Alice Nkom

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Alice Nkom
Alice Nkom
Nome completo Alice Nkom
Nascimento 14 de janeiro de 1945 (79 anos)
Poutkak, Litoral
Camarões
Nacionalidade Camaronesa
Ocupação Jurista e defensora dos direitos humanos

Alice Nkom (Poutkak, Camarões, 14 de janeiro de 1945)[1] é uma advogada camaronesa muito conhecida por sua defesa pelos direitos humanos homossexuais nesse país africano,[2] Advogada desde 1969, foi a primeira mulher negra a exercer tal profissão no país, aos 24 anos de idade.[3] e seu trabalho como advogada a tem feito lutar pela igualdade de gênero e pelo direito à dignidade humana nos Camarões. Ela também tem se inserido na luta em defesa ao meio ambiente, contra o HIV e a emigração de jovens camaroneses,[3] e temas como política, viuvez e infância também estão na sua agenda.[1]

Nkom criou a Lady Justice, associação que discute o papel das mulheres na advocacia,[4] e também entrou na política na década de 1990, militando pela Social Democratic Front («Frente Social Democrática») – SDF, posteriormente vinculando-se ao Rassemblement Démocratique du Peuple Camerunais («Ajuntamento Democrático do Povo Camaronês») – RDPC.[1]

Carreira[editar | editar código-fonte]

Primeiros anos[editar | editar código-fonte]

Nkom começou seus estudos de direito na Universidade de Toulouse (1963–1964), terminando-os na Universidade Federal dos Camarões em 1968. Após três anos de estágio, ela começou a despachar como advogada em Nkongsamba, a 140 km de Duala. Três anos após, regressou a Duala, onde trabalha atualmente.[5]

Ativismo LGBT e ameaças[editar | editar código-fonte]

Em 2003, Nkom criou a Association pour la défense des droits des homosexuel(le)s («Associação para a defesa dos direitos dos homossexuais») – ADEFHO, da qual é diretora. A origem da associação está em uma visita que jovens gays camaroneses vindos da Europa realizaram a seu escritório, os quais queriam instalar-se e investir no país. Em virtude do artigo o 347 bis do código penal, tais jovens arriscavam humilhações, chantagens e, no pior dos casos, até prisão.[6]

Através da ADEFHO Nkom defende pessoas acusadas de delito de homossexualidade e ajuda aqueles que foram encarcerados a sobreviver às condições degradantes a que são submetidos.[7][8] Além da referida associação, Nkom coopera com outras organizações de ajuda aos homossexuais, como o Collectif des familles d’enfants homosexuel(le)s («Coletivo das famílias com filhos/filhas homossexuais») – COFENHO[9] e, ainda que não especificamente dirigida à comunidade LGBT, ela também faz parte da «sid'ado», uma associação que luta contra a aids entre adolescentes.[10]

Nkom tem passado por muitas dificuldades em sua luta pelos direitos LGBT. Em Janeiro de 2011 sofreu com inúmeros assédios, que incluíram insultos e ameaças. Em 2010, após a concessão de uma subvenção à ADEFHO por parte da União Europeia, o governo camaronês declarou que Nkom atuava «contra a legalidade, a soberania e a independência dos Camarões». O próprio Ministro das Relações Exteriores exigiu diretamente que a UE recolhesse a subvenção e até tentou tirar o direito de a advogada exercer o Direito.[11] Mais tarde, um advogado camaronês, Kengoum Celestin, declarou publicamente no canal de televisão STV2: «Tenho uns amigos que me disseram que a esperavam em um recanto escuro para desfrutá-la».

Tais feitos não são isolados e se estendem aos outros membros da ADEFHO.[12][13]

Prêmio da Anistia Internacional[editar | editar código-fonte]

Em 18 de março de 2014, ela foi agraciada, por seu trabalho em favor dos direitos LGBTs nos Camarões, com o Prêmio pelos Direitos Humanos concedido pela Anistia Internacional alemã.[nota 1]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Notas

  1. Durante o evento, a ONG lembrou que a homossexualidade é ilegal em 36 dos 54 países africanos independentes e punida com morte em quatro entre eles.[14]

Referências

  1. a b c Dieudonné Tahafo Fonguieng, Jean Pierre Amougou Bélinga & Mesmin Kanguelieu Tchouakeu (2008). Histoire des femmes célèbres du Cameroun. [S.l.]: Editions Cognito. pp. 94–97. 9789956412013 
  2. Agathe Duparc (22 de março de 2010). «Au Cameroun, une avocate dénonce la répression de l'homosexualité». Le Monde. Consultado em 14 de agosto de 2013 
  3. a b «Présidents d'honneur et porte-parolle». Célébration de la fierté Motréal. 20 de novembro de 2011. Consultado em 14 de agosto de 2013. Arquivado do original em 24 de outubro de 2011 
  4. Alice Nkom (2011). «Lady Justice». Página personal de Alice Nkom. Consultado em 14 de agosto de 2013. Arquivado do original em 19 de janeiro de 2013 
  5. Alice Nkom (2011). «Ma biographie». Página personal de Alice Nkom. Consultado em 14 de agosto de 2013. Arquivado do original em 25 de fevereiro de 2013 
  6. «ADEFHO». Página pessoal de Alice Nkom (em francês). Consultado em 20 de novembro de 2011. Arquivado do original em 17 de outubro de 2011 
  7. Raúl Solís Galván (13 de abril de 2010). «Ativistas LGTB reclamam à cooperação espanhola apoio financeiro, técnico e emocional para estender os direitos LGTB na África». Dos Manzanas (em espanhol). Consultado em 20 de novembro de 2011 
  8. Raúl Solís Galván (11 de abril de 2010). «Duas mulheres valentes que lutam a favor dos direitos LGBT na África». Dos Manzanas (em espanhol). Consultado em 20 de novembro de 2011 
  9. «COFENHO». Página pessoal de Alice Nkom (em francês). Consultado em 20 de novembro de 2011. Arquivado do original em 19 de janeiro de 2013 
  10. «sid'ado». Página pessoal de Alice Nkom (em francês). Consultado em 20 de novembro de 2011. Arquivado do original em 17 de outubro de 2011 
  11. «Le gouvernement s'oppose au financement par l'Union Européenne d'un projet en faveur des minorités homosexuelles». FIDH : mouvement mondial des droits de l'Homme. 10 de fevereiro de 2011. Consultado em 14 de agosto de 2013 
  12. Flick (19 de janeiro de 2011). «Campanha de hostilidades contra Alice Nkom, defensora a favor dos direitos de gays e lésbicas nos Camarões». Dos Manzanas (em espanhol). Consultado em 20 de novembro de 2011 
  13. Owen Bowcott (16 de novembro de 2011). «Cameroon gay rights lawyer warns of rise in homophobia». The Guardian (em inglês). Consultado em 20 de novembro de 2011 
  14. Da redação (20 de março de 2014). «Alice Nkom récompensée par le prix des droits de l'homme». Arte.tv. Consultado em 17 de agosto de 2014. Arquivado do original em 19 de agosto de 2014