Acalvaria

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Acalvaria
Especialidade Médico geneticista
Duração Crônico
Tipos Má formação gênica
Tratamento Gerenciamento da má formação e enchertos ósseos
Prognóstico Normalmente acarreta em aborto espontâneos ou natimortalidade do bebê
Frequência Extremamente raro
Classificação e recursos externos
CID-10 Q 00.0
MeSH C535570
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Acalvaria é uma malformação rara que consiste na ausência dos ossos calvários, dura-máter e músculos conexos na base de de crânio e ossos faciais quanto ao resto normais. O sistema nervoso central geralmente não é afetado. A suposta patogênese da acalvária é a migração defeituosa do neurocrânio membranoso, em combinação com o posicionamento normal do ectoderma embrionário, resultando na ausência da calvária, mas em uma camada intacta de pele sobre o parênquima cerebral. Em outras palavras, em vez de ter uma calota craniana protegendo o cérebro, há apenas pele cobrindo-o.[1] O tamanho da área que falta a calota craniana pode variar de caso para caso. Em casos extremos, toda a parte superior do crânio em forma de cúpula pode estar ausente.[2]

Sinais e sintomas[editar | editar código-fonte]

Existem quatro sinais principais de acalvaria: ausência de ossos chatos da abóbada craniana, ausência da dura-máter e dos músculos associados a ela, anormalidades do crânio e ausência de calota craniana.[2] Esta condição pode ser diagnosticada antes do nascimento por meio de ultrassonografia.[1] Os médicos costumam usar ressonância magnética para confirmar o diagnóstico porque, no útero, a acalvaria às vezes é confundida com anencefalia ou encefalocele. Uma diferença distinguível é que na anencefalia faltam os hemisférios cerebrais, mas na acalvaria todas as partes do cérebro geralmente estão presentes e desenvolvidas, enquanto faltam partes da calvária.[3]

Patogênese[editar | editar código-fonte]

Atualmente não há causa identificada de acalvaria. A principal patogênese presumida é a migração problemática do neurocrânio membranoso em relação ao posicionamento normal do ectoderma imaturo.[1] Quando um embrião se desenvolve normalmente, o poro neural anterior fecha por volta da quarta semana.[2] Depois que isso ocorre, o tecido mesenquimal migra sob o ectoderma. Este ectoderma está subjacente onde o hemisfério cerebral eventualmente estará. Quando um feto apresenta acalvaria, o ectoderma embrionário está em seu lugar correto, mas a migração mesenquimal não ocorre corretamente. Portanto, a acalvaria é considerada um defeito pós-neurulação.[4] Por ser um defeito pós-neurulação, deve se desenvolver após o estágio embrionário 11, entre 24 e 26 dias após a concepção.[5]

Tratamento[editar | editar código-fonte]

Como essa malformação é rara e há pouquíssimos indivíduos que convivem com essa condição, o tratamento é limitado. O tratamento consiste em gerenciar cuidadosamente a condição de maneira controlada. Também é recomendado proceder ao enxerto ósseo quando a criança atingir a idade escolar.[4]

Prognóstico[editar | editar código-fonte]

Geralmente os bebês com esta malformação não sobrevivem ao nascimento.[6] No entanto, houve casos de sobrevivência. Em 2004, havia apenas dois casos vivos relatados. Destes dois, um tinha deficiência cognitiva grave e deficiência física. O status do outro não foi relatado. Se o feto evoluir para o termo, existe o risco de sofrer traumatismo craniano devido à pressão aplicada na cabeça durante o parto. Foram relatados alguns outros casos de acalvaria que não progrediram até o nascimento. Além da falta da calota craniana, houve malformações cerebrais em cada caso e todas as gestações foram interrompidas eletivamente ou os fetos foram abortados espontaneamente.[7]

Epidemiologia[editar | editar código-fonte]

Acalvaria geralmente ocorre em menos de 1 em cada 100.000 nascimentos. A título de dados epidemiológicos, acredita-se que o sexo feminino seja mais propenso a apresentar esse defeito. Atualmente, não se acredita que a acalvaria apresente grande risco de recorrência.

Referências

  1. a b c "Acalvaria." Right Diagnosis. Health Grades Inc., n.d. Web. 27 Nov. 2012. <http://www.rightdiagnosis.com/a/acalvaria/intro.htm
  2. a b c "Acalvaria." Orphanet. N.p., n.d. Web. 18 Nov. 2012. <http://www.orpha.net/consor/cgi-bin/OC_Exp.php?lng=EN
  3. Harris, C. P., Townsend, J. J. and Carey, J. C. (1993), Acalvaria: A unique congenital anomaly. Am. J. Med. Genet., 46: 694–699. doi: 10.1002/ajmg.1320460620
  4. a b Khadilkar, V. V., A. V. Khadilkar, A. A. Nimbalkar, and A. S. Kinnare. "Acalvaria." Acalvaria. N.p., 17 June 2004. Web. 20 Nov. 2012. <http://medind.nic.in/ibv/t04/i6/ibvt04i6p618.pdf[ligação inativa]
  5. Moore, K.; Kapur, R. P.; Siebert, J. R.; Atkinson, W.; Winter, T. (novembro de 1999). «Acalvaria and hydrocephalus: a case report and discussion of the literature». Journal of Ultrasound in Medicine. 18 (11): 783–787. ISSN 0278-4297. PMID 10547112. doi:10.7863/jum.1999.18.11.783 
  6. "Acalvaria." Orphanet. N.p., n.d. Web. 18 Nov. 2012. <http://www.orpha.net/consor/cgi-bin/OC_Exp.php?lng=EN
  7. Moore, K.; Kapur, R. P.; Siebert, J. R.; Atkinson, W.; Winter, T. (novembro de 1999). «Acalvaria and hydrocephalus: a case report and discussion of the literature». Journal of Ultrasound in Medicine. 18 (11): 783–787. ISSN 0278-4297. PMID 10547112. doi:10.7863/jum.1999.18.11.783