Associação de Tenistas Profissionais

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Associação de Tenistas Profissionais
Association of Tennis Professionals
imagem ilustrativa de artigo Associação de Tenistas Profissionais

Sigla ATP
Desporto(s) representado(s) tênis profissional
Fundação setembro de 1972; há 51 anos
Presidente Itália Andrea Gaudenzi
Outros membros Itália Massimo Calvelli (diretor executivo)
Sede Reino Unido Londres (matriz)
 Mónaco
Estados Unidos Ponte Vedra Beach
Austrália Sydney
Website atptour.com
Atual Temporada da ATP de 2023

A Associação de Tenistas Profissionais (em inglês: Association of Tennis Professionals; sigla: ATP) é o órgão regulador dos circuitos de tênis profissionais masculinos – o circuito ATP e o circuito ATP Challenger.

Foi constituído em setembro de 1972 por Donald Dell, Cliff Drysdale e Jack Kramer para proteger os interesses dos tenistas profissionais. Drysdale foi o primeiro presidente. A partir de 1990, a associação organizou o circuito ATP: ciclo mundial do tênis masculino, vinculando-o ao nome da organização.

Em 1990, a organização se chamava, em inglês, de ATP Tour. Em 2001, tornou-se simplesmente ATP, e o circuito ficou como ATP Tour. Em 2009, este migrou para ATP World Tour, mas retornou ao nome anterior em 2019.[1][2] Trata-se da evolução do agrupamento anual de competições, conhecidas até os anos 1980 como torneios de tênis Grand Prix e World Championship Tennis (WCT).

A sede global da ATP localiza-se em Londres. A filial das Américas está em Ponte Vedra Beach, no estado norte-americano da Flórida; a da Europa, no principado de Mônaco; e a internacional, que cobre África, Ásia e Australásia, em Sydney, na Austrália.

História[editar | editar código-fonte]

Lançada em 1972 por Donald Dell, Cliff Drysdale e Jack Kramer, foi comandada por Kramer, como diretor executivo, e Cliff Drysdale, como presidente. Jim McManus foi um membro fundador.[1] Kramer criou o sistema de rankings dos jogadores profissionais, que começou no ano seguinte e ainda está em uso. De 1974 a 1989, o circuito masculino foi administrado por um subcomitê chamado Men's International Professional Tennis Council (MIPTC). Era formado por representantes da Federação Internacional de Tênis (ITF), pela ATP e por diretores de diversos cantos do globo. A ATP solicitou que o MIPTC introduzisse um regulamento para teste de antidoping, tornando o tênis o primeiro esporte profissional a fazer isso.

O boicote ao Torneio de Wimbledon de 1973[editar | editar código-fonte]

Em maio de 1973, Nikola Pilić, tenista número 1 da Iugoslávia de então, foi suspenso pela própria associação nacional por ter se recusado a jogar um confronto de Copa Davis por seu país, no início daquele mês.[3] A suspensão inicial de nove meses, apoiada pela International Lawn Tennis Federation (ILTF), foi reduzida para um mês, mas coincidiu com a temporada de grama e o jogador não poderia jogar o Torneio de Wimbledon.[4]

Em resposta, a ATP ameaçou um boicote, afirmando que se Pilić não tivesse permissão para competir, ninguém deveria também. Depois que as tentativas de última hora para um acordo fracassaram, abriu-se uma votação para o boicote. Como resultado, 81 dos melhores jogadores, incluindo o atual campeão Stan Smith e 13 dos 16 cabeças de chave masculinos, não competiram no major londrino de 1973.[5][6] Três jogadores – Ilie Năstase, Roger Taylor e Ray Keldie desafiaram o movimento e foram multados pelo comitê disciplinar da Associação.[4]

Insurreição de 1988[editar | editar código-fonte]

No final da década de 1980, a turnê ainda era comandada pelos diretores dos torneios e pela ITF. A representação e a influência limitadas dos jogadores no Conselho Internacional de Tênis Profissional Masculino (MIPTC), bem como a insatisfação na forma como o esporte era administrado e comercializado, culminou em um motim em 1988, liderado pelos tenistas em atividade, incluindo o então número 1 do mundo Mats Wilander, o que mudou toda a estrutura do circuito.[7]

Reação à invasão russa da Ucrânia em 2022[editar | editar código-fonte]

Em oposição à invasão russa da Ucrânia em 2022, a ATP transferiu o torneio de São Petersburgo para Astana, no Cazaquistão.[8]

Em maio, o Torneio de Wimbledon proibiu, de forma unilateral, a participação de russos e bielorrussos, por causa do conflito – a Bielorrússia apoiava o Kremlin). Em represália, a Associação anunciou que não iria premiar com pontos nenhum participante do evento. Nadine Dorries, secretária de cultura britânica, comentou que tal atitude "passaria uma mensagem completamente errada tanto para Putin quanto para o povo da Ucrânia".[9]

Em dezembro, ATP e WTA ainda aplicariam uma multa de um milhão de dólares à LTA, Associação de Tênis Britânica, pelo boicote aos attletas das duas nacionalidades.[10]

O circuito ATP[editar | editar código-fonte]

Na coletiva de imprensa improvisada em uma vaga de estacionamento, em 26 de agosto de 1988, com o diretor executivo Hamilton Jordan, a ATP anunciou a saída do MIPTC (então chamado de MTC) e a criação do próprio circuito.[1][11][12] Essa reorganização também encerrou o processo judicial entre a Volvo e Donald Dell a respeito do controle do tênis masculino.[13] Em 19 de janeiro de 1989, a ATP publicou o calendário para a temporada inaugural, de 1990.[14]

Em 1991, o tênis masculino vende os direitos de transmissão televisivos para exibir 19 torneios.[1] O primeiro website da Associação entrou no ar em 1995, seguido do contrato multinacional de patrocínio com a Mercedes-Benz.

Em 2008, o risco de rebaixamento de torneios com poderosos anunciantes, para o acolhimento de um remodelado Masters de 2 semanas em Madrid, fez com que a disputa fosse judicializada, trazendo uma reestruturação significativa ao circuito no ano seguinte.[15]

Mudanças em 2009[editar | editar código-fonte]

Em 2009, a ATP apresentou uma nova estrutura de circuito, chamada ATP World Tour. Consistiu em três categorias de torneios: ATP World Tour Masters 1000, ATP World Tour 500, and ATP World Tour 250.[16] De modo geral, em relação às categorias anteriores, o Tennis Masters Series se tornou o novo nível Masters 1000, o International Series Gold, o 500, e o International Series, o 250.

Os Masters 1000 englobam os torneios de Indian Wells, Miami, Monte Carlo, Madrid, Roma, Montreal/Toronto, Cincinnati, Xangai e Paris. O evento de fim de temporada, o ATP Finals, foi transferido de Xangai para Londres (e depois seguiu novas sedes, a partir de futuros contratos). Hamburgo foi substituído pelo novo torneio de saibro em Madri, combinado entre homens e mulheres. Em 2011, Roma e Cincinnati também adotaram essa configuração. Penas rigorosas são aplicadas a jogadores de elite que não participam dos Masters 1000, a menos que um atestado médico seja apresentado.

Os planos para eliminar Monte Carlo e Hamburgo do nível Masters geraram polêmica e protestos de jogadores e organizadores. Esses torneios entraram com ações judiciais contra a ATP,[17]. Como concessão, foi decidido que Monte Carlo continuaria sendo um evento de nível Masters 1000, com premiação maior e 1000 pontos para o campeão, mas perderia sua obrigatoriedade para jogadores de alto escalão. Mais tarde, os monegascos desistiram do processo. Hamburgo foi "reservado" para se tornar um evento de nível 500 no meio do ano[18], mas os alemães não aceitaram. No entanto, perderam a ação.[19]

Os torneios de nível 500 são Roterdã, Dubai, Rio de Janeiro, Acapulco, Barcelona, Queen's (em Londres), Halle, Hamburgo, Washington, Pequim, Tóquio, Basileia e Viena.

A Copa Davis também oferece pontos, dependendo de um intrincado sistema, que envolve a posição do jogador no ranking, se é simplista ou duplista e que fases disputou.[20]

Torneios do circuito ATP[editar | editar código-fonte]

 Nota: Se procura a pontuação mais detalhada, veja Rankings da ATP#Distribuição de pontos.

O circuito masculino de elite compreende os eventos do Grand Slam, quatro categorias sob a coordenação da Associação (ATP Finals, ATP Masters 1000, ATP 500 e ATP 250), as exibições e os coletivos. A última mudança aconteceu em 2020, quando a grafia World Tour, existente desde 2009, foi extinta.[2]

Obs.: números de 2022, com exceção da United Cup, que estreia, e a Copa Hopman, que retorna em 2023.

Evento Tipo Qtd. Premiação total Pontos ao
vencedor
Organização
Grand Slam individual 4 ver os artigos individuais 2.000 ITF
ATP Finals individual 1 US$ 14.450.000 1.100 a 1.500 ATP
ATP Masters 1000 individual 9 US$ 6.137.190 a 8.584.055 1000 ATP
ATP 500 individual 13 US$ 1.426.891 a 2.964.246 500 ATP
ATP 250 individual 40 US$ 519.312 a 1.006.646 250 ATP
Next Gen ATP Finals individual
(exibição)
8 US$ 1.400.000 0 ATP
Copa Davis coletivo 1 US$ 15.300.000 0 ITF
United Cup coletivo 1 US$ 15.000.000 345 a 500 ATP e WTA
Copa Hopman coletivo
(exibição)
1 TBA 0 ITF
Laver Cup coletivo
(exibição)
1 US$ 250.000 por jogador 0 TEAM8
Jogos Olímpicos coletivo 1[nota 1] ver os artigos individuais 0 ITF

Torneios do circuito challenger[editar | editar código-fonte]

A ATP ainda organiza o circuito intermediário, chamado de ATP Challenger Tour, que engloba cinco categorias. A numeração no título diz respeito aos pontos que o vencedor do torneio recebe. Os dados são de 2023.[21]

Até 2008, era conhecido como ATP Challenger Series. A temporada de estreia ocorreu em 1978, com dezoito eventos. [22]

Evento Qtd. Premiação total Pontos ao
vencedor
Organização
Challenger 175 5 US$ 220.000 175 ATP
Challenger 125 35 US$ 160.000 125
Challenger 100 41 US$ 130.000 100
Challenger 75 98 US$ 80.000 80
Challenger 50 17 US$ 40.000 50

Rankings da ATP[editar | editar código-fonte]

A ATP publica semanalmente, às segundas-feiras, a atualização dos rankings dos jogadores profissionais. Os rankings da ATP (geralmente chamados de "rankings mundiais") se desdobram continuamente e são consideradas as últimas 52 semanas. Servem para determinar a qualificação de entrada e posição de cabeças de chave em todos os torneios de simples, duplas e até mistas (que não possuiem ranking próprio, mas usa a combinação dos outros dois). O jogador com mais pontos no final da temporada é o número 1 do mundo do ano.

No início de 2009, todos os pontos foram dobrados, para se adequarem ao novo sistema do circuito.

Há ainda os rankings de corrida, que começam a contar no início da temporada e terminam no último evento regular, valendo para a classificação no ATP Finals. Ao fim deste, são descartados.[23]

Estrutura da instituição[editar | editar código-fonte]

Em 1º de janeiro de 2020, Andrea Gaudenzi se tornou o novo presidente da ATP[28]; Massimo Calvelli é o diretor executivo;[29] Mark Young; o vice-presidente, David Massey; o vice-presidente executivo para a Europa e Alison Lee para o grupo internacional.[30]

O Conselho de Administração da ATP inclui o presidente, junto de três representantes dos torneios e três dos jogadores. Os representantes dos jogadores são eleitos pelo Conselho de Jogadores da ATP.[31] Os atuais membros são:

  • Presidente: Andrea Gaudenzi;
  • Representantes dos jogadores:
    • Região das Américas: Mark Knowles;
    • Região da Europa: Alex Inglot;
    • Região internacional: David Egdes.
  • Representantes dos torneios:
    • Região das Américas: Gavin Forbes;
    • Região da Europa: Herwig Straka;
    • Região Internacional: Charles Humphrey Smith.

O Conselho de Jogadores possui 12 membros e remete decisões consultivas ao Conselho de Administração, que tem o poder de aceitar ou rejeitar suas sugestões. Os eleitos para a gestão 2021-2022 são:

O Conselho de Torneios é composto por 13 membros, dos quais cinco são da Europa e quatro das Américas e de outros continentes (grupo internacional).[31]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Notas

  1. A cada 4 anos.

Referências

  1. a b c d «History» (em inglês). atptour.com. Consultado em 8 de dezembro de 2022 
  2. a b «ATP Unveils New Brand And "Love It All" Global Marketing Campaign» (em inglês). atptour.com. 13 de novembro de 2018 
  3. «Draws & Results: Yugoslavia vs. New Zealand» (em inglês). daviscup.com. Cópia arquivada em 26 de abril de 2016 
  4. a b Anne, Queen (1974). World of Tennis '74. Londres: John Barrett. p. 15–17, 45–47. ISBN 978-0362001686 
  5. «Wimbledon faces 2004 boycott» (em inglês). bbc.co.uk. 23 de junho de 2003 
  6. «The History of Championships» (em inglês). wimbledon.com. Cópia arquivada em 27 de agosto de 2011 
  7. «Men's Tennis in Limbro» (em inglês). washingtonpost.com. 9 de dezembro de 1988 
  8. «ATP relocates St Petersburg Open to Nur-Sultan» (em inglês). insidethegames.biz. 24 de fevereiro de 2022 
  9. «Wimbledon: ATP & WTA strip ranking points from Grand Slam over ban for Russians and Belarusians» (em inglês). bbc.com. 20 de maio de 2022 
  10. «ATP segue WTA e aplica multa pesada a britânicos». tenisbrasil.com.br. 7 de dezembro de 2022 
  11. «The Tour Born In A Parking Lot» (em inglês). atptour.com. 30 de agosto de 2013 
  12. «Jordan used political skills to help tennis» (em inglês). latimes.com. 27 de maio de 2008 
  13. «839 F.2d 69» (em inglês). courts.gov. Cópia arquivada em 8 de fevereiro de 1988 
  14. «The tour born in a parking lot (Part II)» (em inglês). atpworldtour.com. Cópia arquivada em 15 de fevereiro de 2015 
  15. «Court in Session: Hamburg, ATP go to trial» (em inglês). tennis.com. Cópia arquivada em 23 de julho de 2008 
  16. «ATP Unveils New Top Tier Of Events for 2009» (em inglês). tenniswire.org. Cópia arquivada em 22 de maio de 2011 
  17. «ATP Violates Antitrust Laws, Lawsuit Alleges» (em inglês). montecarlo.masters-series.com. Cópia arquivada em 30 de abril de 2008 
  18. «Hamburg listed among second-tier events for 2009 season» (em inglês). espn.com. 4 de outubro de 2007 
  19. «ATP wins crucial anti-trust case» (em inglês). bbc.co.uk. 6 de agosto de 2008 
  20. «Rankings explained» (em inglês). daviscup.com. Consultado em 9 de dezembro de 2022 
  21. «2023 ATP Challenger Tour Calendar» (pdf) (em inglês). atptour.com. p. 5-11. Cópia arquivada (PDF) em 19 de outubro de 2023 
  22. «About the Challenger Circuit» (em inglês). atpworldtour.com. Cópia arquivada em 16 de março de 2015 
  23. «ATP Rankings FAQ» (em inglês). atptour.com. Consultado em 9 de dezembro de 2022 
  24. «Current ATP Singles Ranking» (em inglês). atptour.com. 29 de janeiro de 2024. Consultado em 30 de janeiro de 2024 
  25. «Official ATP Ranking» (em inglês). live-tennis.eu. Consultado em 30 de janeiro de 2024 
  26. «Current ATP Doubles Ranking» (em inglês). atptour.com. 29 de janeiro de 2024. Consultado em 30 de janeiro de 2024 
  27. «Official ATP Doubles» (em inglês). live-tennis.eu. Consultado em 30 de janeiro de 2024 
  28. «ATP Appoints Andrea Gaudenzi As ATP Chairman» (em inglês). atptour.com. 24 de outubro de 2019 
  29. «ATP Appoints Massimo Calvelli As ATP Chief Executive Officer» (em inglês). atptour.com. 11 de dezembro de 2019 
  30. «Senior Leadership Team» (em inglês). atptour.com. Consultado em 9 de dezembro de 2022 
  31. a b «Board Of Directors» (em inglês). atptour.com. Consultado em 9 de dezembro de 2022 
  32. «Board of Directors» (em inglês). atptour.com. Consultado em 9 de dezembro de 2022 
  33. «ATP Announces 2021-2022 Player Council» (em inglês). atptour.com. 29 de dezembro de 2020 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]