Carlos Heitor Cony

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Carlos Heitor Cony
Carlos Heitor Cony
Cony (foto ABr)
Nascimento 14 de março de 1926 (98 anos)
Rio de Janeiro
Nacionalidade  Brasileiro
Ocupação Jornalista e escritor
Prêmios Prémio Machado de Assis 1996

Carlos Heitor Cony (Rio de Janeiro, 14 de março de 1926) é um jornalista e escritor brasileiro. É editorialista da Folha de S. Paulo e membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) desde 2000[1].

Biografia

Os pais de Carlos Heitor Cony foram Ernesto Cony Filho, jornalista, e Julieta Moraes Cony. Cony pronunciou suas primeiras palavras aos cinco anos, em reação ao barulho provocado por um hidroavião em Niterói[2]. Foi alfabetizado em casa. Estudou em um seminário em Rio Comprido[3] até 1945, quando abandonou antes de ordenar-se padre. Chegou a cursar a Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil, mas interrompeu também antes de concluir, e teve sua primeira experiência como jornalista no Jornal do Brasil cobrindo férias de seu pai[2][4][5].

Trabalhou como funcionário público da Câmara Municipal do Rio de Janeiro até 1952, quando se tornou redator da Rádio Jornal do Brasil. Em 1960 entrou para o Correio da Manhã, jornal que publicara o polêmico editorial "Basta!" contra João Goulart[6]. Cony foi um dos que se arrependeram de apoiar a queda de Goulart[6] que resultou no golpe militar de 1964 e veio depois a opor-se abertamente ao golpe, tendo sido preso por seis vezes ao longo do período do regime militar[1]. Como editorialista do Correio da Manhã,[7] escreveu textos de crítica aos atos da ditadura militar. Foi incitado a se demitir do matutino (cerca 1965). Atualmente, recebe pensão do governo federal em decorrência de legislação que autoriza pagamento de indenização aos que sofreram danos materiais e morais vitimados pela ditadura militar.[8] O benefício, chamado de prestação mensal permanente continuada, foi aprovado pela Comissão de Anistia em 21 de junho de 2004, correspondendo à época em cerca de 23 mil reais, que seria o salário que receberia no jornal caso não tivesse sido obrigado a se desligar. O valor mensal foi à época limitado a R$ 19.115,19, então o teto do funcionalismo.[9]

Carlos Heitor já publicou contos, crônicas e romances. Seu romance mais famoso é de 1995, Quase Memória, que vendeu mais de 400 mil exemplares. Esse livro marca seu retorno à atividade de escritor/romancista.[10] Seu romance, A Casa do Poeta Trágico, foi escolhido o Livro do Ano, obtendo o Prêmio Jabuti, na categoria ficção.

Desde 2006, seus livros são publicados pela Editora Objetiva, que pretende relançar toda a sua obra.

Imortal da Academia Brasileira de Letras

Foi eleito para a cadeira 3 cujo patrono é Artur de Oliveira, em 23 de março de 2000, sendo o seu quinto ocupante. Foi recebido em 31 de maio do mesmo ano por Arnaldo Niskier.[12] Suas qualidades literárias e estilísticas são, porém, contestadas por boa parte da crítica, que as julga supervalorizadas graças aos contatos de Cony no mundo político, financeiro e filantrópico[carece de fontes?].

Obras[13]

Romances

  • 1958 - O Ventre
  • 1959 - A Verdade de Cada Dia
  • 1960 - Tijolo de Segurança
  • 1961 - Informação ao Crucificado
  • 1962 - Matéria de Memória
  • 1964 - Antes, o Verão
  • 1965 - Balé Branco
  • 1967 - Pessach: A Travessia
  • 1973 - Pilatos
  • 1995 - Quase Memória
  • 1996 - [[O Piano e a Orquestra]]
  • 1997 - A casa do Poeta Trágico
  • 1999 - Romance sem Palavras
  • 2001 - O Indigitado
  • 2003 - A Tarde da sua Ausência
  • 2006 - O Adiantado da Hora
  • 2007 - A Morte e a Vida

Crônicas

  • 1963 - Da Arte de Falar Mal
  • 1964 - O Ato e o Fato
  • 1965 - Posto Seis
  • 1998 - Os Anos mais Antigos do Passado
  • 1999 - O Harém das Bananeiras
  • 2002 - O Suor e a Lágrima
  • 2004 - O Tudo ou o Nada
  • 2009 - Para ler na Escola

Contos

  • 1968 - Sobre Todas as Coisas - reeditado sob o título Babilônia! Babilônia!
  • 1978 - Babilônia! Babilônia!
  • 1997 - O Burguês e o Crime e Outros Contos

Ensaios biográficos

  • 1965 - Charles Chaplin
  • 1972 - Quem Matou Vargas
  • 1982 - JK - Memorial do Exílio
  • 1985 - Teruz

Jornalismo

  • 1975 - O Caso Lou - Assim é se lhe Parece
  • 1981 - Nos passos de João de Deus
  • 1996 - Lagoa

Cinema

  • 1975 - A Noite do Massacre

Infanto-juvenis

  • 1965 - Quinze Anos
  • 1977 - Uma História de Amor
  • 1979 - Rosa, Vegetal de Sangue
  • 1979 - O Irmão que tu me Deste
  • 1986 - A Gorda e a Volta por Cima
  • 1989 - Luciana Saudade
  • 2002 - O Laço Cor-de-rosa

Adaptações

Telenovelas

Roteiros para o cinema

Documentários

  • 1983 - JK – 7 anos Sem a Sua Companhia (Rede Manchete)
  • 1983 - JK – A Voz da História (Rede Manchete)
  • 1984 - Vargas – A Vida e a História (Rede Manchete)

Prefácios e introduções

Com outros autores

Em parceria

  • 2000 - O Presidente Que Sabia Javanês - com charges de Angeli
  • 2001 - As Viagens de Marco Polo - com Lenira Alcure
  • 2001 - O Mistério das Aranhas Verdes - com Anna Lee
  • 2001 - Wolff Klabin: A Trajetória de um Pioneiro - com Sergio Lamarão e Rosa Maria Canha
  • 2002 - O Mistério da Coroa Imperial - com Anna Lee
  • 2003 - O Mistério das Joias Coloniais - com Anna Lee
  • 2003 - O Crime Mais Que Perfeito - com Anna Lee
  • 2003 - O Beijo da Morte - com Anna Lee, Editor Objetiva, 2003,ISBN 85-7302-572-7
  • 2004 - O Mistério da Moto de Cristal - com Anna Lee
  • 2005 - A Joia dos Reis – Ilha Grande - com Anna Lee
  • 2005 - Liberdade de Expressão I e II - com Heródoto Barbeiro e Artur Xexéo
  • 2007 - O Mistério Final - com Anna Lee
  • 2007 - As Rapaduras são Eternas - com Anna Lee
  • 2009 - O Monstro da Lagoa de Abaeté - com Anna Lee

Traduções[13]

México

  • Pessach: la travesia. tradução de Jorge Humberto Robles

França

  • Quasi-mémoires - tradução de Henri Raillard
  • La traversée - tradução de Philippe Poncet

Portugal

  • Informação ao Crucificado
  • Quase-memória

Espanha

  • Quase-memória

Adaptações de suas obras[13]

Para o cinema

  • 1968 - Antes, o Verão - direção e roteiro de Gerson Tavares
  • 1968 - Um Homem e Sua Jaula - direção de Fernando Coni Campos e co-direção de Paulo Gil Soares; roteiro de ambos.
  • 1975 - Você Tem Alguma Ideia Sobre a Ideia Que Pretende Ter? - roteiro de Antônio Moreno, Pedro Ernesto Stilpen e Olivar Luiz
  • 2000 - Pilatos – Melopeia, Fanopeia & Logopeia, episódio V de Isabelle Trouxe Alguns Amigos - roteiro de Felipe Rodrigues, com a colaboração de Barbara Kahane e Patrick Pessoa

Para o teatro

  • 1988 - Pilatos - Peça de Mário Prata
  • 1995 - Pilatos. Peça de Roberto Barbosa

Prêmios[13]

Referências

  1. a b «Releituras - Carlos Heitor Cony». Consultado em 17 de janeiro de 2011 
  2. a b Millen, Juliana de Castro (Maio, 2012). «O biográfico na performance literária de Carlos Heitor Cony» (PDF). ISSN: 1983 - 8379. Universidade Federal de Juiz de Fora - VI Simposio em Literatura, Crítica e Cultura. Consultado em 22 de Junho de 2014 
  3. «Carlos Heitor Cony revela os livros que deixou de fazer». Consultado em 17 de janeiro de 2011 
  4. Banco de Dados da Folha. «Biografia de Escritores brasileiros: Carlos Heitor Cony». UOL Educação. Consultado em 22 de Junho de 2014 
  5. Nogueira Jr., Arnaldo. «Projeto Releituras». Releituras. Consultado em 22 de Junho de 2014 
  6. a b Amado, João (3 de abril de 2007). «Os jornalistas e o golpe de 1964». Observatório da Imprensa. Consultado em 22 de Junho de 2014 
  7. «Carlos Heitor Cony - Biografia». Consultado em 17 de janeiro de 2011 
  8. «Reparações milionárias causam polêmica». Consultado em 17 de janeiro de 2011 
  9. Comissão de Anistia aprova indenizações. Folha de S. Paulo, 22/06/2004.
  10. «Os meus dias Conyventes». Consultado em 17 de janeiro de 2011 
  11. CONY, Carlos Heitor. Sociedade, mídia e autocrítica. Folha de S. Paulo, 27/01/2006.
  12. «Carlos Heitor Cony é eleito como imortal da ABL». Consultado em 17 de janeiro de 2011 
  13. a b c d «Carlos Heitor Cony - Bibliografia». Consultado em 17 de janeiro de 2011 

Ligações externas

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Wikiquote Citações no Wikiquote

Precedido por
Jorge Amado, João Silvério Trevisan e José Roberto Torero
Prêmio Jabuti - Romance
1996, com
Ivan Ângelo e Rodrigo Lacerda
Sucedido por
João Gilberto Noll, Fausto Wolff, Flávio Moreira da Costa e Luiz Alfredo Garcia Roza
Precedido por
João Gilberto Noll, Fausto Wolff, Flávio Moreira da Costa e Luiz Alfredo Garcia Roza
Prêmio Jabuti - Romance
1998
com Márcio Souza e Sérgio Sant'Anna
Sucedido por
Carlos Nascimento Silva, Sônia Coutinho e Modesto Carone
Precedido por
Carlos Nascimento Silva, Sônia Coutinho e Modesto Carone
Prêmio Jabuti - Romance
2000, com
Moacyr Scliar e Flávio Aguiar
Sucedido por
Milton Hatoum
Precedido por
Herberto Sales
ABL - quinto acadêmico da cadeira 3
2000 — atualidade
Sucedido por