Aristides Largura

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Aristides Largura
15.º Prefeito de Joinville
Período 4 de abril de 1936
até 3 de janeiro de 1938
Antecessor(a) Max Colin
Sucessor(a) Joaquim Wolf
Deputado federal por Santa Catarina
Período 17 de março de 1947
a 09 de março de 1951
Dados pessoais
Nome completo Aristides Trentini Largura
Nascimento 30 de novembro de 1906
Blumenau
Morte 13 de abril de 2005 (98 anos)
Joinville
Nacionalidade brasileiro
Partido AIB
PTB

Aristides Trentini Largura (Blumenau, 30 de novembro de 1906Joinville, 13 de abril de 2005) foi um professor, advogado e político brasileiro.[1][2] Prefeito mais jovem da história de Joinville, foi o organizador da Ação Integralista Brasileira em todo o norte e nordeste de Santa Catarina.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nasceu em 30 de novembro de 1906, em São Bernardo (atual Rio dos Cedros), antigo distrito de Blumenau, filho do imigrante italiano Domênico Largura e da brasileira Maria Trentini Largura, aos 23 anos, casou-se com Inocência Grott Largura e tiveram dois filhos. Foi inspetor escolar, professor e diretor escolar.[3]

Como inspetor escolar, foi transferido de Blumenau para Joinville em 1933. Ali, teve seu primeiro contato com o Integralismo, trazido por documentos, panfletos e cartilhas levados por Xavier Schenk e Ernani Bessa, após viagens a São Paulo. Ao lado deles, de Juca Ramos e de Euclides Gonçalves, Largura se reunia em cafés para discutir as ideias integralistas, apaixonando-se com a perspectiva de usar o movimento para penetrar nas colônias estrangeiras e nacionalizá-las. Em 1934, fundaram o núcleo municipal da Ação Integralista Brasileira, dirigido por um triunvirato composto por Largura, Bessa e Ramos. Os integralistas de Joinville, jovens, que não pertenciam à política local, preocupavam-se com os agricultores do interior e com os operários da região urbana, e difundiram seus núcleos em praticamente todas as regiões da cidade, sobretudo as mais distantes, onde nem os jornais chegavam.[4][5]

Aristides Largura, chefe municipal do integralismo em Joinville, em 1936.

Um mês depois, Largura tornou-se o chefe municipal. Recebeu do chefe integralista de Santa Catarina, Othon Gama D'Eça, a função de coordenar e disseminar o movimento em toda a região Norte e Nordeste do Estado, compreendendo Jaraguá do Sul, São Bento do Sul, São Francisco do Sul e os então distritos de Hansa e Bananal, atuais Corupá e Guaramirim. Aproveitava suas visitas de inspeção escolar aos locais para fundar novos núcleos e expandir o movimento. Transferido pelo governador Nereu Ramos de volta a Blumenau, em tentativa de enfraquecer sua militância, continuou. Em agosto de 1935, Nereu advertiu-lhe que sua atuação integralista, como funcionário estadual, estava criando uma "situação delicada" para o Governo do Estado, exigindo que se afastasse definitivamente. Largura pediu tempo para refletir e, em casa, escreveu-lhe uma carta: "me tiraria a força moral de entrar numa escola ser um homem que abandona um ideal com medo de perder o emprego". No dia seguinte, foi publicado o ato de sua demissão.[4][5]

Desempregado, já tendo esposa e dois filhos, recebeu de José Ferreira da Silva em Blumenau a direção do jornal integralista Alvorada. Com isso, e com um novo emprego no comércio de seguros, pôde se manter. Alguns meses depois, absorvido pelo trabalho, foi convidado pelo núcleo integralista de Joinville para ser candidato à prefeitura. Declinou, sem tempo para se dedicar à campanha, mas foi informado de que bastaria emprestar o seu nome. Os integralistas tiveram uma despesa eleitoral total de apenas 70 mil-réis, ou 70 reais, equivalente à fretagem de transporte para eleitores de zonas afastadas, e Largura foi à cidade apenas 15 dias antes da eleição. Apesar disso, venceram em 15 das 20 urnas do município, garantindo 9 das 15 vagas da Câmara Municipal. Imediatamente, a elite política local tentou impugnar a vitória de Largura, mas não obteve sucesso.[4][5] A nova administração assumiu no dia 4 de abril de 1936.

Após estabilizada a situação política, Largura, até hoje o mais jovem prefeito da história de Joinville, realizou uma gestão eficiente, aplaudida pelos seus mais ferrenhos opositores. Reunindo-se com os integralistas, disse-lhes que seria prefeito de todos os joinvilenses, sem preocupações partidárias. Não demitiu funcionários de confiança adversários, nem nomeou integralistas sistematicamente. Coube a ele o papel histórico de iniciar o calçamento da cidade. Além disso, realizou o desassoreamento do rio Cachoeira, criou a Associação Beneficente dos Operários Municipais e sua Caixa Beneficente, com a finalidade de amparar a família dos trabalhadores em casos de doença ou morte, e construiu um prédio de abrigo aos desvalidos. Durante sua gestão, o núcleo municipal integralista, presidido por ele, criou um Departamento de Assistência Social, que cadastrava desempregados e empresas, funcionando como agência de empregos.[4]

Após o golpe do Estado Novo, que fechou a Ação Integralista Brasileira, Nereu Ramos exonerou Largura do cargo de prefeito no dia 3 de janeiro de 1938, sendo nomeado Joaquim Wolf, que tomou posse três dias depois. Manteve-se afastado da política e se formou em Direito. Em 1945, com a redemocratização, foi convidado para fundar um movimento trabalhista pró-Dutra em Santa Catarina. Percorreu vários estados, pedindo orientação dos antigos integralistas, como Miguel Reale e o então representante de Plínio Salgado no Brasil, Raimundo Padilha. Afirmou-lhes que entendia que, como integralistas, deveriam trabalhar pelo ideal em outros partidos e movimentos, uma vez que eram todos iguais, pois a imagem assumida pelo Integralismo durante o Estado Novo tornaria contraproducente o reagrupamento dos correligionários. Além disso, via simpatia de Eurico Gaspar Dutra pelos integralistas. Recebeu o assentimento de todos, mas uma estranha reprovação de Jorge Lacerda. Com isso, engajou-se na iniciativa trabalhista através da arregimentação dos antigos integralistas locais. Pouco depois, entretanto, foi fundado pelos integralistas o Partido de Representação Popular (PRP). Diretrizes oficiais contrariavam a iniciativa de Largura, determinando a arregimentação de todos no novo partido. Inicialmente desorientado, pensando que agia contra os seus companheiros, logo passou a se sentir traído por Jorge Lacerda, magoando-se profundamente, e se resolveu a não entrar no novo partido. Prosseguiu com o seu movimento local, contando apenas com os trabalhadores, e organizou, depois, o diretório do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) em Santa Catarina.[5]

Quando do lançamento do partido, Largura obteve a grande maioria dos votos em Joinville, superior à soma dos outros partidos (UDN e PSD), nas eleições de 2 de dezembro de 1945, sendo eleito deputado federal para 38ª legislatura (1947 — 1951). Mais tarde, passou para o Partido Social Democrático (PSD).

Também foi presidente do Instituto Nacional do Pinho (atual IBAMA) entre 1956 a 1961. E depois, no Rio de Janeiro, foi Chefe da Assessoria Jurídica da Confederação Nacional do Comércio do SESC e do SENAC, cargo que ocupou até se aposentar, em 1963.[1][2][3]

Transferiu residência para a cidade de Curitiba, onde veio a falecer em 2005, com 98 anos. Em sua homenagem foi denominada a rua Prefeito Aristides Largura, no bairro América, em Joinville.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Wendland, Daniely. Integralismo, círculo operário católico e sindicatos em Joinville (1931-1948) - [dissertação de mestrado, UFSC] Daniely Wendland; orientador Adriano Luiz Duarte - Florianópolis, SC, 2011, 224p. il., tabs. Acessado em 29/10/2013;
  • Jornal A Notícia, de Joinville, de 14/04/2005;
  • Jornal A Notícia, de Joinville, Caderno especial, Acessado em 29/10/2013.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b «Aristides Largura / Biografias / Memória Política de Santa Catarina». memoriapolitica.alesc.sc.gov.br. Consultado em 9 de março de 2022 
  2. a b «Biografia do(a) Deputado(a) Federal ARISTIDES LARGURA». Portal da Câmara dos Deputados. Consultado em 9 de março de 2022 
  3. a b Brasil, CPDOC-Centro de Pesquisa e Documentação História Contemporânea do. «LARGURA, ARISTIDES». CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Consultado em 10 de março de 2022 
  4. a b c d Daniely Wendland. Integralismo, Círculo Operário Católico e sindicatos em Joinville (1931-1948). Universidade Federal de Santa Catarina, 2011.
  5. a b c d Entrevista de Aristides Largura a Dúnia Toaldo de Freitas em 6 de março de 1982. Nossos Prefeitos - Século XX. Fundação Cultural de Joinville - Arquivo Histórico de Joinville.


Precedido por
Max Colin
Prefeito de Joinville
1936 — 1938
Sucedido por
Joaquim Wolf


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