Castilhismo

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Castilhismo era o nome dado à corrente política do oligarca gaúcho Júlio Prates de Castilhos, no início da República Velha.

O Castilhismo era uma corrente política de forte cunho conservador, ao mesmo tempo em que apostava na modernização econômica, por ter na burguesia industrial e urbana suas bases de apoio. Também sofreu forte influência do positivismo de Auguste Comte.

O castilhismo tinha três princípios básicos:

  1. Escolha dos governantes baseado na sua pureza moral e não na sua representatividade popular.
  2. Na política devem ser eliminadas as disputas político partidárias e valorizar só a virtude.
  3. O governante deve regenerar a sociedade, e o Estado comandar a transformação e modernização da sociedade.

Embora tenha origens ideológicas no pensamento de Venâncio Aires, o castilhismo como alinhamento político surgiu junto com a ascensão pessoal de Castilhos e do Partido Republicano Riograndense. Ele foi eleito pela primeira vez para o governo estadual em 1891.

Em 1893, ocorreu a Revolução Federalista no Rio Grande do Sul, uma verdadeira guerra civil gaúcha em que os liberais pegaram em armas contra o governo de Castilhos e foram derrotados.

O líder da oposição, o monarquista Silveira Martins, tinha sido o pivô da proclamação da República em 1889 e era desafeto tanto de Deodoro (que fora governador do Rio Grande no Império e renunciara à presidência em 1891) quanto dos republicanos históricos. A vitória dos pica-paus de Castilhos sobre os maragatos de Silveira Martins na Revolução Federalista de 1893 deu forte impulso ao castilhismo.

O castilhismo permaneceu como força hegemônica no Rio Grande do Sul ininterruptamente entre 1893 e 1937. A partir de então, passou a dividir-se entre a nova corrente "getulista" ou "varguista" (alinhada ao trabalhismo de centro-esquerda), e a corrente conservadora de Flores da Cunha, Lindolfo Collor, Walter Só Jobim e Ildo Meneghetti.

Inicialmente com alcance apenas local, os castilhistas expandiram sua influência a nível nacional, projetando nomes como Pinheiro Machado, Borges de Medeiros, Flores da Cunha, Lindolfo Collor, Osvaldo Aranha e Getúlio Vargas. O auge do castilhismo se deu em 1930, quando a Revolução alçou Vargas à presidência do Brasil, contando com o apoio inicial de tenentistas e modernistas. Logo, porém, divergências internas evidenciaram as dissidências de Collor e Flores, entre outros, e o próprio Getúlio ajudou a sufocar o castilhismo.

Alguns historiadores têm visto no transcurso do regime militar implantado no país em 1964, influências destas idéias. Todos os cinco presidentes militares (dois marechais e três generais) cursaram a Escola de Guerra de Porto Alegre, onde o positivismo e o castilhismo eram visões políticas disseminadas.

Getúlio foi o mais destacado e fiel seguidor de Júlio de Castilhos. O Estado Novo nada mais foi do que o transplante para nível nacional do castilhismo.

Referências

Freitas, Décio - O homem que inventou a ditadura no Brasil. Sulina. Porto Alegre (1999).