Altar da Vitória

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Para comemorar a vitória em Áccio, Augusto mandou gravar uma moeda com a imagem da estátua de Vitória.

O Altar da Vitória, pertencente à Cúria, encontrava-se na Sala do senado, em Roma. Foi implantada no senado com uma estátua de ouro da deusa Victória. O altar foi erigido por César Augusto em 29 a.C. para comemorar a derrota de Marco António e Cleópatra na Batalha de Áccio perto de Áccio, na Grécia. Durante séculos, os senadores romanos prestaram solene juramente junto do altar da Vitória. Recitando orações imemoriais e com libações de vinho e incenso, os poderosos "claríssimos" dignificavam assim as antigas divindades pagãs.

Estátua[editar | editar código-fonte]

Estética e formalmente, esta figura emblemática cedia o lugar a um realismo expressivo, dramático e livre, de efeito teatral. A atitude da personagem e os drapeados esvoaçantes são de uma irresistível e triunfante movimentação. As escultura apresentava-se susceptível a uma composição dinâmica como que se tivesse ressurgido de uma narrativa. Numa pose delicada, serena, desce para condescender num gesto abençoado os seus tributários. Várias outras representações foram elaboradas subsequentemente à do altar do senado romano, como representação da Deusa. Era costume que os senadores, antes de cada reunião ou até batalhas, se dirigissem ao altar venerando e honrando a deusa Vitória com incenso e orações pagãs.

A Cúria Júlia no antigo Fórum Romano o foi aplicado o Altar da Vitória.

História[editar | editar código-fonte]

Esta sólida representação da deusa Vitória, apresenta uma narrativa algo abrupta do qual muitas outras estátuas de altares ou não, semelhante história partilharam. A estátua representava uma mulher com asas, segurando uma folha de palmeira num leve e delicado gesto de outorgar com uma coroa de louros o súbdito vitorioso. A estátua foi furtada em 272 a.C. ao rei de Epiro e da Macedónia - Pirro.[1]

No século IV, o imperador Constantino mandou retirar o Altar da Vitória. Só seria reposto alguns anos depois, por Juliano – apelidado "O Apóstata", devido à sua tentativa de restabelecer o paganismo como religião oficial do império. Todavia, duas décadas depois, em 382 da nossa era, o jovem imperador cristão Graciano apreendeu-a. Ora apesar destas decisões imperiais, a maioria da aristocracia senatorial era ainda assumidamente pagã. E já no reinado de Valentiano II, sucessor de Graciano, quatro petições de notáveis pagãos imploraram ao imperador que recolocasse o altar. O seu líder era o senador Símaco, Prefeito da Urbs, pontífice, áugure e Procônsul de África, um dos mais respeitados nobres romanos. Símaco defendeu a reposição do altar em termos eloquentes:

De seguida, Símaco invocava a própria Aeterna Roma:

O seu pedido foi recebido com grande resistência, sendo que a resposta a Símaco veio da parte de Santo Ambrósio, Bispo de Milão e mentor espiritual do imperador Graciano, que realizou uma enorme pressão sobre o jovem imperador, em parte devido à residência da corte imperial de Milão.[2]

O altar foi restaurado pelo usurpador Flávio Eugénio, durante o seu breve reinado (392-394) Outros pedidos para restaurar o altar foram rejeitados em 391 por decreto do imperador cristão Teodósio I, O Grande, como parte da sua política de supressão das antigas religiões pagãs. Depois disto não existe quaisquer evidências do que se terá sucedido. É possível que Teodósio tenha removido o altar, contudo não é claro se realmente ele a ocultou ou causou a sua destruição.

Esta batalha entre o cristianismo "dogmático" e o paganismo "tolerante" foi vencida pelo primeiro. E o seu desfecho condicionaria a história política e religiosa da Europa no milénio seguinte, tal como a evolução das artes, da filosofia e da ciência.[3]

Referências

  1. Sulla collocazione dell’ara e della statua al centro della Curia, cfr. S. Mazzarino, Antico, tardoantico ed èra costantiniana, pp. 343-349, nelle quali si discutono i passi di Erodiano, V, 5, 6-7 e VII, 11, 3-4
  2. «RELATIO SYMMACHI URBIS PRAEFECTI» (em italiano). intratext.com. Consultado em 9 de setembro de 2013 
  3. Nemo se hostiis polluat, Codice teodosiano, xvi.10.10

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Herbert Bloch: The Pagan Revival in the West at the End of the Fourth Century. In: Arnaldo Momigliano (Hrsg.): The Conflict Between Paganism and Christianity in the Fourth Century. Essays. Clarendon Press, Oxford 1963, S. 193–218 (Oxford-Warburg studies).
  • Willy Evenepoel: Ambrose vs. Symmachus. Christians and Pagans in AD 384. In: Ancient Society 29, 1998/99, ISSN 0066-1619, S. 283–306.
  • Richard Klein: Symmachus. Eine tragische Gestalt des ausgehenden Heidentums. Darmstadt (Wissenschaftliche Buchgesellschaft [Impulse der Forschung, Band 2]) 1971, ISBN 3-534-04928-4.
  • Richard Klein: Der Streit um den Victoriaaltar. Die dritte Relatio des Symmachus und die Briefe 17, 18 und 57 des Mailänder Bischofs Ambrosius. Darmstadt (WBG [Texte zur Forschung Band 7]) 1972, ISBN 3-534-05169-6.