Antonio Galves

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Antonio Galves
Antonio Galves
O probabilista Antonio Galves, coordenador do NeuroMat, em 2016
Nascimento 18 de junho de 1947
São Paulo, SP
Morte 5 de setembro de 2023 (76 anos)
Campinas, SP
Residência Brasil
Nacionalidade  Brasileira
Cônjuge Charlotte Galves
Alma mater Brasil Universidade de São Paulo
Prêmios Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico (2007)
Instituições Brasil NeuroMat, Universidade de São Paulo
Campo(s) Neuromatemática, probabilidade

Jefferson Antonio Galves (São Paulo, 18 de junho de 1947Campinas, 5 de setembro de 2023) foi um probabilista brasileiro.

Foi coordenador do Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão em Neuromatemática (NeuroMat), professor titular (aposentado) do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (IME-USP)[1] e membro da Academia Brasileira de Ciências. Galves era especialista em questões de seleção estatística de modelos, em particular modelos que apresentam estocasticidade e memória de alcance variável aplicados na neurociência, com apresentações no Brasil [2] e no exterior sobre o tema.[3] Colaborou para a criação de um dos mais importantes, tanto no Brasil quanto internacionalmente, grupos de pesquisa sobre Sistemas Markovianos de Partículas.[4]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Antonio Galves nasceu em 18 de junho de 1947, na cidade de São Paulo. Se formou bacharel em matemática na FFCL-USP aos 21 anos, em 1968. Já durante a graduação passou a se interessar pelo Cálculo de Probabilidades. Após se graduar, foi contratado como Auxiliar de Ensino, inicialmente atuando no Departamento de Matemática da Filosofia, e posteriormente transferido para o Departamento de Estatística do recém-fundado Instituto de Matemática e Estatística.[5]

Em 1972 concluiu seu mestrado em Probabilidade, pela USP, e se mudou para Paris. Na capital francesa passou a estudar no Laboratório de Probabilidade da Universidade de Paris VI e a trabalhar como estagiário na Escola Politécnica. Decorrente de seus estudos no laboratório, recebeu um Diplôme d'Estudes Approfondies. Foi nesse período em que iniciou sua carreira enquanto pesquisador, se dedicando ao estudo dos Sistemas Markovianos de Partículas.[5]

Retornou a São Paulo em 1978, onde defendeu sua tese de doutorado, novamente na USP. Passou a organizar um grupo de pesquisa sobre Sistemas Markovianos de Partículas no IME-USP, contando com apoio do Instituto e também do Laboratório de Probabilidades da Universidade de Paris VI. Antonio Galves seguiu visitando frequentemente o Laboratório, com o qual estabeleceu um programa de cooperação permanente, apoiado pelo CNPq e pelo CNRS. Posteriormente o grupo de pesquisa colaborou também com o IMPA e com o Departamento de Matemática da Universidade de Roma.[5]

Dedicou-se ao desenvolvimento da pesquisa na área de processos estocásticos no Brasil, colaborando com a formação de diversos mestres e doutores; organizando seminários; exercendo atividade didática; e principalmente, mantendo ativo seu grupo de pesquisa na área. [5]

Vida Acadêmica[editar | editar código-fonte]

Graduou-se em Matemática pela FFCL-USP (1968), obtendo o mestrado em junho de 1972 e o doutorado em maio de 1978, ambos em Probabilidade e Estatística pela USP. Em setembro de 1978 obteve um Diplôme d'Études Approfondies pela Universidade de Paris VI. Na USP se tornou livre-docente em 1988.[6] Com experiência na área de Probabilidade e Estatística, com ênfase em Processos Estocásticos Especiais, atuou principalmente nos seguintes temas: strings de ordem infinita, strings de alcance variável, sistemas não Markovianos com muitos componentes, aproximações Markovianas e simulação perfeita.[6] Liderou um grupo de pesquisadores de diversas áreas em torno da neuromatemática, no CEPID NeuroMat, com o objetivo de desenvolver modelagem estocástica de fenômenos neurobiológicos.[7][8][9]

Realizações[editar | editar código-fonte]

Foi o pesquisador responsável e coordenador do CEPID Neuromat, implementado em 2013 no IME-USP, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).[10] O CEPID integra a modelagem matemática e a neurociência teórica e visou a construção de um centro de pesquisa avançada em neurociência teórica, por meio de uma equipe de especialistas renomados, composta principalmente por matemáticos, cientistas da computação, neurocientistas, médicos clínicos especialistas na área de reabilitação, biólogos, físicos e profissionais de comunicação.[11][12][13]

Modelo Galves-Löcherbach[editar | editar código-fonte]

Simulação em 3D do Modelo Galves-Löcherbach.
Ver artigo principal: Modelo Galves-Löcherbach

O Modelo Galves-Löcherbach é um modelo com estocasticidade intrínseca para redes de neurônios, no qual a probabilidade de disparos futuros é dependente da evolução total do sistema desde o último disparo.[14] Esse modelo de redes neurais foi desenvolvido pelos matemáticos Antonio Galves e Eva Löcherbach. No artigo original, de 2013, os autores chamaram o modelo de "sistema de cadeias estocásticas com memória de alcance variável interagindo entre si".

Grootkruis Wetenschappelijke Verdienste
Insígnia da classe de Grã-Cruz da Ordem do Mérito Científico

Prêmios e reconhecimentos[editar | editar código-fonte]

  • Em 5 março de 1997 tornou-se membro titular da Academia Brasileira de Ciências.[18]

Referências

  1. «Docentes e Funcionários». Instituto de Matemática e Estatística. Consultado em 10 de outubro de 2016 
  2. «Visão interdisciplinar dos avanços e perspectivas da ciência». Academia Brasileira de Ciências. 13 de dezembro de 2013. Consultado em 10 de outubro de 2016. Arquivado do original em 11 de outubro de 2016 
  3. «Programação do 6º Encontro IST-IME». IST-IME. Consultado em 10 de outubro de 2016 
  4. «Antonio Galves – ABC». Consultado em 9 de março de 2023 
  5. a b c d Galves, Jefferson (1984). Memorial. São Paulo: Instituto de Matemática e Estatística 
  6. a b CNPq. «Currículo Lattes» 
  7. "Neuromatemática, a nova ciência do cérebro", Aline Naoe, Agência USP, 14 de abril de 2014
  8. Zolnerkevic, Igor (abr. 2014). «Conexões dinâmicas». Revista Pesquisa Fapesp, ed. 218. FAPESP. Consultado em 10 de outubro de 2016 
  9. Teixeira Ribeiro, Fernanda (junho de 2014). «Modelos matemáticos do cérebro». Mente e Cérebro. Consultado em 10 de outubro de 2016 
  10. «CEPID». cepid.fapesp.br. Consultado em 22 de junho de 2021 
  11. Matemática, TIC na. «NeuroMat - Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão em Neuromatemática». TIC na Matemática. Consultado em 22 de junho de 2021 
  12. «Conexões dinâmicas». revistapesquisa.fapesp.br. Consultado em 22 de junho de 2021 
  13. «Uso da matemática no estudo do cérebro é tema do "USP Analisa" - Instituto de Estudos Avançados». Consultado em 22 de junho de 2021 
  14. A. Galves, E. Löcherbach, "Infinite Systems of Interacting Chains with Memory of Variable Length — A Stochastic Model for Biological Neural Nets". Journal of Statistical Physics, vol. 151, n. 5, pp. 896-921, junho de 2013
  15. «Sociedade Brasileira de Química». SBQ - BIÊNIO (2002/2004) BOLETIM ELETRÔNICO No. 349 
  16. «Docentes da USP são agraciados com a Ordem Nacional do Mérito Científico». Universidade de São Paulo - Sala de Imprensa. 9 de outubro de 2007. Consultado em 10 de outubro de 2016 
  17. «Diário Oficial da União - Seção I» (pdf). Imprensa Nacional. Diário Oficial da União (34). 16 de fevereiro de 2007. ISSN 1677-7042. Consultado em 10 de outubro de 2016 
  18. «Antonio Galves – ABC». Consultado em 22 de junho de 2021 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]