509-E

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509-E
Informação geral
Origem São Paulo,  São Paulo
País  Brasil
Gênero(s) Rap, hip hop, gangsta rap
Período em atividade 2000 - 2003 - 2019 - Atualmente
Integrantes Dexter
Afro-X

509-E é um grupo de rap brasileiro. Formado por Dexter e Afro-X enquanto estavam no Casa de Detenção de São Paulo, foi dissolvido em 2003, quando os músicos decidiram seguir carreira solo. Em 2019 os rappers Dexter e Afro-X, decidiram retomar as atividades do grupo para uma turnê e logo após Dexter anunciou a sua saída do grupo.

Carreira[editar | editar código-fonte]

O grupo foi formado por Dexter e Afro-X, dois jovens pobres, nascidos na Vila Calux, periferia violenta de São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista. Presos e condenados a mais de 10 anos de prisão pelo crime previsto no artigo 157 (assalto à mão armada) do Código Penal, os dois se envolveram com a música dentro da penitenciária, Dexter como integrante do Tribunal Popular e Afro-X como vocal do Suburbanos. Eles se tornaram os porta-vozes de todos aqueles que sofriam encarcerados no Brasil ao abordarem em suas letras o cotidiano violento da periferia e das penitenciárias. Foi através do selo Só Rap, da gravadora Atração, que o álbum de estreia do 509-E, batizado de Provérbios 13, foi lançado com 12 faixas, no segundo trimestre de 2000.

Antes disso, eles gravaram a faixa "Barril de Pólvora", no disco Brazil 1: Escadinha Fazendo Justiça com as Próprias Mãos, lançado pelo ex-bandido carioca e também detento José Carlos dos Reis Encina, mais conhecido como "Escadinha". Naquela época, dezembro de 1999, a dupla era conhecida como Linha de Frente. Além do talento dos dois nos vocais, o time de produtores do Provérbios 13, formado por Mano Brown e Edi Rock (ambos do Racionais MC's), DJ Hum (parceiro de Thaíde) e por MV Bill conseguiu promover o grupo. Também contaram com o apoio da "Madrinha dos Presos", a atriz Sophia Bisilliat, idealizadora do projeto “Talentos Aprisionados”, uma iniciativa do sistema prisional do Estado de São Paulo. Em agosto, o 509-E foi apresentado ao Brasil, quando disputou com o clipe de "Só os fortes" duas categorias, de Melhor Vídeo de Rap e Escolha da Audiência, no Video Music Brasil, da MTV. A vitória não veio, mas o espaço dado ao grupo abriu várias portas para Dexter e Afro-X. A consagração aconteceu no dia 14 de novembro de 2000, quando o 509-E levou o prêmio HUTÚZ de grupo revelação do ano. A ida dos rappers paulistas até um teatro no Rio de Janeiro para receber a premiação, com direito a ponte área e tudo, fez com que a Rede Globo produzisse duas matérias sobre o trabalho musical de Dexter e Afro-X. O grupo, no entanto, estava no seu auge quando as coisas começaram a piorar. Convidados para um debate na Rede Globo, a dupla despertou a atenção das autoridades em função do conteúdo das letras de suas músicas. Tornaram-se inimigos dos policiais, principalmente após a rebelião que resultou na extinção do Carandiru. Após esse episódio, o grupo foi proibido de fazer shows na rua.[1] Após um tempo, Afro-X foi libertado e o 509-E lançou seu segundo e último trabalho, MMII DC (2002 Depois de Cristo).[1] Os dois integrantes começaram a se desentender criativamente e o grupo terminou em 2003. Sobre o fim do grupo, o rapper Dexter afirmou:[1]

O 509-E acabou por vários motivos. Um grupo de RAP é como uma igreja, a partir do momento que você não concorda com aquela doutrina e aquilo te incomoda, você muda de igreja, porém, seu Deus vai continuar sendo o mesmo e estará dentro do seu coração. Você só vai mudar de placa, mas a sua essência continuará sendo a mesma. Depois que o Afro-X foi pra rua, algumas coisas mudaram e naturalmente nos afastamos um do outro. Ele passou a falar de coisas que estava vivendo no momento, que é natural. E eu, continuei falando das mesmas coisas que já havia falado nos outros discos, porém, de um outro jeito, é lógico. Ideologicamente falando, nos distanciamos também, o barato começou a me incomodar e optei pelo fim do grupo.

Atualmente, Dexter segue carreira solo e já lançou dois álbuns; Afro-X permaneceu por algum tempo no rap, afastou-se e voltou novamente, se casou com a cantora Simony,[2] e atualmente é educador.[3]

Em 2009, foi lançado um documentário sobre o 509-E, chamado Entre a Luz e a Sombra. Dirigido por Luciana Burlamaqui, ele aborda a violência no Brasil a partir da formação da dupla Dexter e Afro-X dentro do Carandiru.[4][5] Lançado em novembro de 2009, recebeu o prêmio da 4ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul.[6]

Discografia[editar | editar código-fonte]

Prêmios[editar | editar código-fonte]

Ano Prêmio Categoria Ref
2000 Prêmio Hutúz Revelação [7]

Referências

  1. a b c «Dexter - A fúria negra ressuscita outra vez». www.bsbblack.com. Consultado em 13 de Novembro de 2009 [ligação inativa]
  2. «ISTOÉ Online». www.terra.com.br. Consultado em 13 de Novembro de 2009 [ligação inativa]
  3. «O rapper e ex-assaltante, Afro X, vira educador | Catraca Livre». catracalivre.folha.uol.com.br. Consultado em 13 de Novembro de 2009. Arquivado do original em 1 de março de 2012 
  4. «:: Rap Nacional::». www.rapnacional.com.br. Consultado em 14 de Novembro de 2009. Arquivado do original em 28 de setembro de 2013 
  5. «Entre a Luz e a Sombra (2007) - e-Pipoca». epipoca.uol.com.br. Consultado em 14 de Novembro de 2009 [ligação inativa]
  6. «Entre a Luz e a Sombra vence 4ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul - Cineclick». cinema.cineclick.uol.com.br. Consultado em 14 de Novembro de 2009 [ligação inativa]
  7. «Cliquemusic: Matéria: Prêmio Hutus festeja os melhores do rap». cliquemusic.uol.com.br. Consultado em 22 de Dezembro de 2009 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]