Rádio Clube (Fortaleza)

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Rádio Clube
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Rádio Clube (Fortaleza)
Ceará Rádio Clube S/A
País Brasil
Frequência(s) AM 1 200 kHz
AM 1 320 kHz (1934–?)
OC 15 165 kHz (49 m) (1941–1980)
OC 6 105 kHz (19 m) (1949–1980)
Sede Fortaleza, CE
Slogan A pioneira
Fundação 28 de agosto de 1931 (92 anos)[nota 1]
Fundador João Dummar
Pertence a Diários Associados
Antigo(s) proprietário(s) João Dummar (1931–1944)
Assis Chateubriand (1944–1968)
Formato comercial
Gênero popular
Afiliações Super Rádio Tupi
Afiliações anteriores Rede Clube Brasil (2008–2012)
Clube FM (2017)
Rádio Planalto (2017–2018)
Idioma português
Prefixo ZYH 585[3]
Prefixo(s) anterior(es) PRE 9
ZYN 6
ZYN 7
Nome(s) anterior(es) PRAT (1931–1934)
PRE-9 (1934–?)
Ceará Rádio Clube (?–2008)
Rádio Planalto Fortaleza (2017–2018)[4]
Dados técnicos Potência ERP: 10 kW[3]
Classe: B[3]
Agência reguladora ANATEL
Informação de licença
CDB
PDF
Webcast radioclube1200.com.br
Aplicativo móvel Google Play
Página oficial radioclube1200.com.br

A Rádio Clube é uma emissora de rádio brasileira sediada em Fortaleza, capital do estado do Ceará, que opera na frequência de 1 200 kHz e pertence ao conglomerado de mídia Diários Associados. A estação foi projetada e inaugurada na década de 1930 pelo empresário libanês João Dummar, sendo a primeira e mais antiga rádio em funcionamento no estado.

História[editar | editar código-fonte]

Interessado nas atividades de radiotelefonia da época, o empresário libanês João Demétrio Dummar lança, em 28 de agosto de 1931, o Ceará Rádio Clube, uma sociedade civil formada por personalidades que também eram interessadas no tema. Estavam nessa sociedade Francisco Aprígio Riquet Nogueira, Clóvis Fontenele, Joaquim da Silveira Marinho, Eusébio Nery Alves de Sousa, Francisco Campello de Alencar Mattos, Diogo Vital de Siqueira, Álvaro de Azevedo e Sá, Sebastião Coelho Filho, César Herbster Dias, Jorge Ottoch, dentre outros.[1][5]

Em 16 de agosto de 1932, a sociedade conseguiu uma licença para transmitir sob o prefixo PRAT na frequência AM 1 320 kHz, posteriomente AM 1 200 kHz. Com isso, a emissora é instalada, de modo precário, em 19 de setembro de 1933, aguardando somente o licenciamento oficial.[6] Em 30 de maio de 1934, o licenciamento da Ceará Rádio Clube é concedido através da portaria 415.[1] Usando o nome PRE-9, o transmissor inicial tinha potência de 500 watts.[1] A sede e estúdios iniciais eram localizados na Rua Barão do Rio Branco, operando o transmissor no bairro Damas, localizado na Avenida João Pessoa, ocupando área que era próxima as antigas instalações do Ideal Clube. A rádio mudou-se para este local em 1938.[1]

Não há registros precisos sobre os primeiros programas da PRE-9. Arquivos dos anos iniciais revelam que a programação era exclusivamente musical e que revelações da época, como José Pompeu Gomes de Matos, Lauro Maia, José e Estevão Emílio de Castro e Aloysio Pinto, tocavam piano nas transmissões.[1] A rádio também abria espaço para os cantores Vicente Celestino, Silvio Vieira, Augusto Calheiros, Alberto Perroni, Gastão Fomenti, Pixinguinha, Benedito Lacerda, além de Carmem Miranda e Aurora Miranda. Em 1936, a emissora teve seu primeiro concurso para locutor.[7] A primeira geração de locutores era composta por Caetano Vasconcelos, José Júlio Cavalcante, José Cabral de Araújo, Raimundo Menezes, José Lima Verde Sobrinho, Luzanira Cabral, Silva Filho, dentre outros.[6] Em 24 de dezembro de 1939, transmitiu a primeira partida de futebol do rádio no Ceará, válida pelo Campeonato Cearense.[8]

Em 29 de agosto de 1941, através de portaria de número 496, a PRE-9 recebeu autorização para mudar os estúdios do bairro Damas para o Edifício Diogo, no Centro da capital. A inauguração das novas instalações e da transmissão em ondas curtas ocorreu em 12 de outubro de 1941 e contou com uma grande festa, tendo como atração principal o cantor Orlando Silva.[1][6] A nova fase da programação da emissora contou com direção artística de Dermival Costa Lima, que trouxe o modelo das rádios da Região Sul do país. Naquele momento, foram implantados os primeiros programas de auditório.[1]

Em 1944, por pressão de Assis Chateubriand, a rádio foi vendida.[9] De acordo com relato de João Dummar Filho, a Ceará Rádio Clube foi alvo de boatos que potencializaram sua venda para os Diários Associados. Antes da venda ser concretizada, João Dummar fez circular o cheque de Chateubriand pela Praça do Ferreira, em demonstração de contrariedade, pois acreditava que o cheque não valia nada diante do trabalho realizado pela PRE-9. A emissora teria sido comprada por dois mil contos de réis[10], sendo incorporada aos Diários Associados em 11 de janeiro de 1944.[1] Dermival Costa Lima deixa a direção artística e é substituído por Antônio Maria de Araújo, que continua seu trabalho de implantar um alto padrão de qualidade na rádio.[1] A então Ceará Rádio Clube lança seu primeiro concurso de peças de radioteatro, com o tema "Os grandes processos da História", tendo como vencedor Processo de Maria Antonieta, do jornalista Eduardo Campos, que passaria a integrar a emissora em 4 de setembro de 1944. O mesmo acaba virando locutor, usando o pseudônimo de Manuelito Eduardo. A rádio continua investindo em radioteatro e lança o seu próprio, a obra Penumbra, de Amaral Gurgel, tendo grande sucesso.[1]

Em 1948, realiza a sua primeira campanha solidária em prol da Santa Casa de Misericórdia, que estava prestes a fechar as portas por conta de dívidas que chegavam aos 200 mil cruzeiros. Em 15 dias, a campanha arrecadou um milhão e duzentos mil cruzeiros. Tiveram participação importante na campanha os locutores Paulo Cabral de Araújo, também diretor geral, e Luciano Carneiro. Por conta do sucesso da campanha, Paulo Cabral foi indicado para as eleições municipais de 1950.[1] Em outubro de 1946, a Ceará Rádio Clube transmite programação especial nos festejos de seu aniversário.[1] Em 13 de maio de 1949, a Ceará Rádio Clube inaugura suas novas instalações no Edifício Pajeú, com três estúdios, incluindo um palco-auditório com capacidade para 500 pessoas. A inauguração reuniu nomes importantes como o desembargador Faustino de Albuquerque e Souza, o governador do Ceará, D. Antônio de Almeida Lustosa, o Arcebispo de Fortaleza, dom João Daudt d'Oliveira, dentre outros.[1] Naquela época, a rádio possuía um programa que anunciava em português, francês, inglês, espanhol e sueco.[1]

A partir da década de 1950, começa a competição de audiência do rádio, devido a consolidação da Rádio Iracema, lançada em 1948. Nesta época, foram realizadas as grandes apresentações no auditório do Edifício Pajeú, além de importantes contratações artísticas, com valores altos, financiados pelos clubes da época.[1] Com a criação da primeira TV em Fortaleza, a TV Ceará a partir da década de 1960, ocorreram mudanças significativas na programação da emissora, que passou a investir em programas populares e jornalísticos.[11] Este modelo de programação durou por bastante tempo nos anos que seguiram. Os estúdios da rádio passam a ser sediados ao lado da TV Ceará,[12] na Avenida Antônio Sales, posteriormente migrando para a Rua Oswaldo Cruz.[6] Em junho de 1980, os representantes dos Diários Associados no Ceará entram em crise e são obrigados a fechar jornais, a TV Ceará (que havia sido cassada junto com a Rede Tupi), e encerram as transmissões em ondas curtas da rádio.[13] A emissora agora passa a ser sediada na Avenida Senador Virgílio Tavora.[6]

Em 16 de julho de 2008, passou a integrar a Rede Clube Brasil[14] e adota a marca "Rádio Clube". Em 2011, a rede começa a ter sinais de declínio e a Rádio Clube passa a arrendar horários da programação.[15] A rede de rádios durou até a extinção da cabeça-de-rede, a Rádio Clube de Brasília, em 2 de janeiro de 2012.[16] Desde então, passou a exibir programação independente, com programas jornalísticos, populares e esportivos, absorvendo a marca adquirida com a transmissão como afiliada. Em 2014, solicitou junto ao Ministério das Comunicações a migração para o dial FM.[17] A emissora foi uma das poucas empresas do D.A. no Nordeste que não foram adquiridas pelo Sistema Opinião de Comunicação, do Grupo Hapvida. Em 2015, foi noticiado que a Rádio Clube deixaria de existir para dar espaço a programação da Rádio Globo,[18] o que não foi concretizado.

Em setembro de 2016, a Rádio Clube dispensa todos os seus locutores e suspende a programação normal, passando a transmitir seleções musicais. De acordo com a coluna Abidoral, do jornal O Povo, a emissora iria passar a retransmitir a programação da Clube FM de Brasília, de propriedade do mesmo grupo, sem informar uma data.[19] A retransmissão iniciou oficialmente em 1 de março de 2017, durando até 11 de novembro, quando passou a repetir a programação da Rádio Planalto, também de Brasília e dos Diários Associados, passando a ser identificada como Rádio Planalto Fortaleza.[4] A partir de janeiro de 2018, trocou a retransmissão da Planalto pela Super Rádio Tupi, do Rio de Janeiro, também do mesmo grupo, voltando a ser identificada como Rádio Clube. Em abril, a emissora sai do ar.

Em 2 de agosto de 2018, o retorno da Rádio Clube foi acertado em uma reunião na sede do Correio Braziliense, em Brasília, formada por executivos dos Diários Associados e pelo radialista e empresário artístico Márcio Aurélio, que tornou-se diretor da emissora.[20] A volta para testes ocorreu em março de 2019 com programação musical, e em abril, a estação lançou sua programação oficial, retransmitindo também a Super Rádio Tupi.[21] Em 3 de agosto de 2019, em comemoração ao aniversário da Rádio Clube, o locutor José Carlos Araújo, da equipe esportiva da Super Rádio Tupi, narrou a convite o Clássico-Rei entre Ceará e Fortaleza pelo Campeonato Brasileiro de Futebol.[22]

Notas e referências

Notas

  1. Não há um consenso sobre a data oficial de inauguração da Ceará Rádio Clube. Pesquisadores afirmam que a rádio foi inaugurada em 22 ou 28 de maio de 1934. No entanto, o jornalista e escritor cearense Eduardo Campos usa como data oficial de início das atividades da emissora o dia 30 de maio de 1934, aceita para efeitos históricos, pois foi o dia em que o Departamento dos Correios e Telégrafos expediu a licença de funcionamento da rádio.[1] Em 1942, a administração da emissora escolheu o dia 12 de outubro para celebrar seu aniversário.[1] As datas 28 de agosto de 1931 e 19 de setembro de 1933 também eram atribuídas como data de fundação da rádio. Atualmente, sua direção considera como data de aniversário o dia 28 de agosto, ao qual foi instituído o Dia Estadual do Radialista através de uma lei decretada em 2016 no Diário Oficial do Estado do Ceará.[2]

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n o p q CAMPOS, E. (1984). «50 anos de Ceará Rádio Clube» (PDF): 1-58. Consultado em 5 de janeiro de 2017 
  2. «LEI N.º 16.042, de 28.06.16 (D.O. 30.06.16)». Banco Eletrônico de Leis Temáticas: Assembleia Legislativa do Estado do Ceará. 24 de maio de 2017. Consultado em 30 de agosto de 2020 
  3. a b c «Spectrum-E: SDR Formulário TV». ANATEL 
  4. a b Carlos Massaro (14 de dezembro de 2017). «Rádio Planalto aparece no dial de Fortaleza no lugar da Rádio Clube». Tudo Rádio. Consultado em 17 de dezembro de 2017 
  5. https://web.archive.org/web/20160820172805/http://www.radioclubece.com.br/?page_id=4
  6. a b c d e LIMA, A. «Ceará Rádio Clube» (PDF): 1-13. Consultado em 5 de janeiro de 2017 
  7. «Os 70 anos da Ceará Rádio Clube». Diário do Nordeste. 29 de maio de 2004. Consultado em 5 de janeiro de 2017 
  8. «Perfil». O Povo. 28 de outubro de 2007. Consultado em 5 de janeiro de 2017. Em 24 de dezembro de 1939, tornou-se a primeira emissora a transmitir um jogo do Campeonato Cearense: Estrela do Mar 4x1 Maguary. 
  9. Raymundo Netto (20 de março de 2013). «O POVO: 85 anos presente no Ceará V». O Povo. Consultado em 5 de janeiro de 2017. Em 1944, João Dummar, a contragosto, após diversas manobras de Assis Chateaubriand para adquirir a Ceará Rádio Clube, a vendeu. Motivo: a lei exigia que os direitos de concessão de radiodifusão só pudessem ser cedidos a brasileiros natos ou naturalizados. 
  10. Sá 2013, p. 22-23.
  11. PINHEIRO, A.; LIMA, N.; MARQUES, P. (2010). «Panorama do Rádio em Fortaleza» (PDF). Fortaleza. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação: 1-15. Consultado em 30 de julho de 2016 
  12. Audifax Rios (7 de fevereiro de 2014). «Borgeana Memória». O Povo. Consultado em 5 de janeiro de 2017. [...]Até que a Ceará Rádio Clube veio do Edifício Pajeú, no centro da cidade, para as novas instalações, na Estância, ao lado da TV Ceará.[...] 
  13. Leila Nobre (21 de abril de 2011). «Do fechamento da TV Ceará até os dias de hoje». Fortaleza Nobre. Consultado em 5 de janeiro de 2016 
  14. «Surge uma nova rede de rádios: Rede Clube Brasil». Tudo Rádio. 24 de julho de 2008. Consultado em 5 de janeiro de 2017 
  15. Macário Batista (9 de maio de 2011). «O SUS não existe». O Estado. Consultado em 5 de janeiro de 2017 
  16. Daniel Starck (5 de janeiro de 2012). «Exclusivo: Clube FM passa a ser transmitida também no AM». Tudo Rádio. Consultado em 5 de janeiro de 2017 
  17. Eliomar de Lima (9 de maio de 2014). «Ministério das Comunicações divulga lista de AMs do Ceará que querem virar FM». Blog do Eliomar. O Povo. Consultado em 11 de dezembro de 2016 
  18. «Ceará Rádio Clube vai ser Rádio Globo.». Diário do Nordeste. Consultado em 27 de janeiro de 2015 
  19. «Velho, só o Chico!». Coluna do Abidoral. O Povo. 18 de setembro de 2016. Consultado em 5 de janeiro de 2017. Arquivado do original em 6 de janeiro de 2017. A Ceará Rádio Clube deve passar por novas mudanças. A pioneira, por enquanto, só toca música e aguarda, em breve, replicar programação de Brasília. 
  20. Albuquerque, Nonato (3 de agosto de 2018). «RÁDIO. A Ceará Rádio Clube vai retomar suas atividades». Gente de Mídia. Consultado em 3 de agosto de 2018 
  21. Massaro, Carlos (4 de maio de 2019). «Rádio Clube AM retoma transmissão de programação própria em Fortaleza». Tudoradio.com 
  22. «José Carlos Araújo, o Garotinho, narra neste sábado clássico cearense no Brasileirão pela Rádio Clube de Fortaleza». Tudoradio.com. 1 de agosto de 2019 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Sá, Adísia (2013). AM do Povo: a trajetória de uma pioneira (1982-2012). Fortaleza: Edições Demócrito Rocha. ISBN 9788575295649 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]