Cancro do estômago

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 Nota: Este artigo é sobre neoplasia maligna da mucosa do estômago. Para outros significados, veja Cancro (desambiguação).
Cancro/câncer do estômago
Cancro do estômago
Uma úlcera estomacal suspeita que foi diagnosticada como câncer na biópsia e que foi posteriormente ressecada.
Especialidade oncologia, gastrenterologia
Classificação e recursos externos
CID-10 C16
CID-9 151
CID-11 1397617262
OMIM 137215
DiseasesDB 12445
MedlinePlus 000223
eMedicine med/845
MeSH D013274
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O câncer de estômago (português brasileiro) ou cancro do estômago (português europeu) é uma neoplasia maligna da mucosa do estômago, também conhecida como carcinoma gástrico. Esta doença constitui quase 95% dos tumores malignos deste órgão. Apesar de teoricamente qualquer tipo de célula poder dar origem a um cancro, outras células gástricas raramente são a origem de neoplasias malignas.

Epidemiologia

O carcinoma gástrico, derivado das células da mucosa, constitui mais de 90% dos cancros do estômago. Mais raramente podem surgir certos tipos de linfomas (menos de 4% dos casos); tumores carcinóides (3%) ou tumores das células mães de células musculares ou fibroblastos (menos de 2%). Estas outras neoplasias não são geralmente denominadas na linguagem comum como cancros do estômago apesar de terem a sua origem neste órgão.

A incidência do carcinoma gástrico varia muito de acordo com os países, provavelmente devido a diferenças no tipo de alimentação. Nos Estados Unidos (cerca de 3 mortes em 100.000 pessoas por ano), Reino Unido, França e Alemanha, por exemplo, a incidência é muito menor que no Japão, Chile ou Portugal, que com 29 mortes por 100.000 pessoas por ano tem uma das taxas mais elevadas do mundo para este tipo de cancro. É em todo o mundo uma das principais causas de morte por cancro (câncer) .

A doença afecta duas vezes mais homens que mulheres e tende a surgir após a quinta década de vida.

Etiologia

O principal factor de risco para o surgimento do carcinoma é a infecção crónica durante décadas com a bactéria Helicobacter pylori, que causa uma gastrite atrófica persistente, muitas vezes com formação de úlcera péptica. As úlceras pépticas não tratadas podem degenerar devido à grande taxa de multiplicação das células da mucosa, que tentam cicatrizar a lesão, aumentando a sua taxa de mutação (quanto maior o número de divisões com cópia do DNA maior a probabilidade de alterações genéticas).

Outros factores de risco significativos são o tabagismo, história familiar e uma dieta rica em nitratos (peixe fumado), sal e gorduras .

Progressão e sintomas

Inicialmente os sintomas são os de uma possível úlcera péptica gástrica ou de gastrite, contudo a grande maioria das úlceras pépticas não são cancerosas. Mesmo assim, a maior parte dos diagnósticos é efectuada aquando do diagnóstico de uma úlcera gástrica. As úlceras cursam com dor após as refeições e falta de apetite e se não são tratadas podem a longo prazo degenerar em carcinomas. É frequentemente assintomático na fase inicial, o que explica o seu mau prognóstico.

Se o cancro não é detectado na fase inicial, ele dissemina-se, primeiro directamente para a parede do duodeno ou esófago, e depois via cavidade peritoneal, via sanguínea e linfática para qualquer órgão, formando metástases, especialmente no fígado e pulmão. Estes estágios avançados têm pior prognóstico.

Sintomas comuns das fases mais avançadas são a dor permanente e intensa na região, central logo abaixo das costelas, do estômago (região epigástrica), por vezes irradiando para as costas; falta de apetite e emagrecimento rápido (caquexia típica de qualquer condição maligna). Se o tumor está localizado no piloro do estômago, pode haver estenose com vómitos após as refeições, que aliviam as dores. A perda continua de pequenas quantidades de sangue pode passar despercebida mas também pode causar anemia microcítica por défice de ferro. Por vezes em casos avançados a massa tumoral pode ser sentida directamente pela palpação. Outro sintoma possível é a ascite.

Diagnóstico

O diagnóstico do carcinoma do estômago é geralmente feito após queixas semelhantes às de úlcera gástrica. É feita endoscopia com recolha de amostras por biópsia, cuja análise histológica permite distinguir uma úlcera benigna de uma cancerosa.

A avaliação de grau de metastização hepático é feita através de um exame de tomografia computadorizada.

Tratamento e prognóstico

O tratamento é cirúrgico, mas apenas em casos detectados nos estágios mais iniciais é provável a cura. Por vezes é efectuada uma gastrectomia parcial, mas frequentemente todo o estômago é removido (gastrectomia), sendo feita uma anastomose (comunicação) entre o esófago e o duodeno. O paciente fica limitado a alimentos pastosos e líquidos por toda a vida.

Em casos em que já ocorreu metastização disseminada, o tratamento é com quimioterapia ou meramente paliativo, com administração de opióides.



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