Comando de Artilharia do Exército

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Comando de Artilharia do Exército

Distintivo
País  Brasil
Corporação Brasão do Exército Brasileiro Exército Brasileiro
Subordinação Comando Militar do Planalto
Denominação Artilharia Marechal Gastão de Orleans
Sigla Cmdo Art Ex
Criação 1949 (AD/6), 2014 (Cmdo Art Ex)
História
Condecorações Ordem do Mérito Militar[1]
(herdada da Cmdo Art Div 6ª DE)
Comando
Comandante Gen Bda Moises da Paixão Junior[2]
Sede
Sede Formosa, Goiás
Página oficial http://cmdoartex.eb.mil.br/

O Comando de Artilharia do Exército (Cmdo Art Ex) é a organização do Exército Brasileiro responsável por sua artilharia estratégica, composta de baterias de lançadores múltiplos de foguetes Astros.[3] Sediado no Forte Santa Bárbara, em Formosa, Goiás, comanda dois Grupos de Mísseis e Foguetes (GMF), o 6.º e 16.º, além de centros de Instrução e de Logística de Mísseis e Foguetes. Esse complexo é a infraestrutura central do Programa ASTROS 2020 e a base física para a artilharia de mísseis e foguetes do Exército.[4] O Cmdo Art Ex está subordinado ao Comando Militar do Planalto, em Brasília.[5]

O comando traça suas origens à Artilharia Divisionária da 6.ª Divisão de Infantaria (AD/6), criada em Cruz Alta, Rio Grande do Sul, em 1949. Inicialmente organizada com o 1.º e 2.º Grupos do 6.º Regimento de Obuses de 105 mm, em 1972 ela foi transferida a Porto Alegre.[6] Como parte das reformas militares da época, passou a ter o 16.º Grupo de Artilharia de Campanha (GAC), equipado com obuseiros de 155 mm, e o 3.º Grupo de Artilharia Antiaérea (GAAAé).[7] Em 2000–2001 o 3.º GAC tornou-se autopropulsado, recebendo obuseiros M109A3, e o 13.º GAC foi incorporado à AD/6. Em 2014 a 6.ª Divisão de Exército foi extinta. Das antigas unidades da AD/6, o 16.º GAC tornou-se o atual 16.º GMF,[8][9][10] o 13.º GAC pertence atualmente à 3.ª Divisão de Exército,[11] e o 3.º GAAAé, ao Comando de Defesa Antiaérea.[12] O comando ganhou sua denominação atual e permaneceu em Porto Alegre, agora subordinado ao Comando Militar do Sul, até a transferência a Formosa em 2020.[6]

Essas mudanças criavam a estrutura para complementar os investimentos materiais do Projeto Estratégico Astros 2020, oficializado no Livro Branco da Defesa Nacional em 2012.[4] Até 2014 o Exército tinha 38 viaturas Astros,[13] compradas da Avibras nos anos 90 e centralizadas no 6.º GMF, então denominado 6.º Grupo de Lançadores Múltiplos de Foguetes, em 2004.[14][15] Desde essa época, a unidade reunia os mais potentes armamentos terrestres do Exército.[16]

Demonstração de fogo do ASTROS II

O programa estratégico previa a aquisição de novos veículos e a modernização dos antigos para usar novos armamentos, como foguetes com guiagem primária SS-40G e mísseis de cruzeiro AV-TM 300. O cronograma original era até 2020, mas em 2019 já havia sido estendido a 2023.[13][17] Com a construção do Forte Santa Bárbara, o efetivo local, de cerca de 600 militares, tinha estimativa de subir a até 2.000.[18] O programa também previu uma Bateria de Busca de Alvos, equipada com sistemas de aeronaves remotamente pilotadas, e simuladores.[4]

Cada Grupo de Mísseis e Foguetes tem três baterias operacionais, com seis peças de fogo cada, além de viaturas de apoio.[19] Todas podem ser transportadas nos aviões C-130 Hercules da Força Aérea Brasileira. O sistema é modular e pode atirar munições de diversos calibres. Seus foguetes guiados têm alcance de 40 quilômetros, suficiente apenas para competir com a artilharia convencional, mas já são mais precisos que os foguetes de saturação de área usados no Astros até então. A novidade, contribuindo à capacidade de deterrência brasileira, são os mísseis de cruzeiro, os primeiros a ser operados na América do Sul. Seu alcance é de 300 quilômetros, com um sistema de guiagem apto apenas a atingir alvos fixos como antenas, bases aéreas e navais, refinarias, portos e indústrias.[20][21] Assim, seu uso é estratégico e não operacional ou tático.[19]

Referências

  1. BRASIL, Decreto de 20 de março de 2006.
  2. «INFORMEX nº 5». Centro de Comunicação Social do Exército. 23 de fevereiro de 2022 
  3. «Diretriz de Transferência». Comando de Artilharia do Exército. 22 de abril de 2019. Consultado em 20 de março de 2023 
  4. a b c Monteiro, Valeska Ferrazza (2022). Modelos de obtenção de turbinas de mísseis de cruzeiro e suas implicações político-estratégicas: um estudo em perspectiva comparada (PDF) (Estudos Estratégicos Internacionais). Universidade Federal do Rio Grande do Sul . p. 106-111 e 120.
  5. «Subordinação». Comando de Artilharia do Exército. Consultado em 20 de março de 2023 
  6. a b «Histórico». Comando de Artilharia do Exército. 29 de janeiro de 2023. Consultado em 20 de março de 2023 
  7. Pedrosa, Fernando Velôzo Gomes (2018). Modernização e reestruturação do Exército brasileiro (1960-1980) (Doutorado em História). Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro . p. 182.
  8. Carvalho, Priscila (14 de novembro de 2019). «Transferência do 16º de São Leopoldo para Goiás entra na última etapa». Jornal NH. Consultado em 20 de março de 2023. Cópia arquivada em 14 de novembro de 2019 
  9. Nunes, José (16 de janeiro de 2015). «Quartel deixará São Leopoldo em 2017». Jornal VS. Consultado em 20 de março de 2023. Cópia arquivada em 14 de novembro de 2019 
  10. «Aniversário de criação do 16º Grupo de Mísseis e Foguetes». Comando de Artilharia do Exército. Consultado em 20 de março de 2023 
  11. «13º GAC participa da Operação Coxilha 2020». 3ª Divisão de Exército. Consultado em 20 de março de 2023 
  12. «História do "Grupo Conde de Caxias"». 3º Grupo de Artilharia Antiaérea. Consultado em 20 de março de 2023 
  13. a b «Brazil modernizes its artillery force with new vehicles». Diálogo Américas. 15 de setembro de 2015. Consultado em 20 de março de 2023 
  14. Bastos, Expedito Carlos Stephani (13 de dezembro de 2021). «40 anos do Sistema de Artilharia de Foguetes brasileiro Avibras Astros II (1981–2021)». ECSB Defesa. Consultado em 20 de março de 2023 
  15. Agência Verde-Oliva/CCOMSEx (16 de julho de 2018). «Conheça o Centro de Instrução de Artilharia de Mísseis e Foguetes». Forças Terrestres. Consultado em 20 de março de 2023 
  16. Mendonça Filho, Marajá João Alves de; Almeida, Maria Geralda de (novembro de 2008). «Quartéis do Exército em Goiás: a influência das frentes pioneiras na estrutura de defesa». Mercator. 4 (7). Fortaleza . p. 32.
  17. Godoy, Roberto (11 de janeiro de 2019). «Gastos militares precisam de dinheiro e de padrinhos». DefesaNet. Consultado em 20 de março de 2023 
  18. Redação (18 de maio de 2017). «Programa ASTROS 2020 impulsiona economia no entorno do Distrito Federal». Tecnologia & Defesa. Consultado em 20 de março de 2023 
  19. a b Dias, Haryan Gonçalves; Gomes, Túlio Endres da Silva (2017). «O emprego dos Astros 2020 e sua subordinação: uma opção viável». Revista da Escola Superior de Guerra. 32 (65) 
  20. Redação (4 de dezembro de 2014). «ASTROS 2020 MLRS: Brazil's Industrial Investment in Precision Strike». Defense Industry Daily. Consultado em 20 de março de 2023 
  21. Carvalho, André L. V. C. (22 de dezembro de 2021). «The ASTROS II system and the AV-TM 300: assuring deterrence through precision strike by the Brazilian Army». Consultado em 20 de março de 2023