Cartucho (áudio)

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Cartucho
Tipo de mídia
fita magnética


Interior de um cartucho
Uso em armazenamento de sinais de áudio
Codificação sinal analógico
Mecanismo de leitura cabeça magnética móvel
Desenvolvido por Lear Jet Corporation, em 1964
Fita cassete

Cartucho ou Stereo 8 é uma tecnologia de armazenamento de áudio baseada em fita magnética. Um cartucho é semelhante a uma cassete, mas apresenta um tamanho ligeiramente superior. Tem a particularidade de a ser gravado em formato "fechado", ou seja, não é necessário rebobinar visto que assim que atinge o fim recomeça automaticamente do princípio. Possui 4 programas estereofónicos, cada um com duas pistas de áudio, daí o nome Stereo 8, aludindo ao facto de existirem 8 pistas de áudio na fita magnética.

Foi popular nos Estados Unidos entre a segunda metade da década de 1960 e início da década de 1980. Também existiu na Europa, embora tenha sido menos popular.[1]

Os cartuchos eram vendidos já pré-gravados e eram usados inicialmente apenas em rádios automotivos. Posteriormente foram introduzidos leitores portáteis e de sala[2].

A tecnologia foi criada em 1958 por um consórcio liderado por Bill Lear da Lear Jet Corporation e que incluíu também as empresas Ampex, Ford Motor Company, General Motors, Motorola e a RCA Victor Records (RCA). Foi uma tecnologia derivada dos cartuchos de quatro pistas Muntz Stereo-Pak, criados anteriormente por Earl "Madman" Muntz.[2]

Utilização[editar | editar código-fonte]

Cartucho
Leitor de cartuchos em funcionamento, ilustrando as mudanças manuais de programa

Os cartuchos foram desenhados para serem fáceis de usar, contrastando com o seu antecessor de fita bobina a bobina. Assim, o utilizador não tem que manusear a fita directamente, bastando-lhe manusear o cartucho que contém a fita.

Normalmente, o utilizador introduz o cartucho na ranhura do leitor apropriada para o efeito, dando-se início à reprodução automaticamente. Tipicamente existe um botão de selecção de programa, que permite ao utilizador alternar entre os 4 programas disponíveis. Quando um programa chega ao fim, o leitor passa automaticamente ao programa seguinte, continuamente, sem nunca parar. Cada programa inclui, normalmente, um número reduzido de músicas. Não existe a possibilidade de rebobinar um cartucho, devido a impossibilidade técnica. Nalguns leitores existe a possibilidade de avanço rápido.

Aspectos técnicos[editar | editar código-fonte]

Reprodução de um cartucho áudio

Os cartuchos possuem uma fita magnética de 1/4 de polegada de espessura, enrolada de forma contínua à volta de uma única bobina. A junção das duas pontas da fita faz-se através de uma folha de metal de uma polegada de comprimento, utilizada para marcar a mudança de programa. A fita encontra-se dividida em 8 pistas magnéticas, 2 para cada programa estéreo. [3]

A fita move-se devido à acção do cabrestante (5), que sendo accionado por um motor, vai rodando a fita a medida que a pressiona contra o cilindro de pressão (6), a uma velocidade de 3 3/4 polegadas por segundo.[3]

Quando a bobina roda, a fita sai do centro (1), passa pelo topo do cartucho junto a uma esponja (4) e volta a entrar pelo lado oposto, voltando a enrolar-se na parte exterior da bobina. Quando a folha de metal passa pelo solenoide (2), é detectada a altura de se efectuar uma mudança de programa, que se concretiza movendo a cabeça de leitura (3). Esta cabeça é responsável por descodificar os sinais magnéticos gravados na fita. A mudança de programa provoca um forte clique que se ouve fora do aparelho. Como se pode notar, a fita pode continuar a rodar continuamente.[3]

Organização dos programas na fita[editar | editar código-fonte]

Pistas na fita magnética de um cartucho

Os programas estão organizados na fita da seguinte forma:

  • Programa 1: Pistas 1 e 5
  • Programa 2: Pistas 2 e 6
  • Programa 3: Pistas 3 e 7
  • Programa 4: Pistas 4 e 8

Quando se muda de programa, a cabeça move-se, alinhando-se com as pistas certas. Note-se que a mudança de programa tanto pode ser feita automaticamente (como descrito mais acima) ou manualmente, através de um botão existente nos leitores para esse efeito.

Consequências da divisão em 4 programas[editar | editar código-fonte]

O nascimento dos cartuchos trouxe consigo o problema de ajustar o conteúdo desenhado para um disco vinil LP com 2 lados para 4 programas. Frequentemente foi necessário partir músicas em 2 partes (a quebra era normalmente feita durante uma pausa instrumental ou entre repetições de um refrão). Muitas vezes também era necessário trocar a ordem das músicas, mudar o seu comprimento ou introduzir grandes períodos de silêncio, tudo de modo a ajustar a duração das músicas à duração de um programa na fita.[4]

Alguns cartuchos incluíram conteúdo extra, como por exemplo o álbum Berlin de Lou Reed e o álbum Animals dos Pink Floyd.

Muito raramente, os cartuchos reproduziram igualmente o conteúdo do LP correspondente. Alguns exemplos incluem Quadrophenia dos The Who, Days of Future Passed dos The Moody Blues, The Concert in Central Park por Simon & Garfunkel.

Referências

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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