Avenida 9 de Julho (Buenos Aires)

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Avenida 9 de Julho
Tipo
Características
Comprimento
3 000 m
Largura
150 m
Concepção
Data
Avenida 9 de Julho em Buenos Aires, com o Obelisco ao fundo.

A Avenida 9 de Julho (em espanhol: Avenida 9 de Julio; Avenida Nueve de Julio) é uma das principais vias de tráfego de Buenos Aires, capital da Argentina.[1] É conhecida por nela se encontrar o Obelisco (no entrocamento com a Avenida Corrientes), além de ser aclamada como a avenida mais larga do mundo.[2][3][4] Seu nome provém de uma homenagem feita a 9 de julho de 1816, sendo este o dia da Declaração da Independência da Argentina.[1]

Embora a construção desta avenida tenha sido aprovada em 1912, as obras só começaram de fato em 20 de abril de 1936 com o projeto reformulado, uma vez que foi originalmente concebido com características semelhantes à Avenida de Maio (em espanhol: Avenida de Mayo), com apenas trinta e três metros de largura e edifícios nas suas laterais.

Em sua interseção com a Avenida Corrientes está a Praça da República (em espanhol: Plaza de la República), onde se encontra o Obelisco, monumento histórico que recorda o local no qual a bandeira nacional foi içada pela primeira vez na cidade de Buenos Aires, em 1812. O famoso Teatro Colón também encontra-se nesta avenida, no bairro de San Nicolás, em um ponto seccionado com as ruas Liberdade, Arturo Toscanini e Tucumán.[5]

Sob grande parte de sua disposição (entre a Avenida San Juan e Diagonal Norte) corre a Linha C do metrô de Buenos Aires. Em julho de 2013 foi inaugurado o Metrobús 9 de Julio (um grande corredor de operação similar aos BRTs) entre Retiro e Constitución, onde circulam dez linhas de transporte público.[6]

História[editar | editar código-fonte]

Concepção e início das obras[editar | editar código-fonte]

Avenida 9 de Julho em sua inauguração.

A Avenida 9 de Julho foi erguida durante o breve mandato do prefeito Francisco Seeber (1889-1890), para servir como uma via que atravessaria a cidade de norte a sul. Mais tarde, ela acabou sendo incluída em vários planos e projetos. Em 1912 foi aprovada a Lei Nacional Nº 8.855, que autorizou o município a desapropriar áreas com a finalidade da "utilidade pública". Com esta autorização, os espaços compreendidos entre as ruas Cerrito-Lima e Carlos Pellegrini-Bernardo Irigoyen do Paseo de Julio (até a Avenida del Libertador) para a Rua Brasil (no bairro Constitución) foram desapropriados, a fim de construir uma avenida central com trinta e três de largura, ladeada por duas ruas laterais alargadas e edifícios públicos ou privados construídos nas bandas resultantes da terra, cuja venda seria parte do financiamento de fundos com a emissão de um empréstimo emitido pela Prefeitura de Buenos Aires (no valor de 25 milhões de pesos de ouro). O serviço seria suportado pela Câmara Municipal (por sua própria renda), no qual a nação forneceria 10% da contribuição direta para a sua construção.[7]

Tão logo a lei respectiva foi aprovada, Anchorena (então mandatário municipal) foi ao seu cumprimento (com o propósito de inaugurar a via para o Centenário da Independência em 1916). A questão gerou uma crise política e financeira de grandes proporções, agravada pela eclosão da Primeira Guerra Mundial e pela proximidade das primeiras eleições democráticas, que culminaram com a renúncia do prefeito e o fechamento do Conselho Municipal em 1915. A ideia de construir a Avenida 9 de Julio permaneceu no plano de 1925, no qual também foi integrado as diagonais Norte e Sul (ideia proposta originalmente em 1919), configurando os dois focos monumentais em seus extremos.[7]

A reformulação do projeto[editar | editar código-fonte]

Foto aérea da avenida em sua inauguração.

Depois da crise financeira, o governo do General Justo decidiu lançar um vasto plano de obras públicas para as comemorações do aniversário da primeira fundação de Buenos Aires. Desde 1928, o engenheiro especializado em planejamento urbano em Paris, Carlos María Della Paolera, defendeu o desenvolvimento de um estudo abrangente e meticuloso, que contemplasse o conjunto do que ele chamou de Grande Buenos Aires. Assim, o projeto Avenida Norte-Sul deixou de ser uma intervenção pontual no centro da cidade para ocupar um lugar primordial na ação de grande impacto urbano, que foi proposta para a regulação da expansão regional.[8]

Em 15 de novembro de 1934, começou a construção do prédio do MOP, o Ministério de Obras Públicas (no auge da Avenida Belgrano), contemplando a passagem da futura Avenida Norte-Sul. Embora o Prefeito Mariano de Vedia y Mitre tenha estipulado posteriormente que esta seria uma avenida sem prédio na sua totalidade, as obras da torre MOP não foram suspensas e acabaram sendo concluídas em um tempo recorde de 138 dias úteis (com inauguração realizada em setembro de 1936). Finalmente, a Avenida Norte-Sul foi inaugurada em 12 de outubro de 1937 pelo então presidente argentino, Agustín P. Justo (ainda que apenas em uma seção de 500 metros), sendo esta a ocasião na qual recebeu o nome de Avenida 9 de Julio.[8] Esta via chegou ao prédio do Ministério de Obras Públicas somente em 1947, cujo complemento de toda a sua extensão se deu em 1980.[7]

Características[editar | editar código-fonte]

Edifício do Ministério da Saúde, situado na Avenida 9 de Julho.

Para o leste desta via corre a Rua Carlos Pellegrini (Bernardo de Irigoyen ao sul de Rivadavia) e para o oeste segue a Rua Cerrito (Lima ao sul de Rivadavia). Estas duas ruas funcionam, na prática, como pistas extras e são contadas na extensão total da Avenida 9 de Julho, para alcançar os 140 metros de largura que são normalmente considerados.[1]

Uma característica distintiva desta avenida é que nela não existe um sistema de numeração, havendo apenas um prédio que contém acesso por um de seus caminhos (o edifício do Ministério da Saúde e Desenvolvimento Social). Da mesma forma, não existem construções nas ruas perpendiculares (com exceção à mencionada), correspondendo à numeração de 1000 a 1100.

Extensão[editar | editar código-fonte]

A Avenida 9 de Julho une-se à Plaza Constitución (ao sul) e com a Avenida del Libertador (ao norte). Em ambas as extremidades, esta avenida continua pelas rodovias. Para o sul através da Rodovia Presidente Arturo Frondizi (que leva à Avenida Presidente Mitre em Avellaneda), e ao norte graças à Rodovia Arturo Illia (que leva para a Avenida General Paz e à Rodovia Pan-Americana). Desta forma, é transformada em uma das mais importantes áreas de tráfego da capital do país, sendo uma paisagem urbana de destaque para o turismo, e um eixo rodoviário verde que favorece a cidade.

Junto com a Rodovia Perito Moreno e a Avenida General Paz (via esta situada na periferia da cidade), a Avenida 9 de Julho não muda seu nome para atravessar a extensa Avenida Rivadavia por toda Buenos Aires.

Quatro bairros da capital argentina são atravessados por esta via em sua extensão, sendo eles: Constitución, Monserrat, San Nicolás e Retiro.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c «La 9 de Julio, avenida histórica». Buenos Aires Ciudad - Gobierno de la Ciudad Autónoma de Buenos Aires (em espanhol). Consultado em 26 de dezembro de 2018. Cópia arquivada em 26 de dezembro de 2018 
  2. Dias, Haendel (12 de fevereiro de 2016). «Avenida 9 de Julio: A avenida mais larga do mundo». Aguiar Buenos Aires. Consultado em 26 de dezembro de 2018. Cópia arquivada em 26 de dezembro de 2018 
  3. «Top 10 Streets, Avenues and Boulevards in the World». www.ucityguides.com (em inglês). Consultado em 26 de dezembro de 2018. Cópia arquivada em 14 de abril de 2018 
  4. Monte Reel The Washington Post (13 de junho de 2006). «'WIDEST AVENUE IN THE WORLD' A COVETED TITLE». Sun-Sentinel.com (em inglês). South Florida Sun Sentinel. Consultado em 26 de dezembro de 2018. Arquivado do original em 26 de dezembro de 2018 
  5. «Historia». www.teatrocolon.org.ar (em espanhol). Teatro Colón. 6 de junho de 2015. Consultado em 26 de dezembro de 2018. Cópia arquivada em 25 de dezembro de 2018 
  6. «Muricio Macri inauguro el Metrobus en la 9 de Julio» (em espanhol). La Nación. 24 de julho de 2013. Consultado em 26 de dezembro de 2018. Cópia arquivada em 21 de agosto de 2017 
  7. a b c Clarín.com (29 de maio de 2005). «Avenida 9 de JulioHistorias de un ícono porteño». www.clarin.com (em espanhol). Clarín. Consultado em 26 de dezembro de 2018. Cópia arquivada em 7 de novembro de 2019 
  8. a b Dell’Oro Maini, Magdalena. «Avenida 9 de Julio: un itinerario simbólico por la ciudad. Espacio, estado y política en el Buenos Aires de los treinta» (PDF) (em espanhol). Programa Interuniversitario de Historia Política. Consultado em 26 de dezembro de 2018. Cópia arquivada (PDF) em 27 de fevereiro de 2021 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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