Ato falho
O Ato falho (português brasileiro) ou Acto falhado (português europeu) ou ainda conhecido como lapso freudiano, deslize freudiano, parapráxis ou parapraxia - sendo também utilizado o termo latino lapsus linguae) -, é um ato que difere do significado ao qual a intenção consciente do sujeito desejaria atribuir (algumas vezes, podendo ser de significado contrário).
Origem do termo[editar | editar código-fonte]
Sigmund Freud descreveu pela primeira vez o fenômeno em seu livro A psicopatologia da vida cotidiana, de 1901, denominando-o, na língua alemã Fehlleistung (acto falhado ou ainda ato falho em português, em inglês usa-se a expressão Freudian slip). O significado do termo tem origem na língua grega: parapráxis, composto por: παρά (para, quase/próximo), e πρᾶξις (praxis, ato, ação, atitude).
Aparições[editar | editar código-fonte]
Uma parapráxis, pode ocorrer tanto na fala, na memória, na escrita ou numa acção física. É causado em razão de desejos existentes no inconsciente que acabam por interferir no próprio consciente, mas que não é percebido pela consciência do próprio sujeito durante o momento em que ocorre. Faz parte dos estudos da psicanálise.[1] São exemplos comuns: o marido que acidentalmente troca o nome da própria esposa pelo da amante, os quais representam prováveis casos de parapráxis.
Casos reais[editar | editar código-fonte]
Durante uma breve visita ao Brasil, em 1982, o então presidente estadunidense Ronald Reagan, durante um jantar oferecido a ele em Brasília propôs um brinde "ao povo da Bolívia". Ao notar o erro, o político tentou desfazê-lo, declarando "na verdade, é para onde eu vou depois"; seus assessores pioraram a situação quando, tentando ocultar a gafe, trocaram "Bolívia" por "Bogotá" na transcrição.[2] Este foi, no dizer de Sérgio Rodrigues, "um ato falho que revela preconceito ou ignorância".[3] O "descaso virou desabafo" da cantora Rita Lee, ao cantar "Entre russo e americano / Prefiro gregos e troiano / Pelo menos eles num fala / Que nóis é boliviano", na letra de "Pirarucu".[4]
Reagan protagonizaria outros atos falhos, como o cometido em 1988 durante sua visita à então União Soviética, em que declarou para o constrangimento da plateia, e depois revolta dos indígenas de seu país, ao declarar que "Nós demos a eles milhões de acres de terra, o que nós chamamos de preservação... bem, quero dizer, reservas" (usando o termo ambíguo, em inglês, preservations em vez de reservations).[5]
Referências
- ↑ [1]
- ↑ «Reagan confundiu Brasil com Bolívia». Folha de S.Paulo. 11 de outubro de 1997. Consultado em 15 de fevereiro de 2023. Cópia arquivada em 8 de novembro de 2020
- ↑ Sérgio Rodrigues (12 de janeiro de 2017). «Antologia da gafe política traz Temer sem brilho até para falar besteira». Folha de S.Paulo. Consultado em 15 de fevereiro de 2023
- ↑ Roberto Rillo Bíscaro (31 de maio de 2011). «Telinha Quente 20». Albino Incoerente. Consultado em 15 de fevereiro de 2023. Cópia arquivada em 15 de fevereiro de 2023
- ↑ «Índios se sentem insultados» (PDF). Jornal do Brasil (ano XCVIII, Nº 54): 8. 1 de junho de 1988. Consultado em 15 de fevereiro de 2023
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- FREUD, Sigmund (1901) - Psicopatología da vida cotidiana.