Úlcera péptica

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Úlcera péptica
Úlcera péptica
Úlcera gástrica profunda
Sinónimos Úlcera do estômago, úlcera gástrica, úlcera duodenal
Especialidade Gastroenterologia, cirurgia geral
Sintomas Dor na parte superior do abdómen, eructação, vómitos, perda de peso, falta de apetite[1]
Complicações Hemorragia gastrointestinal, perfuração gastrointestinal, obstrução da saída gástrica[2]
Causas Helicobacter pylori, anti-inflamatórios não esteroides, fumar, doença de Crohn[1][3]
Método de diagnóstico Baseado nos sintomas, confirmado por endoscopia ou radiografia de contraste[1]
Condições semelhantes Cancro do estômago, doença arterial coronária, gastrite, inflamação da bexiga[1]
Tratamento Deixar de fumar, evitar tomar anti-inflamatórios não esteroides, evitar ingestão de álcool, medicação[1]
Medicação Inibidores da bomba de protões, antagonistas do receptor H2, antibióticos[1][4]
Frequência 87,4 milhões (2015)[5]
Mortes 267 500 (2015)[6]
Classificação e recursos externos
CID-10 K25K27
CID-9 531533
CID-11 1145813715
DiseasesDB 9819
MedlinePlus 000206
eMedicine med/1776 ped/2341
MeSH D010437
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Úlcera péptica é uma lesão no revestimento do estômago, no duodeno ou, raramente, na parte final do esófago.[1][7] Uma úlcera no estômago denomina-se úlcera gástrica, enquanto que uma no duodeno se denomina úlcera duodenal. Os sintomas mais comuns são acordar de noite com dor na parte superior do abdómen ou dor na parte superior do abdómen que melhora ao comer. A dor é muitas vezes descrita como ardor ou dor ligeira constante. Entre outros possíveis sintomas estão a eructação, vómitos, perda de peso ou perda de apetite. Cerca de um terço das pessoas não manifesta sintomas.[1] Entre as possíveis complicações estão a hemorragia gastrointestinal, perfuração gastrointestinal e obstrução da saída gástrica. Cerca de 15% das pessoas apresentam hemorragia.[2]

As causas mais comuns são a bactéria Helicobacter pylori e os anti-inflamatórios não esteroides.[1] Entre as outras possíveis causas está o fumar, o stresse devido a doença grave, a doença de Behçet, a síndrome de Zollinger-Ellison, a doença de Crohn e a cirrose hepática.[1][3] As pessoas idosas são mais sensíveis aos efeitos dos anti-inflamatórios não esteroides. O diagnóstico pode ser suspeitado com base nos sintomas e confirmado com endoscopia ou ingestão de bário. A presença de H. pylori pode ser confirmada com análises ao sangue que detectam a presença de anticorpos, com um teste rápido da urease, com exames às fezes para observar sinais da bactéria ou com uma biópsia do estômago. Entre outras doenças que produzem sintomas semelhantes à úlcera péptica estão o cancro do estômago, a doença arterial coronária, a inflamação do revestimento do estômago ou cálculos na vesícula.[1]

A dieta não tem um papel significativo nem na causa nem na prevenção de úlceras.[8] O tratamento consiste em deixar de fumar, deixar de tomar anti-inflamatórios não esteroides, em deixar de ingerir bebidas alcoólicas e em medicamentos para diminuir a acidez do estômago. Os medicamentos usados são geralmente ou um inibidor da bomba de protões ou um antagonista do receptor H2 ao longo de quatro semanas recomendadas de tratamento inicial.[1] As úlceras causadas por H. pylori são tratadas com uma combinação de medicamentos como a amoxicilina, claritromicina e um inibidor da bomba de protões. Como a resistência antibiótica está a aumentar, o tratamento com antibióticos nem sempre é eficaz.[4] As úlceras hemorrágicas podem ser tratadas com cirurgia por endoscopia, sendo usada cirurgia aberta apenas nos casos em que a endoscopia não foi eficaz.[2]

As úlceras pépticas afetam cerca de 4% da população.[1] Em 2013 ocorreram cerca de 53 milhões de novos casos.[9] Cerca de 10% das pessoas desenvolve uma úlcera péptica em determinado momento da vida.[10] A doença foi a causa de 301 000 mortes em 2013, uma diminuição em relação às 327 000 mortes em 1990.[11] A identificação da H. pylori como causa das úlceras pépticas foi feita por Barry Marshall e Robin Warren em finais do século XX,[4] uma descoberta pela qual lhes foi atribuído o Prémio Nobel de Medicina em 2005.[12]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m Najm, WI (Setembro de 2011). «Peptic ulcer disease.». Primary care. 38 (3): 383–94, vii. PMID 21872087. doi:10.1016/j.pop.2011.05.001 
  2. a b c Milosavljevic, T; Kostić-Milosavljević, M; Jovanović, I; Krstić, M (2011). «Complications of peptic ulcer disease.». Digestive diseases (Basel, Switzerland). 29 (5): 491–3. PMID 22095016. doi:10.1159/000331517 
  3. a b Steinberg, KP (Junho de 2002). «Stress-related mucosal disease in the critically ill patient: risk factors and strategies to prevent stress-related bleeding in the intensive care unit.». Critical Care Medicine. 30 (6 Suppl): S362-4. PMID 12072662. doi:10.1097/00003246-200206001-00005 
  4. a b c Wang, AY; Peura, DA (Outubro de 2011). «The prevalence and incidence of Helicobacter pylori-associated peptic ulcer disease and upper gastrointestinal bleeding throughout the world.». Gastrointestinal endoscopy clinics of North America. 21 (4): 613–35. PMID 21944414. doi:10.1016/j.giec.2011.07.011 
  5. GBD 2015 Disease and Injury Incidence and Prevalence Collaborators (outubro de 2016). «Global, regional, and national incidence, prevalence, and years lived with disability for 310 diseases and injuries, 1990-2015: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2015». Lancet. 388 (10053): 1545–1602. PMC 5055577Acessível livremente. PMID 27733282. doi:10.1016/S0140-6736(16)31678-6 
  6. «Global, regional, and national life expectancy, all-cause mortality, and cause-specific mortality for 249 causes of death, 1980-2015: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2015». Lancet. 388 (10053): 1459–1544. Outubro de 2016. PMC 5388903Acessível livremente. PMID 27733281. doi:10.1016/s0140-6736(16)31012-1 
  7. «Definition and Facts for Peptic Ulcer Disease». National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases. Consultado em 28 de fevereiro de 2015 
  8. «Eating, Diet, and Nutrition for Peptic Ulcer Disease». National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases. Consultado em 28 de fevereiro de 2015 
  9. Global Burden of Disease Study 2013, Collaborators (22 de agosto de 2015). «Global, regional, and national incidence, prevalence, and years lived with disability for 301 acute and chronic diseases and injuries in 188 countries, 1990-2013: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2013.». Lancet (London, England). 386 (9995): 743–800. PMID 26063472. doi:10.1016/s0140-6736(15)60692-4 
  10. Snowden FM (Outubro de 2008). «Emerging and reemerging diseases: a historical perspective». Immunol. Rev. 225 (1): 9–26. PMID 18837773. doi:10.1111/j.1600-065X.2008.00677.x 
  11. GBD 2013 Mortality and Causes of Death, Collaborators (17 de dezembro de 2014). «Global, regional, and national age-sex specific all-cause and cause-specific mortality for 240 causes of death, 1990-2013: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2013.». Lancet. 385: 117–71. PMC 4340604Acessível livremente. PMID 25530442. doi:10.1016/S0140-6736(14)61682-2 
  12. «The Nobel Prize in Physiology or Medicine 2005». nobelprize.org. Nobel Media AB. Consultado em 3 de junho de 2015