Aporia

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Aporia (em grego: Ἀπορία, “caminho inexpugnável, sem saída”, “dificuldade”) é definida como uma dificuldade, impasse, paradoxo, dúvida, incerteza ou momento de contradição que impedem que o sentido de um texto ou de uma proposição seja determinado. Ao estudo das aporias designa-se de aporética.

Mitologia[editar | editar código-fonte]

Na mitologia grega, Aporia, também conhecida por Amecania (em grego: Ἀμηχανία),[1] era a daemon que personificava a impotência, a dificuldade, o desamparo e a falta de meios, sendo, portanto, odiada e marginalizada por todos os homens. Era companheira de Penia, a pobreza, e Ptoqueia, a mendicidade; suas daemones opostas eram Oporia, a fartura, Tique, a fortuna, e Eutenia, a prosperidade.[2]

Filosofia[editar | editar código-fonte]

Aristóteles definiu a aporia como uma “igualdade de conclusões contraditórias” (Tópicos, 6.145.16-20).

Na filosofia de Zenão de Eleia, por exemplo, podemos falar de aporias nos juízos sobre a impossibilidade do movimento. Mais tarde, designaram-se alguns diálogos platónicos como aporéticos, isto é, inconclusivos.

Mais recentemente o termo vem sendo utilizado com frequência por autores do desconstrutivismo como Derrida e Paul de Man, que, de alguma forma, são responsáveis pela sua utilização dentro da teoria literária do pós-estruturalismo. A aporia é identificada pela leitura desconstrutiva do texto, que terá como fim mostrar que o sentido nele inscrito atingirá invariavelmente o nível da indeterminação ou da indecidibilidade.

Uma aporia é um núcleo que cria uma tensão lógico-retórica que impede que o sentido de um texto se possa fixar. Um texto, por definição, conterá sempre aporias que servirão para mostrar que esse mesmo texto pode querer dizer algo que escapa a uma qualquer leitura convencional. Nem o texto nem o seu autor estão obrigados a ter conhecimento prévio ou consciência da presença de aporias. Compete ao leitor, pela desconstrução — se quiser-se, segundo os exemplos de Jacques Derrida e Paul de Man — identificar tais impasses. Os efeitos do que — na desconstrução de Derrida se chama différance — dependem da presença inquietante destas aporias.

Retórica[editar | editar código-fonte]

A aporia pode também ser definida como uma figura de retórica dizendo respeito aos momentos em que uma personagem dá sinais de indecisão ou dúvida sobre a forma de se expressar ou de agir. O melhor exemplo é o célebre solilóquio de Hamlet, de William Shakespeare, consagrado na expressão “to be or not to be” (Acto III, 1)

Referências

  • E-Dicionário de Termos Literários: ‘Aporia’.