Bundeswehr
Forças Armadas Alemãs Bundeswehr | |
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A Cruz de Ferro, insígnia da Bundeswehr | |
País | Alemanha |
Fundação | 12 de novembro de 1955 |
Forma atual | 2 de outubro de 1990 |
Ramos | Exército Marinha Força Aérea |
Sede(s) | Hardthöhe (Bonn), sede secundário: Bendlerblock (Berlim) |
Lideranças | |
Comandante-em-Chefe | Ministério da Defesa (em tempos de paz); Chanceler da Alemanha (em guerra) |
Ministro da Defesa | Ursula von der Leyen |
Pessoal ativo | 185 921 (2014)[1] |
Pessoal na reserva | 144 000 (2010)[2] |
Orçamento | € 33,26 bilhões[3] |
Bundeswehr são as Forças Armadas da Alemanha. Os estados da Alemanha não estão autorizados a manter forças armadas próprias, já que a Lei Fundamental da Alemanha afirma que as questões de defesa são de única responsabilidade do governo federal.
A Bundeswehr está (em termos tecnológicos) entre os militares mais avançados e mais bem preparados de todo o mundo. E mesmo diante deste avanço, os gastos de manutenção desta organização representaram em 2011 apenas 1,3 % do PIB alemão, sendo portanto, entre os forças armadas mundiais a mais econômica do globo, em termos de porcentagem do PIB.
Em janeiro de 2014, a Bundeswehr contou com uma força de cerca de 185 mil e 921 soldados ativos, tornando-se a 30° maior força militar do mundo e a quarta maior na União Europeia, atrás apenas das Forças Armadas da França, Itália e do Reino Unido. Além disso, a Bundeswehr tem cerca de 144 mil soldados de reserva (2010).
O atual lema das forças armadas alemãs é "Wir.Dienen.Deutschland" ("Nós servimos a Alemanha").[4]
Subdivisões
A Bundeswehr é dividida em uma parte militar (Streitkräfte) e uma parte civil, com as forças armadas de administração (Wehrverwaltung).
- Exército (Heer)
- Marinha (Marine)
- Força aérea alemã (Luftwaffe)
- Serviços médicos e
- Streitkräftebasis.
Emprega cerca de 185.921 soldados (2014), com o recrutamento militar obrigatório sendo suspenso em 2011. Em tempos de paz, a Bundeswehr é liderada pelo Ministro da Defesa. Se a Alemanha é atacada, o Chanceler alemão torna-se o chefe da Bundeswehr.
Historia
Guerra fria: 1955–1990
Após a Segunda Guerra Mundial, a segurança da Alemanha ficou a cargo das forças de ocupação, liderados pelas quatro principais potências Aliadas: os Estados Unidos, o Reino Unido, a França e a União Soviética. A nação ficou sem um exército permanente, desde que a Wehrmacht fora dissolvida em 1946. Quando a República Federal da Alemanha foi fundada em 1949, ela não tinha exército. O país ficou completamente desmilitarizado e planos para reconstruir suas forças armadas eram proibidos pela regulamentação aliada. Até mesmo a Polícia Federal, uma força móvel e levemente armada de 10 000 membros, só foi formada em 1951.[5]
Houve discussões no começo da década de 1950 entre o Reino Unido, os Estados Unidos e a França a respeito sobre rearmar ou não a Alemanha Ocidental. Em particular, a França era a principal força opositora contra reerguer o exército alemão (o país havia sido invadido por estes uma década antes e também na Primeira Grande Guerra e na guerra franco-prussiana no século anterior). Contudo, por pressão dos americanos, o governo francês concordou com o rearmamento da Alemanha e sua admissão na OTAN.[5]
Com o aumento das tensões entre a União Soviética e o Ocidente, especialmente após a Guerra da Coreia, os argumentos para rearmar o exército alemão ganharam força. Enquanto a República Democrática Alemã (Alemanha Oriental) já estava sendo secretamente armada pelos russos, o novo exército começou a ser criado, liderados pelo chanceler Konrad Adenauer. O nome da nova força de combate (Bundeswehr) foi ideia de Hasso von Manteuffel, um ex general da Wehrmacht e um político liberal. A assembleia do país aprovaria o nome.[6]
A Bundeswehr foi oficialmente criado, em 12 de novembro de 1955, no aniversário de 200 anos de Gerhard von Scharnhorst. Um importante passo inicial para a nova Força Armada era educar o povo de que seus objetivos era "defender o Estado democrático", subordinada a liderança política do país.[7] Figuras chaves nesta reconstrução, como os generais Ulrich de Maiziere, Graf von Kielmansegg e Graf von Baudissin, enfatizaram que o novo exército seria baseada em um estrutura civil-militar.[8]
Após a assinatura da chamada 'Lei Fundamental da República Federal' em 1955, a Alemanha Ocidental se tornou oficialmente membro da OTAN.[9] Um grupo de conselheiros militares americanos ajudaram na reconstrução e rearmamento da Bundeswehr. Em 1956, a conscrição para homens de 18 a 45 foi reintroduzida. Em resposta, a Alemanha Oriental começou a reconstruir suas próprias forças armadas, a Nationale Volksarmee (NVA), em 1956, mas a conscrição por lá só foi aprovada em 1962. O Nationale Volksarmee foi oficialmente extinto com a reunificação da Alemanha em 1990. Em 2011, as lideranças do governo de coalizão da Alemanha concordaram em suspender o serviço militar obrigatório a partir de 1 de julho de 2011. A proposta do ministro da Defesa, Karl-Theodor zu Guttenberg, foi aceita durante as conversações realizadas, a portas fechadas, na noite do 9 de dezembro 2012 em Berlim.
Durante a Guerra Fria, o Bundeswehr foi a espinha dorsal da OTAN na Europa e era peça fundamental do planejamento de defesa da região central do continente. Sua força de combate era de 495 000 militares e 170 000 civis. Apesar do exército ter sido menor que o da França e dos Estados Unidos, o historiador John Lewis Gaddis afirmou que a Bundeswehr era "talvez o melhor exército do mundo".[10]
Durante este período, a Bundeswehr não participou de grandes operações de combate, mas sim, principalmente, missões de treinamento.[11]
Reunificação: 1990
Após a reunificação do país em 1990, a Bundeswehr foi reduzida de 370 000 militares e continuaria a ser reduzida com o tempo. O antigo Exército Nacional Popular (NVA) foi extinguido, com porções de seus militares e equipamentos sendo absorvido pela Bundeswehr.[12]
Cerca de 50 000 Volksarmee foram integrados a Bundeswehr em 2 de outubro de 1990. Alguns oficiais (menos generais e almirantes) receberam contratos e pagamentos limitados. Já o pessoal que servia na Bundeswehr receberam novos contratos e patentes, dependendo de suas qualificações e experiência. Em geral o processo de unificação (chamado "Armee der Einheit", ou "Exército da Unidade") foi considerado um sucesso.
A reunificação e o fim da Guerra Fria também significou uma redução na quantidade de combatentes e equipamentos das forças armadas alemãs. Muitos veículos e aviões (principalmente da Alemanha Oriental) foram jogados fora. Navios foram sucateados ou vendidos e muitos soldados dispensados.
Reorientação
Uma das mudanças mais recentes e significativas a respeito das políticas aos militares alemães foi a suspensão do serviço militar obrigatório para homens em 2011. No ano seguinte, foi anunciado que uma reforma nas forças armadas começaria e acabaria por reduzir ainda mais os investimentos e a quantidade de soldados que servem no exército.[13] Em dezembro de 2012, o número de militares nas forças armadas alemãs havia sido reduzido para 191 mil (em comparação com os 370 mil duas décadas atrás), que corresponde a uma média de 2,3 soldados para cada mil habitantes.[14] Os gastos com Defesa na Alemanha somaram € 31,55 bilhões em 2011, o que corresponde a 1,2% do PIB do país.[15]
Tanto o número de combatentes e de gastos militares é, em comparação, baixos em relação a outros países europeus como Reino Unido e França, considerando que o país tem uma população maior e ainda uma economia mais prospera. Esta postura é criticada por alguns aliados, como os Estados Unidos.[16][17]
Ver também
- Ursula von der Leyen, primeira mulher no cargo como ministra da Defesa da Alemanha
Referências
- ↑ «Aktuelle Personalstärke: Soldaten und Soldatinnen der Bundeswehr» (em (em alemão)). bundeswehr.de. Consultado em 24 de setembro de 2013
- ↑ «Send in the reserves». Armed Forces Journal. Consultado em 28 de dezembro de 2012
- ↑ «Bundeshaushalt 2013». Federal ministry of Finance. Consultado em 27 de agosto de 2013
- ↑ „Wir. Dienen. Deutschland.“ – die Kampagne. Página acessada em 5 de março de 2014.
- ↑ a b Searle, Alaric (2003). Wehrmacht Generals, West German Society, and the Debate on Rearmament, 1949-1959. Westport, CT: Praeger Pub.
- ↑ Aberheim, ‘The Citizen in Uniform: Reform and its Critics in the Bundeswehr,’ in Szabo, (ed.), The Bundeswehr and Western Security, St. Martin’s Press, New York, 1990, p.39.
- ↑ Fritz Erler, ‘Politik und nicht Prestige,’ in Erler and Jaeger, Sicherheit und Rustung, 1962, p.82-3, cited in Julian Lider, Origins and Development of West German Military Thought, Vol. I, 1949-1966, Gower Publishing Company Ltd, Aldershot/Brookfield VT, 1986, p.125
- ↑ Donald Aberheim, 1990, p.37; Donald Aberheim, ‘German Soldiers and German Unity: Political Foundations of the German Armed Forces,’ California Naval Postgraduate School, 1991, p.14, cited in Artur A Bogowicz, ‘Polish Armed Forces of 2000: Demands and Changes,’ NPGS Thesis, março de 2000, 13 de setembro de 2013.
- ↑ Large, David Clay Germans to the Front West German rearmament in the Adenauer era, University of North Carolina Press, 1996 pp244-5 ISBN 0-8078-4539-6
- ↑ John Lewis Gaddis, 'The Cold War - a New History', Penguin Books, London, 2005, p.220
- ↑ Large op.cit. pp263-4
- ↑ Stone, David J. Fighting for the Fatherland: The Story of the German Soldier from 1648 to the Present Day (2006)
- ↑ «Outlook: The Bundeswehr of the future». Ministério da Defesa (Alemanha). Consultado em 27 de dezembro de 2012
- ↑ «Die Stärke der Streitkräfte» (em alemão). Ministério da Defesa (Alemanha). Consultado em 28 de dezembro de 2012
- ↑ «Verteidigungshaushalt 2011» (em alemão). Ministério da Defesa (Alemanha). Consultado em 27 de dezembro de 2012
- ↑ Shanker, Thom (10 de junho de 2011). «Defense Secretary Warns NATO of "Dim" Future». New York Times. Consultado em 27 de dezembro de 2012
- ↑ «US Think Tank Slams Germany's NATO Role». Der Spiegel Online. Consultado em 27 de dezembro de 2012
Ligações externas
- «Página oficial da Bundeswehr» (em alemão)
- Canal de fotografias da Flickr
- Sammlung Medienberichte und blog zu aktuellen Geschehnissen in der Bundeswehr
- «Die Bundeswehr im Wandel» (em alemão). , Reportagem no Jornal Die Zeit