Cuíca-pequena

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Cuíca-pequena
Classificação científica edit
Domínio: Eukaryota
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Infraclasse: Marsupialia
Ordem: Didelphimorphia
Família: Didelphidae
Gênero: Cryptonanus
Espécies:
C. agricolai
Nome binomial
Cryptonanus agricolai
(Moojen, 1943)
Sinónimos
  • Gracilinanus agricolai (Moojen, 1943)

Cuíca-pequena[2] (nome científico: Cryptonanus agricolai), também conhecido popularmente como catita,[3] é uma espécie de marsupial da família dos didelfiídeos (Didelphidae). Endêmica do Brasil, pode ser encontrado nos biomas da Caatinga e Cerrado.[4][1] Foi batizado em homenagem ao médico brasileiro Ernani Agricola.[5][4]

Distribuição[editar | editar código-fonte]

A cuíca-pequena é endêmica do Cerrado e da Caatinga e também foi coletada em zonas de contato entre esses biomas e a Amazônia nos estados do norte do Mato Grosso e sudoeste do Piauí.[6] Registros de cuíca-pequena na Mata Atlântica foram obtidos a partir de fezes de Coruja-das-torres (Tyto alba) e podem corresponder a indivíduos capturados no Cerrado, na Caatinga, ou ambos.[7] pois essas corujas podem se alimentar por longas distâncias, até aproximadamente 31 quilômetros[8]

A atual distribuição conhecida de cuíca-pequena inclui os estados brasileiros do Ceará, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pernambuco, Piauí, Sergipe e Tocantins (Voss et al. (2005),[4] Bezerra et al. (2009[6] e 2014[9]), Bonvicino et al. (2012),[10] Gómes et al (2015),[11] Gurgel-Filho et al. (2015),[12] Hannibal e Neves-Godoi (2015),[13] de la Sancha e D'Elía 2015[14]). O registro de um exemplar no estado de São Paulo foi mencionado na literatura por Martin et al. (2012),[15] mas foram feitos com base em animais que foram liberados (ou seja, não há exemplares disponíveis para uma avaliação) e identificados usando critérios não relatados.

Descrição[editar | editar código-fonte]

A cuíca-pequena trata-se de um pequeno marsupial didelfiídeo (Moojen, 1943),[16] com comprimento da cabeça e corpo entre 82 e 89 milímetros, comprimento da cauda entre 104 e 105 milímetros e massa corporal em torno de 18 gramas. Apresenta uma estreita faixa de pelos escuros ao redor dos olhos, pelagem dorsal marrom-acinzada e ventral, em geral, homogeneamente esbranquiçada, sem base cinza. Sua cauda é preênsil, coberta por diminutos pelos quase invisíveis a olho nu. O dorso do focinho entre os olhos é bem mais claro que o dorso do corpo, apresentando a região periocular escura pouco desenvolvida. A região subocular é mais clara. As orelhas são curtas e apresentam a região externa do pavilhão de coloração castanho clara. A pelagem na base do lado externo da orelha é levemente alaranjada[4] Os pés são pequenos[16] com garras pouco desenvolvidas. As fêmeas não possuem marsúpio.[carece de fontes?]

O cariótipo de cuíca-pequena inclui 14 cromossomos com 24 braços principais (2n = 14, FN = 24).[4][17]

Comparações[editar | editar código-fonte]

A cuíca-pequena e Gracilinanus agilis são muito semelhantes externamente. A cuíca-pequena possui a região escura periocular menos desenvolvida que em G. agilis e Marmosa murina. A região interorbital é mais clara que nas duas últimas espécies. A cuíca-pequena não apresenta aberturas laterais no palato nem forame oval secundário como em G. agilis.[carece de fontes?]

Habitat e Comportamento[editar | editar código-fonte]

Animal noturno e semiarborícola. No Ceará, foi registrado próximo a brejo de altitude no Crato. Registrado também na Serra de Baturité, a 300 quilômetros do Crato, também é em um brejo de altitude.[4] Wellington Hannibal Lopes afirma que os espécimes de cuíca-pequena utilizam principalmente o solo e o sub-bosque ocorrendo eventualmente no subdossel.[18]

Ecologia[editar | editar código-fonte]

Dieta[editar | editar código-fonte]

Os animais do gênero Cryptonanus ocupam um nicho oportunista, e a dieta da cuíca-pequena é baseada em folhas, frutos e artrópodes.[4]

Predadores[editar | editar código-fonte]

Foi constatada a predação de indivíduos de cuíca-pequena por indivíduos de coruja-das-torres (Tyto alba)[7] e Tyto furcata[19].

Estado de Conservação[editar | editar código-fonte]

A lista vermelha da IUCN. Ver. 3.1 atribuiu a categoria "Dados Deficientes" à cuíca-pequena.[1] A espécie não foi incluída na lista oficial de espécies ameaçadas do Brasil (ICMBio-MMA 2016).[20]

Referências

  1. a b c Carmignotto, A.P.; Astúa, D.; Cáceres, N. (2021). «Cryptonanus agricolai». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2021: e.T136545A197311847. doi:10.2305/IUCN.UK.2021-1.RLTS.T136545A197311847.enAcessível livremente. Consultado em 19 de novembro de 2021 
  2. Bonvicino, Cibele Rodrigues; Soares, Vânia Araújo; Sampaio, Roberto Cavalcanti; Bezerra, ALexandra Maria Ramos (2020). Guia dos mamíferos não voadores do Jardim Botânico de Brasília, DF, Brasil. Brasília: Heringeriana. p. 9 
  3. «Marsupial raro encontrado em Campos dos Goytacazes». Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF). 2021. Consultado em 17 de julho de 2021 
  4. a b c d e f g Voss, R.S.; Lunde, D.P.; Jansa; S.A. (2005). «On the contents of Gracilinanus Gardner & Creighton, 1989, with the description of a previously unrecognized clade of small didelphid marsupials». American Museum Novitates. 3482: 1–34. doi:10.1206/0003-0082(2005)482[0001:OTCOGG]2.0.CO;2. hdl:2246/5673 
  5. Beolens, Bo; Watkins, Michael; Grayson, Michael (28 de setembro de 2009). The Eponym Dictionary of Mammals. Baltimore, Marilândia: Imprensa da Universidade Johns Hopkins. p. 5. ISBN 978-0-8018-9304-9. OCLC 270129903 
  6. a b Bezerra, A. M. R.; Carmignotto A. P.; Rodrigues F. H. G. (2009). «Small non-volant mammals of an ecotone region between the Cerrado hotspot and the Amazonian rainforest, with comments on their taxonomy and distribution» (PDF). Zoological Studies. 48: 861–874 
  7. a b Souza, D. P.; Asfora, P. H.; Lira, T. C.; Astúa, D. (agosto de 2009). «Small mammals in Barn Owl (Tyto alba – Aves, Strigiformes) pellets from Northeastern Brazil, with new records of Gracilinanus and Cryptonanus (Didelphimorphia, Didelphidae)». Mammalian Biology. 75: 370–374 
  8. Hegdal, P. L.; Blaskiewicz, R. W. (1984). «Evaluation of the potential hazard to Barn Owls of Talon (brodifacoum bait) used to control rats and house mice». Environmental Toxicology and Chemistry. 3: 167–179. doi:10.1002/etc.5620030119 
  9. Bezerra, Alexandra M R; Lazar, Ana; Bonvicino, Cibele R; Cunha, Adriano S (2014). «Subsidies for a poorly known endemic semiarid biome of Brazil: non-volant mammals of an eastern region of Caatinga». Zoological Studies (em inglês). 53 (1). 16 páginas. ISSN 1810-522X. doi:10.1186/1810-522x-53-16 
  10. Bonvicino, C.R.; Lindbergh, S.M.; Faria, M. B.; Bezerra A. M. R. (2012). «The eastern boundary of the Brazilian Cerrado: a hotspot region» (PDF). Zoological Studies. 51: 1207–1218 
  11. Gomes, Leonardo de Paula; Rocha, Clarisse Rezende; Brandão, Reuber Albuquerque; Marinho-Filho, Jader; Gomes, Leonardo de Paula; Rocha, Clarisse Rezende; Brandão, Reuber Albuquerque; Marinho-Filho, Jader (2015). «Mammal richness and diversity in Serra do Facão region, Southeastern Goiás state, central Brazil». Biota Neotropica. 15 (4). ISSN 1676-0603. doi:10.1590/1676-0611-BN-2015-0033 
  12. Gurgel-Filho, N. M.; Feijó, A.; Langguth, A. (2015). «Pequenos mamíferos do Ceará (marsupiais, morcegos e roedores sigmodontíneos) com discussão taxonômica de algumas espécies». Revista Nordestina de Biologia. 23 (2): 3–150 
  13. Hannibal, Wellington; Neves-Godoi, Maurício (março de 2015). «Non-volant mammals of the Maracaju Mountains, southwestern Brazil: Composition, richness and conservation». Revista Mexicana de Biodiversidad. 86 (1): 217–225. ISSN 1870-3453. doi:10.7550/rmb.48618 
  14. de la Sancha, Noé U.; D’Elía, Guillermo (1 de janeiro de 2015). «Additions to the Paraguayan mammal fauna: the first records of two marsupials (Didelphimorphia, Didelphidae) with comments on the alpha taxonomy of Cryptonanus and Philander». Mammalia (em inglês). 79 (3). ISSN 1864-1547. doi:10.1515/mammalia-2013-0176 
  15. Martin, Paula S.; Gheler-Costa, Carla; Lopes, Paula C.; Rosalino, Luís M.; Verdade, Luciano M. (outubro de 2012). «Terrestrial non-volant small mammals in agro-silvicultural landscapes of Southeastern Brazil». Forest Ecology and Management. 282: 185–195. ISSN 0378-1127. doi:10.1016/j.foreco.2012.07.002 
  16. a b Moojen, J. (1943). «Alguns mamíferos coletados no Nordeste do Brasil, com a descrição de duas espécies novas e notas de campo». Boletim do Museu Nacional, Nova Série Zoologia. 5: 1-1 
  17. A., Carvalho, Bianca de; B., Oliveira, Luiz Flamarion; P., Nunes, Andréa; S., Mattevi, Margarete (1 de fevereiro de 2002). «Karyotypes of Nineteen Marsupial Species from Brazil». Jornal de Mamalogia (em inglês). 83 (1). ISSN 0022-2372. doi:10.1644/1545-1542(2002)083%3C0058:konmsf%3E2.0.co;2 
  18. Lopes, Wellington Hannibal (2009). «Uso de estrato vertical por pequenos mamíferos em floresta de galeria e cerradão no sudoeste do Brasil». Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria. p. 42 
  19. Fonseca, Pedro Henrique; Martinelli, Agustin; Facure, Katia; Teixeira, Vicente; Marinho, Thiago; Lúcia da Fonseca Ferraz, Mara (1 de dezembro de 2017). «Variação Sazonal na dieta de Tyto furcata (Temminck, 1827) (Aves: Strigiformes) em Uberaba, Estado de Minas Gerais, Brasil» 
  20. Sumário Executivo - Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (PDF). Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. 2016