Chalcides bedriagai

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Chalcides bedriagai
Classificação científica edit
Domínio: Eukaryota
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Reptilia
Ordem: Squamata
Família: Scincidae
Gênero: Chalcides
Espécies:
C. bedriagai
Nome binomial
Chalcides bedriagai
(Boscá, 1880)[2]
Sinónimos[2]
  • Gongylus ocellatus bedriagai
    Boscá, 1880
  • Chalcides bedriagai albaredae Valverde, 1968
  • Chalcides bedriagai Malkmus, 1982

A Chalcides bedriagai, comummente conhecida como cobra-de-pernas-pentadáctila[3][4], é uma espécie da família dos escincídeos, endémica da Península Ibérica.[5]

Nomes comuns[editar | editar código-fonte]

Além de «cobra-de-pernas-pentadáctila», dá ainda pelos seguintes nomes comuns: cobra-de-pernas (nome comum que partilha com a espécie Chalcides striatus)[6]; cobra-de-cinco-dedos[7] e escinco-ibérico.[8]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

Do que toca ao nome científico:

  • O epíteto específico, bedriagai, trata-se de uma homenagem ao herpetólogo russo do séc. XIX Jacques von Bedriaga.[10]

Quanto aos nomes comuns, são alusivos às características físicas deste réptil serpentiforme, dotado de pequenas pernas vestigiais, com cinco dedos (daí o epíteto «pentadáctilo»).[11][5]

Descrição[editar | editar código-fonte]

Caracteriza-se pelo corpo cilíndrico e serpentiforme, dotado de membros locomotores rudimentares (pernas), os quais estão munidos de cinco dedos cada, o que lhe vale o nome de cobra-de-pernas-pentadáctila.[4][5]

Esta espécie pode alcançar até cerca de 17 centímetros de comprimento total. Exibe uma coloração variegada, que pode variar entre o acastanhado, o acinzentado, o oliváceo e o amarelado. Amiúde, conta com uma banda larga mais escura em cada um dos flancos.[7][5]

Distribuição[editar | editar código-fonte]

A área de distribuição desta espécie inclui-se na região bioclimática mediterrânica, com excepção de locais situados no Sudoeste da Galiza, Norte de Portugal, Sul da Cantábria e nascente do rio Ebro, onde ocorre sempre nos habitats mais quentes. Encontra-se desde o nível do mar até aos 1750 metros de altitude, nas Serras Béticas.[5]

Esta espécie encontra-se distribuída pela maior parte da Península Ibérica, salvo no extremo Norte, nas zonas da Cordilheira Cantábrica, Astúrias e País Basco. Na costa mediterrânica chega até às serras litorais e ao rio Ebro.[5]

Há algumas populações insulares no Atlântico e no Mediterrâneo.[5]

Portugal[editar | editar código-fonte]

Distribui-se por grande parte do território de Portugal continental, se bem que muito dispersamente.[5]

Contam-se registos da sua presença no Parque Nacional da Peneda-Gerês, a Norte de Chaves, nas serras do Alvão e Marão, na Beira Interior, no Ribatejo, na Costa Vicentina e no Algarve. É passível de se encontrar desde o nível do mar até aos 1200 metros de altura, nas Serras da Peneda e Gerês. Não ocorre nas zonas de mais baixa altitude, desde a foz do rio Minho até ao cabo Raso, e no Parque Natural de Montesinho. No Alto e Baixo Alentejo marca presença na Serra de S. Mamede e a sul de Beja.[5]

Não há registos da sua existência no leste do distrito de Setúbal, sul do distrito de Santarém, oeste dos distritos de Portalegre e de Évora e norte do distrito de Beja.[5]

Há ainda populações insulares portuguesas, dentre as quais se contam as da ilha do Pessegueiro e da ilha de Faro.[5]

Ecologia[editar | editar código-fonte]

Privilegia áreas arenosas, dotadas de parca vegetação e com boa cobertura no solo. Também é capaz de habitar em florestas, onde costuma fazer a toca, escavando no solo solto.[5]

Comportamento[editar | editar código-fonte]

As fêmeas da espécie dão à luz por ovoviviparidade. Esta espécie encontra-se activa durante o dia e o crepúsculo. Pauta-se pelo seu temperamento cauteloso e tímidos.

Predam insectos, aranhas, lesmas e bichos-de-conta.

Ameaças[editar | editar código-fonte]

As principais ameaças que afectam esta espécie resultam da perda de habitat provocadas pelos seguintes factores:[5]

  • Os repovoamentos florestais em regime de monocultura, em especial de eucaliptais;
  • A agricultura intensiva, em particular no Baixo Alentejo, o que propende para a eliminação do coberto arbustivo e para o despredegar dos terrenos, privando assim a cobra-de-pernas de refúgios naturais;
  • Os incêndios, que por seu turno, tendem a menoscabar significativamente a habitabilidade de algumas zonas florestais.

Subespécies[5][editar | editar código-fonte]

  • Chalcides bedriagai bedriagai
  • Chalcides bedriagai pistaciae
  • Chalcides bedriagai cobosi

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Juan M. Pleguezuelos, Paulo Sá-Sousa, Valentin Pérez-Mellado, Rafael Marquez, Iñigo Martínez-Solano (2009). «Chalcides bedriagai». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2009: e.T61472A12472701. doi:10.2305/IUCN.UK.2009.RLTS.T61472A12472701.enAcessível livremente. Consultado em 19 de novembro de 2021 
  2. a b Chalcides bedriagai at the Reptarium.cz Reptile Database. Accessed 9 January 2021.
  3. «Cobra-de-pernas-pentadáctila». ICNB. Consultado em 25 de julho de 2009 
  4. a b «cobra-de-pernas-pentadáctila». Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. Infopédia 
  5. a b c d e f g h i j k l m n o Loureiro, Armando (2008). Atlas dos Anfíbios e Répteis de Portugal. Lisboa: Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade. pp. 160–161. ISBN 978-972-775-197-6 
  6. «cobra-de-pernas». Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. Infopédia 
  7. a b «cobra-de-cinco-dedos». Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. Infopédia 
  8. «escinco-ibérico». Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. Infopédia 
  9. «χαλκίς - WordSense Dictionary». www.wordsense.eu (em inglês). Consultado em 3 de março de 2023 
  10. «Chalcides bedriagai». The Reptile Database. Consultado em 3 de março de 2023 
  11. «pentadáctilo». Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. Infopédia 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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