Associação Paulista de Esportes Atléticos

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Associação Paulista
de Esportes Atléticos
(APEA)
Tipo Desportiva
Fundação 1913
Extinção 1937
Sede São Paulo, SP,  Brasil

A Associação Paulista de Esportes Atléticos (APEA, originalmente Associação Paulista de Sports Athleticos) foi uma associação de futebol brasileira com sede em São Paulo.

Fundada em 22 de abril de 1913 [1] pelo Paulistano como dissidência da então Liga Paulista de Foot-Ball, a APEA consolidou-se como principal liga no cenário local, tendo organizado edições seu próprio campeonato de 1913 até 1937, ano em que acabou extinta. Apesar disso, as competições e os campeões da Liga da APEA são reconhecidos pela Federação Paulista de Futebol.

História[editar | editar código-fonte]

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

A APEA nasceu a partir de divergências entre o Paulistano e a Liga Paulista de Foot-Ball, associação de futebol pioneira na capital paulista.[2] Composta apenas por clubes vindos de elite local, a LPF estudava a inclusão de alguns clubes de origem popular entre seus associados, algo que desagradava os dirigentes do Paulistano. Outra questão relacionava-se aos primeiros indícios de profissionalização no futebol de São Paulo. Fiel ao amadorismo, o Paulistano se opunha ferozmente a qualquer forma de pagamento a atletas para jogar futebol.

Com as relações ruins entre o tradicional clube e a LPF, o rompimento iminente ocorreu foi precipitado pouco antes do início do Campeonato da Liga de 1913. Dono do Velódromo, o principal estádio da cidade no período, o Paulistano exigia um alto valor pelo aluguel do seu campo, o que levou a LPF a procurar o Germânia, proprietário do Parque Antártica, e a fechar um acordo para uso deste campo por um custo quatro vezes inferior ao pedido pelo Paulistano.[2]

Em represália, o Paulistano compareceu ao Velódromo no primeiro compromisso da equipe no Campeonato de 1913, contra o Americano, mesmo que a LPF tenha marcado a partida no Parque Antártica. No julgamento do caso, a Liga deu ganho de caso ao Americano, o que precipitou o rompimento do Paulistano com a associação de futebol.[2] Pouco depois, o clube fundou sua organização paralela, a Associação Paulista de Sports Athleticos. Assim, entre 1913 e 1916, LPF e APSA competiram pela hegemonia do futebol paulista, organizando seus próprios campeonatos.

Estabelecimento e hegemonia[editar | editar código-fonte]

Gradativamente, a APSA foi se fortalecendo no cenário local. Embora sua primeira competição oficial tenha contado apenas Paulistano, Mackenzie College e Atlética das Palmeiras, as duas edições seguintes, de 1914 e 1915, tiveram a presença dos times São Bento, Scottish Wanderers e Ypiranga e, no Campeonato de 1916, de Santos e Palestra Itália. Outro fator importante para sua firmação em São Paulo foi o apoio da Liga Metropolitana de Sports Athleticos, principal associação do futebol carioca e que buscava enfraquecer o papel da LPF no cenário nacional.[3] Em troca desse apoio, a APSA respaldou a Federação Brasileira de Sports, entidade fundada para centralizar decisões em torno das modalidades esportivas no país.

Após diversas tentativas para chegar a um acordo em comum entre as duas associações paulistas,[4] a APSA e a LPF selaram a pacificação em 13 de janeiro de 1917.[5] A Associação absorveria os clubes da Liga, comprometendo-se a criar uma nova divisão para que estes continuassem a competir, a exceção de Corinthians e Internacional, times que seriam incorporados à divisão principal da APSA já no Campeonato de 1917.[5][6]

Cisão interna[editar | editar código-fonte]

Em meados da década de 1920, dirigentes do Paulistano estavam descontentes com rebatizada como Associação Paulista de Esportes Atléticos, por conta da negativa da liga em registrar o goleiro Nestor de Almeida e também do descontentamento com a arbitragem no Campeonato de 1925, especialmente no último jogo.[6] Em outubro de 1925, o clube pediu sua desfiliação da APEA. Pouco depois, também alegando prejuízos com a arbitragem, o Germânia seguiu o mesmo caminho.

Os dois clubes mais o Atlética das Palmeiras fundariam a Liga dos Amadores de Futebol, que promoveria seu próprio campeonato a partir do ano seguinte. No entanto, a nova liga não conseguiu se sobrepor a APEA. Em 1929, uma parte dos clubes filiados à LAF defendia a fusão com a Associação, algo que se concretizou no ano seguinte com a dissolução da Liga de Amadores.[6]

Nova cisão e o fim[editar | editar código-fonte]

Em 1933, a APEA organizou o primeiro campeonato profissional da liga – e a segunda da história do futebol do país, sendo a primeira o Torneio Rio-São Paulo de 1933. Contudo, a Confederação Brasileira de Desportos opunha-se à essa profissionalização e, sem conseguir se impor ante à entidade paulista e à Liga Carioca de Futebol, convenceu os principais clubes dos dois maiores centros do país a criarem associações de futebol.

Em São Paulo, a CBD aliciou Palestra Itália e Corinthians, dois dos clubes mais importantes do estado, que fundaram uma nova Liga Paulista. Rompida com a CBD, a APEA ajudou a articular a Federação Brasileira de Futebol para manter sua proposta de profissionalismo no futebol do país.

A APEA organizou mais duas edições do seu campeonato entre 1935 e 1936. Com o nível técnico inferior à liga concorrente e o declínio da própria Associação, clubes pediam desfiliação desta para serem admitidos pela primeira.[6] Sem atividade oficial na temporada de 1937 e contando com a fidelidade somente de de Portuguesa e Ypiranga, a APEA desapareceu no ano seguinte.[6]

Competições[editar | editar código-fonte]

Todos os campeonatos organizados da Divisão Principal da APSA foram disputados em sistema de pontos corridos. Caso fosse necessário, haveria um confronto direto para definir um campeão.

Campeões[editar | editar código-fonte]

Divisão Principal da APEA[editar | editar código-fonte]

  • 1913 - Paulistano
  • 1914 - São Bento
  • 1915 - Atlética das Palmeiras
  • 1916 - Paulistano
  • 1917 - Paulistano
  • 1918 - Paulistano
  • 1919 - Paulistano
  • 1920 - Palestra Itália
  • 1921 - Paulistano
  • 1922 - Corinthians
  • 1923 - Corinthians
  • 1924 - Corinthians
  • 1925 - São Bento
  • 1926 - Palestra Itália
  • 1927 - Palestra Itália
  • 1928 - Corinthians
  • 1929 - Corinthians
  • 1930 - Corinthians
  • 1931 - São Paulo
  • 1932 - Palestra Itália
  • 1933 - Palestra Itália
  • 1934 - Palestra Itália
  • 1935 - Portuguesa
  • 1936 - Portuguesa

Primeira Divisão da APEA[editar | editar código-fonte]

  • 1917 - Minas Gerais
  • 1918 - União Fluminense
  • 1919 - União Fluminense
  • 1920 - Syrio
  • 1920 - União Fluminense
  • 1921 - Independência
  • 1922 - Gráphica
  • 1923 - Audax
  • 1924 - Independência
  • 1925 - Silex
  • 1926 - Primeiro de Maio
  • 1927 - Voluntários da Pátria
  • 1928 - Silex
  • 1929 - Cotonifício Rodolfo Crespi
  • 1930 - Antarctica
  • 1931 - São Paulo de Alpargatas
  • 1932 - Albion
  • 1933 - Fábricas Orion
  • 1934 - Ordem e Progresso

Referências

Bibliografia consultada[editar | editar código-fonte]