Berigo

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Berigo
Rei gótico
Reinado século III
Sucessor(a) ? (próximo mencionado: Gadarico, o Grande)
Religião paganismo gótico
Cultura de Vilemberga (vermelho) em princípios do século III. Sua área é costumeiramente identificada como a Gotiscandza de Jordanes[1]

Berigo, Berico ou, conforme aparece em De origine actibusque Getarum, de Jordanes (c. 551), Berig [2] foi um lendário rei dos godos.

Vida[editar | editar código-fonte]

Segundo o relato, liderou seu povo em três navios de Escandza (Escandinávia) para Gotiscandza (bacia do Vístula). Eles assentaram-se e então atacaram os rúgios, que viviam na costa, expulsando-os de seus domínios; depois, derrotariam seus novos vizinhos, os vândalos.[3] A arqueologia, no entanto, contradiz esse relato ao demonstrar que a transição da Cultura de Oksywie à de Vilemberga foi pacífica e sua cronologia coincide com o aparecimento de nova população de origem escandinava em áreas antes inabitadas ("terras de ninguém") entre as zonas das culturas de Oksywie e de Przeworsk.[4]

O arcebispo sueco do século XVI de Upsália, João Magno, em sua história dos suecos e godos, foi o primeiro a publicar uma canção conhecida como "Balada de Érico", sobre um antigo rei gótico chamado Érico, que mantêm algumas similaridades com Berigo. Originalmente pensou-se que a obra continha registro autêntico da tradição oral sobre o rei, mas é agora reconhecida como falsa.[5][6]

Nome e família[editar | editar código-fonte]

Segundo alguns autores, seu nome tem como raiz o gótico Bairika (Pequeno urso).[7] O historiador dinamarquês Arne Søby, por outro lado, propôs que Cassiodoro, autor do texto em que Jordanes baseou sua obra, inventou-o, com inspiração no nome Berico/Verica (em grego: Βέρικος; romaniz.:Bérikos).[8] Segundo Herwig Wolfram, talvez os dois reis mencionados após Berigo na Gética, Gadarico, o Grande e Filímero, sejam seus parentes.[9]

Referências

  1. Wolfram 1990, p. 38.
  2. Iordanes. De origine actibusque Getarum.
    Citação: IV 25. "Ex hac igitur Scandza insula quasi officina gentium aut certe ve-lut vagina nationum cum rege suo nomine Berig Gothi quondam me-morantur egressi: qui ut primum e navibus exientes terras attigerunt, ilico nomen loci dederunt. nam odi-eque illic, ut fertur, Gothiscandza vocatur."
    Tradução: "Dessarte, os godos se recordam de partir outrora dessa ilha Scandza – quase uma fábrica de povos ou, certamente, um nascedouro de nações – com seu rei de nome Berig. Quando os líderes saíram dos navios e chegaram a terra, de imediato deram nome ao local; do qual se diz, até hoje, ser chamado Gothiscandza." Cf. Jordanes; Sartin, Gustavo H.S.S.. "De origine actibusque Getarum/ Sobre as Origens e Feitos dos Godos: tradução e comentários filológico-tradutórios da introdução geográfica". Scientia Traductionis, n.11, 2012 doi:http://dx.doi.org/10.5007/1980-4237.2012n11p330
  3. Jordanes, IV.25-26.
  4. Kokowski 1999.
  5. Jonsson 1967, p. 676-681.
  6. «Eriksvisan» (em inglês). Consultado em 29 de março de 2015 
  7. Maenchen-Helfen 1973, p. 406.
  8. Christensen 2002, p. 303.
  9. Wolfram 1990, p. 34.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Christensen, Arne Søby (2002). Cassiodorus, Jordanes and the History of the Goths: Studies in a Migration Myth. Copenhague: Museum Tusculanum Press. ISBN 8772897104 
  • Jonsson, Bengt R. (1967). Svensk balladtradition. Estocolmo: Svenskt Visarkiv 
  • Kokowski, Andrzej (1999). Archäologie der Goten. Goten im Hrubieszow-Becken. Lublin: IdeaMedia. ISBN 83-907341-8-4 
  • Maenchen-Helfen, Otto J. (1973). The World of the Huns: Studies in Their History and Culture. Berkeley, Los Angeles e Londres: University of California Press. ISBN 9780520015968