Augusto Tasso Fragoso

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Augusto Tasso Fragoso
Augusto Tasso Fragoso
Tasso Fragoso como Chefe do Estado-Maior do Exército.
Presidente da Junta Governativa Provisória
Período 24 de outubro de 1930
a 3 de novembro de 1930
Servindo com Mena Barreto, Isaías de Noronha
Antecessor(a) Washington Luís
(Presidente do Brasil)
Sucessor(a) Getúlio Vargas
(Presidente do Brasil)
Dados pessoais
Nascimento 28 de agosto de 1869
São Luís, Maranhão,
Império do Brasil
Morte 20 de setembro de 1945 (76 anos)
Rio de Janeiro, Distrito Federal Brasil
Nacionalidade brasileiro
Progenitores Mãe: Maria Custódia de Souza Fragoso
Pai: Joaquim Coelho Fragoso
Cônjuge Josefa Graça Aranha
Partido Nenhum
Religião Positivismo Religioso, católico (convertido)
Profissão militar e escritor
Serviço militar
Lealdade Brasil
Serviço/ramo Exército Brasileiro
Graduação General de Exército

Augusto Tasso Fragoso, mais conhecido por Tasso Fragoso (São Luís, 28 de agosto de 1869Rio de Janeiro, 20 de setembro de 1945) foi um militar, juiz do STM, e escritor brasileiro. Durante a Revolução de 1930, foi presidente da Junta Governativa Provisória de 1930, que governou o Brasil de 24 de outubro a 3 de novembro, entre a deposição do Presidente Washington Luís e a posse de Getúlio Vargas. Ele também é primo do Presidente da República Portuguesa, António Óscar de Fragoso Carmona.

Foi o primeiro maranhense a ser Presidente do Brasil.

Antepassados[editar | editar código-fonte]

Augusto Tasso Fragoso nasceu em São Luís, em 1869. Em seus documentos oficiais consta ter nascido no ano de 1867, devido à alteração, comum na época, feita por seu pai para que pudesse iniciar mais cedo a vida militar.

Era fruto da união de Maria Custódia de Souza Fragoso, nascida no Pará e descendente de portugueses, com Joaquim Coelho Fragoso, português de Baião, distrito do Porto.

Seu pai, Joaquim, foi o gestor da Companhia de Navegação Fluvial e, segundo o biógrafo de Tasso Fragoso, a quem “a província [do Maranhão] já devia a fundação de várias empresas industriais”. Por seus serviços, foi nomeado vice-cônsul de Portugal no Maranhão e depois elevado à categoria de Cônsul do Ceará e Piauí em 1894.

Trajetória[editar | editar código-fonte]

Golpe Republicano[editar | editar código-fonte]

Uma bateria legalista durante a Revolta da Armada, no Rio de Janeiro, em 1894.

Militar, ainda jovem travou conhecimento, no Rio de Janeiro, com as ideias positivistas divulgadas por Benjamin Constant.

Promovido a alferes-aluno em janeiro de 1889, frequentou, a partir de abril, os cursos de estado-maior e de engenharia da Escola Superior de Guerra, bacharelando-se em matemática e ciências físicas e naturais. Nesse período, participou das articulações do movimento pela implantação da República. No mês de outubro, quando as relações entre o imperador e o Exército estavam tensas, discursou em nome dos colegas em homenagem a Benjamim Constant, afirmando a determinação de todos em acompanhar o professor “na transformação prestes a se passar em nossa pátria”. Depois desse ato, Benjamim Constant foi demitido de suas funções e os alunos foram repreendidos.

Perto de 15 de novembro, ao saber de movimentos para a proclamação da República, Tasso Fragoso, fardado e armado, juntou-se a outros companheiros e dirigiu-se à escola, onde todos aguardavam a chegada de Benjamim Constant e do general Manuel Deodoro da Fonseca.

Posteriormente, tomou o cargo, junto ao então alferes-aluno Cândido Mariano Rondon, de apurar a posição do então almirante Eduardo Wandenkolk diante do movimento, que acabou implantando a nova forma de governo no país.

Em 1891, assumiu a Chefia do Departamento de Obras e Viação Geral do Distrito Federal, exercendo o cargo até o mês de abril do ano seguinte.

Em 1893, participou da repressão à Revolta da Armada, que pretendia derrubar o governo de Floriano Peixoto. Em 1908, viajou à Europa como membro do Estado-Maior do Ministro da Guerra Hermes da Fonseca.

Adido militar na Argentina[editar | editar código-fonte]

Trincheira de combatentes paulistas nos arredores de Amparo, no estado de São Paulo, durante a Revolução de 1932.

Nomeado adido militar à legação brasileira na Argentina, Tasso Fragoso viajou para esse país em julho de 1909, sendo promovido a tenente-coronel em dezembro desse mesmo ano. De volta ao Brasil, assumiu, em julho de 1910, o comando do 8º Regimento de Cavalaria, sediado em Uruguaiana (RS), onde permaneceu até abril de 1913. Nesse período, exerceu interinamente, por diversas vezes, o comando da 2ª Brigada de Cavalaria, localizada na mesma região.

Em 1914, foi nomeado Chefe da Casa Militar pelo Presidente Venceslau Brás, permanecendo nessa função até 1917. Nesse período, desempenhou papel importante na implantação do serviço militar obrigatório e na remodelação do Exército.

Generalato[editar | editar código-fonte]

Em 1918, chegou ao generalato. Em 21 de novembro de 1922, foi designado foi Chefe do Estado-Maior do Exército, onde permaneceu até 24 de janeiro de 1929.[1] Destacou-se no processo de remodelação do Exército orientada pela Missão Militar Francesa. Exonerou-se da chefia do EME em 1929, por discordar do alijamento do órgão das decisões relativas à reestruturação do ensino militar no país.

Deposição de Washington Luís[editar | editar código-fonte]

Carros de assalto Renault FT-17 legalistas avançando para o combate no setor de Itaguaré, em São Paulo, em 1932.

Dedicado à sua carreira profissional e distante das lutas políticas, Tasso Fragoso recusou convite para participar da Revolução de 1930. O confronto armado entre governistas e revolucionários em todo o País acabou, porém, por fazê-lo aceitar o pedido do General João de Deus Mena Barreto que indicava o seu nome para, na condição de oficial da ativa mais antigo do país, assumir o comando da operação militar destinada a pacificar o País, afastando o Presidente Washington Luís. Em seguida, junto com o próprio General Mena Barreto e com o contra-almirante Isaías de Noronha, chefiou e liderou a Junta Governativa que substituiu o Presidente deposto e transferiu o poder a Getúlio Vargas, comandante das forças revolucionárias.

Em 30 de março de 1931, voltou à chefia do EME. Participou, então, do combate à Revolução Constitucionalista de 1932, mas, por considerar-se alijado das decisões mais importantes dessa campanha, voltou a demitir-se da chefia daquele órgão, em 22 de agosto de 1932.[1]

Juiz do STM[editar | editar código-fonte]

Em 22 de abril de 1933, foi nomeado Ministro do Supremo Tribunal Militar (STM), função que exerceu até 19 de fevereiro de 1938, quando aposentou-se compulsoriamente por limite de idade.[2] Na realidade, Tasso completava nessa data os 66 anos e não os 68, isso porque seu pai, por ocasião de sua matrícula na Escola Militar, havia aumentado sua idade para atingir o mínimo regulamentar.

Seus íntimos, cientes da circunstância, insistiram que requeresse a retificação. Tasso Fragoso recusou o alvitre, alegando não lhe parecer honesto, depois de se beneficiar durante anos com este recurso de seu pai, vir a denunciá-lo e anulá-lo para obter vantagem.[3]

Últimos dias[editar | editar código-fonte]

Morreu de processo insanável de arteriosclerose, e nos seus últimos dias, ocorreu “um fato que serve para dar toque final a sua figura de verdadeiro homem de escol”, nas palavras do então General Tristão de Alencar Araripe:

Morreu no Rio de Janeiro, em 1945, aos 76 anos. Um logradouro do bairro da Lagoa, onde viveu e faleceu, leva seu nome. A cidade de Tasso Fragoso, no Maranhão, é uma homenagem a seu nome.

Família[editar | editar código-fonte]

Casou-se com Josefa Graça Aranha, filha de Temístocles Maciel Aranha e Maria da Glória de Alencastro Graça. Sua mulher, portanto, descendia do Barão de Aracati e de Maria Adelaide do Carmo de Alencastro que, por sua vez, era filha de José Joaquim de Alencastro e Maria Eduarda Carneiro Leão, oriunda de tradicional família Pernambucana.

Teve inúmeros filhos, entre os quais se refere o Marechal Tristão de Alencar Araripe:[5]

  • Evangelina, cuja união com o bancário Genésio Pires deu origem à nova família Fragoso Pires: José Carlos, Luiz Paulo, Fernando Tasso e Evangelina Catão. Evangelina (neta) casou-se com o deputado, senador e empresário Álvaro Luís Bocaiuva Catão, nesse relacionamento tiveram uma filha Theodora Fragoso Pires Bocayuva Catão.
  • Murilo, diplomata, teve descendência: Magui e Rosa Maria;
  • Beatriz, com descendência: Beatriz;
  • Heloisa, que gerou Carlos Alberto e Maria Regina;
  • Marina.

Obras publicadas[editar | editar código-fonte]

Entre as diversas obras técnicas e históricas que escreveu, se destacam:

  • 1904 – Determinação da hora por alturas correspondentes de estrelas diversas 1908 — Determinação de latitude por alturas iguais de duas estrelas (método de Stechert)
  • 1922 – A batalha do passo do Rosário
  • 1934 – História da guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai
  • 1938 – A Revolução Farroupilha (1835-1845) — narrativa sintética das operações militares
  • 1940 – Revolvendo o passado
  • 1965 – Os Franceses no Rio de Janeiro

Referências

  1. a b «Ex-Chefes do EME». Consultado em 25 de janeiro de 2021 
  2. «Ministros do STM desde 1808; Ministro 186» (PDF). Consultado em 25 de janeiro de 2021 
  3. ARARIPE, General Tristão de Alencar, p. 630
  4. ARARIPE, General Tristão de Alencar, Pgs. 631-632
  5. ARARIPE, General Tristão de Alencar, P. 29

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • ARARIPE, General Tristão de Alencar, Tasso Fragoso - Um pouco de História do Nosso Exército, Biblioteca do Exército Editora, 1960.
  • Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001
  • KOIFMAN, Fábio, Organizador - Presidentes do Brasil, Editora Rio, 2001.
  • LEMOS, Renato, Verbete, FGV.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Wikiquote
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Ligações externas[editar | editar código-fonte]

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Augusto Tasso Fragoso


Precedido por
Fernando Setembrino de Carvalho

13º Chefe do Estado-Maior do Exército

1922 - 1929
Sucedido por
Alexandre Henriques Vieira Leal
Precedido por
Júlio Prestes
Junta Governativa Provisória de 1930
1930
Sucedido por
Getúlio Vargas
Precedido por
Alfredo Malan D'Angrogne

16º Chefe do Estado-Maior do Exército

1931 - 1932
Sucedido por
Francisco Ramos de Andrade Neves