Carlos Gomes Leitão

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Carlos Leitão
Coronel Leitão
Deputado de Goiás
Período 1892
até 1894
Chefe da Coletoria Provincial de Impostos de Goiás
Período 1890
até 1891
Juiz da Comarca de Boa Vista do Tocantins
Período 1884
até 1890
Dados pessoais
Nome completo Carlos Gomes Leitão
Nascimento 12 de abril de 1835
Caxias
Morte 13 de abril de 1903 (68 anos)
Vila do Burgo do Icataiuna
Serviço militar
Graduação Coronel
Unidade Guarda Nacional

Carlos Gomes Leitão (Caxias, Maranhão, 12 de maio de 1835Vila do Burgo do Icataiuna, 13 de abril de 1903), mais conhecido como Coronel Leitão, foi um político, militar, magistrado e agricultor brasileiro que se fixou nos estados do Pará, Goiás (hoje Tocantins) e Maranhão.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Carlos Leitão, era filho de Alexandre Germano Acácio Gomes e Judith Sampaio Fontenelli Leitão. Ficou órfão de seus pais quando criança, sendo criado e educado por seus tios. Era neto do influente coronel Francisco Germano da Silva.

Vida política[editar | editar código-fonte]

Como político, fez sua carreira na região do Bico do Papagaio, iniciando-a em Carolina, onde atuou como vogal - a época cargo correspondente ao de vereador.

Em 1880 mudou-se para Boa Vista do Tocantins, atuando nesta localidade em três funções: como intendente municipal; diretor do departamento dos índios; e juiz municipal de órfãos.

Em 1890, assumiu a chefia da Coletoria Provincial de Goiás. Devido a sua grande influência na região, em 1890 foi eleito deputado estadual constituinte pela província de Goiás, tendo assento na capital nacional, Rio de Janeiro. Em 1886 recebeu o título de coronel da Guarda Nacional.[1]

Revolta de Boa Vista[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Primeira Revolta de Boa Vista

Como figura chave, em 1891 incitou os movimentos que desencadeariam a Primeira Revolta de Boa Vista. Inflamou a região numa campanha para que declarasse autonomia político-administrativa em relação a Goiás, juntando territórios do norte do estado citado e do sul do Maranhão e Grão-Pará, com vistas a formar o "estado de Boa Vista" (inicialmente sob o nome de província de Pastos Bons). Argumentava que Boa Vista e seu entorno estavam muito distantes da capital estadual, a época Vila Boa de Goiás. A campanha não agradava aos religiosos ligados as dioceses de Goiás e do Maranhão, e ao grupo político conservador (florianistas), ligados aos irmãos Maciel Perna. A diocese então publicou em seu periódico que Coronel Leitão pertencia à maçonaria, e o excomungou.[2]

Em 1893 chegou a declarar-se presidente (governador) do estado autônomo de Boa Vista, mas não conseguiu o suporte político que desejava, e acabou por fazer mais inimigos, principalmente dentro da diocese de Goiás.[2]

Em uma disputa por terras, arregimentou forças para depor o juiz da comarca de Boa Vista, o pernambucano Henrique Hermeto Martins.[3] O magistrado deu andamento andamento a um processo em que Cláudio Gouveia herdou as terras de sua falecida esposa, contrariando os interesses do Coronel Leitão que queria se apossar da propriedade da família, a Fazenda Cordilheira. Gouveia havia assassinado sua esposa para herdar a Fazenda Cordilheira.[2]

Não conseguindo depor o juiz, e sendo expulso da cidade, juntou peões (pistoleiros) e armamentos e em 31 de março de 1892, o Coronel Leitão tentou tomar a cidade. Inciou-se assim o primeiro embate da revolta de Boa Vista. O embate durou até 1º de abril de 1892, sendo Leitão derrotado.[2]

Entre 1892 e 1894 fez seguidas investidas contra a cidade, conseguindo prender o intendente Francisco de Sales Maciel Perna[3], mas mesmo assim nunca conseguindo retomar o controle da cidade.[4]

Em 1984, após mediação do frei Gil de Vila Nova é obrigado a abandonar a cidade com familiares e aliados, e ruma para o Grão-Pará. Fixa-se primeiramente em São João do Forte, partindo pouco tempo depois para a foz do Rio Itacaiunas, fundando a vila Quindangues.[5] Não satisfeito funda a aproximadamente 10 Km descendo o Rio Tocantins um acampamento, e o denomina de Burgo do Itacayuna.

Povoamento da Bacia do Itacaiunas[editar | editar código-fonte]

Após montar o acampamento, parte à procura de pastagens para animais ao longo do rio Itacaiunas, em uma dessas incursões encontrou o caucho - árvore da qual se extrai o látex, e se produz a borracha.[6]

Em 1895 seguiu até capital do estado, Santa Maria de Belém do Grão Pará, para ter reunião com o então presidente do Grão-Pará, José Paes de Carvalho, a quem solicitou colaboração, visto a necessidade de se colonizar a região. O governo contemplou-lhe com 6 contos de reis em dinheiro e estoque de medicamentos que seriam empregados no combate à doenças tropicais. De posse do financiamento e por terem os testes do leite vegetal endurecido comprovado que se tratara borracha de caucho, Leitão voltou ao Burgo Itacayuna, e difundiu notícia acerca da presença de caucho na região, o que atraiu o primeiro grande fluxo de migrantes (trabalhadores silvícolas) para a região de Marabá.[7]

É atribuído a Leitão o povoamento da região da Bacia do Itacaiunas - ao fundar o Burgo Itacaiuna[8] - embora a região tenha sido explorada pelos europeus ainda no século XVI. A ele também é atribuído o surgimento de Marabá, e o seu crescimento, uma vez que descobriu o caucho, que foi base da economia local por muitos anos.

Morte[editar | editar código-fonte]

Carlos Leitão morreu em 13 de abril de 1903 e foi sepultado no Burgo. Suspeita-se que Leitão tenha morrido de complicações devido a malária.[6]

Referências

  1. «Perfil biográfico de Carlos Gomes Leitão». AL Goiás. Arquivado do original em 12 de janeiro de 2014 
  2. a b c d MARTINS, Mário Ribeiro. «O Crime do Coronel Leitão». Usina de Letras 
  3. a b MONTARROYOS, Heraldo Elias (4 de janeiro de 2013). «História do Burgo de Itacaiunas e da Casa Marabá: A Origem de Uma Cidade Amazônica - parte 2». Revista história e-história 
  4. «Perfil biográfico de Augusto de Sales Maciel Perna». AL Goiás. Arquivado do original em 12 de janeiro de 2014 
  5. MONTARROYOS, Heraldo Elias (28 de janeiro de 2013). «História Social e Econômica da Casa Marabá: Reconstruindo o Cotidiano de um Barracão na Amazônia Oriental entre 1898 e 1906». Revista história e-história. Arquivado do original em 12 de janeiro de 2014 
  6. a b «Carlos Leitão». Marabá On Line. 1 de abril de 2010. Consultado em 21 de agosto de 2010. Arquivado do original em 23 de setembro de 2009 
  7. DA SILVA, Idelma Santiago (2006). «Migração e Cultura no Sudeste do Pará: Marabá (1968-1988)» (PDF). Goiânia: Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Goiás 
  8. MONTARROYOS, Heraldo Elias (4 de janeiro de 2013). «História do Burgo de Itacaiunas e da Casa Marabá: A Origem de Uma Cidade Amazônica - parte 1». Revista história e-história. Arquivado do original em 29 de novembro de 2016