Belisário

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BelisárioCombatente Militar
Belisário
Belisário pode ser esta pessoa barbuda à direita do imperador Justiniano I, no mosaico da Basílica de São Vital, em Ravena, que celebra a reconquista da Itália pelo exército romano.
Outros nomes Último dos Romanos
Nascimento 505
Germânia, Império Bizantino
Morte 565
Calcedônia, Império Bizantino
Serviço militar
País Império Bizantino
Conflitos Guerra Ibérica

Revolta de Nica

Guerra Vândala

Motim Africano

Guerra Gótica (535–554)

Guerra Lázica

Flávio Belisário (em latim Flavius Belisarius; em grego: Φλάβιος Βελισάριος) (505565) foi um general do Império Bizantino sob o imperador Justiniano I. Flávio foi fundamental nas lutas de reconquista de grande parte do território mediterrâneo, pertencente ao antigo Império Romano do Ocidente.

Uma das principais características da carreira de Belisário foi seu sucesso. Seu nome é frequentemente dado como um dos chamados "Último dos Romanos".

Belisário conquistou o Reino dos Vândalos durante a Guerra Vandálica, realizando tal feito em nove meses, e conquistou grande parte da Itália durante a Guerra Gótica. Ele também derrotou os exércitos vândalos na Batalha de Ad Decimum e desempenhou um papel importante em Tricamaro, obrigando o rei vândalo, Gelimero, a se render. Durante a Guerra Gótica, Belisário tomou Roma e então resistiu a grandes adversidades durante o cerco de Roma de 537.

Belisário também venceu uma importante batalha contra os sassânidas em Dara, mas foi derrotado em Calínico. Ele repeliu com sucesso uma incursão dos hunos nos Bálcãs. Belisário também era conhecido por seu engano militar; ele derrotou uma invasão persa enganando seu comandante e levantou o cerco de Arímino sem luta.

Vida[editar | editar código-fonte]

Belisário nasceu provavelmente em Germânia, uma cidade fortificada da qual ainda existem alguns vestígios arqueológicos, no local da atual Sapareva Banya, localizada no sudoeste da Bulgária. Nascido em uma família ilíria ou trácia que falava latim como língua materna, ele se tornou um soldado romano quando jovem, servindo como guarda-costas do imperador Justino I.

Depois de chamar a atenção de Justino como um militar inovador, ele recebeu permissão do imperador para formar um regimento de guarda-costas, que consistia em catafractários (cavalaria pesada de elite da época); posteriormente ele expandiu essa unidade como um regimento pessoal, constituído por 7 mil homens. Os guardas de Belisário formaram o núcleo de todos os exércitos que ele comandaria. Armados com lanças, arcos compostos e espatas, eles estavam totalmente blindados para o padrão de cavalaria da época. Uma unidade polivalente, os Bucelários eram capazes de atirar à distância com arcos, como os hunos, ou podiam atuar como cavalaria de choque pesada, atacando um inimigo com lança e espada. Em essência, eles combinaram os melhores e mais perigosos aspectos de ambos os maiores inimigos de Roma, os hunos e os godos.

Os seus primeiros êxitos bélicos destacaram-se nas lutas contra os persas (a quem forçou a assinar uma "Paz Eterna" depois de décadas de guerra com o Oriente Próximo) e ao sufocar uma sublevação em Constantinopla que ameaçou destronar o imperador no ano 532, a Revolta de Nica. Posteriormente, com 15 mil homens, conquistou o reino vândalo no norte da África, aprisionando o seu último rei, Gelimero. Desde lá, tomou a Sicília e passou para a península Itálica, então sob domínio ostrogodo, onde iniciou uma expedição para Norte, ocupando Ravena e aprisionando o rei Vitige.

Segunda campanha persa[editar | editar código-fonte]

Em 540 d.C., Belisário, então em campanha na península Itálica, foi chamado de volta pelo imperador Justiniano, para enfrentar uma propalada ameaça persa que, na realidade, já se esboçava. Parece, porém, que foi o ciúme o motivo mais evidente dessa decisão, pois chegara aos ouvidos de Justiniano que os ostrogodos haviam feito propostas de paz baseadas na aceitação de Belisário como Imperador do Ocidente, como reconhecimento a tudo que tinha realizado.

Enquanto estava Belisário a caminho de sua pátria, Cosroes I, novo rei da Pérsia, repetiu a marcha pelo deserto já frustrada anteriormente, e conseguiu conquistar Antioquia. Tendo despojado de suas riquezas essa e outras cidades na atual Síria, aceitou a oferta de Justiniano de pagamento anual de grande quantia em troca de um novo tratado de paz. Justiniano economizou seu dinheiro, rasgando o tratado tão logo Cosroes I regressou à Pérsia e Belisário a Constantinopla. Assim, somente seus súditos saíram perdendo, como é normal no desenrolar das guerras.

Na campanha seguinte, o xá Cosroes I invadiu a Cólquida, no litoral do mar Negro, e conquistou a fortaleza bizantina de Petra. Ao mesmo tempo, Belisário chegava à fronteira oriental e tendo conhecimento de que Cosroes I partira para uma expedição distante, embora ainda não se soubesse exatamente onde, aproveitou-se imediatamente da oportunidade para uma invasão, de surpresa, ao território persa. Para aumentar o efeito dessa ação enviou seus aliados árabes a uma incursão, ao longo do rio Tigre, até a Assíria. Essa oportuna investida foi uma demonstração evidente do valor da ação indireta, visto que ameaçou a base do exército persa que invadira a Cólquida e, em consequência, obrigou Cosroes I a retornar às pressas a fim de evitar o corte de suas comunicações.

Pouco tempo depois, Belisário foi chamado de volta a Constantinopla e, desta vez, devido a perturbações internas. Durante sua ausência do Oriente, o rei persa realizara uma invasão da Palestina com o objetivo de conquistar Jerusalém, a mais rica cidade do Oriente, depois que Antioquia tinha sido destruída. Logo que esta informação foi conhecida Belisário foi enviado em socorro da Palestina. Desta vez Cosroes I dispunha de um exército muito poderoso, calculado em 200 mil homens, que não lhe permitia utilizar a rota do deserto; foi obrigado, em consequência, a subir pelo Eufrates até o interior da Síria, antes de voltar-se contra a Palestina.

Seguro do percurso que Cosroes I deveria realizar, Belisário concentrou as tropas de que dispunha, poucas mas bastante móveis, em Carquemis, no alto Eufrates, de onde poderia ameaçar o flanco da linha de penetração do invasor em seu ponto mais vulnerável, a inflexão para o sul. Quando sua presença foi comunicada a Cosroes I, este mandou um mensageiro a Belisário com o propósito ostensivo de discutir as condições para a paz, mas, na realidade, para avaliar o efetivo e o estado de espírito da força bizantina que possuía, em verdade, um décimo, ou melhor um vigésimo do efetivo do exército invasor.

Adivinhando a finalidade dessa missão, Belisário encenou uma "representação". Escolheu seus melhores homens, aí incluindo os contingentes de godos e vândalos que havia alistado a seu serviço depois de terem sido feitos prisioneiros e avançou na direção em que chegaria o enviado persa, a fim de que esse supusesse que estava sendo recebido em um posto avançado de um grande exército. Os soldados receberam instruções para que se espalhassem pela planície e se mantivessem em constante movimento de modo a aparentar maior número. Essa impressão foi intensificada pelo ar de descuidada confiança de Belisário e pelo despreocupado comportamento das tropas que assim demonstravam nada temer de um possível ataque. O relatório de seu enviado convenceu Cosroes I de que era muito arriscado prosseguir em sua invasão sob a ameaça de uma força tão formidável desdobrada no flanco de suas comunicações. Em seguida, manobrando sua cavalaria confusamente ao longo do Eufrates, Belisário iludiu os persas levando-os a executar uma retirada às pressas através do rio, de retorno à sua terra. Jamais uma invasão, potencialmente irresistível, foi mais economicamente derrotada. E esse resultado foi conseguido por ação indireta que, embora aproveitando-se de uma posição de flanco, de caráter geográfico, era puramente psicológica.

Últimos anos[editar | editar código-fonte]

Numa segunda expedição em 548, Belisário conquistou Roma, que permaneceu em poder bizantino durante décadas. No seu regresso a Constantinopla, recebeu o título mestre dos soldados do Oriente (magister militum per Orienten) e nesse cargo ocupou-se de defender a capital do Império contra um ataque que as fontes bizantinas definiram como hunos no ano 559 – na realidade tratava-se de uma coalizão de povos eslavos e búlgaros.

Em 562 foi acusado de participar numa conspiração contra Justiniano, sendo aprisionado. Seria libertado no ano seguinte, aparentemente pela influência da sua mulher Antonina. Uma lenda, já provada como falsa, afirma que Justiniano ordenou cegá-lo.

Belisário faleceu em 565, pobre. Foi retratado pelo pintor francês Jacques-Louis David pelo menos em dois quadros.

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Cônsul do Império Romano
Precedido por:
Imp. Caesar Flavius Petrus Sabbatius Iustinianus Augustus IV

com Flavius Decius Paulinus

Flávio Belisário
535


Sucedido por:
João da Capadócia
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