Baruque

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Baruc ou Baruque ou Baruk ben Neriá[1] é um personagem bíblico, sendo também o nome de um dos livros deuterocanônicos, não um apócrifo, (assim considerados pela igreja católica romana) do Antigo Testamento da Bíblia, cuja autoria é atribuída ao próprio Baruque, que não era um simples escriba, mas um sofer, um alto funcionário da administração babilônica na Judeia[1].

Baruque teria sido um homem erudito e de família nobre, que foi secretário de Jeremias durante o Exílio na Babilônia do povo israelita na Babilônia.

Filho de Nerias, irmão de Seraías, amigo e secretário do profeta Jeremias (Jr 36:4 ss). Era homem erudito, de nobre família (Jr 51:59 ss), tendo servido fielmente ao profeta. Pelas instruções de Jeremias, escreveu Baruque as profecias daquele profeta, comunicando-as aos príncipes e governadores. E um destes foi acusar de traição o escrevente e o profeta Jeremias, mostrando ao rei, como prova das suas afirmações, os escritos, de que tinham conseguido lançar mão. Quando o rei leu os documentos, foi grande o seu furor. Mandou que fossem presos os dois, mas eles escaparam. Depois da conquista de Jerusalém pelos babilônios (586 a.C.), foi Jeremias bem tratado pelo rei Nabucodonosor - e Baruque foi acusado de exercer influência sobre Jeremias a fim de não fugirem para o Egito (Jr 43:3). Mas, por fim, foram ambos compelidos a ir para ali com a parte remanescente de Judá (Jr 43:6). Durante o seu encarceramento deu Jeremias a Baruque o título de propriedade daquela herdade que tinha sido comprada a Hanameel (Jr 32:8-12).

O Livro de Baruque

A obra possui seis capítulos, sendo que a autoria dos cinco primeiros é tradicionalmente atribuída à Baruque, enquanto que a autoria do sexto é atribuída a Jeremias.

A obra tem por objetivo mostrar como era a vida religiosa daquele povo, seus cultos e tem o mérito de conservar o sentimento religioso dos israelitas dispersos pelo mundo todo após a ruína de Jerusalém e a perda de quase todas as suas instituições. Mostra como eles conservaram viva a consciência de ser um povo adorador do verdadeiro Deus. Ao mesmo tempo, mostra a consciência que tinham do desastre nacional: não atribuem tudo isso à infidelidade de Javé; ao contrário, reconhecem que os males se originaram por culpa deles próprios: estão assim porque desprezaram a palavra dos profetas, rejeitaram a justiça e a verdadeira sabedoria. Mas, ao lado dessa consciência de seus pecados, conservam uma viva esperança, pois acreditam que Deus não abandona o seu povo e continua fiel às promessas. Se houver arrependimento e conversão, poderão confiar no perdão divino: serão reunidos de novo em Jerusalém, que é para sempre a cidade de Deus.

A carta do capítulo sexto é uma carta que nos leva aos templos pagãos, cujos ídolos estão empoeirados e carcomidos de cupim. Esses ídolos, apresentados de forma atraente e grandiosa, não têm vida, nem são capazes de produzir vida: "Não podem salvar ninguém da morte e nem podem livrar o fraco da mão do poderoso. Não são capazes de devolver a vista ao cego nem de livrar um homem do perigo; não têm compaixão pela viúva nem prestam qualquer ajuda ao órfão. Esses deuses de madeira prateada ou dourada parecem pedras tiradas do morro: quem se ocupa deles só vai passar vergonha. Como, então, pensar ou dizer que são deuses?" (Br 6:35-39)[2].

Estrutura da obra

O Livro de Baruc é composto de textos com gêneros literários diferentes[2], que não devem ser nem do mesmo autor nem da mesma época[3].

Pode-se dividir a obra em cinco partes:

  • 1. Capítulo 1:1-14: faz uma descrição da origem da obra, uma introdução (em prosa);
  • 2. Capítulos 1:15 a 3:8: há confissão dos pecados de Israel (1:15-2:10) e suas orações, pedindo perdão (2:11-3:8), foi escrita originalmente em hebraico (em prosa), e desenvolve a oração de Dn 9:4-19[4].
  • 3. Capítulos 3:9 a 4:4: Os profetas exortam o povo a parar de cometer erros e seguir os mandamentos dados (em poesia, no estilo dos livros sapienciais).
  • 4. Capítulos 4:4 a 5:9: O povo recebe por meio dos profetas a promessa de que será liberto do cativeiro (em poesia).
  • 5. Capítulo 6: Jeremias diz que o povo está idolatrando e que deve parar com isso (Carta de Jeremias - em poesia), na Septuaginta este capítulo é um livro a parte, enquanto que na Vulgata e nas Bíblias Católicas é o capítulo 6 do Livro de Baruc, parece ter sido escrita originalmente em hebraico e 2Mc 2:1-3 parece referir-se a ela[4].

Alguns capítulo dos livros de Baruque são conhecidos por nomes individuais:

  • 1 Baruque: Livro de Baruque.
  • 2 Baruque: Apocalipse siríaco de Baruque. Os capítulos 78-87 são também conhecidos por Carta de Baruque à tribo dos nove e meio.
  • 3 Baruque: Apocalipse de Baruque ou Apocalipse grego de Baruque.
  • 4 Baruque: Paralipomena de Jeremias aparece como título em diversos manuscritos antigos gregos deste capítulo, significando "coisas deixadas de fora de (do livro de) Jeremias".

Autoria

Embora a introdução (1:1-14) sustente que foi escrito por Baruc e enviado a Jerusalem para ser lido nas assembléias litúrgicas, há estudos que indicam que os textos não foram escritos pelo próprio Baruc, o secretário de Jeremias, e que, provavelmente, foram escritos no século II AC[2] ou em meados do séc I AC[5].

Ver também

Referências

  1. a b Tradução Ecumênica da Bíblia, Ed. Loyola, São Paulo, 1994, p 710
  2. a b c Baruc, Edição Pastoral da Bíblia, acessado em 15 de agosto de 2010
  3. Tradução Ecumênica da Bíblia, cit., p 1.815
  4. a b Bíblia de Jerusalém, Nova Edição Revista e Ampliada, Ed. de 2002, 3ª Impressão (2004), Ed. Paulus, São Paulo, p 1.242
  5. Bíblia de Jerusalém, cit., pp 1.241-1.242


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