Caminho neocatecumenal

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O Caminho Neocatecumenal (ou Neocatecumenato) é um itinerário de formação cristã, iniciado na Espanha em 1964, por iniciativa do pintor Francisco José Gómez Arguello (Kiko Argüello) e de Carmen Hernández, como resposta às novas diretrizes trazidas pelo Concílio Vaticano II, cujo objetivo consiste em abrir um caminho espiritual concreto de iniciação, renovação e valorização do sacramento batismal, que permita ao "catecúmeno" descobrir o significado concreto de ser cristão. Mais tarde se uniria a eles o sacerdote Mario Pezzi. A Igreja Católica reconhece o Caminho neocatecumenal como "um itinerário de formação católica válido para a sociedade e os dias de hoje" – nas palavras do Papa São João Paulo II – que busca a redescoberta do batismo. Se encontra atualmente difundido em mais de 100 países, incluindo alguns que não são tradicionalmente cristãos como República Popular da China, Egito, Coreia do Sul e Japão. No Brasil, o Caminho Neocatecumenal iniciou-se na Diocese de Umuarama (Paraná).

História do Caminho Neocatecumenal[editar | editar código-fonte]

O Caminho foi iniciado pelo pintor Kiko Argüello, convertido do existencialismo ateu, e pela missionária Carmen Hernández, ambos espanhóis, na miserável favela de Palomeras Altas em Madri em 1964, sob a forma de formação iniciação catequética e evangelização para adultos afastados. A primeira comunidade era formada por habitantes de Palomeras Altas, na sua maioria ciganos, prostitutas e ex-presidiários que foram abandonando os seus hábitos para seguir os ensinamentos transmitidos por Kiko Argüello.

Inicialmente o caminho neocatecumenal contou com o fundamental apoio do então arcebispo de Madri, Dom Casimiro Morcillo, primeiro prelado a apoiar esta experiência, notando que a pedagogia do Caminho ia ao encontro dos novos ideais inseridos da Igreja pelo recém findado Concílio Vaticano II, no qual acabara de participar.

A originalidade do Caminho é ter encontrado uma síntese catequética no estilo dos evangelizadores dos primeiros séculos do cristianismo, válida tanto para os batizados, praticantes ou não, como aos não-cristãos: a centralidade do kerigma, do anúncio de Cristo morto e ressuscitado, e a vivência da fé em pequenas comunidades, cuja finalidade é o amadurecimento na fé e a integração plena de seus membros na paróquia.

O processo se inicia com uma catequização kerigmática, onde se constitui uma comunidade, e conclui, depois de vários anos e várias etapas, com a renovação solene das promessas batismais diante do bispo diocesano, a quem a comunidade se oferece para ajudar nas necessidades pastorais das paróquias.

Assim, primeiras comunidades nasceram em paróquias espanholas de Zamora e Madrid, depois de 1967, eram dadas as primeiras catequeses iniciais na paróquia dos Santos Mártires Canadenses em Roma, hoje, porém, o Caminho encontra-se presentes em cerca de 5 mil paróquias dos cinco continentes.

Segundo explicam seus iniciadores, o Caminho responde concretamente a muitas das intuições pastorais do Concílio Vaticano II, como o redescobrimento da Vigília Pascal, a participação evangelizadora dos leigos ou a potenciação dos seminários diocesanos missionários, entre outras. Talvez a mais nova seja o envio de famílias em missão, a pedido dos bispos locais, para promover, junto com um sacerdote, a implantatio ecclesiae naqueles lugares nos quais não existe a Igreja Católica.

Desde seus início do Caminho, as atitudes dos diferentes papas, desde Paulo VI até Francisco, foram favoráveis para com o Caminho Neocatecumenal; especialmente João Paulo II, cujo no longo pontificado este Caminho teve seus primeiros reconhecimentos oficiais.

O primeiro foi em 1990, em forma de carta de reconhecimento ao Pontifício Conselho para os Leigos, no qual se definia como “(…)um itinerário de formação católica válida para nossa sociedade e para o homem atual(…)”.

Posteriormente, em 29 de junho de 2002, foram aprovados por decreto deste mesmo Conselho os estatutos do Caminho ad experimentum durante um período de cinco anos, que conclui com a presente aprovação definitiva.

Em 13 de junho de 2008, o cardeal Stanislaw Rylko, então presidente do Pontifício Conselho para os Leigos, entregou aos iniciadores do Caminho Neocatecumenal o decreto de aprovação definitiva dos estatutos dessa realidade eclesial ad eternum.

Em janeiro de 2011 o Papa Bento XVI enviou mais de 200 famílias em Missão em uma celebração. Hoje, o número das famílias do Caminho em missão para a nova evangelização em 78 países é de mais de 800, com 3 097 filhos, das quais 389 na Europa, 189 na América, 113 na Ásia, 56 na Austrália, 46 na África e 15 no Oriente Médio[carece de fontes?].

Em 20 de janeiro de 2012, em um encontro com o Papa Bento XVI, o secretário do Conselho Pontifício para os Leigos, D. Josef Clemens, leu o decreto de aprovação às celebrações (não “estritamente litúrgicas”, segundo Bento XVI) que acompanham o percurso catequético dos neocatecumenais. Decisão esta que surge após 15 anos de estudo por parte da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, somando-se às anteriores aprovações dos Estatutos (2008) e dos 13 volumes do “Diretório Catequético” do Caminho Neocatecumenal (2011).

Neste encontro estiveram presentes também seis cardeais, mais de 30 bispos, centenas de padres e estudantes dos seminários ‘Redemptoris Mater’ e 1200 equipes de catequistas itinerantes.[1]

Em fevereiro de 2014 o Papa Francisco, em uma audiência privada com a presença de cerca de 8 mil pessoas, enviou mais de 400 famílias em missão do Caminho Neocatecumenal e novas quarenta “missiones ad gentes” para as as áreas mais descristianizadas da Europa, das Américas e da Ásia.[2]

Caminho Neocatecumenal no Brasil[editar | editar código-fonte]

As primeiras comunidades neocatecumenais no Brasil se formaram em 1974 na diocese de Umuarama, PR. Rapidamente, passou ao estado de São Paulo, na Diocese de Franca, nas cidades de Sales Oliveira, Orlândia e Nuporanga. Assim, bispos e presbíteros de outras dioceses passaram a pedir o Caminho Neocatecumenal.

Hoje está presente em mais de 100 dioceses com mais de 1.800 comunidades espalhadas em quase todos os estados. A equipe responsável pelo Caminho Neocatecumenal no Brasil é formada pelos catequistas itinerantes espanhóis Padre José Folqué, Raul Viana e Antonia Maria Santiago.

Em 8 de junho de 2022, Maria del Pilar de la Plaza Llari, catequista itinerante da Equipe responsável pelo Caminho Neocatecumenal no Brasil, faleceu no Hospital Gregório Marañón, de Madri, Espanha.

Em 28 de junho de 2015, foi celebrada uma Eucaristia em Ação de Graças pelos 40 anos da presença do Caminho Neocatecumenal na Arquidiocese de São Paulo. Nesta ocasião, o Cardeal Arcebispo de São Paulo Dom Odilo Pedro Scherer presidiu a celebração: "que Deus abençoe a vocês e abençoe muito isto que é o significado do Caminho que está plenamente dentro do que o Concílio Vaticano II propôs como evangelização."

Em 30 de julho de 2013, cerca de 55 mil jovens do Caminho Neocatecumenal, que participaram da Jornada Mundial da Juventude, reuniram-se no Centro de Convenções Riocentro, no Rio de Janeiro, para participarem de um encontro vocacional. O evento contou a presença da equipe internacional do Caminho, Kiko Argüello, Carmen Hernandez, e padre Mario Pezzi. O Arcebispo do Rio, Dom João Orani Tempesta, presidiu o encontro. Além deles, estavam presentes seis cardeais e cerca de 70 bispos.

Ao final do momento de oração, aproximadamente três mil rapazes manifestaram a disponibilidade de iniciar um percurso para tornarem-se sacerdotes e mais de mil meninas para a vida consagrada. “Eu continuarei a nutrir uma esperança imensa nos jovens do Brasil e do mundo inteiro: por meio deles, Cristo está preparando uma nova primavera em todo o mundo. Eu vi os primeiros resultados dessa sementeira, outros se rejubilarão com a rica colheita”. Com estas palavras o Papa Francisco saudou o Brasil na cerimônia de despedida no aeroporto do Rio, no dia 28.

Essas palavras ganham forma em muitos aspectos nos jovens que foram à Cidade Maravilhosa e, de algum modo, parecem já serem evidentes no encontro vocacional realizado pelo Caminho Neocatecumenal. Foram mais de 50 mil jovens provenientes de cerca de 70 países como Argentina, Itália, Espanha, China e Israel.

Durante o encontro, na homilia, Dom Tempesta recordou que Papa Francisco pediu aos jovens para serem revolucionários e a andarem contra a corrente. “Cada um de nós é chamado a ser testemunha daquilo que o Senhor fez na nossa vida, que fez aqui, e a anunciar aos seus irmãos e irmãs com muita alegria a abertura e generosidade”.

Em 8 de julho de 2019, foi celebrada pelo Cardeal Dom Sérgio da Rocha a Eucaristia em Ação de Graças pelos 40 anos da presença do Caminho Neocatecumenal na Arquidiocese de Brasília. O cardeal disse durante a celebração: “reconhecemos que o Caminho, na Igreja e de modo especial, na nossa Arquidiocese é um grande dom de Deus, como afirmou o Papa Francisco no encontro dos 50 anos do Caminho em Roma, no ano passado! Todos nós somos chamados a seguir Jesus e sermos verdadeiros discípulos na comunidade e com a comunidade, para poder sair ao encontro dos irmãos nas mais diferentes situações e ambientes onde vivem para anunciar e testemunhar nossa alegria de seguir Jesus, de ser Cristão e participar da comunidade. Como é bom estarmos juntos, como é bom viver em comunidade, rezar e celebrar em comunidade, escutar juntos a palavra de Deus, juntos procurar viver a Palavra de Deus, um ajudando o outro."

Em 2024, completam-se 50 anos que o Caminho Neocatecumenal teve início no Brasil com a formação das primeiras comunidades na Diocese de Umuarama, no estado do Paraná.

O Jubileu será celebrado no dia 14 de julho do próximo ano, a partir das 15h, no Santuário de Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida, SP, com a presença das comunidades neocatecumenais de todo o Brasil.

Referências

Ligações externas[editar | editar código-fonte]