Bernard Bolzano

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Bernhard Bolzano)
Bernard Bolzano
Bernard Bolzano
Teorema de Bolzano-Weierstrass
Nascimento 5 de outubro de 1781
Praga
Morte 18 de dezembro de 1848 (67 anos)
Praga
Sepultamento Cemitérios Olšany
Nacionalidade Boémia
Cidadania Reino da Boémia
Alma mater
Ocupação matemático, lógico, filósofo da ciência, teólogo, padre, historiador, epistemologista, filósofo, professor, padre, estético, professor, sacerdote
Empregador(a) Universidade Carolina
Orientador(a)(es/s) Franz Josef von Gerstner
Orientado(a)(s) Robert von Zimmermann
Campo(s) matemática
Tese 1805: Betrachtungen über einige Gegenstände der Elementargeometrie
Obras destacadas Paradoxos do Infinito, Definição de limite (ε, δ)
Religião Igreja Católica
Ideologia política liberalismo clássico

Bernard Placidus Johann Nepomuk Bolzano (Praga, Boémia, actual República Checa, 5 de outubro de 1781 — Praga, 18 de dezembro de 1848) foi um padre católico, matemático, teólogo e filósofo da antiga Boémia, que pesquisou também problemas ligados ao espaço, à força e à propagação de ondas.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Filho de um comerciante de artes católico, foi educado na Universidade de Praga. Depois de estudar teologia, filosofia e matemática, foi ordenado sacerdote da Igreja Católica em 1805, e foi designado para uma cadeira de filosofia da religião, recém criada para combater o ateísmo e as ideias oriundas da Revolução Francesa. Defendeu abertamente uma reforma educacional, proclamou os direitos da consciência individual sobre as exigências do governo austríaco, e discursou sobre os absurdos da guerra e do militarismo. Em 1819 foi proibido de exercer qualquer actividade académica por causa das posições críticas sobre as condições sociais vigentes no Império Austríaco e em 1824 foi obrigado, por pressão do Imperador Franz I da Áustria, a aposentar-se.

Sepultura no Cemitério de Olšany em Praga

Foi no período de proibição, em que passou a ser sustentado por amigos e por ex-alunos, que Bolzano escreveu sua principal obra filosófica, o "Wissenschaftslehre" (Doutrina da Ciência), que viria a influenciar o desenvolvimento da semântica moderna e que seria apontada por muitos como sendo a primeira obra a localizar as fontes do conhecimento humano na linguagem. Embora Bolzano estivesse distante do grande centro científico de sua época (Paris), seus estudos científicos foram muito avançados para o seu tempo, nos fundamentos de vários ramos da matemática, como a teoria das funções, a lógica e a noção de cardinal. Depois de demonstrar o teorema do valor intermediário, deu o primeiro exemplo de uma função contínua não derivável em nenhum ponto do conjunto dos números reais. No campo da lógica, estudou a tabela de verdade de uma proposição e introduziu a primeira definição operativa de dedutibilidade. Estudou os conjuntos infinitos, e no seu "Paradoxos do Infinito" lançou as bases para a construção da teoria dos conjuntos por Georg Cantor.

Legado filosófico[editar | editar código-fonte]

A obra postumamente publicada de Bolzano Paradoxien des Unendlichen (Paradoxos do Infinito) (1851) foi extremamente admirada por muitos dos lógicos eminentes que vieram subsequentemente, incluindo Charles Sanders Peirce, Georg Cantor e Richard Dedekind. A principal reivindicação de fama de Bolzano, no entanto, é sua Wissenschaftslehre (Teoria da Ciência),em 1837, um trabalho em quatro volumes que cobriam não apenas a filosofia da ciência no sentido moderno, mas também a lógica, a epistemologia e a pedagogia científica. A teoria lógica que Bolzano desenvolveu neste trabalho passou a ser reconhecida como inovadora. Outras obras são um Lehrbuch der Religionswissenschaft (Livro da Ciência da Religião) e a obra metafísica Athanasia, uma defesa da imortalidade da alma. Bolzano também fez um valioso trabalho em matemática, que permaneceu praticamente desconhecido até que Otto Stolz redescobriu muitos de seus artigos perdidos e republicou-os em 1881.

Seu trabalho foi redescoberto por Edmund Husserl[1] e Kazimierz Twardowski,[2] ambos estudantes de Franz Brentano. Por meio deles, Bolzano tornou-se uma influência formativa tanto na fenomenologia quanto na filosofia analítica.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • BOLZANO, B. Theory of science. TERRELL, B. Boston and Dordrecht: D. Reidel Publishing Company, 1973.
  • CLÍMACO, H. Prova e Explicação em Bernard Bolzano. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Mato Grosso, 2007.
  • GEORGE, R.; RUSNOCK, P. Resenha de “The Semantic Tradition from Kant to Carnap: To the Vienna Station”, de Albert *Coffa. In: Philosophy and Phenomenological Research, Vol. LVI, No. 2, 1996.
  • HUISMAN, Denis. Dicionário dos Filósofos. Martins Fontes: São Paulo, ano desconhecido.
  • KITCHER, P. (1975). Bolzano’s ideal of algebraic analysis. Studies in the History and Philosophy of Science, v. 6, n. , p. 229-267, 1975.
  • LAPOINTE, S. Introduction: Bernard Bolzano: contexte et actualité. In: LAPOINTE, S. Bernard Bolzano: philosophie de la logique et théorie de la connaissance. Philosophique v. 31, p. 3-17. Printemps: 2003.
  • MANCOSU, P. Bolzano and Cournot on mathematical explanation. Revue d’Histoire des Sciences, v. , n. 52, p. 429-455, 1999.
  • OTTE, M. Mathematical History, Philosophy and Education. In: Studies in Mathematics 2007a.
  • ______. Certainty and explanation in mathematics. In: CONFERÊNCIA INTERNATIONAL PERSPECTIVES ON MATHEMATICAL *PRACTICES. Bruxelas, 26 a 28 de março de 2007. Anais… Bruxelas, 2007b.
  • PROUST, J. Questions de forme: logique e proposition analitique chez Bernard Bolzano. Paris: Librairie Arthème Fayard, 1986.
  • RUSNOCK, P: Bolzano and the traditions of analysis. In: KÜNNE, W.; SIEBEL, M.; TEXTOR, M. Grazer Philosophische Studien. Internationale Zeitschrift für Analytische Philosophie. n. 53, p. 61-85, 1997.
  • RUSS, S. The mathematical works of Bernard Bolzano. Oxford: Oxford University Press, 2004.
  • SEBESTIK, J. Logique et mathématique chez Bernard Bolzano. Paris: Librarie Philosophique J. Vrion, 1992.
  • ______. Bolzano’s Logic. In: Stanford Encyclopedia of Philosophy. 2007.
  • STEINER, M. Mathematical explanation, Philosophical Studies, D. Reidel Publishing Company, n. 34, p. 135-151, 1978.
  • ______. Encontro em abril de 2010 em Praga para celebrar o 200o aniversário de sua obra (título abaixo) de 1810. Seus anais podem ser baixados em http://www2.warwick.ac.uk/fac/sci/dcs/people/steve_russ/pmb10/ .

Obras[editar | editar código-fonte]

  • 1810: Contribuição para uma Apresentação da Matemática mais bem Fundamentada (Beyträge zu einer begründeteren Darstellung der Mathematik)
  • 1816: O Teorema Binomial (Der binomische Lehrsatz)
  • 1816: Sobre a relação das duas raças na Bohêmia (Über das Verhältnis der beiden Volksstämme in Böhmen)
  • 1817: Prova Puramente Analítica do Teorema que Afirma que entre Dois Valores de Sinais Opostos Existe pelo Menos Uma Raiz Real da Equação (Rein analytischer Beweis des Lehrsatzes, daß zwischen zwey Werthen, die ein entgegengesetztes Resultat gewähren, wenigstens eine reelle Wurzel der Gleichung liege)
  • 1951: Paradoxos do Infinito (Paradoxien des Unendlichen)
  • 1834: Livro didático de ciências da religião (Lehrbuch der Religionswissenschaft)
  • 1837: Doutrina da Ciência (Wissenschaftslehre)(referência em inglês: BOLZANO, B. Wissenschaftslehre, 4 vol. (Sulzbach). Sulzbach: Wolfgan Schultz. Reprint Scientia Verlag Aalen, 1981).
  • 1867: Anti- Euclides (Anti-Euklid)
  • 1875: Ensino sobre a dimensão (Größenlehre)

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Outros projetos Wikimedia também contêm material sobre este tema:
Wikiquote Citações no Wikiquote
Commons Imagens e media no Commons

Referências

  1. Wolfgang Huemer, "Crítica de Husserl ao psicologismo e sua relação com a escola Brentano", em: Arkadiusz Chrudzimski e Wolfgang Huemer (eds.), Fenomenologia e Análise: Ensaios sobre Filosofia Da Europa Central, Walter de Gruyter, 2004, p. 205.
  2. Maria van der Schaar, Kazimierz Twardowski: A Grammar for Philosophy, Brill, 2015, p. 53; Peter M. Simons, Filosofia e Lógica na Europa Central de Bolzano a Tarski: Ensaios Selecionados, Springer, 2013, p. 15.
Ícone de esboço Este artigo sobre filosofia/um(a) filósofo(a) é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.