Chronos

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 Nota: Este artigo é sobre a personificação do tempo. Para o titã, veja Cronos.
 Nota: Para outros significados, veja Chronos (desambiguação).
Chronos
Deus do tempo

Chronos, o deus do tempo da mitologia grega, dormindo sobre uma tumba no cemitério Friedhof IV der Gemeinde Jerusalems- und Neue Kirche de Berlim, Alemanha, estátua de Hans Latt, c. 1904
Símbolo Gadanha de colheita, Roda do zodíaco
Cônjuge(s) Ananque
Nix
Filho(s) Caos
Éter
Fanes
Érebo
Moiras
Hemera
Horas

Chronos (em grego: Χρόνος, transl.: Chrónos, "tempo"; em latim: Chronus) também chamado de Aeon (em grego: Αίων, "eternidade"; em latim: Aeon), na mitologia grega, era a personificação do tempo eterno e imortal, e governava sobre o destino dos deuses imortais. Chronos foi uma divindade criada pela seita órfica, sendo essencialmente uma cópia do titã Cronos, que, no culto popular dos antigos gregos, era o deus do tempo por excelência.[1]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

Durante a antiguidade, Chronos era ocasionalmente confundido com o titã Cronos.[2] De acordo com Plutarco, os gregos antigos acreditavam que Cronos era um nome alegórico para Chronos.[3] O que quer dizer que, na verdade, a figura de Chronos era, fundamentalmente, a mesma que a do titã Cronos, o deus do tempo da teogonia hesiódica e do culto comum dos gregos.[4]

Além do nome, a história de Cronos comer seus filhos também era interpretada como uma alegoria de um aspecto específico do tempo, a esfera de influência de Chronos. Chronos representava as características destrutivas de tempo, que consumia todas as coisas, um conceito que foi definitivamente ilustrado quando o rei titã consumiu os deuses do Olimpo — o passado consumindo o futuro, a geração mais velha suprimida pela geração seguinte.

Durante o Renascimento, a identificação de Cronos e Chronos deu origem ao "Pai Tempo", uma representação antropomórfica do tempo empunhando a foice da colheita. O significado original e a etimologia da palavra Chronos ainda são incertos.[5]

Conceitos[editar | editar código-fonte]

Os gregos antigos tinham três conceitos para o tempo: khrónos, kairós e aíôn. Khrónos refere-se ao tempo cronológico, ou sequencial, que pode ser medido, associado ao movimento linear das coisas terrenas, com um princípio e um fim. Kairós refere-se a um momento indeterminado no tempo, em que algo especial acontece, o tempo da oportunidade. Aíôn já era um tempo sagrado e eterno, sem uma medida precisa, um tempo da criatividade onde as horas não passam cronologicamente, também associado ao movimento circular dos astros, e que na teologia moderna corresponderia ao tempo de Deus.

Mitologia[editar | editar código-fonte]

De acordo com a teogonia órfica, Chronos surgiu no princípio dos tempos, formado por si mesmo, ou nascido da união de Hidros e Gaia.[6] Era um ser incorpóreo e serpentino possuindo três cabeças, uma de homem, uma de touro e outra de leão. Uniu-se à sua companheira Ananque (a inevitabilidade) numa espiral em volta do ovo primogênito separando-o, formando então o Universo ordenado com Gaia, Ponto (o mar profundo) e o Urano (o céu estrelado).

Com Ananque foi pai de Érebo ou Skotos, Éter ou Akmon e Caos ou Aer, além de Fanes, nascidos do ovo primogênito. Alguns autores o fazem pai de Hemera ou Amara e das Moiras com Nix, assim como das doze Horas.[6]

Permaneceu como um deus remoto e sem corpo, do tempo, que rodeava o Universo, conduzindo a rotação dos céus e o caminhar eterno do tempo, aparecendo ocasionalmente perante Zeus sob a forma de um homem idoso de longos cabelos e barbas brancas, embora permanecesse a maior parte do tempo em forma de uma força para além do alcance e do poder dos deuses mais jovens.

Uma das representações de Chronos, é a de um deus que devora seus próprios filhos. Esta representação deve-se ao fato de os antigos gregos tomarem Chronos como o criador do tempo, logo, de tudo o que existe e pode findar, sendo que, por este fato, se consideravam como filhos do tempo (Chronos), e uma vez que é impossível fugir ao tempo, todos seriam mais cedo ou mais tarde vencidos (devorados) por ele. A exemplo do Deus único e criador dos cristãos, judeus e muçulmanos, criador do universo e juiz final.

Uma explicação possível para esta representação é a confusão com o titã Cronos, que comeu os seus filhos para que não se rebelassem contra ele e lhe tomassem o poder da Terra como ele fez com o seu pai, Urano.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Theoi. «Chronos Aeon». Consultado em 21 de outubro de 2016 
  2. Verbete em LSJ: Κρόνος
  3. Plutarco, On Isis and Osiris, 32
  4. Theoi. «Cronus». Consultado em 24 de outubro de 2016 
  5. R. S. P. Beekes, Etymological Dictionary of Greek, Brill, 2009, pp. 1651–2.
  6. a b «CHRONOS AEON (Khronos Aion) - Greek Primordial God of Time». www.theoi.com. Consultado em 3 de julho de 2016