Carlos Zel

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Carlos Zel
Informação geral
Nascimento 29 de setembro de 1950
Local de nascimento Parede, Cascais
Morte 14 de fevereiro de 2002 (51 anos)
Local de morte Cascais -->
Nacionalidade português
Género(s) Fado
Ocupação(ões) Cantor
Período em atividade 1967-2002
Editora(s) Imavox, Vadeca, Schiu! Parlaphone, EMI, Movieplay

Carlos Zel, nome artístico de António Carlos Pereira Frazão (Parede, Cascais, 29 de setembro de 1950Cascais, 14 de fevereiro de 2002), foi um fadista português. Recebeu o Prémio Prestígio e o Prémio José Neves de Sousa da Casa de Imprensa.

Com mais de 30 anos de carreira, subiu ao palco no teatro de revista e musical, participou e apresentou vários programas de televisão, e na música, para além da fazer parte do elenco de várias casas de fado, actuou em todos os casinos portugueses de então e protagonizou espectáculos aquém e além fronteiras.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Carlos Zel nasceu a 29 de Setembro de 1950, na Parede, no concelho de Cascais (Distrito de Lisboa).[1][2][3]

Em 1967, com apenas 17 anos, iniciou a sua carreira profissional,[1][2][3] editando nesse ano o seu primeiro álbum, Rosa Camareira.[4] Estreou-se, no ano seguinte, na Emissora Nacional.[1][2][3]

Um tema, "Nunca mais Darei um Cravo" incluído no EP É Fado, traria a Carlos Zel polémica (e fama) ao ter sido gravado depois do denominado "Verão Quente de 1975" registado no ano seguinte à Revolução dos Cravos.[4][5]

Cantor com várias presenças em programas televisivos desde 1980, Carlos Zel chegaria a participar, como actor, na telenovela Cinzas (1992).[6]

Carlos Zel foi um dos sócios fundadores da Academia da Guitarra e do Fado.[1][2]

Carlos Zel pisaria também os palcos do teatro, sobretudo nos anos 90, participando em várias revistas no Parque Mayer como Ai Quem Me Acode?, como fadista no musical Fados (1994) ou ainda, como actor, na opereta A Severa (1990), de Júlio Dantas.[4][7]

Entre outras distinções, Carlos Zel recebeu, em 1993, o Prémio Prestígio atribuído pela Casa de Imprensa, instituição que também lhe concedeu o Prémio José Neves de Sousa em 1997.[1][2]

Em 1994, o programa da RTP A Música dos Outros, apresentado por Luís Represas, dedicou o 10.º episódio à carreira musical a Carlos Zel.[8]

"Há várias maneiras de se cantar o fado. Há quem cante com a cabeça, com a garganta ou com o diafragma. Eu canto com o coração"

Carlos Zel (1996)[2]

Em 1997, recebeu da Câmara Municipal de Cascais a Medalha de Mérito Cultural.[9]

Em 1998 participou no disco Harpejos e Gorgeios da cabo-verdiana Celina Pereira.[3][10]

Carlos Zel foi uma das pessoas do fado que Baptista-Bastos juntou no livro Fado Falado (1999, Ed. Ediclube), prefaciado por José Saramago e com 26 conversas com nomes desde Alcindo de Carvalho a Vicente da Câmara.[11][12]

Na sua carreira, Carlos Zel actuou várias vezes fora de Portugal e para além da Europa, visitando Brasil, Argentina, Chile, Venezuela, Canadá e Senegal, incluindo no seu roteiro grandes salas como o Queen Elizabeth Hall (Londres), o Cité de la Musique (Paris) ou o New Jersey Performing Arts Center (Newark, em Nova Jérsia (EUA).[1][2][13]

Em 2000 lança Com Tradição que seria o seu último trabalho em vida que inclui grandes fados clássicos como "Nossa Senhora do Fado", "Poema do Nosso Amor" ou "Coração Atormentado" mas também, fazendo jus ao trocadilho eufónico do título, um "Fado da Internet" ou uma versão de "Fado Tropical" de Chico Buarque.[2][3][14] Este trabalho, com chancela da editora Movieplay, inclui ainda canções escritas por Raúl Indipwo (Duo Ouro Negro) e do filho do fadista, Nuno Frazão.[14] A acompanhar Carlos Zel encontramos José Luís Nobre Costa (guitarra), Francisco Gonçalves (viola), Joel Pina (baixo) e Siegfried Sugg (flauta).[15]

Carlos Zel morreu em 14 de fevereiro de 2002, em Cascais.[1][2][3][4]

À data da sua morte, Carlos Zel actuava semanalmente à quarta-feira à noite no Casino Estoril, nas Quartas de Fado, um evento organizado e promovido durante dois anos pelo artista.[1][2][3][16][17] Desde 2002, este casino passou a organizar “Grande Gala do Fado – Carlos Zel” em homenagem ao fadista[16][17]

Em 2010 foi lançado um disco ao vivo chamado "Quartas de Fado", contendo uma introdução de Júlio César e músicas gravadas em 2001 nas Quartas de Fado do Casino Estoril, com a participação de Paulo Parreira e Fernando Silva na guitarra, João Mário Veiga e Carlos Garcia na viola e Pedro Nóbrega, Ricardo Cruz e Armando Figueiredo no baixo.[18][19] Entre as 18 canções, recolhidas pelo investigador José Manuel Osório, encontram-se temas conhecidos como "Recado a Lisboa", "Minha Primeira Cantiga", "Loucura", "Saudades Trago Comigo" ou "Prece" e uma faixa em que Carlos Zel improvisa com o pianista Bernardo Sassetti.[18]

Discografia[editar | editar código-fonte]

Singles e EP[editar | editar código-fonte]

  • Minha Primeira Cantiga (EP, Parlaphone, 1971)[20]
  • Teus Olhos São Horizonte (EP, EMI, 1974)[21]
  • Preço da Liberdade (2xEP, BASF, 1974)[22]
  • O Meu País Guerreiro e Mariante (EP, Imavox)[23]
  • É Fado (EP, Roda)[5]
  • "Fado Contrabadista" / "Ó Tempo Volta Para Trás" (Single, Imavox, 1978)[24]
  • "Guitarrada" / "À Beira Mar" (Single, Vadeca, 1981)[25]

Álbuns[editar | editar código-fonte]

  • Rosa Camareira (1967)[2][4]
  • Lusitano Vagabundo (LP, Imavox, 1978)[26]
  • Carlos Zel (LP, Imavox, 1978)[27]
  • Cantigamente (LP, Vadeca)[2][28]
  • Carlos Zel (LP, Vadeca, 1983)[29]
  • À Volta do Fado (LP, Schiu!, 1986)[2][30]
  • Fados (CD, BMG, 1993)[31]
  • Fado (CD, Movieplay Portuguesa, 1996)[1][2][32]
  • Com Tradição (CD, Movieplay, 2000)[1][2][14][15]

Compilações[editar | editar código-fonte]

  • Fado (LP, Imavox, 1978) partilhada com Cidália e João Ferreira-Rosa[33][34]
  • Minha Primeira Cantiga (CD, EMI-Valentim de Carvalho, Colecção "Caravela", 1996)[35]
  • O Melhor de Carlos Zel ‎(CD, iPlay-Valentim de Carvalho, 2008)[36]
  • Essencial ‎(CD, Edições Valentim de Carvalho, 2014)[37]

Álbuns ao vivo[editar | editar código-fonte]

  • Quartas de Fado (CD, Movieplay Portuguesa, 2010)[19]

Outros[editar | editar código-fonte]

Participações[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e f g h i j k Agência Lusa (14 de fevereiro de 2002). «Carlos Zel : Uma vida dedicada ao fado». TSF. Consultado em 7 de abril de 2016. Arquivado do original em 26 de fevereiro de 2002 
  2. a b c d e f g h i j k l m n o Fernando Magalhães (15 de Fevereiro de 2002). «Morreu o Fadista Carlos Zel». Publico. Consultado em 21 de setembro de 2017. Arquivado do original em 20 de fevereiro de 2002 
  3. a b c d e f g João Miguel Tavares (15 de Fevereiro de 2002). «Fadista Carlos Zel morre aos 51 anos». Diário de Notícias (via Instituto Camões). Consultado em 21 de setembro de 2017. Arquivado do original em 17 de novembro de 2002 
  4. a b c d e «Morreu Carlos Zel...». TVI Informação. 14 de fevereiro de 2002. Consultado em 21 de setembro de 2017. Arquivado do original em 18 de fevereiro de 2002 
  5. a b «É Fado». Discogs. Consultado em 21 de setembro de 2017 
  6. Carlos Zel. no IMDb.. Consultado em 21 de setembro de 2017
  7. «Ficha de Pessoa : "Carlos Zel"». Centro de Estudos de Teatro & Tiago Certal. 2 de Abril de 2015. Consultado em 21 de setembro de 2017 
  8. «A Música dos Outros : Carlos Zel». RTP. Consultado em 21 de setembro de 2017 
  9. «Grandes nomes do Fado cantam no Mercado da Vila em homenagem a Carlos Zel». Câmara Municipal de Cascais. 11 de agosto de 2017. Consultado em 21 de setembro de 2017 
  10. a b «Catálogo - Detalhes do registo de "Harpejos e gorgeios"». Fonoteca Municipal de Lisboa. Consultado em 21 de setembro de 2017 
  11. Agência Lusa (9 de maio de 2017). «Morreu o escritor Baptista-Bastos». Indica "1998" como data de edição. Correio da Manhã. Consultado em 21 de setembro de 2017 
  12. Fernando Magalhães (2 de janeiro de 2000). «Que se fado!». Indica entrevistas entre "entre Outubro de 1998 e Março deste ano". Publico. Consultado em 21 de setembro de 2017. Cópia arquivada em 21 de setembro de 2017 
  13. Jorge Lima Alves (14 de fevereiro de 2002). «Morreu o fadista Carlos Zel». TSF. Consultado em 21 de setembro de 2017. Arquivado do original em 29 de março de 2002 
  14. a b c Jorge Lima Alves (14 de fevereiro de 2002). «Fado, passado presente». Semanário Expresso. Consultado em 7 de abril de 2016. Arquivado do original em 8 de dezembro de 2000 
  15. a b OCLC 62172974. Consultado em 21 de setembro de 2017
  16. a b Redação Lux (15 de Setembro de 2017). «Fotos : 16ª edição da "Gala do Fado Carlos Zel" esgota Casino Estoril». Revista Lux. Consultado em 21 de setembro de 2017 
  17. a b Redação (17 de Setembro de 2017). «Gala do Fado – Carlos Zel esgotou o Salão Preto e Prata». Jornal Expresso do Oriente. Consultado em 21 de setembro de 2017 
  18. a b Agência Lusa (16 de junho de 2010). «'Novo' disco de Carlos Zel». Correio da Manhã. Consultado em 21 de setembro de 2017 
  19. a b «Catálogo - Detalhes do registo de "Quartas de fado"». Fonoteca Municipal de Lisboa. Consultado em 21 de setembro de 2017 
  20. «Minha Primeira Cantiga». Discogs. Consultado em 21 de setembro de 2017 
  21. «Teus Olhos São Horizonte». Discogs. Consultado em 21 de setembro de 2017 
  22. «Preço da Liberdade». Discogs. Consultado em 21 de setembro de 2017 
  23. «O Meu País Guerreiro E Mariante». Discogs. Consultado em 21 de setembro de 2017 
  24. «Fado Contrabadista». Discogs. Consultado em 21 de setembro de 2017 
  25. «Guitarrada». Discogs. Consultado em 21 de setembro de 2017 
  26. «Lusitano Vagabundo». Discogs. Consultado em 21 de setembro de 2017 
  27. OCLC 254313658. Consultado em 21 de setembro de 2017
  28. «Cantigamente». Discogs. Consultado em 21 de setembro de 2017 
  29. «Carlos Zel». Discogs. Consultado em 21 de setembro de 2017 
  30. «À Volta do Fado». Discogs. Consultado em 21 de setembro de 2017 
  31. «Catálogo - Detalhes do registo de "Fados"». Fonoteca Municipal de Lisboa. Consultado em 21 de setembro de 2017 
  32. OCLC 253232937. Consultado em 21 de setembro de 2017
  33. «Fado». Discogs. Consultado em 21 de setembro de 2017 
  34. OCLC 254267200. Consultado em 21 de setembro de 2017
  35. «Catálogo - Detalhes do registo de "Minha Primeira Cantiga"». Fonoteca Municipal de Lisboa. Consultado em 21 de setembro de 2017 
  36. «O Melhor de Carlos Zel». Discogs. Consultado em 21 de setembro de 2017 
  37. «Essencial». Discogs. Consultado em 21 de setembro de 2017 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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