Basílica e Convento de Nossa Senhora do Carmo

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Basílica e Convento de Nossa Senhora do Carmo
Basílica e Convento de Nossa Senhora do Carmo
Fachada da basílica e o Pátio do Carmo.
Tipo
Website http://basilicadocarmorecife.org.br
Geografia
País Brasil
Região Pernambuco
Coordenadas 8° 03' 58" S 34° 52' 48" O

A Basílica e Convento de Nossa Senhora do Carmo é um conjunto arquitetônico católico pertencente à Ordem Carmelita, localizado na cidade do Recife, em Pernambuco, Brasil.[1][2][3][4]

O imponente frontispício da Basílica do Carmo possui muitas volutas esculpidas em pedra, e a torre, de 50 metros de altura — a mais alta torre barroca do Brasil —, é encimada por um dos mais elaborados bulbos do estilo no país. No interior, a decoração em talha dourada e a estatuária são de valor inestimável, destacando-se a capela-mor e seu fabuloso retábulo com imagens de Nossa Senhora do Carmo e dos profetas Elias e Eliseu.[2]

No seu pátio, a cabeça do líder quilombola Zumbi dos Palmares ficou exposta até completa decomposição.[5] No convento, encontram-se enterrados os restos mortais de Frei Caneca.[6]

Histórico[editar | editar código-fonte]

Capela-mor da Basílica do Carmo.

Os primeiros frades Carmelitas chegaram ao Brasil em 1580, vindos de Portugal. Em 1584, com a fundação de um convento em Olinda, o primeiro do país, realizou-se a primeira festividade brasileira em honra a Nossa Senhora do Carmo.

Após a expulsão dos holandeses em 1654, a Ordem do Carmo se estabeleceu no Recife e a Câmara de Olinda doou aos religiosos carmelitas o Palácio da Boa Vista (ou Reduto da Boa Vista), construído por João Maurício de Nassau em 1643, no qual foi instalado um hospício com capela. O Convento de Nossa Senhora do Carmo foi posteriormente construído aproveitando parte do torreão central do Palácio da Boa Vista.[7][8]

Em 1665, o Capitão Diogo Cavalcanti Vasconcelos deu início às obras de construção da igreja, mandando executar, às suas expensas, a capela-mor, sem a licença real que, requerida em 1674, só foi concedida em 8 de março de 1687. A nave do templo foi terminada em 1742, e em 1754 foi colocado o sino na torre, sendo o frontispício concluído em 1767. A conclusão do convento deu-se antes, em 1730.[9]

Os carmelitas do Recife tiveram sua vida de clausura interrompida em 1817, quando o governador Luís do Rego Barreto, algoz da Revolução Pernambucana, ordenou a transformação do Convento do Carmo em quartel e hospital militar. A devolução do convento aos religiosos só ocorreu em 1846. Além dos danos materiais no prédio como a deterioração de painéis azulejares, pinturas e talhas, os carmelitas perderam sua grande biblioteca, que funcionava em amplo salão, no pavilhão superior do convento. Ao se retirarem em 1817, rumo à casa da Paraíba, os religiosos levaram algumas caixas com livros. Os que ficaram, desapareceram.[2]

Foi no Convento do Carmo que Frei Caneca fez seus votos religiosos e ordenou-se sacerdote, e onde está enterrado, embora se desconheça o local exato do sepultamento.[2]

Em 1909 a Virgem do Carmo foi proclamada Padroeira do Recife e, no dia 21 de setembro de 1919, foi coroada canonicamente. Em 1917, a igreja foi agregada à Basílica de São Pedro, no Vaticano, e em 1922, elevada à condição de Basílica.[2]

A Basílica e o Convento do Carmo foram tombados em 5 de outubro de 1938 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).[2]

Arquitetura[editar | editar código-fonte]

Mapa
Basílica e Convento de Nossa Senhora do Carmo, no Bairro de Santo Antônio do Recife. Os restos do Reduto da Boa Vista estão assinalados no ângulo superior esquerdo (ângulo noroeste) do Convento do Carmo.

A igreja segue o estilo barroco. O corpo principal tem dois pavimentos, ambos com três aberturas de arco abatido e ornamentos em cantaria. No piso superior, entre as janelas, encontram-se dois nichos com estátuas, interligados na parte superior a óculos obturados com grades, e também emoldurados. Acima, frontíspício triangular de vértices truncados e lados curvos, com brasão da Ordem, pesadas volutas floreadas, e culminando com um nicho com imagem de Nossa Senhora, pináculos e uma cruz. Lateralmente a igreja possui duas torres, sendo que a da direita apresenta acabamento em cúpula semiesférica (escondida por platibanda semelhante à de templos românicos como a Igreja de Santo Estêvão em Lisboa), e a da esquerda, com cerca de 50 metros de altura, ergue-se em quatro pisos, com aberturas de forma e tamanho variáveis: a da base é uma porta com arco pleno, e acima abrem-se, sucessivamente, uma porta de arco abatido, com balaústre, um óculo simples, e uma janela sineira também em arco pleno. Coroando a torre, cúpula com diversas cornijas ornamentadas superpostas, óculos, pináculos e cruz.

No interior sua decoração é de valor inestimável. Entre os pontos altos destacam-se os doze altares secundários e a capela-mor, com seu fabuloso retábulo com uma imagem em tamanho natural de Nossa Senhora do Carmo, cercada por anjos e ladeada por imagens dos profetas Elias (com espada e capela) e Eliseu (com jarro), numa moldura de luxuriante trabalho de talha dourada. Os altares laterais também são ricamente decorados, destacando-se aqueles situados no lado esquerdo: o de Santa Teresa, São Crispim e São Crispiniano; o de Nossa Senhora da Conceição, São João e Santo Ângelo; e o da Sagrada Família ladeada por São Joaquim e Nossa Senhora de Santana. No transepto, os altares ou capelas são dedicados ao Santíssimo Sacramento (direito) e a São José (esquerdo).

Várias intervenções realizadas nos séculos XIX e XX acabaram por descaracterizar alguns aspectos originais do interior, sobretudo a pintura das talhas. Praticamente toda a Basílica foi repintada de branco e dourado. Um projeto de restauração recente, que removeu as camadas de repintura, revelou toda a beleza da decoração marmoreada típica do século XVIII, sendo a Basílica reinaugurada em 6 de julho de 2001, após três anos de trabalhos. Outras alterações no altar-mor incluíram a entronização da atual imagem de Nossa Senhora, uma outra de Cristo e a instalação de um relicário para guarda das hóstias. A restauração da capela também contemplou o cadeiral de jacarandá, com a recomposição de partes perdidas da madeira e a recuperação dos seis painéis com imagens de santos e das seis tribunas com balaústres que ficam acima do cadeiral.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Passeio mostra igrejas barrocas do Recife neste sábado». Pernambuco.com. Consultado em 12 de maio de 2015 
  2. a b c d e f IPHAN. Recife: Convento e Basílica Nossa Senhora do Carmo (PDF). Rio de Janeiro: IPHAN. Consultado em 6 de abril de 2019 
  3. «IBGE | Biblioteca | Detalhes | [Basílica e Convento] Nossa Senhora do Carmo : Recife, PE». biblioteca.ibge.gov.br. Consultado em 7 de abril de 2019 
  4. «A Basílica :: Basílica do Carmo». basilica-do-carmo.webnode.com. Consultado em 7 de abril de 2019 
  5. «"Missa dos Quilombos" retorna globalizado». Folha de S.Paulo. Consultado em 27 de julho de 2019 
  6. «Frei Caneca». Fundação Joaquim Nabuco. Consultado em 27 de julho de 2019 
  7. «IBGE | Biblioteca | Detalhes | Palácio de Boa Vista : Recife, PE». biblioteca.ibge.gov.br. Consultado em 7 de abril de 2019 
  8. «Palácio da Boa Vista». basilio.fundaj.gov.br. Consultado em 7 de abril de 2019 
  9. «Conjunto Arquitetônico do Carmo do Recife: cronologia histórica no Arquivo Central do IPHAN». VI Congresso Internacional de História. Consultado em 13 de dezembro de 2019 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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