Jorge Ben Jor

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Jorge Ben Jor
Jorge Ben Jor
Jorge Ben Jor em 2008.
Informação geral
Nome completo Jorge Duílio Lima Meneses
Também conhecido(a) como
Nascimento 22 de março de 1939 (85 anos)[nota 1]
Local de nascimento Rio de Janeiro, DF
Brasil
Nacionalidade brasileiro
Gênero(s)
Ocupação(ões)
Instrumento(s)
Período em atividade 1963 – presente
Gravadora(s)
Afiliação(ões)

Jorge Duílio Lima Meneses OMC (Rio de Janeiro, 22 de março de 1939),[nota 1] conhecido como Jorge Ben e Jorge Ben Jor, é um violonista, pandeirista, guitarrista, percussionista, cantor e compositor brasileiro. Em 2008 a revista Rolling Stone Brasil o nomeou como o 5º maior artista da história da música brasileira.[4]

Seu estilo característico possui diversos elementos, entre eles: rock and roll, samba, samba rock,[nota 2] bossa nova, jazz, maracatu, funk, ska e até mesmo hip hop, com letras que misturam humor e sátira, além de temas esotéricos. A obra de Jorge Ben tem uma importância singular para a música brasileira, por incorporar elementos novos no suingue e na maneira de tocar violão, com características do rock, soul e funk norte-americanos. Além disso, trouxe influências árabes e africanas, oriundas de sua mãe, nascida na Etiópia.[5]

Influenciou o sambalanço e o samba-rock e foi regravado e homenageado por inúmeros expoentes das novas gerações da música brasileira, como Mundo Livre S/A, Os Paralamas do Sucesso, Skank, Fernanda Abreu, Racionais MC's e Belô Velloso. Jorge Ben Jor explodiu com a música "Mas Que Nada" e, logo em seguida, ratificou seu talento com outro grande sucesso, "Chove Chuva". Duas canções que não eram nem bossa nova, nem samba. Os puristas achavam que sua música era moderna demais. Era difícil para os músicos da época acompanhá-lo, tanto assim que seus primeiros discos foram gravados com um conjunto que tocava samba jazz no Beco das Garrafas, o Meirelles e os Copa 5, liderado pelo saxofonista J. T. Meirelles.

Infância e adolescência[editar | editar código-fonte]

Carioca de Madureira, mas criado no Rio Comprido, é filho de Augusto Menezes e da etíope Silvia Saint Ben Lima.[6][nota 3] Jorge Ben queria ser jogador de futebol e chegou a integrar o time infanto-juvenil do Flamengo, mas acabou seguindo o caminho da música, presente em sua vida desde criança. Também frequentou por dois anos o Seminário São José do Rio de Janeiro, onde aprendeu latim e canto gregoriano, mas não continuando a carreira para o sacerdócio católico.[8] Ganhou seu primeiro pandeiro aos treze anos de idade e, dois anos depois, já cantava no coro da igreja. Também participava como tocador de pandeiro em blocos de carnaval. Aos dezoito, ganhou um violão de sua mãe e começou a se apresentar em festas e boates, tocando bossa nova e rock and roll. É conhecido como Babulina, por conta da pronúncia do rockabilly "Bop-A-Lena" de Ronnie Self (apelido que Tim Maia tinha pelo mesmo motivo).[9] Ao passar a ter interesse pela música, o artista vivenciou uma época na qual a bossa nova predominava no mundo. A exemplo da maioria dos músicos de então, ele foi inicialmente influenciado por João Gilberto, mas, desde o início, foi bastante inovador. Outras influências incluem o baião de Luiz Gonzaga e o rock de Little Richard.[10]

Carreira[editar | editar código-fonte]

O início com o sucesso de "Mas que Nada"[editar | editar código-fonte]

No início dos anos 1960, apresentou-se no Beco das Garrafas, que se tornou um dos redutos da bossa nova. Em 1963, ele subiu no palco e cantou "Mas que Nada" - que já tinha gravado como vocalista do conjunto do organista Zé Maria, para uma pequena plateia, que incluía um executivo da gravadora Philips. Dois meses depois, era lançado o primeiro compacto de Jorge Ben, que inclui ainda "Por Causa de Você Menina". No mesmo ano lançou o primeiro LP, Samba Esquema Novo, acompanhado pelo conjunto de samba jazz Meirelles e os Copa Cinco.[11] Nessa época, Jorge Ben tornou-se unânime entre os críticos musicais da época, pois vinha com uma batida nova, o chamado samba rock, que agradava ao mesmo tempo grupos extremos como a bossa nova e a Jovem Guarda. "Mas que Nada" foi seu primeiro grande sucesso no Brasil e também é uma das canções em língua portuguesa mais executadas nos Estados Unidos até hoje, na versão do pianista brasileiro Sérgio Mendes com o grupo de hip hop norte-americano Black Eyed Peas. E também foi uma das poucas a obterem êxito nesse país (como "Garota de Ipanema"), tendo ainda sido regravada por artistas como Ella Fitzgerald, Dizzy Gillespie, Al Jarreau, Herb Alpert, José Feliciano, Trini Lopez, Belle & Sebastian,[12] Coldplay (este, no festival Rock in Rio de 2011)[13] e Red Hot Chili Peppers(este, no festival Lollapalooza de 2018).[14] Outras composições como "Zazueira" e "Nena Naná" fizeram relativo sucesso no país. Seu ritmo híbrido lhe trouxe alguns problemas no início, quando a música brasileira estava dividida entre a Jovem Guarda e a MPB tradicional, de letras engajadas.

Era de Festivais e fase esotérica-experimental[editar | editar código-fonte]

Jorge Ben, 1972. Arquivo Nacional.

Em 1968, Jorge Ben foi convidado para o programa Divino, Maravilhoso que Caetano Veloso e Gilberto Gil faziam na Rede Tupi. Ele também participou de "O Fino da Bossa" (comandado por Elis Regina e Jair Rodrigues) e da Jovem Guarda (de Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa). Nesta época, Jorge Ben obteve enorme sucesso com as músicas "Cadê Tereza?", "País Tropical", "Que Pena" e "Que Maravilha", além de concorrer com "Charles, Anjo 45" no festival Internacional da Canção, da TV Globo, em 1969. Na década de 1970, venceria este festival com "Fio Maravilha", interpretado por Maria Alcina. "País Tropical" também teve êxito, na voz de Wilson Simonal. Ainda nos anos 1970, Jorge Ben lançou álbuns mais esotéricos e experimentais, como A Tábua de Esmeralda (1974), Solta o Pavão (1975) e África Brasil (1976). Embora não tenham obtido sucesso comercial, estes álbuns são, hoje, considerados clássicos da música brasileira. África Brasil também apresenta um remake de sua canção lançada anteriormente "Taj Mahal". Com seu sucesso comercial e reprodução contínua de rádio, a melodia foi copiada em "Da Ya Think I'm Sexy?" de Rod Stewart (1979). Ben processou por plágio e Stewart resolveu o processo e doou os royalties do single para a UNICEF.[15]

Mudança de nome e fase pop[editar | editar código-fonte]

Na década seguinte, Jorge Ben dedicou-se a divulgar suas músicas no exterior. Em 1989, ele mudou o nome artístico de Jorge Ben para Jorge Benjor, logo depois alterado para Jorge Ben Jor. Na época, foi especulado que a mudança teria sido provocada pela numerologia, mas o mais plausível é que tenha ocorrido para evitar confusões com o músico americano George Benson, pois Jorge Ben estava começando a se tornar muito conhecido nos Estados Unidos na época.[16] Nesta nova fase, sua música tornou-se mais pop, ainda que com groove. Ele afirma ter começado a usar guitarra elétrica por não conseguir ouvir o som do violão nos shows.[17] Sua música "W/Brasil (Chama o Síndico)", lançada em 1990, estourou nas pistas de dança em 1993, tornando-se uma verdadeira febre na época. A canção é também uma homenagem ao cantor Tim Maia. Além disso, foi realizada devido a um pedido pessoal de Washington Olivetto, proprietário da agência de propaganda W/Brasil, que lhe pediu para criar uma música sobre a agência. Em 2004, Jorge Ben Jor lançou Reactivus Amor Est (Turba Philosophorum), primeiro álbum com canções inéditas desde 1995.

Ainda na ativa, seus shows costumam durar cerca de três horas, para plateias formadas principalmente por jovens.[carece de fontes?] Fez uma participação especial no DVD 1000 Trutas, 1000 Tretas de 2006, do grupo de rap Racionais MC's, onde cantou a música "Abenção Mamãe, Abenção Papai".

Em 2012, participou do Luau MTV, contudo, a gravação não foi lançada em CD ou DVD.[18]

Em 14 de fevereiro de 2018, lançou o single "São Valentim", inspirado no santo católico de mesmo nome, a data em homenagem ao santo é usada para comemorar o Dia dos Namorados em vários países do mundo.[19]

Controvérsia em relação ao ano de nascimento[editar | editar código-fonte]

Desde o início de sua carreira, Jorge Ben Jor foi apresentado na imprensa como tendo nascido em 1944 (entrevista para a Revista do Rádio em 1963 que cita a data de 2 de dezembro de 1944 e o seu nome completo como sendo "Jorge Lima Menezes"[20]) ou 1943 (em entrevista para o Jornal do Brasil em 1970[21] e para a revista Manchete em 1973[22]).

Em 2012, estabeleceu-se uma controvérsia sobre a idade do cantor a partir da celebração dos seus setenta anos por diversos portais, canais de televisão e fã-clubes através de menções e especiais. Entretanto, a assessoria de imprensa do músico rapidamente divulgou que o ano correto de nascimento do compositor carioca era 1945. De um modo geral, a imprensa contestou a afirmação, apresentando tanto incongruências com entrevistas dadas no início da carreira, quanto a improbabilidade de Jorge ter lançado seu primeiro disco, Samba Esquema Novo, aos dezoito anos ou de ter feito parte da Turma do Divino com Tim Maia, Roberto Carlos e Erasmo Carlos, que haviam nascido no início da década de 1940.[23][3] Assim, em 2015 houve significativamente menos lembranças pelos setenta anos do cantor, inclusive com parte da imprensa especializada ironizando a situação, escrevendo que o compositor carioca estaria completando aquele marco "segundo as suas contas".[24]

Finalmente, em novembro de 2020, foi lançado o livro África Brasil – Um dia Jorge Ben voou para toda a gente ver, que analisa o álbum África Brasil - considerado um divisor na carreira do músico. A autora, a jornalista musical Kamille Viola,[25] após extensa pesquisa nos registros civis, encontrou uma certidão de nascimento que confirma a data de 22 de março de 1939 como sendo a correta. Logo, a biógrafa e diversos jornalistas especializados consideraram extremamente provável ser este documento a prova definitiva do ano de nascimento do artista carioca devido a existência de inconsistências apenas mínimas, normais para um documento da época. Apesar disto, o cantor e compositor continua sustentando o ano de 1945 como o correto.[2][3]

Discografia[editar | editar código-fonte]

Estúdio[editar | editar código-fonte]

Ao vivo[editar | editar código-fonte]

Compilações[editar | editar código-fonte]

  • 1993 - Grandes Mestres da MPB
  • 1993 - Grandes Mestres da MPB Vol. 2
  • 1993 - E-Collection
  • 1993 - Música!
  • 1996 - Obras-Primas
  • 2000 - Puro Suingue
  • 2001 - Jorge Ben Jor Sem Limite
  • 2006 - Football & Samba Groove Association
  • 2015 - Alô Alô Jorge Ben Jor
  • 2015 - iCollection
  • 2015 - A Arte de Jorge Ben Jor

Notas e referências

Notas

  1. a b O ano de nascimento do artista tem sido objeto de controvérsias (abordadas em seção própria abaixo), com a imprensa especializada mencionando 1939 ou 1942. A jornalista musical Kamille Viola, biógrafa de Jorge Ben Jor, para produzir o livro África Brasil: um dia Jorge Ben voou para toda a gente ver (2020), realizou uma extensa pesquisa, tendo acesso à certidão de nascimento, com "a data provável do nascimento" 22 de março de 1939. Contudo, Jorge insiste que nasceu em 1945.[2][3]
  2. Termo que não gosta de usar.[5]
  3. Outras fontes indicam que o nome de sua mãe era Sebastiana Lima de Menezes[2] ou segundo declarações de Jorge, Sílvia Duílio Saint Bem Zabella Lima de Menezes.[7]

Referências

  1. Janaína Medeiros. Editora Terceiro Nome, ed. Funk carioca: crime ou cultura? : o som dá medo e prazer. 2006. [S.l.: s.n.] ISBN 9788587556745 
  2. a b c «Jorge Ben Jor revela idade real após contradição com certidão de nascimento». tvefamosos.uol.com.br. 29 de novembro de 2020. Consultado em 17 de dezembro de 2020 
  3. a b c Mauro Ferreira (17 de novembro de 2020). «Jorge Ben Jor tem voo musical e político historiado em livro que o investiga a partir do álbum 'África Brasil'». G1. Consultado em 17 de dezembro de 2020 
  4. Da redação (15 de outubro de 2008). «Revista escolhe os 100 maiores da música brasileira;». Bol. Consultado em 17 de janeiro de 2023 
  5. a b «O Homem Patropi». Revista Trip. 183. Trip Editora e Propaganda SA. 10 de novembro de 2009. pp. 15 a 26. ISSN 1414-350X 
  6. «Jorge Ben Jor, Skank e Céu se apresentam em Fortaleza em maio». Ceará. 8 de fevereiro de 2017. Consultado em 17 de dezembro de 2020 
  7. Teles, José (26 de novembro de 2020). «África Brasil, de Jorge Ben Jor, é dissecado em livro». JC. Consultado em 20 de dezembro de 2020 
  8. «Jorge Ben Jor, o homem patropi». Revista Trip. 10 de novembro de 2009. Consultado em 17 de outubro de 2013 
  9. Sintoniafina - Gazeta Mercantil, caderno Fim de Semana, Perfil, "Poeta da simpatia e da energia".[ligação inativa] - atualiazada em 11/02/2006, pág. 5
  10. «Jorge Ben Jor». Roda Viva (programa de televisão)-FAPESP. Consultado em 21 de dezembro de 2020 
  11. Tárik de Souza. Editora 34, ed. Tem mais samba: das raízes à eletrônica. 2003. [S.l.: s.n.] 16247 páginas. ISBN 9788573262872 
  12. «Grupo Belle & Sebastian retorna à cidade depois de nove anos». VEJA SÃO PAULO. Consultado em 21 de dezembro de 2020 
  13. «Com música de Jorge Ben Jor e homenagem a Amy, Coldplay encerra sexto dia do Rock in Rio». GZH. 2 de outubro de 2011. Consultado em 21 de dezembro de 2020 
  14. «Red Hot Chili Peppers faz show 'no automático' com cover de Jorge Ben Jor para fechar 1º dia de Lolla». G1. Consultado em 21 de dezembro de 2020 
  15. «The Time Rod Stewart Accidentally Stole A Jorge Ben Song». Vinyl Me Please (em inglês). 25 de junho de 2019. Consultado em 24 de dezembro de 2020 
  16. O alquimista lança o som do verão. Revista Veja (24 de novembro de 1993).
  17. Jorge Ben Jor: cadê o novo do preferido da MPB?
  18. Há onze anos sem lançar disco, Jorge Ben Jor anuncia a edição de música inédita
  19. Jorge Ben Jor lança novo single em homenagem a São Valentim
  20. «Jorge Ben agita o mundo artístico». Revista do Rádio, ano XVI, edição 732, página 24/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 28 de setembro de 1963. Consultado em 2 de janeiro de 2022 
  21. Míriam Alencar (23 de março de 1970). «O mundo (nem sempre) alegre do Pá-tropi». Jornal do Brasil, ano LXXIX, edição 295, Caderno B, página 1/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 2 de janeiro de 2022 
  22. José Maria dos Santos (10 de novembro de 1973). «Jorge Ben:"sou um operário da música"». Manchete, ano 21, edição, 1125, página 52/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 2 de janeiro de 2022 
  23. «Jorge Ben Jor nega a idade que Tim Maia não alcançou». O Globo. 23 de junho de 2012. Consultado em 17 de dezembro de 2020 
  24. Júlio Maria (22 de março de 2015). «Jorge Ben Jor completa hoje, segundo suas contas, 70 anos de idade». Estadão.com.br. Consultado em 17 de dezembro de 2020 
  25. Kamille Viola: “África Brasil” e a sonoridade de Jorge Ben
Bibliografia
  • MORAIS JUNIOR, Luís Carlos de. O Sol nasceu pra todos: A História Secreta do Samba. Rio de Janeiro: Litteris, 2011.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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