Aliança Anticomunista Brasileira

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Aliança Anticomunista Brasileira
Motivos Luta pela manutenção da ditadura militar no Brasil.
Ideologia Anticomunismo
Extrema-direita
Integralismo
Principais ações Terrorismo
Ataques célebres Atentados a bombas
Inimigos Imprensa no Brasil

A Aliança Anticomunista Brasileira (AAB) foi uma organização terrorista de extrema-direita que atuou durante a ditadura militar no Brasil.[1][2][3]

Foi fundada no Recife, em Pernambuco, mas suas principais atividades ocorreram na Região Sudeste do Brasil.[4]

Origem[editar | editar código-fonte]

No começo da década de 1960 surgiram no Brasil os primeiros grupos civis-militares anticomunistas que utilizavam de táticas violentas, sendo principais o Movimento Anticomunista (MAC) e o Comando de Caça aos Comunistas (CCC). Estes grupos praticavam, ainda no governo de João Goulart, atos de terrorismo que se estenderam até o início dos anos 1970. Em um primeiro momento, o foco destes grupos se deu em barrar o avanço da esquerda no Brasil, em período da Guerra Fria em que era difundido o medo do comunismo.[5] Após o Golpe de 64, o foco passou a ser a formação de "comunidades de segurança" onde civis e militares pertencentes aos orgãos oficiais de inteligência e repressão se dividiram em diversos grupos paramilitares, entre eles a AAB[6], para identificar, perseguir e torturar opositores ao regime.[7] A AAB teve como inspiração para o seu nome o esquadrão da morte argentino Triple A.[8]

Atentados e sequestro[editar | editar código-fonte]

A Aliança Anticomunista Brasileira objetivava amedrontar a imprensa, instituições e pessoas que eles achavam ser oposição ao governo. Entre vários ataques de menor potencial, como a explosão de bancas de revistas, as principais ações do grupo ocorreram no ano de 1976. Estes atentados ficaram impunes com a anistia, anos depois, mesmo que as investigações de época concluíssem a autoria dos atentados. A AAB fazia questão de reivindicar sua ações com panfletos deixados nos locais dos atentados, na grande maioria das vezes[9][10], como o manifesto deixado na Associação Brasileira de Imprensa:

A Associação Brasileira de Imprensa (ABI), totalmente dominada pelos comunistas, foi escolhida para esta primeira advertência. De agora em diante, tomem cuidado, seus ‘lacaios de Moscou’. Não daremos trégua. Já que as autoridades recolhem-se covardemente, nós passaremos a agir[11]

Associação Brasileira de Imprensa[editar | editar código-fonte]

Em 19 de agosto de 1976, AAB realizou um atentado na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), quando acionaram explosivos no sétimo andar do prédio da ABI. O artefato foi colocado na caixa de inspeção da coluna dágua e detonado as 10h 15 mim. O episódio só resultou em danos matérias e nenhum funcionário do ABI ficou ferido.[12]

Ordem dos Advogados do Brasil[editar | editar código-fonte]

No mesmo dia do atentado da Associação Brasileira de Imprensa, 19 de agosto de 1976, a AAB colocou explosivos na sede da seção carioca da Ordem dos Advogados do Brasil. Mas diferente da ABI, que explodiu, na OAB os dispositivos foram achados no quadro de energia elétrica do prédio e desativados, desarticulando o plano dos terroristas.[13]

Roberto Marinho[editar | editar código-fonte]

Na noite de 22 de setembro de 1976, o AAB realizou um atentado na residência do jornalista Roberto Marinho, quando jogaram um artefato explosivo em sua moradia. O explosivo foi detonado no telhado da residência, ocasionando apenas danos matérias, sem vítimas.[14]

Centro Brasileiro de Análise e Planejamento[editar | editar código-fonte]

Em setembro de 1976, a sede do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento em São Paulo, sofreu danos após artefatos explosivos serem denotados no imóvel. Sem vítimas, as investigações concluíram que a ação foi realizada pela AAB.[15][16]

Sequestro[editar | editar código-fonte]

Acusado de ser comunista pela AAB, dom Adriano Hipólito, bispo de Nova Iguaçu no Rio de Janeiro, foi sequestrado em 22 de setembro de 1976 por sua forte oposição a ditadura militar brasileira e a sua intensa campanha contra o Esquadrão da Morte deste período. Depois de ser espancado, foi abandonado numa estrada, nu e pintado de vermelho. O carro em que o bispo foi sequestrado, foi levado para a frente da sede da CNBB do Rio de Janeiro e explodido.[17]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Nardele Gomes. «Dia na História: atentados a bomba da Aliança Anticomunista Brasileira em 1976». Arquivado do original em 21 de dezembro de 2014 
  2. «BOMBA EXPLODE EM CENTRO DE PESQUISA». Folha de S.Paulo. 5 de setembro de 1976 
  3. «ATENTADOS CONTRA A REDEMOCRATIZAÇÃO». Memória Globo. Consultado em 25 de novembro de 2017 
  4. Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara Acervo Público de Pernambuco
  5. Amaral, Marina (9 de fevereiro de 2012). «Conversas com Mr. DOPS». Agência Pública. Consultado em 6 de dezembro de 2018. A intenção era “profissionalizar” a polícia brasileira – sobretudo os que lidavam com crimes políticos e sociais – para que barrassem o comunismo sob qualquer governo. 
  6. Baby, Sophie; Calleja, Eduardo González (2009). Olivier Compagnon, ed. Violencia y transiciones políticas a finales del siglo XX: Europa del Sur - América Latina. [S.l.: s.n.] p. 205. ISBN 9788496820319 
  7. Horta, Maurício (28 de setembro de 2018). «Mito: "durante a Ditadura Militar, a tortura ocorreu só em casos isolados"». Superinteressante. Consultado em 6 de dezembro de 2018 
  8. Chirio, Maud (2012). A política nos quartéis: Revoltas e protestos de oficiais na ditadura. [S.l.]: Zahar. p. 188. ISBN 9788537807798 
  9. Na ditadura, imprensa foi alvo de terrorismo de direita Instituto Lula
  10. Organização Estudantil Anti-Comunista Museu Paranaense
  11. Livro A Ditadura Encurralada de Elio Gaspari Canal Rede PT
  12. Atentado a ABI Jornal de Brasilia de 20 de agosto de 1976
  13. Com ataques à ABI e à OAB, repressão tenta intimidar luta por democracia Memória da Democracia
  14. Atentados Contra a OAB e a ABI Memória Globo
  15. Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) Memorial da Resistência de SP
  16. Debelada a crise, o mandarim colhe seus primeiros louros Sala de Imprensa da UNICAMP
  17. O aspecto simbólico do arquivo pessoal de Dom Adriano Hypólito Prefeitura do Rio de Janeiro