Demência: diferenças entre revisões

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{{Info/Patologia |
{{Info/Patologia
Nome = Demência |
| Nome = Demência
Imagem = Old Man, Lievens.jpg|
| Sinónimos = Senilidade
| Imagem = Alzheimer's_disease_brain_comparison.jpg
Legenda = No Brasil, cerca de 21,9% das pessoas com idade acima de 65 anos têm algum grau de demência<ref name="teses.usp.br">Lopes, Marcos Antonio.(2006)Estudo epidemiológico de prevalência de demência em Ribeirão Preto. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5142/tde-18042007-110300/pt-br.php</ref> |
| Legenda = Comparação de um cérebro de um idoso normal (esquerda) e o de uma pessoa com [[doença de Alzheimer]] (direita). Estão assinaladas as características diferenciadoras.
CID10 = {{CID10|F|00|f|00}} |
| Especialidade = [[Neurologia]], [[psiquiatria]]
CID9 = {{CID9|294}}
| Sintomas = Diminuição da capacidade de [[raciocínio]] e memória, problemas emocionais, problemas com a [[linguagem]], diminuição da [[motivação]]<ref name=WHO2014/><ref name=BMJ2009/>
| Complicações =
| Início = Gradual<ref name=WHO2014/>
| Duração = Crónica<ref name=WHO2014/>
| Causas = [[Doença de Alzheimer]], [[demência vascular]], [[demência com corpos de Lewy]], [[demência frontotemporal]]<ref name=WHO2014/><ref name=BMJ2009/>
| Riscos =
| Diagnóstico = Exames cognitivos ([[mini exame do estado mental]])<ref name=BMJ2009/><ref name=NICE2014Diag/>
| Diferencial = [[Delírio]]<ref>{{cite book|last1=Hales|first1=Robert E.|title=The American Psychiatric Publishing Textbook of Psychiatry|date=2008|publisher=American Psychiatric Pub|isbn=9781585622573|page=311|url=https://books.google.com/books?id=2RzFWRIAsPAC&pg=PA311|language=en|deadurl=no|archiveurl=https://web.archive.org/web/20170908004600/https://books.google.com/books?id=2RzFWRIAsPAC&pg=PA311|archivedate=2017-09-08|df=}}</ref>
| Prevenção = Educação para a doença, controlar a [[hipertensão arterial]], prevenir a [[obesidade]], não fumar, praticar exercício, manter-se socialmente ativo<ref name=Liv2017>{{cite journal|last1=Livingston|first1=G|last2=Sommerlad|first2=A|last3=Orgeta|first3=V|last4=Costafreda|first4=SG|last5=Huntley|first5=J|last6=Ames|first6=D|last7=Ballard|first7=C|last8=Banerjee|first8=S|last9=Burns|first9=A|last10=Cohen-Mansfield|first10=J|last11=Cooper|first11=C|last12=Fox|first12=N|last13=Gitlin|first13=LN|last14=Howard|first14=R|last15=Kales|first15=HC|last16=Larson|first16=EB|last17=Ritchie|first17=K|last18=Rockwood|first18=K|last19=Sampson|first19=EL|last20=Samus|first20=Q|last21=Schneider|first21=LS|last22=Selbæk|first22=G|last23=Teri|first23=L|last24=Mukadam|first24=N|title=Dementia prevention, intervention, and care.|journal=Lancet|date=19 July 2017|doi=10.1016/S0140-6736(17)31363-6|pmid=28735855}}</ref>
| Tratamento = Cuidados de apoio<ref name=WHO2014/>
| Medicação = [[Inibidor da acetilcolinesterase|Inibidores da acetilcolinesterase]] (poucos benefícios)<ref name=Kav2007/><ref name=Comm2012/>
| Prognóstico =
| Frequência = 46 milhões (2015)<ref name=GBD2015Pre>{{cite journal|last1=GBD 2015 Disease and Injury Incidence and Prevalence|first1=Collaborators.|title=Global, regional, and national incidence, prevalence, and years lived with disability for 310 diseases and injuries, 1990-2015: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2015.|journal=Lancet|date=8 October 2016|volume=388|issue=10053|pages=1545–1602|pmid=27733282|doi=10.1016/S0140-6736(16)31678-6|pmc=5055577}}</ref>
| Mortes = 1,9 milhões (2015)<ref name=GBD2015De>{{cite journal|last1=GBD 2015 Mortality and Causes of Death|first1=Collaborators.|title=Global, regional, and national life expectancy, all-cause mortality, and cause-specific mortality for 249 causes of death, 1980-2015: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2015.|journal=Lancet|date=8 October 2016|volume=388|issue=10053|pages=1459–1544|pmid=27733281|doi=10.1016/s0140-6736(16)31012-1|pmc=5388903}}</ref>
| ICD10 = {{ICD10|F|00||f|00}}-{{ICD10|F|07||f|00}}
| ICD9 = {{ICD9|290}}-{{ICD9|294}}
| MedlinePlus = 000739
| DiseasesDB = 29283
| eMedicineSubj =article
| eMedicineTopic =793247
| MeshID = D003704
}}
}}
<!-- Definição e sintomas -->
'''Demência''' é uma categoria genérica de doenças cerebrais que gradualmente e a longo prazo causam diminuição da capacidade de [[raciocínio]] e [[memória]], a tal ponto que interferem com o funcionamento normal da pessoa.<ref name=WHO2014>{{cite web|title=Dementia Fact sheet N°362|url=http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs362/en/|website=who.int|accessdate=28 November 2014|date=April 2012|deadurl=no|archiveurl=https://web.archive.org/web/20150318030901/http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs362/en|archivedate=18 March 2015|df=}}</ref> Outros sintomas comuns são problemas emocionais, problemas de [[linguagem]] e diminuição da [[motivação]].<ref name=WHO2014/><ref name=BMJ2009>{{cite journal|last1=Burns|first1=A|last2=Iliffe|first2=S|title=Dementia.|journal=BMJ (Clinical research ed.)|date=5 February 2009|volume=338|pages=b75|pmid=19196746|doi=10.1136/bmj.b75}}</ref> Geralmente a [[consciência]] da pessoa não é afetada.<ref name=WHO2014/> Para um diagnóstico de demência é necessário que haja uma alteração da função mental normal da pessoa e um declínio superior ao que seria expectável devido à idade.<ref name=WHO2014/><ref name="Memory Loss">{{cite book|last=Solomon|first=Andrew E. Budson, Paul R.|title=Memory loss : a practical guide for clinicians|year=2011|publisher=Elsevier Saunders|location=[Edinburgh?]|isbn=9781416035978}}</ref> Este grupo de doenças afeta também de forma significativa os cuidadores da pessoa.<ref name=WHO2014/>


<!-- Causa, diagnóstico, prevenção -->
'''Demência''' (do [[latim]] ''de'': 'falta, diminuição' + ''mens'', genitivo ''mentis'': 'mente'<ref>GEORGES, C. E. [http://ia600305.us.archive.org/3/items/dizionariolatino00calouoft/dizionariolatino00calouoft.pdf ''Dizionario latino-italiano]. Trad. Ferruccio Calonghi pp. 707, 757. Torino: Rosenberg & Sellier, 1898.</ref>) é a perda ou redução progressiva das [[cognição|capacidades cognitivas]], de forma parcial ou completa, permanente ou momentânea e esporádica, suficientemente importante a ponto de provocar uma perda de autonomia do indivíduo.
O tipo mais comum de demência é a [[doença de Alzheimer]], responsável por 50 a 70% dos casos.<ref name=WHO2014/><ref name=BMJ2009/> Entre outras causas comuns estão a [[demência vascular]] (25%), [[demência com corpos de Lewy]] (15%) e [[demência frontotemporal]].<ref name=WHO2014/><ref name=BMJ2009/> Entre outras possíveis causas, menos prováveis, estão a [[hidrocefalia de pressão normal]], [[doença de Parkinson]], [[sífilis]] e [[doença de Creutzfeldt-Jakob]].<ref>{{cite book|last1=Gauthier|first1=Serge|title=Clinical diagnosis and management of Alzheimer's disease|date=2006|publisher=Informa Healthcare|location=Abingdon, Oxon|isbn=9780203931714|pages=53–54|edition=3rd|url=https://books.google.com/books?id=a221hX4WuwUC&pg=PA54|deadurl=no|archiveurl=https://web.archive.org/web/20160503111047/https://books.google.com/books?id=a221hX4WuwUC&pg=PA54|archivedate=2016-05-03|df=}}</ref> A mesma pessoa pode manifestar mais de um tipo de demência.<ref name=WHO2014/> Uma minoria de casos é de origem hereditária.<ref name=Genetic2014/> No [[DSM-5]], a demência foi reclassificada como perturbação neurocognitiva, com vários graus de gravidade.<ref name=DSM5>{{cite book|last1=Association|first1=American Psychiatric|title=Diagnostic and statistical manual of mental disorders : DSM-5.|date=2013|publisher=American Psychiatric Association|location=Washington, D.C.|isbn=9780890425541|pages=591–603|edition=5th}}</ref> O diagnóstico tem por base a história da doença e exames cognitivos, complementados por [[exames imagiológicos]] e [[análises ao sangue]] para despistar outras possíveis causas.<ref name=NICE2014Diag>{{cite web|title=Dementia diagnosis and assessment|url=http://pathways.nice.org.uk/pathways/dementia/dementia-diagnosis-and-assessment.pdf|website=pathways.nice.org.uk|accessdate=30 November 2014|deadurl=no|archiveurl=https://web.archive.org/web/20141205184403/http://pathways.nice.org.uk/pathways/dementia/dementia-diagnosis-and-assessment.pdf|archivedate=5 December 2014|df=}}</ref> Um dos exames cognitivos mais usados é o [[mini exame do estado mental]].<ref name=BMJ2009/> As medidas para prevenir a demência consistem em diminuir os [[fatores de risco]] como a [[hipertensão arterial]], [[tabagismo]], [[diabetes]] e [[obesidade]].<ref name=WHO2014/> Não está recomendado o [[rastreio]] na população em geral.<ref name=NICE2014>{{cite web|title=Dementia overview|url=http://pathways.nice.org.uk/pathways/dementia/dementia-overview.pdf|website=pathways.nice.org.uk|accessdate=30 November 2014|deadurl=no|archiveurl=https://web.archive.org/web/20141205184234/http://pathways.nice.org.uk/pathways/dementia/dementia-overview.pdf|archivedate=5 December 2014|df=}}</ref>


<!-- Tratamento -->
Dentre as causas potencialmente reversíveis estão disfunções [[metabólica]]s, [[endócrina]]s e hidroeletrolíticas, quadros [[infeccioso]]s, déficits nutricionais, distúrbios [[psiquiatria|psiquiátrico]]s, como a [[Depressão nervosa|depressão]] (pseudodemência depressiva) e as doenças passíveis de tratamento neurocirúrgico, principalmente a hidrocefalia do idoso (hidrocefalia de pressão normal), hematoma subdural crônico, higroma e tumores cerebrais.
Não existe cura para a demência.<ref name=WHO2014/> Em muitos casos são administrados [[Inibidor da acetilcolinesterase|inibidores da acetilcolinesterase]], como a [[donepezila]], que podem ter alguns benefícios em demência ligeira a moderada.<ref name=Kav2007>{{cite journal|last1=Kavirajan|first1=H|last2=Schneider|first2=LS|title=Efficacy and adverse effects of cholinesterase inhibitors and memantine in vascular dementia: a meta-analysis of randomised controlled trials.|journal=The Lancet. Neurology|date=September 2007|volume=6|issue=9|pages=782–92|pmid=17689146|doi=10.1016/s1474-4422(07)70195-3}}</ref><ref name=Bir2006>{{cite journal|last1=Birks|first1=J|title=Cholinesterase inhibitors for Alzheimer's disease.|journal=The Cochrane Database of Systematic Reviews|date=25 January 2006|issue=1|pages=CD005593|pmid=16437532|doi=10.1002/14651858.CD005593}}</ref><ref>{{cite journal|last1=Rolinski|first1=M|last2=Fox|first2=C|last3=Maidment|first3=I|last4=McShane|first4=R|title=Cholinesterase inhibitors for dementia with Lewy bodies, Parkinson's disease dementia and cognitive impairment in Parkinson's disease.|journal=The Cochrane Database of Systematic Reviews|date=14 March 2012|volume=3|pages=CD006504|pmid=22419314|doi=10.1002/14651858.CD006504.pub2}}</ref> No entanto, a generalidade dos benefícios pode ser insuficiente.<ref name=Kav2007/><ref name=Comm2012>{{cite journal |author=Commission de la transparence |title=Médicaments de la maladie d'Alzheimer : à éviter|trans-title=Drugs for Alzheimer's disease: best avoided. No therapeutic advantage |journal=Prescrire Int |volume=21 |issue=128|pages=150 |date=June 2012 |pmid=22822592 |doi= |url=}}</ref> Existem várias medidas que permitem melhorar a qualidade de vida das pessoas com demência e respetivos cuidadores.<ref name=WHO2014/> A [[terapia cognitivo-comportamental]] pode ser adequada em alguns casos.<ref name=WHO2014/> É também importante a educação e o apoio emocional aos cuidadores.<ref name=WHO2014/> O exercício físico pode ser benéfico para as atividades do dia a dia e pode potencialmente melhorar o prognóstico.<ref name=Forb2015>{{Cite journal|last=Forbes|first=Dorothy|last2=Forbes|first2=Scott C.|last3=Blake|first3=Catherine M.|last4=Thiessen|first4=Emily J.|last5=Forbes|first5=Sean|date=2015-04-15|title=Exercise programs for people with dementia|journal=The Cochrane Database of Systematic Reviews|issue=4|pages=CD006489|doi=10.1002/14651858.CD006489.pub4|issn=1469-493X|pmid=25874613}}</ref> Embora o tratamento de problemas de comportamento com [[antipsicótico]]s seja comum, não está recomendado devido aos poucos benefícios e vários efeitos adversos, entre os quais um aumento do risco de morte.<ref>{{cite web|author1=National Institute for Health and Clinical Excellence |title=Low-dose antipsychotics in people with dementia |url=https://www.nice.org.uk/advice/ktt7/resources/non-guidance-lowdose-antipsychotics-in-people-with-dementia-pdf |website=nice.org.uk |accessdate=29 November 2014 |deadurl=yes |archiveurl=https://web.archive.org/web/20141205183329/https://www.nice.org.uk/advice/ktt7/resources/non-guidance-lowdose-antipsychotics-in-people-with-dementia-pdf |archivedate=5 December 2014 |df= }}</ref><ref>{{cite web|title=Information for Healthcare Professionals: Conventional Antipsychotics|url=http://www.fda.gov/Drugs/DrugSafety/PostmarketDrugSafetyInformationforPatientsandProviders/ucm124830.htm|website=fda.gov|accessdate=29 November 2014|date=2008-06-16|deadurl=no|archiveurl=https://web.archive.org/web/20141129015823/http://www.fda.gov/drugs/drugsafety/postmarketdrugsafetyinformationforpatientsandproviders/ucm124830.htm|archivedate=29 November 2014|df=}}</ref>


<!-- Epidemiologia, prognóstico e sociedade -->
Tipicamente, essa alteração cognitiva provoca a incapacidade de realizar atividades da vida diária. Os déficits cognitivos podem afetar qualquer das funções cerebrais, particularmente as áreas da [[Memória humana|memória]], a [[linguagem]] ([[afasia]]), a [[atenção]], as habilidades visuoconstrutivas, as [[Práxia global|práxias]] e as funções executivas, como a resolução de problemas e a inibição de respostas. A demência pode afetar também a compreensão, a capacidade de identificar elementos de uso cotidiano, o tempo de reação e os traços da personalidade. Durante a evolução da doença, pode-se observar a perda de orientação espaço-temporal e de identidade. À medida que a doença avança, os dementes também podem apresentar traços [[Psicose|psicóticos]], [[Depressão|depressivos]] e [[delírio]]s ou alucinações. Embora a alteração da memória possa, em poucos casos, não ser um sintoma inicialmente dominante, é alteração típica da atividade cognitiva nas demências — sobretudo para a mais frequente delas, ligada à [[doença de Alzheimer]] —, e sua presença é condição essencial para o diagnóstico.
Em 2015, a demência afetava 46 milhões de pessoas em todo o mundo.<ref name=GBD2015Pre/> Cerca de 10% de todas as pessoas desenvolvem demência em algum momento da vida.<ref name=Genetic2014>{{cite journal|last1=Loy|first1=CT|last2=Schofield|first2=PR|last3=Turner|first3=AM|last4=Kwok|first4=JB|title=Genetics of dementia.|journal=Lancet|date=1 March 2014|volume=383|issue=9919|pages=828–40|pmid=23927914|doi=10.1016/s0140-6736(13)60630-3}}</ref> A doença é mais comum à medida que a idade avança.<ref name=Larson2013>{{cite journal|last1=Larson|first1=EB|last2=Yaffe|first2=K|last3=Langa|first3=KM|title=New insights into the dementia epidemic.|journal=The New England Journal of Medicine|date=12 December 2013|volume=369|issue=24|pages=2275–7|pmid=24283198|doi=10.1056/nejmp1311405|pmc=4130738}}</ref> Enquanto entre os 65 e 74 anos de idade apenas cerca de 3% de todas as pessoas têm demência, entre os 75 e os 84 anos a prevalência é de 19% e em pessoas com mais de 85 anos a prevalência é de cerca de 50%.<ref>{{cite book|last1=Umphred|first1=Darcy|title=Neurological rehabilitation|date=2012|publisher=Elsevier Mosby|location=St. Louis, Mo.|isbn=9780323075862|page=838|edition=6th|url=https://books.google.com/books?id=I9ltC-ZrNOMC&pg=PA838|deadurl=no|archiveurl=https://web.archive.org/web/20160422135922/https://books.google.com/books?id=I9ltC-ZrNOMC&pg=PA838|archivedate=2016-04-22|df=}}</ref> Em 2013, a demência foi a causa de 1,7 milhões de mortes, um aumento em relação aos 0,8 milhões em 1990.<ref name=GDB2013>{{cite journal|last1=GBD 2013 Mortality and Causes of Death|first1=Collaborators|title=Global, regional, and national age-sex specific all-cause and cause-specific mortality for 240 causes of death, 1990–2013: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2013.|journal=Lancet|date=17 December 2014|pmid=25530442|doi=10.1016/S0140-6736(14)61682-2|volume=385|issue=9963|pages=117–71|pmc=4340604}}</ref> À medida que a [[esperança de vida]] da população vai aumentando, a demência está-se a tornar cada vez mais comum entre a generalidade da população.<ref name=Larson2013/> No entanto, para cada intervalo etário específico a prevalência tem tendência a diminuir devido à diminuição dos fatores de risco, pelo menos nos [[países desenvolvidos]].<ref name=Larson2013/> A demência é uma das causas mais comuns de [[Deficiência|invalidez]] entre os idosos.<ref name=BMJ2009/> Estima-se que em cada ano seja responsável por custos económicos na ordem dos 604 mil milhões de [[Dólar norte-americano|dólares]].<ref name=WHO2014/> Em muitos casos, as pessoas com demência são controladas fisicamente ou com medicamentos em grau superior ao necessário, o que levanta questões relativas aos [[direitos humanos]].<ref name=WHO2014/> É comum a existência de [[estigma social]] em relação às pessoas afetadas.<ref name=BMJ2009/>


== Classificação ==
A depender da origem [[Etiologia|etiológica]], a demência pode ser reversível ou irreversível. Entretanto, o número de pessoas demente com 65 anos ou mais caiu 25% entre 2000 e 2012.<ref>[http://jamanetwork.com/journals/jamainternalmedicine/article-abstract/2587084 A Comparison of the Prevalence of Dementia in the United States in 2000 and 2012] por Kenneth M. Langa,et al publicado por JAMA Intern Med. em 21 de novembro de 2016. doi:10.1001/jamainternmed.2016.6807</ref> O declínio, de 11,6% das pessoas com mais de 64 anos em 2000 para 8,8% em 2012, isto traduziu em mais de 1 milhão de pessoas idosas com demência a menos do que se a prevalência de 2000 se mantivesse inalterada.<ref>[https://www.statnews.com/2016/11/21/dementia-rate-decline/ Dramatic decline in dementia seen among older adults in the US] por Sharon Begley, publicado por "Starnews" (2016}</ref> Mas não há uma completa explicação para a queda.<ref>[http://www.sciencemag.org/news/sifter/dementia-declines-mysteriously-2000-2012 Dementia declines, mysteriously, from 2000 to 2012] publicado pela "American Association for the Advancement of Science" (2016)</ref>

== Prevalência ==
O envelhecimento da população leva a um aumento das doenças crônicas e degenerativas, acarretando um maior custo-paciente na área de saúde e a necessidade de inúmeras adaptações sociais, ambientais e econômicas. É provável que, em 2025, o Brasil se torne o 6.º país com mais idosos no mundo.{{carece de fontes|data=abril de 2017}} O número de vítimas de demências aumenta exponencialmente com a idade afetando apenas 1,1% dos idosos entre 65 e 70 anos e mais de 65% depois dos 100 anos. A média em São Paulo no ano de 1998 na população acima de 65 anos foi estimada em 7,1%.<ref>Herrera E Jr, Caramelli P, Nitrini R. Estudo epidemiológico populacional de demência na cidade de Catanduva - Estado de São Paulo - Brasil. Rev Psiquiatria Clin 1998;25:70-73.</ref> Porém, como é muito sub-diagnosticada, maior nas áreas rurais e com níveis educacionais mais baixos e tem aumentado muito nos últimos anos é provável que atualmente esteja por volta de 21,9% entre os maiores de 65 anos.<ref name="teses.usp.br"/> A doença de Alzheimer, o tipo de demência mais comum, é mais comum em mulheres enquanto as demências vasculares, segundo tipo mais comum, são mais comuns em homens.

Os custos com demência no mundo passam de 600 bilhões, custo maior do que o de qualquer empresa do mundo. A estimativa da Alzheimer’s Disease International (ADI) é de que em 2010 havia 35,6 milhões de pessoas vivendo com demência no mundo. Este número deve subir para 65,7 milhões até 2030 e 115,4 milhões até 2050. No Brasil, estima-se que entre 70% e 94% dos pacientes com demência vivam em casa, subindo para 90 a 95% nas áreas rurais, média muito acima da dos países desenvolvidos que fica por volta de 66%.<ref>[http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/09/100921_alzheimerrelatorio_ba.shtml BBC Brasil]</ref>

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<br/>
A prevalência média de demência, acima dos 65 anos de idade, é de 2,2% na África, 5,5% na Ásia, 6,4% na América do Norte, 7,1% na América do Sul e 9,4% na Europa.<ref>Marcos A. Lopes, Cássio M.C. Bottino. PREVALÊNCIA DE DEMÊNCIA EM DIVERSAS REGIÕES DO MUNDO. Análise dos estudos epidemiológicos de 1994 a 2000. Arq Neuropsiquiatr 2002;60(1):61-69</ref>
]]

== Fatores de risco ==
Os principais fatores de risco modificáveis para a demência são, no intervalo entre os 18 e os 45 anos o baixo nível de escolaridade. No intervalo entre os 45 e os 65 anos são a [[hipertensão]], a [[obesidade]] e a [[perda de audição]]. No intervalo superior a 65 anos são o [[fumar]], a [[depressão]], a inatividade física, o isolamento social e a [[diabetes]].<ref>{{Citar web |url= http://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(17)31363-6/fulltext |doi= http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(17)31363-6 |autor= Gill Livingston, Andrew Sommerlad, Vasiliki Orgeta, Sergi G Costafreda, Jonathan Huntley, David Ames, Clive Ballard, Sube Banerjee, Alistair Burns, Jiska Cohen-Mansfield, Claudia Cooper, Nick Fox, Laura N Gitlin, Robert Howard, Helen C Kales, Eric B Larson, Karen Ritchie, Kenneth Rockwood, Elizabeth L Sampson, Quincy Samus,Lon S Schneider, Geir Selbæk, Linda Teri, Naaheed Mukadam |data= 19 de julho de 2017 |acessodata= 20 de julho de 2017}}</ref>

== Tipos ==
A demência é um termo geral para várias doenças neurodegenerativas que afetam principalmente as pessoas da [[terceira idade]]. Todavia a expressão ''demência senil'', embora ainda apareça na literatura, tende a cair em desuso. A maior parte do que se chamava ''demência pré-senil'' é de fato a [[doença de Alzheimer]],<ref>CAYTON, H; WARNER, J.; Graham, N.. [http://books.google.com.br/books?id=Wyf_tHGUFYsC&pg=PA28&lpg=PA28&dq=%22dem%C3%AAncia+senil+%C3%A9%22&source=bl&ots=F1-PuF-bWb&sig=jpnxJFBSDdeLM7FiSUvSWOG3Rvk&hl=pt-PT&sa=X&ei=NS25UdLgIYuI9ATk5YDYCA&ved=0CHEQ6AEwCTgK#v=onepage&q=%22dem%C3%AAncia%20senil%20%C3%A9%22&f=false ''Tudo sobre Doença de Alzheimer'']</ref> que é a forma mais comum de demência neurodegenerativa em pessoas de idade. Embora existam casos raros diagnosticados de pessoas na faixa de idade que vai dos 17 anos<ref>[http://archneur.jamanetwork.com/article.aspx?articleid=1107508 Young-Onset DementiaDemographic and Etiologic Characteristics of 235 Patients]</ref><ref>[http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23948919 Juvenile Frontotemporal Dementia with Parkinsonism Associated with Tau Mutation G389R]</ref><ref>[http://addiandcassi.com/wordpress/~hhempel/addiandcassi/wordpress/wp-content/uploads/2010/03/Childhood-Teen-and-Young-Adult-Dementias.pdf Dementia in children, teenagers and young adults.A guide for parents, teachers and care professionals. Niemann-Pick Disease Group]</ref> aos 50 anos e a prevalência na faixa etária de 60 aos 65 anos esteja abaixo de 1%, a partir dos 65 anos ela praticamente duplica a cada cinco anos. Depois dos 85 anos de idade, atinge 30 a 40% da população.<ref>[http://drauziovarella.com.br/envelhecimento/doenca-de-alzheimer/ Doença de Alzheimer]. Por [[Drauzio Varella]].</ref>
A demência é um termo geral para várias doenças neurodegenerativas que afetam principalmente as pessoas da [[terceira idade]]. Todavia a expressão ''demência senil'', embora ainda apareça na literatura, tende a cair em desuso. A maior parte do que se chamava ''demência pré-senil'' é de fato a [[doença de Alzheimer]],<ref>CAYTON, H; WARNER, J.; Graham, N.. [http://books.google.com.br/books?id=Wyf_tHGUFYsC&pg=PA28&lpg=PA28&dq=%22dem%C3%AAncia+senil+%C3%A9%22&source=bl&ots=F1-PuF-bWb&sig=jpnxJFBSDdeLM7FiSUvSWOG3Rvk&hl=pt-PT&sa=X&ei=NS25UdLgIYuI9ATk5YDYCA&ved=0CHEQ6AEwCTgK#v=onepage&q=%22dem%C3%AAncia%20senil%20%C3%A9%22&f=false ''Tudo sobre Doença de Alzheimer'']</ref> que é a forma mais comum de demência neurodegenerativa em pessoas de idade. Embora existam casos raros diagnosticados de pessoas na faixa de idade que vai dos 17 anos<ref>[http://archneur.jamanetwork.com/article.aspx?articleid=1107508 Young-Onset DementiaDemographic and Etiologic Characteristics of 235 Patients]</ref><ref>[http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23948919 Juvenile Frontotemporal Dementia with Parkinsonism Associated with Tau Mutation G389R]</ref><ref>[http://addiandcassi.com/wordpress/~hhempel/addiandcassi/wordpress/wp-content/uploads/2010/03/Childhood-Teen-and-Young-Adult-Dementias.pdf Dementia in children, teenagers and young adults.A guide for parents, teachers and care professionals. Niemann-Pick Disease Group]</ref> aos 50 anos e a prevalência na faixa etária de 60 aos 65 anos esteja abaixo de 1%, a partir dos 65 anos ela praticamente duplica a cada cinco anos. Depois dos 85 anos de idade, atinge 30 a 40% da população.<ref>[http://drauziovarella.com.br/envelhecimento/doenca-de-alzheimer/ Doença de Alzheimer]. Por [[Drauzio Varella]].</ref>


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Esses diagnósticos não são exclusivos sendo possível, por exemplo, a existência de Alzheimer simultaneamente com uma demência vascular.<ref>Charles André. Demência vascular: dificuldades diagnósticas e tratamento. Arq. Neuro-Psiquiatr. [online]. 1998, vol.56, n.3A [cited 2011-03-02], pp. 498–510 . Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X1998000300025&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0004-282X. doi: 10.1590/S0004-282X1998000300025.</ref> Outras classificações incluem a demência na [[Síndrome de Korsakoff]].
Esses diagnósticos não são exclusivos sendo possível, por exemplo, a existência de Alzheimer simultaneamente com uma demência vascular.<ref>Charles André. Demência vascular: dificuldades diagnósticas e tratamento. Arq. Neuro-Psiquiatr. [online]. 1998, vol.56, n.3A [cited 2011-03-02], pp. 498–510 . Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X1998000300025&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0004-282X. doi: 10.1590/S0004-282X1998000300025.</ref> Outras classificações incluem a demência na [[Síndrome de Korsakoff]].


== Demência reversiva ==
== Causas ==
O risco de demência é maior em pessoas que vivem perto de autoestradas ou vias com muito trânsito.

Entre 2001 e 2012, investigadores acompanharam dois milhões de pessoas no Canadá e concluíram que 7% dos casos de demência diagnosticados diziam respeito a pessoas que viviam até 50 metros de distância de estradas com muito tráfego automóvel.

O estudo publicado na revista médica "[[The Lancet]]", indica que ao longo desses 11 anos foram diagnosticados {{fmtn|243611}} casos de demência e observou-se que havia mais casos da doença entre os que viviam perto de estradas congestionadas. Nestes casos, o número de diagnósticos foi 4% superior em pessoas quem residiam entre 50 e 100 metros de distância destas vias e 2% entre os que moravam entre 101 e 200 metros.

Ou seja, entre 7% a 11% dos casos de demência diagnosticados em moradores até 50 metros de uma via de movimento intenso podem estar relacionadas com o trânsito.<ref>{{Citar web |URL= http://www.jn.pt/nacional/interior/ha-mais-casos-de-demencia-junto-a-vias-com-muito-trafego-5587267.html |título=
Há mais casos de demência junto a vias com muito tráfego |autor= |data= |publicado= |acessodata=}}</ref>

=== Fatores de risco ===
Os principais fatores de risco modificáveis para a demência são, no intervalo entre os 18 e os 45 anos o baixo nível de escolaridade. No intervalo entre os 45 e os 65 anos são a [[hipertensão]], a [[obesidade]] e a [[perda de audição]]. No intervalo superior a 65 anos são o [[fumar]], a [[depressão]], a inatividade física, o isolamento social e a [[diabetes]].<ref>{{Citar web |url= http://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(17)31363-6/fulltext |doi= http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(17)31363-6 |autor= Gill Livingston, Andrew Sommerlad, Vasiliki Orgeta, Sergi G Costafreda, Jonathan Huntley, David Ames, Clive Ballard, Sube Banerjee, Alistair Burns, Jiska Cohen-Mansfield, Claudia Cooper, Nick Fox, Laura N Gitlin, Robert Howard, Helen C Kales, Eric B Larson, Karen Ritchie, Kenneth Rockwood, Elizabeth L Sampson, Quincy Samus,Lon S Schneider, Geir Selbæk, Linda Teri, Naaheed Mukadam |data= 19 de julho de 2017 |acessodata= 20 de julho de 2017}}</ref>

=== Causas reversíveis ===
Há fatores que podem causar demência e que podem ser revertidos.<ref>[http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3038529/ Reversible dementias]</ref><ref>[http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21794050 Prevalence of potentially reversible conditions in dementia and mild cognitive impairment in a geriatric clinic]</ref>
Há fatores que podem causar demência e que podem ser revertidos.<ref>[http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3038529/ Reversible dementias]</ref><ref>[http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21794050 Prevalence of potentially reversible conditions in dementia and mild cognitive impairment in a geriatric clinic]</ref>
*O uso de drogas
*O uso de drogas
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*Reações tóxicas a medicamentos: antidepressivos, antihistaminicos, anticonvulsivos, corticosteroides, sedativos, antiparkinsonianos, anticonvulsivos, antiansiolíticos<ref>[http://www.helpguide.org/harvard/alzheimers_dementia.htm What’s Causing Your Memory Loss?]</ref>
*Reações tóxicas a medicamentos: antidepressivos, antihistaminicos, anticonvulsivos, corticosteroides, sedativos, antiparkinsonianos, anticonvulsivos, antiansiolíticos<ref>[http://www.helpguide.org/harvard/alzheimers_dementia.htm What’s Causing Your Memory Loss?]</ref>


== Tratamento integrativo ==
== Tratamento ==
{{duvidoso}}
Um tratamento integrativo foi proposto em um estudo<ref>Bragin et al. (2005)</ref> cuja amostra foi formada por 35 pacientes (20 do sexo masculino, 15 do feminino) com uma idade média de 71,05 anos, diagnosticados com demência moderada e depressão. O tratamento proposto pelos autores incluiu: antidepressivos (sertralina, citalopram ou venlafaxina XR, apenas ou em combinação com bupropiona XR), inibidores de colinesterase (donepezil, rivastigmine ou galantamine), como também vitaminas e suplementos (multivitaminas, vitamina E, ácido alfa lipóico, omega-3 e coenzima Q-10). As pessoas participantes do estudo foram encorajadas a modificar a sua dieta e estilo de vida bem como a executarem exercícios físicos moderados. Os resultados do estudo demonstraram que a abordagem integrativa não apenas diminuiu o declínio cognitivo em 24 meses, mas até mesmo melhorou a cognição, especialmente a memória e as funções executivas (planejamento e pensamento abstrato).
Um tratamento integrativo foi proposto em um estudo<ref>Bragin et al. (2005)</ref> cuja amostra foi formada por 35 pacientes (20 do sexo masculino, 15 do feminino) com uma idade média de 71,05 anos, diagnosticados com demência moderada e depressão. O tratamento proposto pelos autores incluiu: antidepressivos (sertralina, citalopram ou venlafaxina XR, apenas ou em combinação com bupropiona XR), inibidores de colinesterase (donepezil, rivastigmine ou galantamine), como também vitaminas e suplementos (multivitaminas, vitamina E, ácido alfa lipóico, omega-3 e coenzima Q-10). As pessoas participantes do estudo foram encorajadas a modificar a sua dieta e estilo de vida bem como a executarem exercícios físicos moderados. Os resultados do estudo demonstraram que a abordagem integrativa não apenas diminuiu o declínio cognitivo em 24 meses, mas até mesmo melhorou a cognição, especialmente a memória e as funções executivas (planejamento e pensamento abstrato).


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=== Videogames ===
=== Videogames ===

*Jogos multi-tarefa
*Jogos multi-tarefa
Uma pesquisa, publicada na revista Nature, revela que pessoas idosas com dificuldades cognitivas podem treinar a mente e melhorar a atenção (o foco de longo prazo) e a memória de curto prazo. Os neurocientistas revelam que alguns dos idosos de 80 anos que participaram da pesquisa conseguiram melhorar o seu desempenho e apresentar um padrão neurológico igual ao de um jovem de 20 anos. O treino com o jogo multitarefa, NeuroRacer, um jogo muito simples, desenvolvido por uma equipa da Universidade da Califórnia permitiu<ref>[http://www.nytimes.com/2013/09/05/technology/a-multitasking-video-game-makes-old-brains act-younger.html#h[BshSpa,1,FstFst,TrsIav,1,WkwWit,1] A Multitasking Video Game Makes Old Brains Act Younger]</ref> ainda registrar a alteração que se processa ao nível das ondas cerebrais.<ref>[http://www.bloomberg.com/news/2013-09-04/video-games-may-help-memory-of-older-players-study-finds.html Video Games May Help Memory of Older Players, Study Finds]</ref><ref>[http://www.cbsnews.com/8301-204_162-57601491/study-video-games-sharpen-seniors-multitasking-memory-skills/ Study: Video games sharpen seniors' multitasking, memory skills]</ref><ref>[http://gazzaleylab.ucsf.edu/neuroracer.html Gazzaley Lab. Neuroracer study]</ref>
Uma pesquisa, publicada na revista Nature, revela que pessoas idosas com dificuldades cognitivas podem treinar a mente e melhorar a atenção (o foco de longo prazo) e a memória de curto prazo. Os neurocientistas revelam que alguns dos idosos de 80 anos que participaram da pesquisa conseguiram melhorar o seu desempenho e apresentar um padrão neurológico igual ao de um jovem de 20 anos. O treino com o jogo multitarefa, NeuroRacer, um jogo muito simples, desenvolvido por uma equipa da Universidade da Califórnia permitiu<ref>[http://www.nytimes.com/2013/09/05/technology/a-multitasking-video-game-makes-old-brains act-younger.html#h[BshSpa,1,FstFst,TrsIav,1,WkwWit,1] A Multitasking Video Game Makes Old Brains Act Younger]</ref> ainda registrar a alteração que se processa ao nível das ondas cerebrais.<ref>[http://www.bloomberg.com/news/2013-09-04/video-games-may-help-memory-of-older-players-study-finds.html Video Games May Help Memory of Older Players, Study Finds]</ref><ref>[http://www.cbsnews.com/8301-204_162-57601491/study-video-games-sharpen-seniors-multitasking-memory-skills/ Study: Video games sharpen seniors' multitasking, memory skills]</ref><ref>[http://gazzaleylab.ucsf.edu/neuroracer.html Gazzaley Lab. Neuroracer study]</ref>
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Jogar jogos diferentes, cada jogo focado no desenvolvimento específico de uma capacidade cognitiva distinta, e não apenas um só tipo de jogo, treina e desenvolve um leque mais vasto de capacidades cognitivas.<ref>[http://www.sciencedaily.com/releases/2013/03/130313182142.htm Video Game 'Exercise' for an Hour a Day May Enhance Certain Cognitive Skills.Science Daily]</ref><ref>[http://www.plosone.org/article/info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pone.0058546 Enhancing Cognition with Video Games: A Multiple Game Training Study. Plos One]</ref>
Jogar jogos diferentes, cada jogo focado no desenvolvimento específico de uma capacidade cognitiva distinta, e não apenas um só tipo de jogo, treina e desenvolve um leque mais vasto de capacidades cognitivas.<ref>[http://www.sciencedaily.com/releases/2013/03/130313182142.htm Video Game 'Exercise' for an Hour a Day May Enhance Certain Cognitive Skills.Science Daily]</ref><ref>[http://www.plosone.org/article/info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pone.0058546 Enhancing Cognition with Video Games: A Multiple Game Training Study. Plos One]</ref>

Um [[jogo eletrônico de quebra-cabeça]], [[Sea Hero Quest]], foi desenvolvido para, através da coleta de dados sobre as habilidades de navegação ao ser jogado, ajudar na investigação científica<ref>{{Citar web |url= http://www.independent.co.uk/news/science/sea-hero-quest-mobile-game-app-dementia-alzheimers-download-play-a7015081.html |título= A new mobile game is helping scientists fight dementia |data= 2016-05-05 |acessodata= 2016-05-08 |obra= The Independent |lingua= en-GB}}</ref> de como as pessoas navegam em ambientes tridimensionais, que é uma das primeiras habilidades perdidas por aqueles que sofrem com demência.<ref>{{Citar web |url= http://www.techtimes.com/articles/156252/20160505/sea-hero-quest-game-app-aims-help-researchers-better-understand.htm |título= 'Sea Hero Quest' Game App Aims To Help Researchers Better Understand Dementia |data= 2016-05-05 |acessodata= 2016-05-08 |obra= Tech Times}}</ref>


=== Exercícios físicos ===
=== Exercícios físicos ===
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É frequente a [[comorbidade]] entre depressão, transtornos de ansiedade, distúrbios comportamentais e transtornos delirantes e demências, por isso é importante o acompanhamento psicológico regular. Esse acompanhamento inclui os familiares pois a demência causa grande impacto nos cuidadores, especialmente na [[família nuclear]], os deixando vulneráveis a transtornos psicológicos como [[síndrome de Burnout]] (exaustão física e psicológica). São necessárias mais políticas públicas de apoio aos cuidadores, pois, quando exaustos, tendem a colocar os idosos em asilos aumentando seriamente as despesas do governo.<ref>GARRIDO, REGIANE and ALMEIDA, OSVALDO P.. Distúrbios de comportamento em pacientes com demência: impacto sobre a vida do cuidador. Arq. Neuro-Psiquiatr. [online]. 1999, vol.57, n.2B [cited 2011-03-02], pp. 427–434 . Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X1999000300014&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0004-282X. doi: 10.1590/S0004-282X1999000300014.</ref><ref>GARRIDO, Regiane and MENEZES, Paulo R. Impacto em cuidadores de idosos com demência atendidos em um serviço psicogeriátrico. Rev. Saúde Pública [online]. 2004, vol.38, n.6 [cited 2011-03-02], pp. 835–841 . Available from: <http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102004000600012&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0034-8910. doi: 10.1590/S0034-89102004000600012.</ref>
É frequente a [[comorbidade]] entre depressão, transtornos de ansiedade, distúrbios comportamentais e transtornos delirantes e demências, por isso é importante o acompanhamento psicológico regular. Esse acompanhamento inclui os familiares pois a demência causa grande impacto nos cuidadores, especialmente na [[família nuclear]], os deixando vulneráveis a transtornos psicológicos como [[síndrome de Burnout]] (exaustão física e psicológica). São necessárias mais políticas públicas de apoio aos cuidadores, pois, quando exaustos, tendem a colocar os idosos em asilos aumentando seriamente as despesas do governo.<ref>GARRIDO, REGIANE and ALMEIDA, OSVALDO P.. Distúrbios de comportamento em pacientes com demência: impacto sobre a vida do cuidador. Arq. Neuro-Psiquiatr. [online]. 1999, vol.57, n.2B [cited 2011-03-02], pp. 427–434 . Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X1999000300014&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0004-282X. doi: 10.1590/S0004-282X1999000300014.</ref><ref>GARRIDO, Regiane and MENEZES, Paulo R. Impacto em cuidadores de idosos com demência atendidos em um serviço psicogeriátrico. Rev. Saúde Pública [online]. 2004, vol.38, n.6 [cited 2011-03-02], pp. 835–841 . Available from: <http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102004000600012&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0034-8910. doi: 10.1590/S0034-89102004000600012.</ref>


=== Pesquisa ===
== Epidemiologia ==
O envelhecimento da população leva a um aumento das doenças crônicas e degenerativas, acarretando um maior custo-paciente na área de saúde e a necessidade de inúmeras adaptações sociais, ambientais e econômicas. É provável que, em 2025, o Brasil se torne o 6.º país com mais idosos no mundo.{{carece de fontes|data=abril de 2017}} O número de vítimas de demências aumenta exponencialmente com a idade afetando apenas 1,1% dos idosos entre 65 e 70 anos e mais de 65% depois dos 100 anos. A média em São Paulo no ano de 1998 na população acima de 65 anos foi estimada em 7,1%.<ref>Herrera E Jr, Caramelli P, Nitrini R. Estudo epidemiológico populacional de demência na cidade de Catanduva - Estado de São Paulo - Brasil. Rev Psiquiatria Clin 1998;25:70-73.</ref> Porém, como é muito sub-diagnosticada, maior nas áreas rurais e com níveis educacionais mais baixos e tem aumentado muito nos últimos anos é provável que atualmente esteja por volta de 21,9% entre os maiores de 65 anos.<ref name="teses.usp.br">Lopes, Marcos Antonio.(2006)Estudo epidemiológico de prevalência de demência em Ribeirão Preto. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5142/tde-18042007-110300/pt-br.php</ref> A doença de Alzheimer, o tipo de demência mais comum, é mais comum em mulheres enquanto as demências vasculares, segundo tipo mais comum, são mais comuns em homens.
Um [[jogo eletrônico de quebra-cabeça]], [[Sea Hero Quest]], foi desenvolvido para, através da coleta de dados sobre as habilidades de navegação ao ser jogado, ajudar na investigação científica<ref>{{Citar web |url= http://www.independent.co.uk/news/science/sea-hero-quest-mobile-game-app-dementia-alzheimers-download-play-a7015081.html |título= A new mobile game is helping scientists fight dementia |data= 2016-05-05 |acessodata= 2016-05-08 |obra= The Independent |lingua= en-GB}}</ref> de como as pessoas navegam em ambientes tridimensionais, que é uma das primeiras habilidades perdidas por aqueles que sofrem com demência.<ref>{{Citar web |url= http://www.techtimes.com/articles/156252/20160505/sea-hero-quest-game-app-aims-help-researchers-better-understand.htm |título= 'Sea Hero Quest' Game App Aims To Help Researchers Better Understand Dementia |data= 2016-05-05 |acessodata= 2016-05-08 |obra= Tech Times}}</ref>


Os custos com demência no mundo passam de 600 bilhões, custo maior do que o de qualquer empresa do mundo. A estimativa da Alzheimer’s Disease International (ADI) é de que em 2010 havia 35,6 milhões de pessoas vivendo com demência no mundo. Este número deve subir para 65,7 milhões até 2030 e 115,4 milhões até 2050. No Brasil, estima-se que entre 70% e 94% dos pacientes com demência vivam em casa, subindo para 90 a 95% nas áreas rurais, média muito acima da dos países desenvolvidos que fica por volta de 66%.<ref>[http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/09/100921_alzheimerrelatorio_ba.shtml BBC Brasil]</ref>
== Programa governamental no Brasil ==
O [[Ministério da Saúde]] brasileiro em parceria com o [[Ministério da Educação (Brasil)|Ministério da Educação]], a partir do decreto presidencial n.º 6.286, de 5 de dezembro de 2007, vem desenvolvendo o programa Saúde na Escola com a visão de que os cuidados com a saúde começam na infância. Nesse programa, estão inclusos os cuidados com a alimentação e com os exercícios físicos regulares. O Ministério da Saúde é responsável pelo repasse de verbas às escolas locais; e o Ministério da Educação, pelos materiais educativos.


[[Image:Alzheimer and other dementias world map - DALY - WHO2004.svg|thumb|700px|
Essas ações governamentais são de especial importância, tendo em vista que a saúde é um recurso a ser preservado ao longo da vida para redundar em uma posteridade mais saudável. Contudo, acreditamos que tanto as esferas públicas como as privadas devem se engajar em programas preventivos e de saúde integral em prol da população. Os investimentos nesses programas serão bem menores que os custos financeiros com o tratamento da demência na terceira idade, já que essa patologia, com as perdas progressivas respectivas, acompanham as pessoas por mais de uma década de vida (MANCKOUNDIA e PFITZENMEYER, 2008). Nesse sentido, tais programas devem educar as pessoas em todas as faixas etárias, especialmente na infância; bem como as pessoas que estão ingressando na terceira idade devem ser alertadas para a necessidade de manterem um estilo de vida saudável.
{{Multicol}}

{{legend|#ffff65|<100}}
Todos os países da UE têm regras para alimentação saudável nas escolas, embora o objetivo não seja prevenir a demência, e nem sequer se cogita prevenir a demência numa idade tão precoce, mas melhorar a saúde, o desenvolvimento e o aproveitamento escolar das crianças.<ref>[http://www.noticiasaominuto.com/mundo/250015/todos-os-paises-da-ue-tem-regras-para-alimentacao-saudavel-nas-escolas Todos os países da UE têm regras para alimentação saudável nas escolas]</ref>
{{legend|#fff200|100–120}}

{{legend|#ffdc00|120–140}}
== Demência e oligofrenia ==
{{legend|#ffc600|140–160}}
A [[oligofrenia]] ou [[Deficiência mental|retardo mental]] é o déficit da capacidade mental em que a morbidez ocorre antes do desenvolvimento completo do [[sistema nervoso central]].
{{legend|#ffb000|160–180}}

{{legend|#ff9a00|180–200}}
Dada esta diferenciação [[Esquirol]] dizia que o oligofrênico é o pobre que sempre o foi, ao passo em que o demente constitui-se no rico que empobreceu.
{{Multicol-break}}

{{legend|#ff8400|200–220}}
== Causas ==
{{legend|#ff6e00|220–240}}
O risco de demência é maior em pessoas que vivem perto de autoestradas ou vias com muito trânsito.
{{legend|#ff5800|240–260}}

{{legend|#ff4200|260–280}}
Entre 2001 e 2012, investigadores acompanharam dois milhões de pessoas no Canadá e concluíram que 7% dos casos de demência diagnosticados diziam respeito a pessoas que viviam até 50 metros de distância de estradas com muito tráfego automóvel.
{{legend|#ff2c00|280–300}}

{{legend|#cb0000|>300}}
O estudo publicado na revista médica "[[The Lancet]]", indica que ao longo desses 11 anos foram diagnosticados {{fmtn|243611}} casos de demência e observou-se que havia mais casos da doença entre os que viviam perto de estradas congestionadas. Nestes casos, o número de diagnósticos foi 4% superior em pessoas quem residiam entre 50 e 100 metros de distância destas vias e 2% entre os que moravam entre 101 e 200 metros.
{{Multicol-end}}

<br/>
Ou seja, entre 7% a 11% dos casos de demência diagnosticados em moradores até 50 metros de uma via de movimento intenso podem estar relacionadas com o trânsito.<ref>{{Citar web |URL= http://www.jn.pt/nacional/interior/ha-mais-casos-de-demencia-junto-a-vias-com-muito-trafego-5587267.html |título=
A prevalência média de demência, acima dos 65 anos de idade, é de 2,2% na África, 5,5% na Ásia, 6,4% na América do Norte, 7,1% na América do Sul e 9,4% na Europa.<ref>Marcos A. Lopes, Cássio M.C. Bottino. PREVALÊNCIA DE DEMÊNCIA EM DIVERSAS REGIÕES DO MUNDO. Análise dos estudos epidemiológicos de 1994 a 2000. Arq Neuropsiquiatr 2002;60(1):61-69</ref>
Há mais casos de demência junto a vias com muito tráfego |autor= |data= |publicado= |acessodata=}}</ref>
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== Ver também ==
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* [[Afasia de Wernicke]]
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* [[Acidente vascular cerebral]]
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* [[Mal de Alzheimer]]
* [[Demência vascular]]
* [[Doença de Pick]]
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* [[Parkinsonismo]]
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* [[Deficiência mental]]
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== Ligações externas ==
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* [http://www.sissaude.com.br/sis/inicial.php?case=2&idnot=542/ Perdas cerebrais pedizem o mal de Alzheimer.Importância do diagnóstico precoce]
* [http://www.sissaude.com.br/sis/inicial.php?case=2&idnot=227/ Ossos e envelhecimento. Cálcio: nutriente contra a osteoporose]
* [http://www.sissaude.com.br/sis/inicial.php?case=2&idnot=555/ Tratamento integrativo para a demência]


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Revisão das 15h29min de 13 de janeiro de 2018

Demência
Demência
Comparação de um cérebro de um idoso normal (esquerda) e o de uma pessoa com doença de Alzheimer (direita). Estão assinaladas as características diferenciadoras.
Sinónimos Senilidade
Especialidade Neurologia, psiquiatria
Sintomas Diminuição da capacidade de raciocínio e memória, problemas emocionais, problemas com a linguagem, diminuição da motivação[1][2]
Início habitual Gradual[1]
Duração Crónica[1]
Causas Doença de Alzheimer, demência vascular, demência com corpos de Lewy, demência frontotemporal[1][2]
Método de diagnóstico Exames cognitivos (mini exame do estado mental)[2][3]
Condições semelhantes Delírio[4]
Prevenção Educação para a doença, controlar a hipertensão arterial, prevenir a obesidade, não fumar, praticar exercício, manter-se socialmente ativo[5]
Tratamento Cuidados de apoio[1]
Medicação Inibidores da acetilcolinesterase (poucos benefícios)[6][7]
Frequência 46 milhões (2015)[8]
Mortes 1,9 milhões (2015)[9]
Classificação e recursos externos
CID-10 F00-F07
CID-9 290-294
CID-11 546689346, 1365258270
DiseasesDB 29283
MedlinePlus 000739
eMedicine article/793247
MeSH D003704
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Demência é uma categoria genérica de doenças cerebrais que gradualmente e a longo prazo causam diminuição da capacidade de raciocínio e memória, a tal ponto que interferem com o funcionamento normal da pessoa.[1] Outros sintomas comuns são problemas emocionais, problemas de linguagem e diminuição da motivação.[1][2] Geralmente a consciência da pessoa não é afetada.[1] Para um diagnóstico de demência é necessário que haja uma alteração da função mental normal da pessoa e um declínio superior ao que seria expectável devido à idade.[1][10] Este grupo de doenças afeta também de forma significativa os cuidadores da pessoa.[1]

O tipo mais comum de demência é a doença de Alzheimer, responsável por 50 a 70% dos casos.[1][2] Entre outras causas comuns estão a demência vascular (25%), demência com corpos de Lewy (15%) e demência frontotemporal.[1][2] Entre outras possíveis causas, menos prováveis, estão a hidrocefalia de pressão normal, doença de Parkinson, sífilis e doença de Creutzfeldt-Jakob.[11] A mesma pessoa pode manifestar mais de um tipo de demência.[1] Uma minoria de casos é de origem hereditária.[12] No DSM-5, a demência foi reclassificada como perturbação neurocognitiva, com vários graus de gravidade.[13] O diagnóstico tem por base a história da doença e exames cognitivos, complementados por exames imagiológicos e análises ao sangue para despistar outras possíveis causas.[3] Um dos exames cognitivos mais usados é o mini exame do estado mental.[2] As medidas para prevenir a demência consistem em diminuir os fatores de risco como a hipertensão arterial, tabagismo, diabetes e obesidade.[1] Não está recomendado o rastreio na população em geral.[14]

Não existe cura para a demência.[1] Em muitos casos são administrados inibidores da acetilcolinesterase, como a donepezila, que podem ter alguns benefícios em demência ligeira a moderada.[6][15][16] No entanto, a generalidade dos benefícios pode ser insuficiente.[6][7] Existem várias medidas que permitem melhorar a qualidade de vida das pessoas com demência e respetivos cuidadores.[1] A terapia cognitivo-comportamental pode ser adequada em alguns casos.[1] É também importante a educação e o apoio emocional aos cuidadores.[1] O exercício físico pode ser benéfico para as atividades do dia a dia e pode potencialmente melhorar o prognóstico.[17] Embora o tratamento de problemas de comportamento com antipsicóticos seja comum, não está recomendado devido aos poucos benefícios e vários efeitos adversos, entre os quais um aumento do risco de morte.[18][19]

Em 2015, a demência afetava 46 milhões de pessoas em todo o mundo.[8] Cerca de 10% de todas as pessoas desenvolvem demência em algum momento da vida.[12] A doença é mais comum à medida que a idade avança.[20] Enquanto entre os 65 e 74 anos de idade apenas cerca de 3% de todas as pessoas têm demência, entre os 75 e os 84 anos a prevalência é de 19% e em pessoas com mais de 85 anos a prevalência é de cerca de 50%.[21] Em 2013, a demência foi a causa de 1,7 milhões de mortes, um aumento em relação aos 0,8 milhões em 1990.[22] À medida que a esperança de vida da população vai aumentando, a demência está-se a tornar cada vez mais comum entre a generalidade da população.[20] No entanto, para cada intervalo etário específico a prevalência tem tendência a diminuir devido à diminuição dos fatores de risco, pelo menos nos países desenvolvidos.[20] A demência é uma das causas mais comuns de invalidez entre os idosos.[2] Estima-se que em cada ano seja responsável por custos económicos na ordem dos 604 mil milhões de dólares.[1] Em muitos casos, as pessoas com demência são controladas fisicamente ou com medicamentos em grau superior ao necessário, o que levanta questões relativas aos direitos humanos.[1] É comum a existência de estigma social em relação às pessoas afetadas.[2]

Classificação

A demência é um termo geral para várias doenças neurodegenerativas que afetam principalmente as pessoas da terceira idade. Todavia a expressão demência senil, embora ainda apareça na literatura, tende a cair em desuso. A maior parte do que se chamava demência pré-senil é de fato a doença de Alzheimer,[23] que é a forma mais comum de demência neurodegenerativa em pessoas de idade. Embora existam casos raros diagnosticados de pessoas na faixa de idade que vai dos 17 anos[24][25][26] aos 50 anos e a prevalência na faixa etária de 60 aos 65 anos esteja abaixo de 1%, a partir dos 65 anos ela praticamente duplica a cada cinco anos. Depois dos 85 anos de idade, atinge 30 a 40% da população.[27]

Segundo a Organização Mundial da Saúde a exposição aos disruptores endócrinos poderá desencadear a doença de Alzheimer.[28]

A demência pode ser descrita como um quadro clínico de declínio geral na cognição como também de prejuízo progressivo funcional, social e profissional. As demências mais comuns são:

No dicionário internacional de doenças outras demências são classificadas como:

CID 10 - F02.0 Demência da doença de Pick
CID 10 - F02.1 Demência na doença de Creutzfeldt-Jakob
CID 10 - F02.2 Demência na doença de Huntington
CID 10 - F02.3 Demência na doença de Parkinson
CID 10 - F02.4 Demência na doença pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV)

Esses diagnósticos não são exclusivos sendo possível, por exemplo, a existência de Alzheimer simultaneamente com uma demência vascular.[29] Outras classificações incluem a demência na Síndrome de Korsakoff.

Causas

O risco de demência é maior em pessoas que vivem perto de autoestradas ou vias com muito trânsito.

Entre 2001 e 2012, investigadores acompanharam dois milhões de pessoas no Canadá e concluíram que 7% dos casos de demência diagnosticados diziam respeito a pessoas que viviam até 50 metros de distância de estradas com muito tráfego automóvel.

O estudo publicado na revista médica "The Lancet", indica que ao longo desses 11 anos foram diagnosticados 243 611 casos de demência e observou-se que havia mais casos da doença entre os que viviam perto de estradas congestionadas. Nestes casos, o número de diagnósticos foi 4% superior em pessoas quem residiam entre 50 e 100 metros de distância destas vias e 2% entre os que moravam entre 101 e 200 metros.

Ou seja, entre 7% a 11% dos casos de demência diagnosticados em moradores até 50 metros de uma via de movimento intenso podem estar relacionadas com o trânsito.[30]

Fatores de risco

Os principais fatores de risco modificáveis para a demência são, no intervalo entre os 18 e os 45 anos o baixo nível de escolaridade. No intervalo entre os 45 e os 65 anos são a hipertensão, a obesidade e a perda de audição. No intervalo superior a 65 anos são o fumar, a depressão, a inatividade física, o isolamento social e a diabetes.[31]

Causas reversíveis

Há fatores que podem causar demência e que podem ser revertidos.[32][33]

  • O uso de drogas
  • Depressão
  • Hipotiroidismo, encefalite de Hashimoto
  • Perda progressiva de visão e audição
  • Infecções, AIDS, sífilis
  • Deficiência de vitamina b12, ácido fólico: anemia.
  • Tumores, hidrocefalia
  • Reações tóxicas a medicamentos: antidepressivos, antihistaminicos, anticonvulsivos, corticosteroides, sedativos, antiparkinsonianos, anticonvulsivos, antiansiolíticos[34]

Tratamento

Um tratamento integrativo foi proposto em um estudo[35] cuja amostra foi formada por 35 pacientes (20 do sexo masculino, 15 do feminino) com uma idade média de 71,05 anos, diagnosticados com demência moderada e depressão. O tratamento proposto pelos autores incluiu: antidepressivos (sertralina, citalopram ou venlafaxina XR, apenas ou em combinação com bupropiona XR), inibidores de colinesterase (donepezil, rivastigmine ou galantamine), como também vitaminas e suplementos (multivitaminas, vitamina E, ácido alfa lipóico, omega-3 e coenzima Q-10). As pessoas participantes do estudo foram encorajadas a modificar a sua dieta e estilo de vida bem como a executarem exercícios físicos moderados. Os resultados do estudo demonstraram que a abordagem integrativa não apenas diminuiu o declínio cognitivo em 24 meses, mas até mesmo melhorou a cognição, especialmente a memória e as funções executivas (planejamento e pensamento abstrato).

Medicamentos

Atualmente, o principal tratamento oferecido para as demências baseia-se nas medicações inibidoras da colinesterase (donepezil, rivastigmina ou galantamina), que oferecem relativa ajuda na perda cognitiva, característica das demências, porém, com uma melhora muito pequena.[36] Nesse sentido, a melhora das funções cognitivas verificadas no estudo avaliado não pode ser relacionada apenas a esse tipo de medicação.

Embora os pacientes do estudo avaliado evidenciassem um quadro de demência moderada e depressão, pesquisa de Kessing et al. (no prelo) demonstrou que o uso de antidepressivos em longo prazo, em pessoas com demência sem um quadro de depressão, diminuiu a taxa de demência e minimizou as perdas cognitivas associadas, sem, no entanto, ter reduzido tais perdas totalmente. Esse estudo também identificou que os antidepressivos utilizados em curto prazo geraram mais prejuízos às funções cognitivas em pessoas com demência. Portanto, apenas o uso de antidepressivos em longo prazo foi que surtiu um efeito protetivo.

Desse modo, podemos considerar que os antidepressivos usados em longo prazo, além de tratarem os quadros de depressão, que podem estar associados aos quadros de demência, são benéficos para o tratamento desta patologia. Alguns estudos revelaram que os antidepressivos podem ter efeitos neuroprotetivos, aumentando o nascimento e permitindo a sobrevivência de neurônios nas zonas do hipocampo (parte do cérebro relacionada principalmente à memória).[37] Contudo, o uso apenas de antidepressivos não é suficiente para uma melhora acentuada das perdas cognitivas da demência.

Memória Reconstrutiva

Um estudo publicado no "Journal of Experimental Psychology: Learning, Memory and Cognition" conclui que os declínios que se verificam na memória reconstrutiva são indicio de um comprometimento cognitivo leve e de demência de Alzheimer, e não se verificam no envelhecimento saudável. "A memória reconstrutiva é muito estável em indivíduos saudáveis​​, de modo que um declínio neste tipo de memória é um indicador de comprometimento neurocognitivo" revela Valerie Reyna.[38][39]

Exercícios mentais

O exercício mental tem um papel fundamental na preservação de uma boa saúde mental. Os exercícios deverão ser variados, com um certo grau de complexidade, ensinar algo de novo e devem ser agradáveis e feitos com regularidade. Deve-se treinar o cálculo mental, ler em voz alta, aprender uma língua nova e treinar as imagens mentais (imagery),[40] e também treinar os sentidos: da audição, da visão e do cheiro [41]. A perda da sensibilidade do cheiro, relacionada com o primeiro nervo craniano, é uma das primeiras capacidades a serem infectadas pela demência. Um estudo do Wellcome Trust Centre for Neuroimaging do UCL demonstrou que o treino intensivo de aprendizado levado a cabo pelos taxistas de Londres para obterem o certificado de motorista de táxi altera a estrutura do cérebro aumentando o volume da matéria cinzenta na área do hipocampo posterior. O estudo revela que o cérebro mantém a plasticidade mesmo em adulto e o treino mental intenso[42] é fundamental para a criação de novos neurônios.

Videogames

  • Jogos multi-tarefa

Uma pesquisa, publicada na revista Nature, revela que pessoas idosas com dificuldades cognitivas podem treinar a mente e melhorar a atenção (o foco de longo prazo) e a memória de curto prazo. Os neurocientistas revelam que alguns dos idosos de 80 anos que participaram da pesquisa conseguiram melhorar o seu desempenho e apresentar um padrão neurológico igual ao de um jovem de 20 anos. O treino com o jogo multitarefa, NeuroRacer, um jogo muito simples, desenvolvido por uma equipa da Universidade da Califórnia permitiu[43] ainda registrar a alteração que se processa ao nível das ondas cerebrais.[44][45][46]

  • Jogos de estratégia

Um outro estudo da UCL e Queen Mary University of London, usando o jogo StarCraft, também revela que após várias horas de treino há uma melhoria na flexibilidade cognitiva.[47] O Jogo Halo também foi objeto de estudo, e revela que é capaz de melhorar a capacidade de decisão ao torná-la mais rápida.

  • Tiro em primeira pessoa

Um estudo da universidade dos Países Baixos indica que os jogos de Tiro em primeira pessoa melhoram a memória de curto prazo e a agilidade mental.[48]

Há ainda a possibilidade do habito de jogar determinados tipos de jogos melhorar o bem estar e diminuir a possibilidade de ter depressão.[49]

Segundo o Dr Adam Gazzaley "Isso confirma nossa compreensão de que os cérebros de adultos mais velhos, como os dos jovens, são 'plásticos' — o cérebro pode mudar em resposta ao treinamento focado".[50]

Um estudo revelou que jogar o jogo “Super Mario 64” provocava aumento nas regiões do cérebro responsáveis ​​pela orientação espacial, pela formação da memória e planejamento estratégico, bem como uma melhoria das capacidades motoras finas das mãos.[51]

Jogar jogos diferentes, cada jogo focado no desenvolvimento específico de uma capacidade cognitiva distinta, e não apenas um só tipo de jogo, treina e desenvolve um leque mais vasto de capacidades cognitivas.[52][53]

Um jogo eletrônico de quebra-cabeça, Sea Hero Quest, foi desenvolvido para, através da coleta de dados sobre as habilidades de navegação ao ser jogado, ajudar na investigação científica[54] de como as pessoas navegam em ambientes tridimensionais, que é uma das primeiras habilidades perdidas por aqueles que sofrem com demência.[55]

Exercícios físicos

Caminhada dos idosos promovido pela Secretaria de Saúde e Meio Ambiente em 2008.

Em questão aos exercícios físicos, segundo Pérez e Carral (2008), estes apresentam um potencial de melhorar a plasticidade do cérebro, reduzindo as perdas cognitivas ou minimizando o curso progressivo da demência. A importância dos exercícios físicos no tratamento da demência pode ser apoiada por outros estudos.[56]

O levantamento de pesos, comparado com outros exercícios revelou melhores resultados,[57] embora um conjunto de exercícios envolvendo levantamento de pesos, aeróbica e equilíbrio tivesse melhorado as capacidades linguísticas.[58]

Alimentação

Uma dieta funcional e exercícios físicos associados também demonstraram serem protetivos contra o desenvolvimento da demência ou para diminuir o curso progressivo dessa patologia.[59] Não obstante, pessoas com tendência à demência que utilizaram vitaminas antioxidantes (vitaminas C e E, por exemplo) apresentaram menor perda cognitiva que pessoas que não utilizaram tal recurso.[60]

A deficiência de vitamina D está associada a um risco significativamente maior do desenvolvimento de demências incluindo a doença de Alzheimer.[61]

Ademais, Shatenstein e[62] identificaram que pessoas com demência tenderam a ter uma alimentação mais pobre em macronutrientes, cálcio, ferro, zinco, vitamina K, vitamina A e ácidos gordurosos, o que pode acentuar o curso degenerativo da doença. Aspecto que justifica a administração de suplementos alimentares para essa população, devido à dificuldade de se alimentar, um dos sintomas que tendem a fazer parte do quadro de demência.

Em relação ao ácido alfalipóico e à coenzima Q10, potentes antioxidantes cerebrais, ou seja, redutores dos radicais livres, existem evidências em estudos que essas substâncias também contribuem significativamente para a redução da progressão das perdas cognitivas em pessoas com demência, além de serem agentes protetivos. Tais substâncias são produzidas naturalmente pelo organismo, mas essa produção tende a reduzir-se com a idade.[63]

Comportamentos saudáveis

Metade das demências podem ser prevenidas ou pelo menos adiadas mantendo uma vida social, intelectual e profissional ativa.[64]

Uma vida com compromissos e ativa também revelou melhorar as perdas cognitivas em demências mais moderadas.[65] O uso do fumo também pode vulnerabilizar as pessoas para a demência.[66] Desse modo, a mudança do estilo de vida é um fator fundamental para minimizar o curso das perdas evidenciadas na demência.

Portanto, podemos observar que, no estudo de Bragin et al. (2005), foram utilizados como tratamento da demência vários recursos disponíveis para tanto. Ocorreu uma melhora significativa em funções cognitivas importantes, prejudicadas pela demência moderada.

Assim, o diagnóstico precoce da demência é um aspecto importante para que os tratamentos existentes possam diminuir a progressão das perdas cognitivas, funcionais, sociais e profissionais em pessoas com esta patologia. Conforme demonstrou o estudo de Bragin et al. (2005), o tratamento deve ser integrativo, envolvendo uma equipe multidisciplinar, com medicações específicas e suplementação alimentar, além de uma mudança do estilo de vida que inclui exercícios físicos moderados, cessação do uso do fumo, uma alimentação adequada e uma vida com o máximo possível de atividades.

Uma abordagem integrativa pode reduzir o curso das perdas cognitivas da demência, porém, ainda não existem tratamentos que possam "curar" integralmente essa patologia. Assim, a prevenção ao longo da vida é o melhor recurso existente. É importante durante a vida manter uma alimentação saudável e exercícios físicos regulares; bem como na aposentadoria torna-se imprescindível manter um estilo de vida ativo.

Psicoterapia

É frequente a comorbidade entre depressão, transtornos de ansiedade, distúrbios comportamentais e transtornos delirantes e demências, por isso é importante o acompanhamento psicológico regular. Esse acompanhamento inclui os familiares pois a demência causa grande impacto nos cuidadores, especialmente na família nuclear, os deixando vulneráveis a transtornos psicológicos como síndrome de Burnout (exaustão física e psicológica). São necessárias mais políticas públicas de apoio aos cuidadores, pois, quando exaustos, tendem a colocar os idosos em asilos aumentando seriamente as despesas do governo.[67][68]

Epidemiologia

O envelhecimento da população leva a um aumento das doenças crônicas e degenerativas, acarretando um maior custo-paciente na área de saúde e a necessidade de inúmeras adaptações sociais, ambientais e econômicas. É provável que, em 2025, o Brasil se torne o 6.º país com mais idosos no mundo.[carece de fontes?] O número de vítimas de demências aumenta exponencialmente com a idade afetando apenas 1,1% dos idosos entre 65 e 70 anos e mais de 65% depois dos 100 anos. A média em São Paulo no ano de 1998 na população acima de 65 anos foi estimada em 7,1%.[69] Porém, como é muito sub-diagnosticada, maior nas áreas rurais e com níveis educacionais mais baixos e tem aumentado muito nos últimos anos é provável que atualmente esteja por volta de 21,9% entre os maiores de 65 anos.[70] A doença de Alzheimer, o tipo de demência mais comum, é mais comum em mulheres enquanto as demências vasculares, segundo tipo mais comum, são mais comuns em homens.

Os custos com demência no mundo passam de 600 bilhões, custo maior do que o de qualquer empresa do mundo. A estimativa da Alzheimer’s Disease International (ADI) é de que em 2010 havia 35,6 milhões de pessoas vivendo com demência no mundo. Este número deve subir para 65,7 milhões até 2030 e 115,4 milhões até 2050. No Brasil, estima-se que entre 70% e 94% dos pacientes com demência vivam em casa, subindo para 90 a 95% nas áreas rurais, média muito acima da dos países desenvolvidos que fica por volta de 66%.[71]

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A prevalência média de demência, acima dos 65 anos de idade, é de 2,2% na África, 5,5% na Ásia, 6,4% na América do Norte, 7,1% na América do Sul e 9,4% na Europa.[72]

Ver também

Referências

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