Acabá

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Acabá
Arroçu de Daomé
Reinado 1680/85-1708
Antecessor(a) Uebajá
Sucessor(a)
 
Morte 1708
Descendência
Pai Uebajá

Acabá (em fom: Akaba) foi arroçu de Daomé de 1680/85 a 1708 em sucessão de seu pai Uebajá (r. 1645/50–1680/85).[1][2] O seu reinado foi caracterizado pela consolidação de Daomé através de expedições militares contra Estados vizinhos e pela reocupação do palácio de Dacodonu (r. 1620–1645/50) antes de erigir seu morada. Nas suas primeiras guerras, vários reis locais pereceram. Então, também se interessou em expandiu à costa, na região do Reino de Aladá, mas faleceu antes de conseguir quaisquer ganhos ali. Sua morte prematura e abrupta, provavelmente na guerra, fez com que seu jovem filho Abô Sassa assumisse o trono. Por não ser adulto, ficou sob regência de sua tia Arrambê, a gêmea de Acabá, que depois seria substituída, no âmbito de uma guerra civil, por seu irmão Agajá.

Vida[editar | editar código-fonte]

Origens e reinado[editar | editar código-fonte]

Acabá era possivelmente filho do arroçu Uebajá (r. 1645/50–1680/85) com sua esposa Adonom. Teve uma irmã gêmea chamada Arrambê[3] e um irmão mais novo chamado Agajá. A investigação das tradições clânicas alheias ao clã real de Daomé permitiu a criação da hipótese de que seu pai teria criado uma dinastia nova, em oposição a dinastia reinante de Dacodonu (r. 1620–1645/50) que era oriunda de Tadô. Nisso, se suspeita que sua família veio do sul, nas margens do lago Uemê. Caso a teoria esteja errada, então Dacodonu era seu avô. Há ainda outra hipótese de que Acabá sequer era filho de Uebajá e que o antecedeu no trono, porém igualmente carece de confirmação.[4] Seja como for, se sabe que teve ao menos um filho, Abô Sassa, que ficou sob regência de sua tia Arrambê e então possivelmente de seu tio Agajá por ser muito jovem na altura que ascendeu.[5] De acordo com a tradição do vodum fom, que chama Acabá de Acoicinacaba ou Coicinacaba (em fom: Koisi-Akaba), também foi pai do torroçu Zomadonu.[6]

Acabá assumiu o trono em 1680/85, dependendo da datação. Ao ascender, inicialmente reocupou o palácio de Dacodonu antes de ordenar a construção do seu.[7] No exterior, fez inúmeras campanhas militares que expandiram as fronteiras de Daomé para suas fronteiras naturais no rio Zu, no pântano de Lama e nos montes maís.[8] Várias são as batalhas conhecidas por seus nomes. A primeira ocorreu no rio Uemê, perto de Porto Novo, contra Iarassei, que foi morto. O pretexto da guerra foi que Iarassei humilhou Daomé perante o amigo leal de Acabá que foi enviado a sua corte e o rei, supondo que tinha poderia militar o suficiente, foi derrotado. Acabá, para provar a seus fiéis sua satisfação, deu-lhe o título de Candobecerruanudã (aquele quem levou a besta a levá-lo à serpente). Depois, lutou em Boli Apexó (Gboli Akpeso) contra Agulé e seu aliado Dala dos ajas, que era inimigo de Daomé, em Também (Tangbé) contra Aissã e Ajulequei (Adjouleckey), que estavam prestes a invadir, em Dã perto de Subigã (Soubigan) contra Darrom (Dahon), que não queria ser amigo, e em Naguei contra Leilu (Leylou), que não quis se submeter. Todos foram mortos.[9]

Acabá também dirigiu sua atenção ao litoral, mas não foi tão bem sucedido. Para alcançar o mar, precisaria atacar e derrotar o Reino de Aladá, que quase certamente receberia o apoio militar do Reino de Uidá, que igualmente estava na costa, e o Império de Oió, a leste, que reivindicava Aladá como um Estado tributário e certamente o socorreria.[8] Antes de conseguir quaisquer ganhos na região, Acabá, coloca a tradição oral, morreu abrupta e prematuramente sem deixar um herdeiro aparente (vidaxó) ou alguém que já estivesse com os recursos necessários para assumir imediatamente, o que acarretou numa guerra civil entre sua irmã Arrambê, então regente de Abô Sassa, e seu irmão Agajá, que a derrotou e tomou a regência, e eventualmente o trono, para si. A morte de Acabá ocorreu em 1708, quiçá no campo de batalha. Um dos relatos coloca que ele simplesmente sumiu, enquanto outro que foi envenenado. A guerra civil, por sua vez, ocorreu em algum momento depois disso, sejam três meses, ou três anos, dependendo do relato.[10]

Nota[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Prado 1956, p. 116.
  2. Lopes 2004.
  3. Lopes 2005, p. 147.
  4. Silva 2002, p. 549-550.
  5. Bay 1998, p. 54.
  6. Ferretti 1995, p. 102.
  7. Monroe 2011, p. 776-777.
  8. a b Halcrow 1982, p. 48.
  9. Maire 1903, p. 21.
  10. Bay 1998, p. 54-55.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Bay, Edna G. (1998). Wives of the Leopard: Gender, Politics, and Culture in the Kingdom of Dahomey. Londres e Charlotesvile: Imprensa da Universidade da Virgínia 
  • Ferretti, Sérgio Figueiredo (1995). Querebentã de Zomadônu: etnografia da Casa das Minas do Maranhão. São Luís: EDUFMA 
  • Halcrow, Elizabeth M. (1982). Canes and Chains: A Study of Sugar and Slavery. Oxônia: Heinemann 
  • Lopes, Nei (2004). «Daomé». Enciclopédia brasileira da diáspora africana. São Paulo: Selo Negro 
  • Lopes, Nei (2005). Kitábu. O livro do saber e do espírito negro-africanos. Rio de Janeiro: Senac Rio 
  • Maire, Victor-Louis (1903). Dahomey. Abomei e Hyères 
  • Monroe, J. Cameron (2011). «In the Belly of Dan: Space, History, and Power in Precolonial Dahomey». Current Anthropology. 52 (6): 769-798 
  • Silva, Alberto da Costa e (2002). A Manilha e o Libambo - A África e a Escravidão, de 1500 a 1700. Rio de Janeiro: Nova Fronteira