Microbiota intestinal: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Linha 49: Linha 49:


Descobertas recentes demonstraram que as bactérias do intestino desempenham um papel na expressão de [[receptores do tipo Toll]] (TLRs) nos intestinos, moléculas que ajudam o hospedeiro a reparar danos devido a uma lesão. TLRs causa partes do sistema imunitário para reparar danos causados​​, por exemplo, por [[radiação]].<ref name=Sears/><ref name=Keeley/> TLRs são um dos dois tipos de receptores de reconhecimento de padrões (PRR) que fornecem ao intestino a capacidade de discriminar entre as bactérias patogênicas e comensais. Estes PRRs identificam os agentes patogênicos que cruzaram as barreiras mucosas e desencadeiam um conjunto de respostas que tomam medidas contra o patógeno, que envolvem três principais células imune-sensoriais: enterócitos de superfície, células M e células dendríticas.<ref name=OHara06>{{Citar periódico |ultimo=O'Hara |primeiro=Ann M |autorlink= |coautores=Shanahan, Fergus |data= |ano=2006 |mes = |titulo=The gut flora as a forgotten organ |jornal=EMBO Reports |volume=7 |numero =7 |paginas =688–93 |editora = |local= |issn= |pmid=16819463 |doi=10.1038/sj.embor.7400731 |bibcode= |oclc= |id= |url= |lingua2=en |lingua3= |idioma= |formato= |acessadoem =16 de março de 2014 |aspas= |notas= }}</ref>
Descobertas recentes demonstraram que as bactérias do intestino desempenham um papel na expressão de [[receptores do tipo Toll]] (TLRs) nos intestinos, moléculas que ajudam o hospedeiro a reparar danos devido a uma lesão. TLRs causa partes do sistema imunitário para reparar danos causados​​, por exemplo, por [[radiação]].<ref name=Sears/><ref name=Keeley/> TLRs são um dos dois tipos de receptores de reconhecimento de padrões (PRR) que fornecem ao intestino a capacidade de discriminar entre as bactérias patogênicas e comensais. Estes PRRs identificam os agentes patogênicos que cruzaram as barreiras mucosas e desencadeiam um conjunto de respostas que tomam medidas contra o patógeno, que envolvem três principais células imune-sensoriais: enterócitos de superfície, células M e células dendríticas.<ref name=OHara06>{{Citar periódico |ultimo=O'Hara |primeiro=Ann M |autorlink= |coautores=Shanahan, Fergus |data= |ano=2006 |mes = |titulo=The gut flora as a forgotten organ |jornal=EMBO Reports |volume=7 |numero =7 |paginas =688–93 |editora = |local= |issn= |pmid=16819463 |doi=10.1038/sj.embor.7400731 |bibcode= |oclc= |id= |url= |lingua2=en |lingua3= |idioma= |formato= |acessadoem =16 de março de 2014 |aspas= |notas= }}</ref>

=== Prevenção de alergia ===
As bactérias também estão implicadas na prevenção de [[alergia]]s,<ref name="Björkstén"/> uma reação excessiva do sistema imunitário aos antigênios não nocivos. Os estudos sobre a flora intestinal de bebês e crianças pequenas têm mostrado que aqueles que têm ou mais tarde desenvolvem alergias têm diferentes composições de flora intestinal de pessoas sem alergias, com maiores chances de ter as espécies nocivas ''[[Clostridium difficile|C. difficile]]'' e ''[[Staphylococcus aureus|S. aureus]]'' e menor prevalência de ''Bacteroides'' e ''Bifidobacteria''.<ref name="Björkstén"/> Uma explicação é que, desde que úteis flora intestinal estimula o sistema imunológico e o "treina" para responder adequadamente aos antígenos, a falta dessas bactérias no início da vida leva a um sistema imunológico inadequadamente treinado que exagera a antígenos.<ref name="Björkstén"/> Por outro lado, as diferenças na flora poderiam ser um resultado e não uma causa, das alergias.<ref name="Björkstén"/>


{{Referências|col=2}}
{{Referências|col=2}}
Linha 58: Linha 61:
* {{Citar periódico |ultimo=Prakash |primeiro=Satya |autorlink= |coautores=Tomaro-Duchesneau, Catherine; Saha, Shyamali; Cantor, Arielle |data= |ano=2011 |mes = |titulo=The Gut Microbiota and Human Health with an Emphasis on the Use of Microencapsulated Bacterial Cells |jornal=Journal of Biomedicine and Biotechnology |volume=2011 |numero = |paginas =1 |editora = |local= |issn= |pmid=21772792 |doi=10.1155/2011/981214 |bibcode= |oclc= |id= |url= |lingua2=en |lingua3= |idioma= |formato= |acessadoem = |aspas= |notas= }}
* {{Citar periódico |ultimo=Prakash |primeiro=Satya |autorlink= |coautores=Tomaro-Duchesneau, Catherine; Saha, Shyamali; Cantor, Arielle |data= |ano=2011 |mes = |titulo=The Gut Microbiota and Human Health with an Emphasis on the Use of Microencapsulated Bacterial Cells |jornal=Journal of Biomedicine and Biotechnology |volume=2011 |numero = |paginas =1 |editora = |local= |issn= |pmid=21772792 |doi=10.1155/2011/981214 |bibcode= |oclc= |id= |url= |lingua2=en |lingua3= |idioma= |formato= |acessadoem = |aspas= |notas= }}
* {{Citar periódico |ultimo=De Preter |primeiro=Vicky |autorlink= |coautores=Hamer, Henrike M; Windey, Karen; Verbeke, Kristin |data= |ano=2011 |mes = |titulo=The impact of pre- and/or probiotics on human colonic metabolism: Does it affect human health? |jornal=Molecular Nutrition & Food Research |volume=55 |numero =1 |paginas =46–57 |editora = |local= |issn= |pmid=21207512 |doi=10.1002/mnfr.201000451 |bibcode= |oclc= |id= |url= |lingua2=en |lingua3= |idioma= |formato= |acessadoem = |aspas= |notas= }}
* {{Citar periódico |ultimo=De Preter |primeiro=Vicky |autorlink= |coautores=Hamer, Henrike M; Windey, Karen; Verbeke, Kristin |data= |ano=2011 |mes = |titulo=The impact of pre- and/or probiotics on human colonic metabolism: Does it affect human health? |jornal=Molecular Nutrition & Food Research |volume=55 |numero =1 |paginas =46–57 |editora = |local= |issn= |pmid=21207512 |doi=10.1002/mnfr.201000451 |bibcode= |oclc= |id= |url= |lingua2=en |lingua3= |idioma= |formato= |acessadoem = |aspas= |notas= }}
* {{Citar periódico |ultimo=Prakash |primeiro=Satya |autorlink= |coautores=Rodes, Laetitia; Coussa-Charley, Michael; Tomaro-Duchesneau, Catherine; Tomaro-Duchesneau, Catherine; Coussa-Charley; Rodes |data= |ano=2011 |mes = |titulo=Gut microbiota: Next frontier in understanding human health and development of biotherapeutics |jornal=Biologics: Targets and Therapy |volume=5 |numero = |paginas =71–86 |editora = |local= |issn= |pmid=21847343 |doi=10.2147/BTT.S19099 |bibcode= |oclc= |id= |url= |lingua2=en |lingua3= |idioma= |formato= |acessadoem = |aspas= |notas= }}

* {{Citar periódico |ultimo=Wu |primeiro=G. D. |autorlink= |coautores=Chen, J.; Hoffmann, C.; Bittinger, K.; Chen, Y.-Y.; Keilbaugh, S. A.; Bewtra, M.; Knights, D.; Walters, W. A.; Knight, R.; Sinha, R.; Gilroy, E.; Gupta, K.; Baldassano, R.; Nessel, L.; Li, H.; Bushman, F. D.; Lewis, J. D. |data= |ano=2011 |mes = |titulo=Linking Long-Term Dietary Patterns with Gut Microbial Enterotypes |jornal=Science |volume=334 |numero =6052 |paginas =105–8 |editora = |local= |issn= |pmid=21885731 |doi=10.1126/science.1208344 |bibcode= |oclc= |id= |url= |lingua2=en |lingua3= |idioma= |formato= |acessadoem = |aspas= |notas= }}
{{Portal3|Biologia|Biologia Celular}}
{{Portal3|Biologia|Biologia Celular}}



Revisão das 03h06min de 4 de abril de 2014

Escherichia coli, uma das muitas espécies de bactérias presentes no intestino humano.

Flora intestinal consiste em um complexo de espécies de micro-organismos que vivem no trato digestivo dos animais e é o maior reservatório de flora humana ou microbiota. O principal benefício ao hospedeiro é a recolhimento de energia a partir da fermentação de carboidratos não digeridos e a subsequente absorção de ácidos graxos de cadeia curta. O mais importante destes ácidos gordos são butiratos, metabolizados pelo epitélio do cólon; propionatos pelo fígado; e acetatos do tecido muscular. As bactérias intestinais, também desempenham um papel na síntese de vitamina B e da vitamina K, bem como ácidos biliares, que metaboliza esteróis e xenobióticos.[1]

O corpo humano transporta cerca de 100 trilhões de microrganismos nos seus intestinos, uma série dez vezes maior do que o número total de células humanas no corpo.[2][3][4][5][6] As atividades metabólicas desempenhadas por estas bactérias se assemelham aos de um órgão, levando alguns a comparar bactérias do intestino a um órgão "esquecido".[7] Estima-se que esta flora intestinal tem cerca de cem vezes mais genes, no total, uma vez que existem no genoma humano.[8]

Bactérias compõem a maior parte da flora do cólon e até 60% da massa seca de fezes.[9] Cerca de 300[3] a 1000 espécies diferentes vivem no intestino,[4] com a maioria das estimativas em cerca de 500.[5][7][10] No entanto, é provável que 99% das bactérias vieram de cerca de 30 ou 40 espécies.[11] Os fungos, protozoários e archaea também compõem uma parte da flora intestinal, mas pouco se sabe sobre suas atividades.

A investigação sugere que a relação entre a flora do intestino e dos seres humanos não é apenas comensal (uma coexistência não nociva), mas sim uma relação mutualística.[4] Embora as pessoas possam sobreviver sem a flora intestinal,[5] os microrganismos realizam uma série de funções úteis, como fermentação de substratos de energia não utilizadas, treinando o sistema imunológico, impedindo o crescimento de bactérias patogênicas,[3] prejudiciais, regulando o desenvolvimento do intestino, produzindo vitaminas para o hospedeiro, tais como a biotina[12] e vitamina K,[13] e produzir hormônios para dirigir o hospedeiro para armazenar gorduras. No entanto, em certas condições, acreditasse que algumas espécies ​​sejam capazes de causar doença por produção de infecção ou aumentar o risco de câncer para o hospedeiro.[3]

Mais de 99% das bactérias no intestino são anaeróbios,[3][4][11][14] mas no ceco, bactérias aeróbias atingir altas densidades.[3]

Tipos

Candida albicans, um fungo dimórfico que cresce como uma levedura no intestino.

Nem todas as espécies no intestino foram identificadas[3][4] porque não podem mais ser cultivados,[4][11][15] e possui difícil identificação. As populações de espécies variam muito entre diferentes indivíduos, mas ficam razoavelmente constantes dentro de um indivíduo ao longo do tempo, apesar de algumas alterações poderem ocorrer com as mudanças no estilo de vida, dieta e idade.[3][7] Um esforço para descrever melhor a microflora do intestino e em outros locais do corpo foi iniciado; o projeto do Institutos Nacionais da Saúde Human Microbiome Project. Em 2009, cientistas do INRA (França) destacaram a existência de um pequeno número de espécies compartilhadas por todos os indivíduos que constituem o núcleo da microbiota intestinal filogenética humana.[16]

A maioria das bactérias pertencem aos gêneros Bacteroides, Clostridium, Fusobacterium,[3][11][14] Eubacterium, Ruminococcus, Peptococcus, Peptostreptococcus, e Bifidobacterium.[3][11] Outros gêneros, tais como Escherichia e Lactobacillus, estão presentes em menor grau.[3] Espécies do gênero Bacteroides sozinhas constituem cerca de 30% de todas as bactérias no intestino, o que sugere que este gênero é especialmente importante no funcionamento do hospedeiro.[4]

Os gêneros atualmente conhecidos como fungos da flora intestinal incluem Candida, Saccharomyces, Aspergillus e Penicillium.

Archaea constituem uma outra grande classe de flora intestinal, que são importantes no metabolismo dos produtos bacterianos de fermentação.

Enterotipo

Um enterotipo é uma classificação dos seres vivos com base em seu ecossistema bacteriológico no microbioma intestinal humano não ditado por idade, sexo, peso corporal, ou divisões nacionais.[17] Há indícios de que a dieta influencia a longo prazo enterotipos.[18] Três enterotipos humanos foram descobertos.[17][19]

Idade

Foi demonstrado que existem padrões comuns de composição evolutiva da microbiota durante a vida. Analisando V4 16S rRNA bacteriana de 528 indivíduos de diferentes idades e origens geográficas,[20] demonstrou que a diversidade da composição da microbiota das amostras fecais é significativamente maior em adultos do que em crianças, embora as diferenças interpessoais sejam maiores em crianças do que em adultos. Curiosamente, a maturação da microbiota numa configuração como adulto acontece durante os três primeiros anos de vida. A análise metagenômica de amostras fecais, combinadas com a análise do V4 16S rRNA permitem um estudo detalhado de filotipos e mostrou que embora não haja filotipos sendo exclusivos para adultos ou bebês, filotipos pertencentes a Bifidobacterium longum que dominam os bebês amamentados, a diminuição da representação proporcional com o aumento da idade.[20]

O estudo também mostrou uma alta prevalência de enzimas envolvidas na fermentação, metanogênese e no metabolismo da arginina, glutamato, aspartato e lisina em microbiomas adultos enquanto que em microbiomas de bebês predominam enzimas envolvidas no metabolismo de vias de cisteína e de fermentação.[20]

Por fim, analisando os efeitos de parentesco sobre o microbioma entre os países, verificou-se que, apesar da grande influência de fatores culturais em que os micróbios estão presentes na população, a partilha de numerosas exposições ambientais comuns em uma família é um forte determinante da composição individual de microbioma. Este efeito não tem influência genética e é observado de forma consistente em diferentes populações culturalmente.[20]

Aquisição em bebês humanos

O trato gastrointestinal de um feto normal tem sido considerado estéril, no entanto, recentemente tem sido reconhecido que a colonização microbiana pode ocorrer no feto.[21] Durante o nascimento e rapidamente a partir daí, as bactérias da mãe e do ambiente envolvente colonizam o intestino do bebê. Imediatamente após o parto vaginal, os bebés podem ter cepas bacterianas derivadas de fezes das mães no trato gastrointestinal superior.[22] Crianças nascidas por cesariana também podem ser expostas a microflora de suas mães, mas é mais provável que a exposição inicial seja a partir do ambiente circundante, tais como o ar, outras crianças, e a equipe de enfermagem, que servem como vetores para a transferência.[23] A flora intestinal primária em crianças nascidas por cesariana pode ser perturbada por até seis meses após o nascimento, enquanto que as crianças nascidas por parto vaginal levam até um mês para suas microfloras intestinais estejam bem estabelecidos.[24] Após o nascimento, as bactérias ambientais, orais e cutâneas são facilmente transferidas da mãe para o bebê através da amamentação, beijando e acariciando.

Todas as crianças são inicialmente colonizadas por um grande número de E. coli e estreptococos. Dentro de alguns dias, o número de bactérias atinge de 108 a 1010 por grama de fezes.[23][25] Durante a primeira semana de vida, estas bactérias criam um ambiente favorável para a redução da sucessão bacteriana subsequente de espécies anaeróbicas estritas principalmente pertencentes aos gêneros Bifidobacterium, Bacteroides, Clostridium, e Ruminococcus.[26] Bebês amamentados se tornam dominados por bifidobactérias, possivelmente devido ao conteúdo de fatores de crescimento de bifidobactérias no leite materno.[27][28] Em contraste, a microbiota dos lactentes alimentados com fórmula é mais diversificada, com um elevado número de Enterobacteriaceae, enterococos, bifidobactérias, Bacteroides, e clostrídios.[29][30]

Os microbiomas de crianças são enriquecidos por enzimas envolvidas no forrageamento de glicanos representados no leite materno e na mucosa intestinal.[20]

Funções

As bactérias no intestino cumprem uma série de funções úteis para os seres humanos, incluindo a digestão de substratos de energia não utilizada,[31] estimulando o crescimento celular, reprimindo o crescimento de micro-organismos nocivos, treinando o sistema imunológico a responder apenas aos patógenos, e defesa contra algumas doenças.[3][4][32]

Efeitos tróficos

Outro benefício de SCFA é que eles aumentam o crescimento das células epiteliais intestinais e controlam a sua proliferação e diferenciação.[3] Eles também podem causar tecido linfoide perto do intestino para crescer. As células bacterianas também alteram o crescimento do intestino, alterando a expressão de proteínas da superfície celular, tais como transportadores de sódio/glicose. Além disso, as mudanças que eles fazem nas células podem evitar lesões que ocorram na mucosa intestinal.[32]

Imunidade

Flora intestinal tem um efeito contínuo e dinâmico no intestino e sistema imunológico sistêmico do hospedeiro. As bactérias são fundamentais na promoção do desenvolvimento inicial do sistema imunológico da mucosa do intestino tanto em termos de seus componentes físicos e funções e continuam a desempenhar um papel mais tarde na vida em sua operação. As bactérias estimulam o tecido linfoide associado à mucosa do intestino para produzir anticorpos a agentes patogênicos. O sistema imunitário reconhece e combate bactérias prejudiciais, mas deixa as espécies úteis sozinhas, uma tolerância desenvolvida na infância.[3][5][15]

Assim que uma criança nasce, as bactérias começam a colonizar o trato digestivo. As primeiras bactérias a se instalarem são capazes de afetar a resposta imune, tornando-a mais favorável à sua própria sobrevivência e menos para as espécies concorrentes; assim, as primeiras bactérias a colonizar o intestino são importantes na determinação da composição contínua da flora intestinal da pessoa. No entanto, há uma mudança na altura do desmame de espécies predominantemente anaeróbicas facultativas, tais como Streptococci e Escherichia coli, para obrigar principalmente espécies anaeróbicas.[3][4]

Descobertas recentes demonstraram que as bactérias do intestino desempenham um papel na expressão de receptores do tipo Toll (TLRs) nos intestinos, moléculas que ajudam o hospedeiro a reparar danos devido a uma lesão. TLRs causa partes do sistema imunitário para reparar danos causados​​, por exemplo, por radiação.[4][32] TLRs são um dos dois tipos de receptores de reconhecimento de padrões (PRR) que fornecem ao intestino a capacidade de discriminar entre as bactérias patogênicas e comensais. Estes PRRs identificam os agentes patogênicos que cruzaram as barreiras mucosas e desencadeiam um conjunto de respostas que tomam medidas contra o patógeno, que envolvem três principais células imune-sensoriais: enterócitos de superfície, células M e células dendríticas.[7]

Prevenção de alergia

As bactérias também estão implicadas na prevenção de alergias,[2] uma reação excessiva do sistema imunitário aos antigênios não nocivos. Os estudos sobre a flora intestinal de bebês e crianças pequenas têm mostrado que aqueles que têm ou mais tarde desenvolvem alergias têm diferentes composições de flora intestinal de pessoas sem alergias, com maiores chances de ter as espécies nocivas C. difficile e S. aureus e menor prevalência de Bacteroides e Bifidobacteria.[2] Uma explicação é que, desde que úteis flora intestinal estimula o sistema imunológico e o "treina" para responder adequadamente aos antígenos, a falta dessas bactérias no início da vida leva a um sistema imunológico inadequadamente treinado que exagera a antígenos.[2] Por outro lado, as diferenças na flora poderiam ser um resultado e não uma causa, das alergias.[2]

Referências

  1. Cummings, J.H.; MacFarlane, G.T. (1997). «Role of intestinal bacteria in nutrient metabolism». Clinical Nutrition (em inglês). 16: 3–9. PMID 16844615. doi:10.1016/S0261-5614(97)80252-X 
  2. a b c d e Björkstén, Bengt; Sepp, Epp; Julge, Kaja; Voor, Tiia; Mikelsaar, Marika (2001). «Allergy development and the intestinal microflora during the first year of life». Journal of Allergy and Clinical Immunology (em inglês). 108 (4): 516–20. PMID 11590374. doi:10.1067/mai.2001.118130 
  3. a b c d e f g h i j k l m n o Guarner, F; Malagelada, J (2003). «Gut flora in health and disease». The Lancet (em inglês). 361 (9356): 512–9. PMID 12583961. doi:10.1016/S0140-6736(03)12489-0 
  4. a b c d e f g h i j Sears, Cynthia L. (2005). «A dynamic partnership: Celebrating our gut flora». Anaerobe (em inglês). 11 (5): 247–51. PMID 16701579. doi:10.1016/j.anaerobe.2005.05.001 
  5. a b c d Steinhoff, U (2005). «Who controls the crowd? New findings and old questions about the intestinal microflora». Immunology Letters (em inglês). 99 (1): 12–6. PMID 15894105. doi:10.1016/j.imlet.2004.12.013 
  6. Savage, D C (1977). «Microbial Ecology of the Gastrointestinal Tract». Annual Review of Microbiology (em inglês). 31: 107–33. PMID 334036. doi:10.1146/annurev.mi.31.100177.000543 
  7. a b c d O'Hara, Ann M; Shanahan, Fergus (2006). «The gut flora as a forgotten organ». EMBO Reports (em inglês). 7 (7): 688–93. PMID 16819463. doi:10.1038/sj.embor.7400731 
  8. Qin, Junjie; Li, Ruiqiang; Raes, Jeroen; Arumugam, Manimozhiyan; Burgdorf, Kristoffer Solvsten; Manichanh, Chaysavanh; Nielsen, Trine; Pons, Nicolas; Levenez, Florence; Yamada, Takuji; Mende, Daniel R.; Li, Junhua; Xu, Junming; Li, Shaochuan; Li, Dongfang; Cao, Jianjun; Wang, Bo; Liang, Huiqing; Zheng, Huisong; Xie, Yinlong; Tap, Julien; Lepage, Patricia; Bertalan, Marcelo; Batto, Jean-Michel; Hansen, Torben; Le Paslier, Denis; Linneberg, Allan; Nielsen, H. Bjørn; Pelletier, Eric; Renault, Pierre (2010). «A human gut microbial gene catalogue established by metagenomic sequencing». Nature (em inglês). 464 (7285): 59–65. PMID 20203603. doi:10.1038/nature08821 
  9. Stephen, A. M.; Cummings, J. H. (1980). «The Microbial Contribution to Human Faecal Mass». Journal of Medical Microbiology (em inglês). 13 (1): 45–56. PMID 7359576. doi:10.1099/00222615-13-1-45 
  10. Gibson, Glenn R. (2004). «Fibre and effects on probiotics (the prebiotic concept)». Clinical Nutrition Supplements (em inglês). 1 (2): 25–31. doi:10.1016/j.clnu.2004.09.005 
  11. a b c d e Beaugerie, Laurent; Petit, Jean-Claude (2004). «Antibiotic-associated diarrhoea». Best Practice & Research Clinical Gastroenterology (em inglês). 18 (2): 337–52. PMID 15123074. doi:10.1016/j.bpg.2003.10.002 
  12. «Synthesis of Vitamins by Intestinal Bacteria» (PDF) (em inglês). PNAS. 1º de julho de 1942. Consultado em 17 de fevereiro de 2014 
  13. Guy LeBlanc, Jean; Milani, Christian; Savoy de Giori, Graciela; Sesma, Fernando; van Sinderen, Douwe; Ventura, Marco (1º de abril de 2013). «Bacteria as vitamin suppliers to their host: a gut microbiota perspective». Elsevier Ltd. Clinical Key (em inglês). 24 (2): 160-168 
  14. a b Vedantam, Gayatri; Hecht, David W (2003). «Antibiotics and anaerobes of gut origin». Current Opinion in Microbiology (em inglês). 6 (5): 457–61. PMID 14572537. doi:10.1016/j.mib.2003.09.006 
  15. a b Shanahan, Fergus (2002). «The host–microbe interface within the gut». Best Practice & Research Clinical Gastroenterology (em inglês). 16 (6): 915–31. PMID 12473298. doi:10.1053/bega.2002.0342 
  16. Tap, Julien; Mondot, Stanislas; Levenez, Florence; Pelletier, Eric; Caron, Christophe; Furet, Jean-Pierre; Ugarte, Edgardo; Muñoz-Tamayo, Rafael; Paslier, Denis L. E.; Nalin, Renaud; Dore, Joel; Leclerc, Marion (2009). «Towards the human intestinal microbiota phylogenetic core». Environmental Microbiology (em inglês). 11 (10): 2574–84. PMID 19601958. doi:10.1111/j.1462-2920.2009.01982.x 
  17. a b Arumugam, Manimozhiyan; Raes, Jeroen; Pelletier, Eric; Le Paslier, Denis; Yamada, Takuji; Mende, Daniel R.; Fernandes, Gabriel R.; Tap, Julien; Bruls, Thomas; Batto, Jean-Michel; Bertalan, Marcelo; Borruel, Natalia; Casellas, Francesc; Fernandez, Leyden; Gautier, Laurent; Hansen, Torben; Hattori, Masahira; Hayashi, Tetsuya; Kleerebezem, Michiel; Kurokawa, Ken; Leclerc, Marion; Levenez, Florence; Manichanh, Chaysavanh; Nielsen, H. Bjørn; Nielsen, Trine; Pons, Nicolas; Poulain, Julie; Qin, Junjie; Sicheritz-Ponten, Thomas; Tims, Sebastian (2011). «Enterotypes of the human gut microbiome». Nature (em inglês). 473 (7346): 174–80. PMID 21508958. doi:10.1038/nature09944 
  18. Wu, G. D.; J.; Hoffmann, C.; Bittinger, K.; Chen, Y.-Y.; Keilbaugh, S. A.; Bewtra, M.; Knights, D.; Walters, W. A.; Knight, R.; Sinha, R.; Gilroy, E.; Gupta, K.; Baldassano, R.; Nessel, L.; Li, H.; Bushman, F. D.; Lewis, J. D. (2011). «Linking Long-Term Dietary Patterns with Gut Microbial Enterotypes». Science (em inglês). 334 (6052): 105–8. PMID 21885731. doi:10.1126/science.1208344 
  19. Zimmer, Carl (20 de abril de 2011). um grupo de cientistas agora relatou apenas três ecossistemas distintos nas vísceras de pessoas que estudaram.. «Bacteria Divide People Into 3 Types, Scientists Say». The New York Times (em inglês). Consultado em 20 de março de 2014 
  20. a b c d e Yatsunenko, T.; Rey, F. E.; Manary, M. J.; Trehan, I.; Dominguez-Bello, M. G.; Contreras, M.; Magris, M.; Hidalgo, G.; Baldassano, R. N.; Anokhin, A. P.; Heath, A. C.; Warner, B.; Reeder, J.; Kuczynski, J.; Caporaso, J. G.; Lozupone, C. A.; Lauber, C.; Clemente, J. C.; Knights, D.; Knight, R.; Gordon, J. I. (2012). «Human gut microbiome viewed across age and geography». Nature. 486: 222-227. doi:10.1038/nature11053 
  21. Collado, M and Bӓuerl C et al. Defining microbiota for developing new probiotics. Microb Ecol Health Dis.2012;23 PMCID:PMC 3747743
  22. Bettelheim, K. A.; Breadon, Alwena; Faiers, Mary C.; O'Farrell, Sheila M.; Shooter, R. A. (2009). «The origin of O serotypes of Escherichia coli in babies after normal delivery». Journal of Hygiene (em inglês). 72 (1): 67–70. PMID 4593741. doi:10.1017/S0022172400023226 
  23. a b Schwiertz, Andreas; Gruhl, Bärbel; Löbnitz, Manuela; Michel, Peter; Radke, Michael; Blaut, Michael (2003). «Development of the Intestinal Bacterial Composition in Hospitalized Preterm Infants in Comparison with Breast-Fed, Full-Term Infants». Pediatric Research. 54 (3): 393–9. PMID 12788986. doi:10.1203/01.PDR.0000078274.74607.7A 
  24. Grölund, Minna-Maija; Lehtonen, Olli-Pekka; Eerola, Erkki; Kero, Pentti (1999). «Fecal Microflora in Healthy Infants Born by Different Methods of Delivery: Permanent Changes in Intestinal Flora After Cesarean Delivery». Journal of Pediatric Gastroenterology & Nutrition (em inglês). 28 (1): 19–25. PMID 9890463. doi:10.1097/00005176-199901000-00007 
  25. MacKie, RI; Sghir, A; Gaskins, HR (1999). «Developmental microbial ecology of the neonatal gastrointestinal tract». The American journal of clinical nutrition (em inglês). 69 (5): 1035S–1045S. PMID 10232646 
  26. Favier, C. F.; Vaughan, E. E.; De Vos, W. M.; Akkermans, A. D. L. (2002). «Molecular Monitoring of Succession of Bacterial Communities in Human Neonates». Applied and Environmental Microbiology. 68 (1): 219–26. PMID 11772630. doi:10.1128/AEM.68.1.219-226.2002 
  27. Coppa, Giovanni V; Bruni, Stefano; Morelli, Lorenzo; Soldi, Sara; Gabrielli, Orazio (2004). «The First Prebiotics in Humans». Journal of Clinical Gastroenterology (em inglês). 38 (6): S80–3. PMID 15220665. doi:10.1097/01.mcg.0000128926.14285.25 
  28. Coppa, G.V.; Zampini, L.; Galeazzi, T.; Gabrielli, O. (2006). «Prebiotics in human milk: A review». Digestive and Liver Disease (em inglês). 38: S291–4. PMID 17259094. doi:10.1016/S1590-8658(07)60013-9 
  29. Harmsen, Hermie J. M.; Wildeboer-Veloo, Alida C. M.; Raangs, Gerwin C.; Wagendorp, Arjen A.; Klijn, Nicolette; Bindels, Jacques G.; Welling, Gjalt W. (2000). «Analysis of Intestinal Flora Development in Breast-Fed and Formula-Fed Infants by Using Molecular Identification and Detection Methods». Journal of Pediatric Gastroenterology and Nutrition (em inglês). 30 (1): 61–7. PMID 10630441. doi:10.1097/00005176-200001000-00019 
  30. Fanaro, S; Chierici, R; Guerrini, P; Vigi, V (2003). «Intestinal microflora in early infancy: Composition and development». Acta paediatrica (em inglês). 91 (441): 48–55. PMID 14599042 
  31. Wynne, Anthony G; McCartney, Anne L; Brostoff, Jonathan; Hudspith, Barry N; Gibson, Glenn R (2004). «An in vitro assessment of the effects of broad-spectrum antibiotics on the human gut microflora and concomitant isolation of a Lactobacillus plantarum with anti-Candida activities». Anaerobe. 10 (3): 165–9. PMID 16701514. doi:10.1016/j.anaerobe.2004.03.002 
  32. a b c Keeley J. 2004. Good bacteria trigger proteins to protect the gut. (PDF) Howard Hughes Medical Institute. EurekAlert. Página visitada em 18 de fevereiro de 2014.

Leitura adicional

Livros
  • Jo Ann Tatum, Hattner; Susan, Anderes (2009). Gut Insight: probiotics and prebiotics for digestive health and well-being. [S.l.]: Hattner Nutrition. ISBN 978-0-578-02615-2 
Artigos de revisão
  • Prakash, Satya; Tomaro-Duchesneau, Catherine; Saha, Shyamali; Cantor, Arielle (2011). «The Gut Microbiota and Human Health with an Emphasis on the Use of Microencapsulated Bacterial Cells». Journal of Biomedicine and Biotechnology (em inglês). 2011. 1 páginas. PMID 21772792. doi:10.1155/2011/981214 
  • De Preter, Vicky; Hamer, Henrike M; Windey, Karen; Verbeke, Kristin (2011). «The impact of pre- and/or probiotics on human colonic metabolism: Does it affect human health?». Molecular Nutrition & Food Research (em inglês). 55 (1): 46–57. PMID 21207512. doi:10.1002/mnfr.201000451 
  • Prakash, Satya; Rodes, Laetitia; Coussa-Charley, Michael; Tomaro-Duchesneau, Catherine; Tomaro-Duchesneau, Catherine; Coussa-Charley; Rodes (2011). «Gut microbiota: Next frontier in understanding human health and development of biotherapeutics». Biologics: Targets and Therapy (em inglês). 5: 71–86. PMID 21847343. doi:10.2147/BTT.S19099 
  • Wu, G. D.; Chen, J.; Hoffmann, C.; Bittinger, K.; Chen, Y.-Y.; Keilbaugh, S. A.; Bewtra, M.; Knights, D.; Walters, W. A.; Knight, R.; Sinha, R.; Gilroy, E.; Gupta, K.; Baldassano, R.; Nessel, L.; Li, H.; Bushman, F. D.; Lewis, J. D. (2011). «Linking Long-Term Dietary Patterns with Gut Microbial Enterotypes». Science (em inglês). 334 (6052): 105–8. PMID 21885731. doi:10.1126/science.1208344