Academia Galega da Língua Portuguesa

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Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP)
Academia Galega da Língua Portuguesa
Logótipo da AGLP
Tipo Organização académica
Fundação 20 de setembro de 2008 (15 anos)
Línguas oficiais Português
Filiação Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (Observador Consultivo); Conselho das Academias de Língua Portuguesa
Presidente Rudesindo Soutelo
Sítio oficial http://www.academiagalega.org/

A Academia Galega da Língua Portuguesa é uma instituição científica e cultural da Galiza que atende aos critérios históricos e científicos por que se regem as línguas europeias[1], tendo sido reconhecida com o estatuto de Observador Consultivo pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.[2] Na atualidade é presidida pelo Professor Rudesindo Soutelo e apresenta-se como uma continuação histórica da ideia de unidade do galego-português que representaram vultos como Guerra da Cal, Carvalho Calero, Rodrigues Lapa ou Lindley Cintra, que em 1984 incluíra os dialetos da língua galega como parte dos do português europeu[3] na Gramática que editou junto de Celso Cunha.[4]

Criada seguindo a tradição das academias mas como uma iniciativa da sociedade civil, independente dos organismos políticos galegos, a Academia Galega da Língua Portuguesa define-se como uma «instituição científica e cultural ao serviço do povo galego» que pretende «promover o estudo da Língua da Galiza para que o processo da sua normalização e naturalização seja congruente com os usos que vigoram no conjunto da Lusofonia»[5].

História[editar | editar código-fonte]

A ideia de criação de uma Academia de caráter lusófono na Galiza foi do Professor Doutor Ricardo Carvalho Calero, mas a proposta foi defendida pelo Professor Montero Santalha num artigo publicado em 1994 na revista Temas de O Ensino sob o título A Lusofonia e a Língua Portuguesa da Galiza: Dificuldades do presente e tarefas para o futuro[6] e, mais recentemente, numa intervenção em Bragança, em outubro de 2006, na realização do V Colóquio Anual da Lusofonia, intitulada Um novo projecto: a Academia Galega da Língua Portuguesa.[7]

Com o intuito de efetivar esta proposta nasce em 1 de Dezembro de 2007 a Associação Pró-Academia Galega da Língua Portuguesa em Compostela[8] integrada por pessoas de diferentes âmbitos da defesa da língua e com o apoio de organizações lusófonas[9] como a Associação de Amizade Galiza-Portugal, a Associação Galega da Língua, a Associação Sócio-Pedagógica Galego-Portuguesa ou o Movimento Defesa da Língua.

Em 7 de abril de 2008, a Pró-Academia participou[10] na Assembleia da República portuguesa na Conferência Internacional/Audição Parlamentar sobre o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa por meio do seu Presidente, Ângelo Cristóvão com um comunicado a respeito da posição galega e o papel da futura Academia Galega.[11][12] Neste ato também o resto de associações lusófonas galegas acima citadas estiveram representadas por meio do Presidente da AGAL, Alexandre Banhos.[13] Estas intervenções tiveram larga repercussão nos meios de comunicação.[14]

Foi, finalmente, constituída em 20 de setembro de 2008[15] realizando a sua sessão inaugural em 6 de outubro de 2008[16][17] contando com a participação e respaldo de instituições como a Academia das Ciências de Lisboa, a Academia Brasileira de Letras, a Universidade Aberta, a Universidade de Santiago de Compostela, a Associação Internacional de Lusitanistas e a Junta da Galiza, que enviaram representantes oficiais. A Academia é um órgão estatutário da Fundação Academia Galega da Língua Portuguesa, fundação de competência estatal inscrita no Ministério da Cultura da Espanha (Orden CUL/1075/2011, de 1 de março).

Em 17 de maio de 2010 foi galardoada com o Prémio Meendinho, atribuído pela fundação com o mesmo nome, "[p]or existir um antes e um depois, desde a sua constituição, a respeito da projeção e da realidade da língua galega na Lusofonia toda, e como um elemento mais dela".[18]

No dia 20 de julho de 2017, o Conselho de Ministros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, na sua XXII reunião ordinária, realizada em Brasília, decidiu conceder a categoria de Observador Consultivo à Fundação Academia Galega da Língua Portuguesa. A decisão adotada é duplamente significativa, por ser a primeira entidade da sociedade civil galega a participar oficialmente neste organismo, o que poderá vir a reforçar as posições pró lusófonas na Galiza, e por tratar-se de uma Academia que defende a unidade da língua portuguesa, de que o galego faz parte.[19]

Lista de membros numerários[editar | editar código-fonte]

Atividade[editar | editar código-fonte]

A Academia Galega colabora ativamente com o resto de academias de língua portuguesa, especialmente através da sua Comissão de Lexicografia que elaborou um vocabulário de léxico galego para ser incorporado no próximo Vocabulário Ortográfico Comum que irão editar as academias Brasileira e Portuguesa com motivo da implementação do Acordo Ortográfico. A Sessão Interacadémica realizada em 14 de abril de 2009 em Lisboa sob a presidência das três academias foi a primeira cerimónia conjunta, apresentando-se publicamente o Léxico da Galiza a ser integrado no Vocabulário Comum.[20] As mais de 800 entradas do Léxico da Galiza foram incorporadas no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa

[21] editado em Outubro de 2009 pela Porto Editora. Em março de 2010 a AGLP participou da Conferência Internacional sobre o Futuro da Língua portuguesa no Sistema Mundial celebrada em Brasília, por convite do Ministério de Relações Exteriores do Brasil.[22]

A AGLP também articula uma Coleção de Clássicos Galegos com obras de autores como Rosália de Castro, Eduardo Pondal, João Vicente Biqueira ou Armando Cotarelo Valledor,[23] editando também de forma periódica um Boletim da Academia Galega da Língua Portuguesa (ISSN 1888-9763) [24] e outras publicações científicas (Galiza: Língua e Sociedade, 2009, ISBN 84-88849-20-6).

Parcerias[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Apresentação pública da Academia Galega da Língua Portuguesa
  2. Resolução sobre a Concessão da Categoria de Observador Consultivo da CPLP, XXII Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Brasília, 20 de Julho de 2017
  3. Nova Proposta de Classificação dos Dialectos Galego-Portugueses Arquivado em 2 de novembro de 2006, no Wayback Machine., in Boletim de Filologia, Lisboa, Centro de Estudos Filológicos, 22, 1971, pp. 81-116 (no PDF, p. 7)
  4. CUNHA, Celso e CINTRA, Luís Filipe Lindley (1984). Nova Gramática do Português Contemporâneo. Lisboa: Edições João Sá da Costa, p. 10
  5. Memorando da Comunidade de Países de Língua Portuguesas Arquivado em 5 de novembro de 2013, no Wayback Machine. com motivo da inauguração da AGLP, 3 de outubro de 2008
  6. Atas do Congresso Internacional de Língua, Cultura e Literaturas Lusófonas (Homenagem ao Professor Ernesto Guerra da Cal): Santiago, 15-17 de Setembro de 1994, Pontevedra - Braga: Irmandades da Fala da Galiza e Portugal, 1994, 452 pp. In Temas de O Ensino de Linguística, Sociolinguística e Literatura, volume VII-IX, núms. 27-38 (1991-1994), pp. 137-149)
  7. Um novo projecto: a Academia Galega da Língua Portuguesa in Galiza: Berço da Lusofonia. Actas do V Coloquio Anual da Lusofonia Arquivado em 25 de maio de 2009, no Wayback Machine.. Helena e José Chris Chrystêllo (org). Arcos online (Ed). Bragança, 2-4 de Outubro de 2006, p. 199
  8. Constitui-se em Compostela uma associação com o objeto de impulsar a criação da Academia Galega da Língua Portuguesa no jornal Galicia-Hoxe, 06.12.2007
  9. Nasce a Associação Pro-AGLP no jornal Vieiros
  10. «Alexandre Banhos e Ângelo Cristóvão tornaram-se nos dois primeiros galegos em falar oficialmente na Assembleia da República portuguesa». Consultado em 7 de janeiro de 2016. Arquivado do original em 27 de abril de 2012 
  11. Intervenção de Ângelo Cristóvão, Representante da Associação Cultural Pró Academia Galega da Língua Portuguesa. Também disponível em Vídeo
  12. Entrevista a Ângelo Cristóvão no jornal La Voz de Galicia com motivo da participação galega na Assembleia da República, 13 de abril de 2008
  13. Organizações galegas convidadas à Conferência Internacional sobre o Acordo Ortográfico Arquivado em 27 de abril de 2012, no Wayback Machine.. Também disponível em Vídeo
  14. «Reportagens Presença galega no Parlamento português na comunicaçom social». Consultado em 6 de setembro de 2008. Arquivado do original em 17 de julho de 2011 
  15. Unha nova academia galega tenta a confluencia co idioma portugués no jornal La Voz de Galicia, 7 de outubro de 2008
  16. A Academia Galega da Língua Portuguesa recalca o caráter lusófono do galego e qualifica-o de forma de português[ligação inativa] no jornal La Región, 6 de outubro de 2008
  17. Academia Galega da Língua Portuguesa no Jornal de Notícias Arquivado em 8 de janeiro de 2011, no Wayback Machine., 6 de outubro de 2008. Também disponível em Vídeo
  18. Prémio Meendinho 2010
  19. CPLP CONCEDE ESTATUTO DE OBSERVADOR CONSULTIVO À ACADEMIA GALEGA DA LÍNGUA PORTUGUESA
  20. «:: Pró Academia Galega da Língua Portuguesa ::.. - AGLP participa em cerimónia interacadémica na ACL». Consultado em 29 de Dezembro de 2010 
  21. «Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa». Cópia arquivada em 7 de junho de 2010 
  22. «Vieiros: Galiza Hoxe - A AGLP "abre as portas" da cultura galega no Brasil». vieiros.com. Consultado em 1 de abril de 2023 
  23. Academia Galega da Língua Portuguesa cria Coleção de Clássicos Galegos no Portal Galego da Língua, 02/01/2009
  24. N.º1 [1]; N.º 2 [2]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]