Papeceno de Otmus

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Babgeno)
Papeceno
Papeceno de Otmus
Bandeira da Igreja Apostólica Armênia
Nascimento
Otmus
Morte 515/516
Nacionalidade Armênio
Ocupação Bispo
Título
Religião Igreja Apostólica Armênia

Papeceno (em armênio/arménio: Բաբկեն Ոթմսեցի; romaniz.:Babgen/Papken Otmsetsi; m. 515/516) ou Apovipecenes (em latim: Apovipcenes),[1] foi o católico de todos os armênios da Igreja Apostólica Armênia de 490/491 a 515/516.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Papeceno nasceu na vila de Otmus, no cantão de Vananda, na região de Cars no noroeste da Armênia medieval.[2][3] Sucedeu em 490 ou 491[4] o católico João I Mandacúnio e, como seu antecessor, trabalhou em estreita colaboração com o marzobã Baanes I.[5] Em sua morte em 515/516, foi sucedido por Samuel de Arzeque.[6]

Papeceno é conhecido por convocar o Primeiro Concílio de Dúbio em 505/506, que reuniu em Dúbio, a sede catolicossal, armênios, ibéricos e albaneses.[6] A razão para esta reunião era a recepção do Henótico do imperador bizantino Zenão (r. 474–475; 476–491),[7] enquanto a Igreja Armênia e a Igreja Bizantina ainda estavam em comunhão,[8] de modo a combater as mudanças recentes na Igreja do Oriente, nomeadamente a introdução do nestorianismo por Barsauma.[9] O ato sinodal do conselho indica:

Os sínodos foram realizados em vários lugares, às vezes Bendosabora e às vezes em Assuristão pelos líderes desta seita sacrílega: Acácio, Barsauma, Mir-Narses (bispo de Zabe), João (bispo de Carca de Bete Seloque, metropolita de Bete Garmai), Paulo (bispo de Carca de Ledã), Mica (bispo de Lasom) e outros em comunhão com eles, que concordaram com os discursos e a impiedade de Nestório, Diodoro de Tarso e Teodoro de Mopsuéstia.[10]

O concílio, que não é documentado diretamente por uma carta de Papeceno preservada no Livro das letras da Igreja Armênia,[11] condenou veementemente o nestorianismo.[12] Embora esta carta não mencione uma única vez o nome "Calcedônia",[11] alguns historiadores, principalmente armênios, com base na História da Armênia do católico de todos os armênios João V de Drascanaquerta (século X), consideram que o concílio marca o rompimento da Igreja Armênia com o calcedonismo, enquanto outros autores, principalmente ocidentais, datam este evento no Segundo Concílio de Dúbio em 555; a historiadora Nina Garsoian argumenta que o fato remonta a 518, quando o imperador bizantino Justino I (r. 518–527) abandonou o Henótico de Zenão,[13] diferente de Anastácio I Dicoro (r. 491–518) que o seguiu.[14]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Precedido por
João I Mandacúnio
Católico de todos os armênios
490/491-515/516
Sucedido por
Samuel de Arzeque

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Boisson-Chernorhokian, Patricia (1996). «Vision chalcédonienne et non chalcédonienne de la liste des patriarches de l'Église arménienne jusqu'au xe siècle». In: Nina Garsoian. L'Arménie et Byzance : histoire et culture. Paris: Publicações da Sorbona. ISBN 2-85088-017-5 
  • Fortescue, Adrian (2001). Eastern Churches Trilogy: The Lesser Eastern Churches. Piscataway, Nova Jérsei: Gorgias Press. ISBN 0971598622 
  • Garsoian, Nina (1996). L'Arménie et Byzance : histoire et culture. Paris: Publications de la Sorbonne. ISBN 9782859443009 
  • Grousset, René (1947). Histoire de l’Arménie des origines à 1071. Paris: Payot 
  • Hovannisian, Richard G. (1997). Armenian People from Ancient to Modern Times vol. I: The Dynastic Periods: From Antiquity to the Fourteenth Century. Nova Iorque: Palgrave Macmillan. ISBN 978-1-4039-6421-2 
  • Lequien, Michel (1740). Oriens Christianus, in quatuor patriarchatus digestus. Paris: Tipografia Régia 

Referências

  1. Lequien 1740, p. xliii.
  2. Hovannisian 1997, p. 111.
  3. Boisson-Chernorhokian 1996, p. 38.
  4. Garsoian 1996, p. 100.
  5. Grousset 1947, p. 230.
  6. a b Grousset 1947, p. 236.
  7. Garsoian 1996, p. 104.
  8. Boisson-Chernorhokian 1996, p. 39.
  9. Fortescue 2001, p. 81.
  10. Garsoian 1996, p. 187.
  11. a b Garsoian 1996, p. 105.
  12. Dédéyan 2007, p. 199.
  13. Garsoian 1996, p. 111.
  14. Grousset 1947, p. 234.