Almir Pernambuquinho

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Almir Pernambuquinho
Almir Pernambuquinho
Informações pessoais
Nome completo Almir Morais de Albuquerque
Data de nascimento 28 de outubro de 1937
Local de nascimento Recife, Pernambuco, Brasil
Nacionalidade brasileiro
Data da morte 6 de fevereiro de 1973 (35 anos)
Local da morte Rio de Janeiro, Rio de Janeiro , Brasil
Altura 1,67 m
destro
Informações profissionais
Posição atacante
Clubes profissionais
Anos Clubes Jogos e gol(o)s
1956
1957–1960
1960–1961
1961–1962
1962
1962–1963
1963–1964
1965–1967
1967–1968
Sport
Vasco da Gama
Corinthians
Boca Juniors
Fiorentina
Genoa
Santos
Flamengo
América-RJ
00000 0000(0)
000102 000(59)
00029 0000(5)
00000 0000(0)
00000 0000(0)
00000 0000(0)
00000 0000(0)
00073 000(21)
00000 0000(0)
Seleção nacional
1959–1960 Brasil 00005 0000(1)

Almir Morais de Albuquerque ou simplesmente Almir Pernambuquinho (Recife, 28 de outubro de 1937Rio de Janeiro, 6 de fevereiro de 1973) foi um futebolista brasileiro, que atuou como atacante, sendo comparado a Pelé. Considerado muito violento, morreu durante uma briga num bar.[1]

Carreira[editar | editar código-fonte]

Sport[editar | editar código-fonte]

Começou no Sport em 1956 e logo transferiu-se para o Vasco da Gama, juntando-se a outros conterrâneos já famosos, como o centro-avante Vavá. A recomendação da mãe, Dona Adelaide, transformou-se em profecia: "Você vai se perder naquela cidade, meu filho. Tome cuidado que este mundo está cheio de coisa ruim". A preocupação da mãe se justificava, Almir era brigão, encrenqueiro e explosivo.[2]

Vasco da Gama[editar | editar código-fonte]

Almir deixou a capital pernambucana aos 19 anos, contratado pelo Vasco da Gama. Chegou no Rio de Janeiro repetindo o caminho feito por vários jogadores pernambucanos como Ademir Menezes e Vavá (também chamado de "Peito de Aço") e anos depois seria também trilhado por Juninho Pernambucano, do Sport para o Vasco da Gama, onde se firmou como craque.[3]

Atacante hábil e de muita disposição em campo, ganhou títulos e foi convocado para a Seleção Brasileira, mas desistiu de uma das chamadas para excursionar com o clube carioca, e isso o deixou "marcado" e sem chances de ir para a Copa do Mundo de 1958. Com a fama de encrenqueiro, aceitou mudar para São Paulo, quando foi chamado de "Pelé branco" durante a transferência para o Corinthians, em 1960.[4]

Foi um dos destaques do time de 1958, campeão do Rio-SP goleando a Portuguesa por 5–1 no Pacaembu, e do Carioca, na célebre decisão conhecida como super-super-campeonato.

Corinthians[editar | editar código-fonte]

Mudou de clube, cidade e foi respirar novos ares. Foi contratado pelo Timão, sendo chamado de "Pelé branco"[5], mas não conseguiu repetir o sucesso que havia feito no Gigante da Colina. No clube paulista tinha uma vida boêmia e um alto salário e gerava ciúmes e inconformismo de alguns companheiros.

Em sua passagem pelo Alvinegro do Parque São Jorge atuou em 29 jogos (13 vitórias, 7 empates, 9 derrotas) e marcou apenas cinco gols.[2][6] A alcunha de "Pelé branco" talvez tenha sido pesada demais para o craque, quem em um ano sem relevância, seguiu para à Argentina jogar pelo Boca Juniors.

No fim de sua passagem pelo Corinthians confessou a importância da primeira passagem pelo futebol paulista.

Boca Juniors[editar | editar código-fonte]

Contratado em 1962, pelo Boca Juniors, repetiu o que havia feito no Corinthians: passagem rápida e apagada pelo clube e sempre marcado pelos problemas dentro e extra campo. Estreou em 14 de maio de 1961 - foi titular e autor do segundo gol do 2–0 sobre o Independiente na Bombonera. Atuou mais duas partidas, machucando o joelho e ficando quatro meses fora.[7] Conquistou o campeonato Argentino e sofreu uma grave lesão e quis voltar ao Brasil para fazer o tratamento. Os dirigentes do Boca não aceitaram e Almir arrumou uma razão para sair do clube: brigas. Não deu outra, em um jogo contra o Chacarita Juniors protagonizou um verdadeiro “quebra” ao reagir a xingamentos de atletas adversários. Foi expulso, deu socos, pontapés e tudo que uma briga tem direito.[7] Logo após pegou uma suspensão de noventa dias, ficando insustentável sua permanência no clube Xeneize. Após objetivo alcançado, deixa a Argentina e segue para a Itália onde teria, sem sucesso, breves passagens por Fiorentina e Genoa.[2]

Santos[editar | editar código-fonte]

Contratado pelo Santos em 1963, volta ao Brasil para entrar na história com o time da Vila Belmiro que vivia o auge da “Era Pelé”. Disputado entre o campeão europeu e o sul-americano, o Peixe chegou à final da Copa Intercontinental de 1963, para a disputa contra o todo poderoso Milan. As partidas foram programadas para serem realizadas a primeira na Itália e a segunda no Brasil, caso houvesse necessidade de realizar uma terceira partida, esta também seria no Brasil.[8] Na primeira partida, em Milão, o Santos perdeu o jogo pelo placar de 4–2. Amarildo que jogava pelo clube Rossonero, empolgado pela vitória, deu uma entrevista dizendo que:“Pelé, já era. Está acabado”. Almir era um homem que não aceitava levar desaforo para casa e ficou indignado porque achou desrespeitoso. E disse: “Não admito um brasileiro falar mal do Pelé”. E completou dizendo para Amarildo: “Quando você jogar no Rio de Janeiro, você vai ver”. Como promessa para Almir era uma dívida, ele pagou a Amarildo pelas declarações. No primeiro encontro dos dois ele deu uma leve e sutil entrada. Na segunda oportunidade não deixou passar, o rival em velocidade, Almir deu um pontapé, daqueles que pega no pé que está atrás desestabilizando totalmente o jogador. Amarildo rolou várias voltas com a queda.[1][9] Na segunda partida, no Maracanã, o Santos conseguiu vencer o jogo pelo mesmo placar de 4–2, com um gol de Almir Pernambuquinho que jogou no lugar de Pelé, que estava machucado, forçando a terceira partida para o desempate. Na terceira partida, também no Maracanã, o Santos ganhou de 1–0. Com um pênalti duvidoso sofrido por Almir, convertido por Dalmo.[9]

Flamengo[editar | editar código-fonte]

Regressou ao Rio de Janeiro, dessa vez, para defender o Flamengo. Almir Pernambuquinho realizou 73 partidas entre os anos de 1965 e 1967. Foram 33 vitórias, 19 empates e 21 derrotas. Almir fez 21 gols pelo Fla.[6]

Naquele ano, Almir atuava pelo Flamengo e, aos 26 minutos do segundo tempo, o Bangu vencia por 3–0 quando Almir partiu para cima dos adversários com o objetivo de impedir que a goleada fosse ainda maior e, principalmente, que os jogadores do Bangu dessem a volta olímpica ao final da partida. Armada a briga[5], o juiz acabou expulsando cinco jogadores do Flamengo e quatro do Bangu, tendo de encerrar a partida. O fato é que o Bangu realmente não deu a volta olímpica na conquista do seu segundo título carioca.[10]

América-RJ[editar | editar código-fonte]

Pelo América-RJ, teve passagem discreta. No Mecão chegou a jogar com Antunes e Edu, irmãos de Zico. Com aparência desgastada, envelhecido e muito acima do peso[5], devido ao uso excessivo de álcool e noites de farras, encerrou sua carreira com apenas 31 anos.[11]

Seleção Brasileira[editar | editar código-fonte]

Foi convocado para a Seleção Brasileira poucas vezes. O jornalista e depois técnico João Saldanha afirmou: Foi um jogador completo depois de Pelé. Possuía técnica e habilidade apurada e tinha velocidade. Reflexo de seu temperamento, teve poucas chances na Amarelinha. Fez cinco jogos e marcou apenas um gol.[12]

Em 1959, quando enfrentou os uruguaios em pleno Monumental de Nuñez em um Brasil x Uruguai, Almir disputou uma bola forte com o goleiro Leiva e os dois caíram. Capitão rival, Martínez reagiu à situação. Pelé foi tentar defender Almir e aí a confusão começou, com socos e pontapés para todos os lados.[5]

Morte[editar | editar código-fonte]

Almir morreu assassinado, em 1973, aos 35 anos, numa briga no bar Rio-Jerez, em frente à Galeria Alaska, em Copacabana, no Rio de Janeiro. Segundo testemunhas, ao ver que alguns atores-bailarinos do grupo Dzi Croquettes, ainda maquiados depois de uma apresentação, estavam sendo achincalhados por um grupo de portugueses, o jogador interveio em defesa de atores. Em outras versões, Almir e os travestidos teriam iniciado a briga, que a seguir envolveu os portugueses.[5] Houve uma discussão, Almir agrediu um dos portugueses, e começou um tiroteio no calçadão da avenida Atlântica. No final, Almir estava morto, com uma bala na cabeça.[1][13][14] O assassino, Artur Garcia Soares, alegou legítima defesa e nunca foi preso.[15][16]

Títulos[editar | editar código-fonte]

Sport
Vasco da Gama
Genoa
  • Taça Alpes: 1962
Santos
Flamengo
America-RJ
  • Torneio Quadrangular Presidente Costa e Silva: 1968
  • Torneio Luis Viana Filho: 1968
Seleção Brasileira

Referências

  1. a b c «Há 40 anos, Almir Pernambuquinho, jogador violento, era morto em briga de bar». Folha de S.Paulo. 2 de fevereiro de 2013. Consultado em 7 de novembro de 2017 
  2. a b c d «Trinta anos sem Almir Pernambuquinho». Agência Estadão. 6 de fevereiro de 2003. Consultado em 7 de novembro de 2017 
  3. «40 anos da morte de Almir Pernambuquinho». Veja Rio. 6 de fevereiro de 2013. Consultado em 7 de novembro de 2017 
  4. Almir Pernambuquinho, no início da carreira, foi chamado de Pelé branco Arquivado em 21 de setembro de 2012, no Wayback Machine. no site cbf.com.br
  5. a b c d e Karla Torralba; Vanderlei Lima. «Sem limites: Almir Pernambuquinho foi chamado de 'Pelé Branco' e substituiu o Rei, mas morreu assassinado aos 35 anos». www.uol.com.br. Consultado em 17 de fevereiro de 2022 
  6. a b «ALMIR PERNAMBUQUINHO - Ex-meia do Vasco, Fla, Timão e Santos». Terceiro Tempo. Consultado em 7 de novembro de 2017 
  7. a b «Tales Torraga - Campeão mundial no Santos: as brigas de Almir Pernambuquinho pelo Boca». www.uol.com.br. Consultado em 17 de fevereiro de 2022 
  8. «Pepe: O jogo da minha vida. Santos 4 x 2 Milan. Taça Intercontinental de 1963». 27 de setembro de 2011. Consultado em 7 de novembro de 2017 
  9. a b «O anti-herói de 1963: Quando Almir Pernambuquinho foi Pelé». FoxSports. 16 de novembro de 2013. Consultado em 7 de novembro de 2017 
  10. Eu e o Futebol - Almir Pernambuquinho Arquivado em 8 de outubro de 2009, no Wayback Machine., acessado em 25 de novembro de 2007
  11. «Como Almir Pernambuquinho viveu e morreu com coerência». Todo Futebol. 4 de janeiro de 2016. Consultado em 7 de novembro de 2017 
  12. «Almir Pernambuquinho». oGol. Consultado em 7 de novembro de 2017 
  13. «Breve retorno à Galeria Alaska». Consultado em 6 de dezembro de 2009 
  14. Malucos da bola - Top 10. Por Leonardo Mendes Júnior. Gazeta do Povo, 23 de setembro de 2008.
  15. Português confirma na delegacia que matou Almir e seu companheiro. Jornal do Brasil, 8 de fevereiro de 1973.
  16. Almir, seu último tango. Por Aguinaldo Silva. Opinião, fevereiro de 1973.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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