Association Psychanalytique de France

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A Association Psychanalytique de France (APF) é uma das grandes escolas de pensamento da psicanálise na França.

Cronologia[editar | editar código-fonte]

  • 1928 : criação da "Société Psychanalytique de Paris" (S.P.P.)
  • 1940 : desaparecimento da S.P.P. durante a ocupação da França pela Alemanha
  • 1944 : a S.P.P.começa a ressurgir pouco a pouco, após a liberação de Paris,
  • 1953 : criação, na S.P.P., do "Instituto de formação " para futuros analistas
  • 1953 : crise no âmago da S.P.P.
  • 1953 : constituição da "Société française de psychanalyse" (S.F.P.)
  • 1959 : demande de filiação da S.F.P. à I.P.A. (International Psycho-Analytical Association)( " Associação Psicanalítica Internacional ")
  • 1961 : a S.F.P. submete-se à tutela da I.P.A.
  • 1963 : A I.P.A. recusa o pedido de filiação feito pela S.F.P.
  • 1964 : nascimento da “Association Psychanalytique de France (A.P.F.), reconhecida pela I.P.A.
  • 1964 : Lacan funda a "Ecole Freudienne de Paris", não reconhecida pela I.P.A.

História[editar | editar código-fonte]

A Association Psychanalytique de France’’’ (APF) foi criada em 26 de maio de 1964. Ela nasceu de dissensões entre os membros da " Société française de psychanalyse", (S.F.P.),divididos em duas correntes:

A APF poude ser considerada como sustentando uma posição « centrista » entre as opções da SPP e as práticas heterodoxas de Jacques Lacan (sessões encurtadas, primaudade da linguagem, etc.)[2].

A APF é reconhecida como membro da International Psychoanalytical Association (IPA).

Causas dos desacordos[editar | editar código-fonte]

A "Société Psychanalytique de Paris" (S.P.P.) foi a única sociedade de psicanálise da França entre 1928, data de sua fundação, e 1953, quando foi substituída pela "Société française de psychanalyse" (S.F.P.). Entre esses dois períodos, a S.P.P. só deixou de existir durante a época em que a França foi ocupada pela Alemanha. Este desaparecimento , segundo o psicanalista Victor Smirnoff, ocorreu em maio de 1940: a sede da (S.F.P.), situada no Boulevard Saint-Germain, foi fechada (…) No país ocupado e dirigido por um marechal, não havia lugar para a psicanálise. Os psicanalistas dispersaram-se. Alguns deles permaneceram em Paris onde se reuniam de maneira quase clandestina. Outros emigraram para os Estados Unidos, os ‘’Suíços’’ voltaram para o seu país (…) Quando, em 1945, um núcleo da S.P.P. tentou se reorganizar, o número de analistas estava muito reduzido(…) [3].

Em 1945 e 1946, ao término da guerra, a psicanálise francesa começou a retomar suas atividades teóricas, interrompidas de maneira brutal durante a ocupação alemã. Com efeito,"uma informação publicada na Revue Française de Psychanalyse, revela que os membros da Sociedade que se encontravam em Paris, começaram pouco pouco a se reunir. (…) No fim de 1946, continua Jacques-Alain Miller, a Sociedade ampliou-se o bastante para retomar suas reuniões mensais, como ocorria antes da guerra"[4].

Em sua Histoire de la Psychanalyse en France, Élisabeth Roudinesco descreveu a situação da psicanálise francesa na década de 1950 e as posições respectivas dos mestres que se opunham na SPP: Sacha Nacht, Daniel Lagache e Jacques Lacan.« Nacht era favorável à assimilação do ensino freudiano aos ideais da medicina, preconizava a criação de um Instituto hierárquico com um rígido programa de formação(...) Ele sustentava os candidatos médicos e apoiava as pesquisas psicossomáticas, mas não queria que os grandes patrões da psiquiatria se ocupassem do movimento. Quanto a Lagache, ele era o promotor de uma integração democrática da psicanálise à psicologia. Num tal sistema, que visa a implantação do freudismo pela via universitária, o saber psicológico ocupa o mesmo lugar que o ideal médico no sistema de Nacht ».[5].

Em todo o caso, o programa de ensino do Instituto foi muito criticado por Lagache e Lacan. Victor Smirnoff escreveu a propósito "que as modalidades do ensino pareciam aumentar a divisão da análise.O protesto dos alunos contra este estatuto e a escolarização teria sido, como se pretendeu, organizado por Lacan?" [6].

Apesar das críticas de Lagache e Lacan, a criação, em 1953, da "Société française de psychanalyse" (S.F.P.) seguiu a linha defendida por Natch e seus adeptos. Durante alguns anos, os grupos de Lacan e Lagache ora sustentavam, ora se opunham à (S.F.P.). Tudo desmantelou-se em 1959 a partir do momento em que a S.F.P. pediu seu reconhecimento oficial à I.P.A. e, por via de consequência , sua afiliação. Esta foi registrada em 1959. Assim, desde 1961, escreveu Jacques -Alain Miller, “ a I.P.A. enunciou suas exigências sobre o pedido: exercer sua tutela sobre a (S.F.P.) e impedir a participação na mesma de Françoise Dolto e Jacques Lacan. Em 1963,durante o congresso de Estocolmo, um ultimato de três meses foi dado à S.F.P para riscar Lacan da lista dos analistas didatas (...) A comissão da responsável pelo "colégio dos didatas" na S.F.P. cedeu às exigências da I.P.A. e a assembleia geral da Sociedade aprovou a decisão, criando a nova sigla (A.P.F.), que foi reconhecida pela l’I.P.A.” [7].

Atividades científicas[editar | editar código-fonte]

As atividades científicas da APF eram muitas : grupos de pesquisa, colóquios e reuniões, jornadas abertas, conferências científicas da Terça-feira, debates científicos do Sábado e os ‘’Encontros de Vaucresson’’. Estes ocorriam duas vezes por ano, em Junho e Dezembro. Nos sábados, as conferências da manhã e da tarde eram seguidas de debates com os participantes; nos domingos de manhã, uma nova conferência era seguida de discussões. As vezes, as jornadas eram dedicadas a um tema bem preciso, como por exemplo : "O que significa processo psicanalítico ?" [8]. Ou então "Histoire et destin dans la Psychanalyse"[9].

Publicações[editar | editar código-fonte]

Várias revistas de psicanálise foram criadas e dirigidas por analistas da APF [6].

  • Bulletin intérieur de l’A.P.F. ( 1964 -1969) : 5 n¬úmeros editados pela APF
  • Documents & Débats, (1970 – 2003) : 61 n¬úmeros editados pela APF
  • Nouvelle Revue de Psychanalyse (1970-1994), criada por Jean-Bertrand Pontalis, editor Galllimard
  • Psychanalyse à l’université (1976-1994), criada por Jean Laplanche, editor Réplique
  • L’Écrit du temps e tembém L’Inactuel, revistas criadas por Marie Moscovici
  • Revue Internationale de psychopathologie ( 1990-1996) dirigida por Pierre Fédida e Daniel Widlöcher
  • Le fait de l’analyse e também Penser/rêver criadas por Michel Gribinski
  • Les libres cahiers pour la psychanalyse, diretores de redação : Catherine Chabert e Jean-Claude Rolland.

Conselho de administração[editar | editar código-fonte]

  • Presidente: Dr. Patrick Mérot
  • Vice-Presidentes :Senhoras Évelyne Sechaud e Brigitte Eoche-Duval
  • Secretário Geral: Senhora Dominique Suchet
  • Secretário científico Dr. Claude Brazer
  • Tesoureiro: Senhora Jocelyne Malosto
  • Secretariado: Sylvia Mamane
Antigos membros
Outros membros

Atividades[editar | editar código-fonte]

A APF tem como objetivos a formação de psicanalistas e pesquisas sobre a psicanálise.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Elisabeth Roudinesco [1]: "Histoire de la psychanalyse en France", Vol. 2, Seuil, 1986, página 288, ISBN 2-02-009347-2
  2. Alain de Mijolla [2]: "Freud et la France, 1885-1945", Ed.: Presses universitaires de France, 2010, ISBN 2130545157.
  3. Victor Smirnoff [3]:"Regards sur la psychanalyse en France", in Nouvelle Revue de Psychanalyse, número 20, outubro de 1979, página 45, Éditions Gallimard,
  4. Jacques-Alain Miller: Ornicar ?, "La scission de 1953" , bulletin périodique du Champ freudien, Editor Lyse, impressor Copédith, Paris, Outubro de 1976, página 7.
  5. Elisabeth Roudinesco [4]:"Histoire de la psychanalyse en France", Vol. 2, Seuil, 1986, página 236, ISBN 2-02-009347-2
  6. Victor Smirnoff [5]: " De Vienne à Paris : sur les origines d’une psychanalyse à la française", Nouvelle Revue de Psychanalyse, página 51, Paris, Gallimard, 1979
  7. Jacques-Alain Miller: Ornicar ?, L’excommunication’’, Ed. Lyse, Imprimeur Copédith, Paris, janvier 1977, pages 5-6
  8. Lore Schacht et Jean-Claude Rolland, em Documents & Débats, Bulletin intérieur de l’A.P.F., N° 45, Abril de 1966.
  9. Laurence Khan, em Documents & Débats, Bulletin intérieur de l’A.P.F., N° 47, abril de 1997, páginas 33-45.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

  • Lista dos membros atuais [7]