A Última Tentação de Cristo (livro)

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Ο τελευταίος πειρασμός
A última tentação (PT)
A Última Tentação de Cristo (BR)
Autor(es) Níkos Kazantzákis
Idioma Grego
País  Grécia
Gênero Religião, Romance histórico
Lançamento 1951
ISBN 0-684-85256-X
Edição portuguesa
Tradução Jorge Feio
Editora Arcádia
Lançamento 1966
Páginas 624
Edição brasileira
Tradução Waldea Barcellos e Rose Nanie Pizzinga
Editora Rocco
Lançamento 1989
Páginas 490
Níkos Kazantzákis.

A Última Tentação (título original grego: “Ο τελευταίος πειρασμός”; em alfabeto latino: “O telefteos pirasmos”) é um romance de autoria do escritor grego Níkos Kazantzákis, publicado originalmente em 1951.

Resumo da História[editar | editar código-fonte]

Jesus era um carpinteiro nazareno odiado pelos demais judeus por ser o único carpinteiro que seguia fabricando cruzes para os romanos. Ele assim o fazia por ouvir vozes de que seria o escolhido (e as pessoas ao seu redor pensavam que era louco) e temer o seu destino messiânico. Talvez ele preferisse despertar a ira divina do que o Seu amor.

Um dia parte para o deserto para tornar-se um monge. Estando ali se purifica e começa sua tarefa evangelizadora seguido sempre por Judas, um zelote militante religioso que queria os romanos fora de Israel e que havia sido contratado para matá-lo, mas que acaba se tornando o seu melhor discípulo. Essa é justamente a razão pela qual Jesus lhe confia a missão de traí-lo. Na história ele é o seguidor que permanece completamente fiel a Jesus, e deve aceitar a mais difícil tarefa que lhe é dada por seu mestre. Os outros apóstolos são mostrados como fracos e prontos a desertar Jesus na primeira ameaça de perigo a suas vidas.

Enquanto Jesus é crucificado, ele se recorda das tentações as quais foi submetido pelo Diabo e as quais resistiu. Então, aparece-lhe um anjo que lhe disse para não sofrer mais e que baixasse da cruz. Então Jesus lhe dá ouvidos, desce da cruz e encontra Maria Madalena.

Passado um tempo, e após a morte de Maria Madalena, Jesus se casa com Marta e forma uma família, vivendo como um homem comum. Um dia, encontra Paulo, que pregava sobre o Messias e seu sacrifício. Jesus se aproxima dele e trata de desmentir tudo, porém Paulo o reconhece e diz a ele que seguirá pregando ainda que a ele doa.

Após algum tempo, e em meio as invasões de Tito a Jerusalém, Jesus vive suas últimas horas. Então todos os apóstolos vêm vê-lo, e o recriminam por não ter consumado sua Paixão. Então Jesus diz a eles que um anjo o autorizou a não consumar. Os discípulos, espantados, reconhecem o Diabo no suposto anjo.

Jesus, ao saber disso, levanta-se de seu leito e volta ai Calvário, querendo terminar sua Paixão… Então, vai terminar seu sacrifício.

Características da Personagem Jesus[editar | editar código-fonte]

A figura de Jesus sempre esteve presente nos pensamentos de Kazantzákis, desde sua juventude até seus últimos anos de vida.

O Cristo de A Última Tentação compartilha das angustiadas preocupações metafísicas e existenciais de Kazantzákis, buscando respostas para questões tormentosas e que frequentemente causavam uma divisão entre o seu sentimento de dever e missão, por um lado, e de suas próprias carências humanas para desfrutar a vida, amar e ser amado, e ter uma família, de outro. Uma figura trágica que no fim sacrifica suas próprias esperanças humanas por uma causa maior, o Cristo de Kazantzákis não é uma divindade infalível, desapaixonada, mas, em vez disso, um ser humano apaixonado e passional que colocou-se uma missão, com um significado que ele está lutando para compreender e que frequentemente exige que ele enfrente sua consciência e suas emoções, e que acaba exigindo o sacrifício de sua própria vida para o seu cumprimento. Ele está sujeito a dúvidas, medos, e mesmo a sentimento de culpa. No final ele é o Filho do Homem, um homem cuja luta interna representa a da humanidade.

Visão de Mundo (Weltanschauung) Implícita na Obra[editar | editar código-fonte]

A Última Tentação acaba sendo uma maneira de ensinar as pessoas a compreenderem alguém que tem uma crença diferente da delas, e como lhe comunicar o evangelho racional e verdadeiramente. Existem dois pressupostos básicos tanto no livro quanto no filme. O primeiro pressuposto é que não há uma distinção última entre bem e mal, entre Deus e homem, entre matéria e espírito. Essa distinção depende da nossa interpretação. Essa visão de mundo está presente ao longo de toda obra. O segundo pressuposto é o de que a história é relativa. Não podemos tomar o conteúdo daquilo que hoje conhecemos como Novo Testamento como verdades absolutas.[1]

Esses dois pressupostos da obra de Kazantzákis foram muito criticados por grupos religiosos, por interpretarem tais religiosos que eles, conjuntamente, rejeitam a Bíblia e o cristianismo. Para esses religiosos, a pior parte do romance (e também do filme) não é Jesus fazendo sexo com Maria Madalena, a qual é apresentada como uma tentação satânica na forma de um sonho. Segundo eles, o mundo gostaria que os cristãos admitissem que essa é a pior cena como prova de que os cristãos têm medo de sexo e pensam que o corpo é algo sujo. Para eles, essa parte apenas serviria para desviar a atenção dos dois pressupostos básicos tanto do livro quanto do filme que, esses sim, não seriam aceitáveis aos olhos do cristianismo como por eles interpretado.[1]

Reações ao Livro[editar | editar código-fonte]

Muitos religiosos conservadores gregos condenaram a obra de Kazantzákis. A sua interessante resposta foi: “Vocês me amaldiçoaram, pais sagrados, eu dou a vocês uma bênção: possam as suas consciências ser tão claras quanto a minha e possam vocês ser tão morais e religiosos quanto eu” (Grego: "Μου δώσατε μια κατάρα, Άγιοι πατέρες, σας δίνω κι εγώ μια ευχή: Σας εύχομαι να ‘ναι η συνείδηση σας τόσο καθαρή, όσο είναι η δική μου και να ‘στε τόσο ηθικοί και θρήσκοι όσο είμαι εγώ"), antes da Igreja Ortodoxa grega o excomungar em 1955.

A Última Tentação foi incluída pela Igreja Católica no Index Librorum Prohibitorum. A reação de Kazantzakis foi enviar um telegrama ao Vaticano citando o escritor cristão Tertuliano[carece de fontes?]: Ad tuum, Domine, tribunal appello (Português: “A Teu Tribunal, Senhor, apelo”, Grego: "Στο δικαστήριό σου ασκώ έφεση, ω Kύριε").

Curiosidades[editar | editar código-fonte]

  • O romance tem uma introdução (algo incomum em tal estilo de escrita), em que o autor sustenta que “a tentação mais forte que pode ter um homem é a de ser um homem comum”. Acrescenta que Cristo talvez a teve e que, apesar de tudo, a venceu.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b Bob Passatino; Gretchen Passatino (1989). «The Last Temptation of Christ Denied» (em inglês). Consultado em 26 de Outubro de 2009. Arquivado do original em 26 de outubro de 2009 
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