Invasão, propaganda anti-imigração visando atuar no viés de confirmação da população, baseiada na teoria da conspiração nazifascista e nacionalista branca da Grande Substituição.[1]

A 25 de abril de 2024, por ocasião das comemorações dos 50 anos da Revolução dos Cravos, cerca de 20 membros do Reconquista manifestaram-se na Praça do Comercio, escoltados pela polícia,[7] defendendo, entre outras ideologias, a teoria conspiracionista da Grande Substituição.[8]

Criticas e Controvérsias[editar | editar código-fonte]

O movimento é mencionado no website norte-americano “Global Project Against Hate and Extremism” (GPAHE) que tem sido objeto de controvérsia e críticas, especialmente em relação à sua abordagem em relação a grupos políticos e ativistas europeus. O “Global Extremism” relaciona grupos de direita democrática como a Juventude CHEGA e grupos de ativismo e promoção de políticas defensoras dos órgãos naturais da sociedade como a Reconquista que perfilha ideiais de nacionalismo etnico e de tradicionalismo a atos de violência política dos dirigentes do grupo 1143 pela correlação de ideais e um contacto discursivo. No entanto, correlações não são suficientes para estabelecer causalidade, além de que a caracterização propositalmente deturpada de membros individuais como representantes de um partido inteiro é uma falácia lógica. Também têm acusado grupos de terem um carácter anti-semita e neonazista por se identificarem como anti-sionistas.

Segundo os criticos do projecto GPAHE isto ocorre como uma forma de softpower americano de modo a manter o unipolarismo sob a Europa. Além disso, a exposição de informações pessoais sem autorização como modus operandi dos grupos de monitorização americanos é uma violação da privacidade e dos direitos individuais e políticos garantidos aos cidadãos portugueses na Constituição e na Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia.

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t Lima, Amanda (11 de maio de 2024). «Grupos de ódio mobilizaram campanha do Chega e "preparam o terreno" para que partido tome ações mais radicais». Diário de Notícias. Consultado em 16 de maio de 2024 
  2. a b c d e f g Kirsten (18 de outubro de 2023). «Portuguese Far Right Sprouting New Organizations». Global Project Against Hate and Extremism (em inglês). Consultado em 16 de maio de 2024 
  3. Barros, Cátia (20 de outubro de 2023). «Rede social X suspende 15 contas portuguesas com ligações à extrema-direita por espalharem ódio online». Expresso. Consultado em 17 de maio de 2024 
  4. «Rede social X suspende pelo menos 15 contas de incentivo ao ódio portuguesas». CNN Portugal. 20 de outubro de 2023. Consultado em 17 de maio de 2024 
  5. a b Gorjão Henriques, Joana (12 de maio de 2024). «Autoridades identificam recrutamento de jovens pela extrema-direita». Público 
  6. Tomás, Carla (24 de setembro de 2023). «"Inaceitável": Santos Silva reage a invasão de nacionalistas em lançamento de livro. "Foi uma tentativa de silenciamento", diz autora». Expresso. Consultado em 17 de maio de 2024 
  7. Lima, Licínio (25 de abril de 2024). «Movimento nacionalista Reconquista manifesta-se no Terreiro do Paço». O Novo 
  8. «Manifestação de extrema-direita: "Existe uma tentativa deliberada de substituição progressiva do povo português"». SIC Notícias. 25 de abril de 2024. Consultado em 17 de maio de 2024