Aclamação de Amador Bueno
Esta página cita fontes, mas que não cobrem todo o conteúdo. |
A Aclamação de Amador Bueno ou Revolta de Amador Bueno, ocorrida em 1641, na vila de São Paulo, é tida como a primeira manifestação de caráter nativista do Brasil colônia.
História
Durante a chamada União Ibérica, os moradores da Capitania de São Vicente, principalmente da vila de São Paulo, puderam ampliar para dentro da América Espanhola (de acordo com o tratado de Tordesilhas) o território de livre atuação das entradas de apresamento, que inclusive atacavam missões jesuíticas. Nesse período também floresceu o comércio e o contrabando com a região do rio da Prata.
Em dezembro de 1640, com a coroação de D. João, Duque de Bragança que marcou a Restauração da Independência portuguesa, os paulistas temiam que Portugal destruísse essa fonte de riqueza, impedindo o contrabando e proibindo o aprisionamento e a venda do índio, pois o governo Português obtinha altos lucros com o tráfico negreiro. Ao proibir a escravidão indígena, a metrópole estaria forçando os colonos a utilizar mão-de-obra escrava negra. O movimento reduziu-se a uma manifestação dos comerciantes paulistas preocupados com a possibilidade de que seus negócios com Buenos Aires fossem prejudicados. Como forma de protesto, os paulistas resolveram criar em São Paulo um reino independente e aclamaram como rei o fazendeiro Amador Bueno da Ribeira - o mais rico habitante do lugar, capitão-mor e ouvidor, irmão de bandeirantes.[1]
Outros historiadores têm interpretação distinta pois Afonso d'Escragnolle Taunay, nos Ensaios Paulistas, diz à página 631:
“ | Quando D. João IV de Bragança assumiu o trono de Portugal em 1640, no ano seguinte Amador foi aclamado rei em São Paulo pelo poderoso partido de influentes e ricos castelhanos, liderados pelos irmãos Rendon de Quevedo, Juan e Francisco Rendón de Quevedo y Luna naturais de Coria, partido ao qual ainda pertenciam D. Francisco de Lemos, da cidade de Orens; D. Gabriel Ponce de León, de Guaira; D. Bartolomeu de Torales, de Vila Rica do Paraguai, D. André de Zúñega e seu irmão D. Bartolomeu de Contreras y Torales, D. João de Espíndola e Gusmão, da província do Paraguai, e outros que subscreveram o termo de aclamação, a 1º de abril de 1641. Como os espanhóis não queriam ser súditos de D. João IV, que reputavam vassalo rebelde a seu soberano, resolveram provocar a secessão da região paulista do resto do Brasil, esperando talvez anexá-la às colônias espanholas limítrofes. (…) Oferecem o trono ao sogro, ele próprio filho de espanhol e homem do maior prol em sua república pela inteligência, a fortuna, o passado de bandeirante, o casamento, os cargos ocupados. | ” |
Amador Bueno recusou a "oferta" e jurou fidelidade ao novo rei português. Dias depois, os paulistas também o fizeram. O gesto acabou não tendo consequência séria pois São Paulo era uma região marginalizada economicamente e não tinha condições de continuar a luta contra Portugal. O episódio histórico serviu, entretanto, para demonstrar o descontentamento de alguns colonos com a dominação portuguesa.
- BASTOS, Pedro Ivo de Assis. História do Brasil. São Paulo: Editora Moderna.
- TAUNAY, Afonso E. O Epos bandeirante e São Paulo Vila e Cidade in ENSAIOS PAULISTAS, Ed. Anhembi, 1958.
Referências
- ↑ Rodrigo Bentes Monteiro (12 de setembro de 2007). «O rei de São Paulo». Revista de História da Biblioteca Nacional. Consultado em 18 de setembro de 2014