Anomalocardia flexuosa

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Anomalocardia flexuosa
Uma valva da concha de A. flexuosa, uma espécie com variação coloração que pode incluir indivíduos sem ornamentação de desenhos ou manchas; coletada na praia de Atalaia Velha, Sergipe, região nordeste do Brasil, sem o animal.
Uma valva da concha de A. flexuosa, uma espécie com variação coloração que pode incluir indivíduos sem ornamentação de desenhos ou manchas; coletada na praia de Atalaia Velha, Sergipe, região nordeste do Brasil, sem o animal.
Vista de um indivíduo completo da espécie A. flexuosa, mostrando a ornamentação rajada de linhas curtas e densas, em zigue-zague, e o relevo lateral de sua concha; fotografado em Arraial do Cabo, Rio de Janeiro, região sudeste do Brasil.
Vista de um indivíduo completo da espécie A. flexuosa, mostrando a ornamentação rajada de linhas curtas e densas, em zigue-zague, e o relevo lateral de sua concha; fotografado em Arraial do Cabo, Rio de Janeiro, região sudeste do Brasil.
Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Mollusca
Classe: Bivalvia
Subclasse: Autobranchia
Ordem: Venerida
Superfamília: Veneroidea
Família: Veneridae[3]
Género: Anomalocardia
Schumacher, 1817[3]
Espécie: A. flexuosa
Nome binomial
Anomalocardia flexuosa
(Linnaeus, 1767)[3]
A concha da espécie A. flexuosa é caracterizada por ser grossa e ter forte enrugamento; além de apresentar, internamente, a borda de sua valva crenulada (com pequenas fendas). Espécime coletado na praia de Atalaia Velha, Sergipe, região nordeste do Brasil, sem o animal.
Sinónimos
Venus flexuosa Linnaeus, 1767
Cryptogramma flexuosa (Linnaeus, 1767)
Venus brasiliana Gmelin, 1791
Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791)
Anomalocardia rugosa Schumacher, 1817
Cytherea flexuosa Lamarck, 1818
Cytherea lunularis Lamarck, 1818
Venus punctifera G. B. Sowerby II, 1853
(WoRMS)[3]

Anomalocardia flexuosa (durante o século XX, e até o início do século XXI, cientificamente denominada Anomalocardia brasiliana;[4][5][6][7][8][9][10] nomeada, em inglês, West Indian pointed Venus;[4][11] em português, no Brasil, cernambi[2] – Segundo o Dicionário Aurélio, nome dado especialmente para esta espécie;[1] ainda citando Amarilladesma mactroides[12] e Erodona mactroides,[13] sob tal nome,[1] com o Dicionário Houaiss mudando sua grafia para sernambi (ou sarnambi) e acrescentando, também, Tivela mactroides,[14] Eucallista purpurata,[15] Phacoides pectinatus[16][17] e Donax hanleyanus[18][19] – , cernambitinga,[1] sernambitinga[16] ou sarnambitinga,[20] berbigão[5][6][7][9][10][20][21] – Sobre o qual Rodolpho von Ihering afirma que, "em Portugal dão este nome à concha que aqui mencionamos sob mija-mija" (Dallocardia muricata);[8] que é da mesma família[22] e diferente espécie (Cerastoderma edule)[20] e que, segundo Eurico Santos, "propagou-se e por confusão estendeu-se a outros",[7] como a Tivela mactroides[14][23] – , bergão, burdigão,[20] papa-fumo,[1][5][6][20] bebe-fumo,[20] sarro-de-pito,[5] sarro-de-peito – Provavelmente um erro da grafia anterior[5][8] – , fumo-de-rolo, fuminho, chumbinho, conchinha, maçunim, marisco-pedra, marisquinho, pimentinha, samanguaiá, samanguiá, samongoiá, simanguaiá, simongoiá, simongóia, sapinhoá,[20] pedrinha, vôngoli, ou vôngole; um italianismo;[5][20] ou ainda liliu – em algumas localidades do litoral nordestino do Brasil) é uma espécie de molusco Bivalvia, marinha e litorânea, da família Veneridae e gênero Anomalocardia, considerada a sua espécie-tipo;[24] classificada por Carolus Linnaeus e denominada Venus flexuosa, em 1767, na sua obra Systema Naturae.[3] Habita as costas do oeste do Atlântico, do golfo do México e mar do Caribe até a região sul do Brasil e o Uruguai;[6][25][26] com indício de sua presença em Madagáscar, na África Oriental;[25] enterrando-se, geralmente em pequena profundidade, de 1.5 até 5 metros, no substrato arenoso-lodoso de águas rasas e próximas da zona entremarés das praias bem abrigadas, incluindo principalmente os ambientes de água salobra, próximos a estuários, como os mangues.[4][5][6][8][10][11][20][27] É usada para a alimentação humana,[1][6][9][20][28] para a produção de cal e na pavimentação de estradas, no Brasil,[6][9] sendo explorada comercialmente;[5] podendo ser encontrada em sambaquis, do Espírito Santo até Santa Catarina.[9] É uma espécie comum,[4] em 2018 sendo colocada no Livro Vermelho do ICMBio; considerada uma espécie pouco preocupante (LC), com a conclusão desta avaliação feita em 2012.[23]

Descrição da concha[editar | editar código-fonte]

Anomalocardia flexuosa possui concha trigonal e inflada, de brilho vítreo ou opaca, com a região de seus umbos, subcentrais e curvos, arredondada; de valvas espessas, bem abauladas e similares; com superfície fortemente ondulada, por vezes cortada por finas linhas radiais e visíveis; com coloração variando do branco ou branco-amarelado ao alaranjado ou castanho-avermelhado;[1][5][6][9] por vezes com áreas sujas[28] ou ornamentação de linhas curtas e densas em zigue-zague;[8] podendo atingir tamanhos de aproximadamente 3.5 centímetros de comprimento,[5][6][11] quando bem desenvolvida. Perióstraco brilhante.[9] O interior das valvas é branco, porcelanoso, com a borda serrilhada e, muitas vezes, manchas acinzentadas.[5][10][27]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

A etimologia do epíteto específico flexuosa significa "curvado, com muitas curvas, cheio de curvas, sinuoso ou tortuoso".[29] Já a denominação de seu gênero, Anomalocardia, significa coração anômalo, com "cardia" sendo derivado de cardium.[30]

Predação[editar | editar código-fonte]

O guia Conchas de Moluscos Marinhos do Paraná afirma que esta espécie é predada por caramujos, ou búzios, como Pugilina tupiniquim; antes denominada Pugilina morio; peixes e siris.[10][31]

Referências

  1. a b c d e f g FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda (1986). Novo Dicionário da Língua Portuguesa 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. p. 384. 1838 páginas 
  2. a b Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2001; página 679); cernambi; s.m. - substantivo masculino - MALAC - malacologia - B - regionalismo - f. a evitar - forma a evitar -, por SERNAMBI.
  3. a b c d e «Anomalocardia flexuosa (Linnaeus, 1767)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 29 de março de 2021 
  4. a b c d ABBOTT, R. Tucker; DANCE, S. Peter (1982). Compendium of Seashells. A color Guide to More than 4.200 of the World's Marine Shells (em inglês). New York: E. P. Dutton. p. 367. 412 páginas. ISBN 0-525-93269-0 
  5. a b c d e f g h i j k BOFFI, Alexandre Valente (1979). Moluscos Brasileiros de Interesse Médico e Econômico. São Paulo: FAPESP - Hucitec. p. 61-62. 182 páginas 
  6. a b c d e f g h i RIOS, Eliézer (1994). Seashells of Brazil (em inglês) 2ª ed. Rio Grande, RS. Brazil: FURG. p. 284. 492 páginas. ISBN 85-85042-36-2 
  7. a b c SANTOS, Eurico (1982). Zoologia Brasílica, vol. 7. Moluscos do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia. p. 37. 144 páginas 
  8. a b c d e IHERING, Rodolpho von (1968). Dicionario dos Animais do Brasil. São Paulo: Editora Universidade de Brasília. p. 139. 790 páginas 
  9. a b c d e f g SOUZA, Rosa Cristina Corrêa Luz de; LIMA, Tania Andrade; SILVA, Edson Pereira da (2011). Conchas Marinhas de Sambaquis do Brasil 1ª ed. Rio de Janeiro, Brasil: Technical Books. p. 121. 252 páginas. ISBN 978-85-61368-20-3 
  10. a b c d e ABSHER, Theresinha Monteiro; FERREIRA JUNIOR, Augusto Luiz; CHRISTO, Susete Wambier (2015). Conchas de Moluscos Marinhos do Paraná (PDF). Curitiba - PR: Museu de Ciências Naturais - MCN - SCB - UFPR. p. 6. 20 páginas. ISBN 978-85-66631-18-0. Consultado em 29 de março de 2021 
  11. a b c «Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791) West Indian pointed venus» (em inglês). SeaLifeBase. 1 páginas. Consultado em 29 de março de 2021 
  12. «Amarilladesma mactroides (Reeve, 1854)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 29 de março de 2021 
  13. «Erodona mactroides Bosc, 1801 (imagem)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 29 de março de 2021 
  14. a b «Tivela mactroides (Born, 1778)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 29 de março de 2021 
  15. «Eucallista purpurata (Lamarck, 1818)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 29 de março de 2021 
  16. a b SANTOS, Eurico (Op. cit., p.43.).
  17. «Phacoides pectinatus (Gmelin, 1791)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 29 de março de 2021 
  18. «Donax hanleyanus Philippi, 1847» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 29 de março de 2021 
  19. HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles; FRANCO, Francisco Manoel de Mello (2001). Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa 1ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva. p. 2555. 2922 páginas. ISBN 85-7302-383-X 
  20. a b c d e f g h i j HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles; FRANCO, Francisco (Op. cit., p.435.).
  21. CARVALHO, José Cândido de Mello (1995). Atlas da Fauna Brasileira 3 ed. São Paulo: Melhoramentos. p. 121. 140 páginas. ISBN 85-06-02079-4 
  22. ABBOTT, R. Tucker; DANCE, S. Peter (Op. cit., pp.329-332.).
  23. a b ICMBio (2018). Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção: Volume I (PDF). Brasília, DF: ICMBio/MMA. p. 464. 492 páginas. ISBN 978-85-61842-79-6. Consultado em 29 de março de 2021 
  24. «Anomalocardia Schumacher, 1817» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 29 de março de 2021 
  25. a b «Anomalocardia flexuosa (Linnaeus, 1767) distribution» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 29 de março de 2021 
  26. «Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791)». Conquiliologistas do Brasil: CdB. 1 páginas. Consultado em 29 de março de 2021 
  27. a b «Anomalocardia brasiliana». Museu Nacional - UFRJ. 1 páginas. Consultado em 29 de março de 2021. Nomes populares: "berbigão, vôngole, chumbinho, sernambi" Suspensívoros. Vivem em fundos areno-lodosos de enseadas e estuários da região entre marés ao infralitoral raso até 5m, onde escavam superficialmente. Espécie utilizada na alimentação. 
  28. a b ROSA, Carlos Nobre (1973). Os Animais de Nossas Praias 2 ed. São Paulo: Edart. p. 130-131. 192 páginas 
  29. «flexuosus» (em inglês). World of Dictionary: Dictionary of All Language. 1 páginas. Consultado em 29 de março de 2021. curved; with many curves in it, full of bends/turns; winding/sinuous/tortuous. 
  30. «-cardium» (em inglês). Dictionary.com. 1 páginas. Consultado em 31 de março de 2021. A combining form occurring in compounds that denote tissue or organs associated with the heart, as specified by the initial element: myocardium; pericardium. 
  31. «Pugilina tupiniquim Abbate & Simone, 2015» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 29 de março de 2021