Chá verde

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A plantação de Camellia sinensis da Gorreana (na Ilha de São Miguel, nos Açores) tornou-se reconhecida pela sua elevada qualidade e é, actualmente, exportada para todo o mundo

Chá-verde[1] é um tipo de chá feito a partir da infusão da planta Camellia sinensis. É chamado de verde porque as folhas da erva sofrem pouca oxidação durante o processamento, o que não acontece com as folhas do chá-preto. Algumas outras ervas são vendidas a título de chá-verde, porém o verdadeiro chá-verde é o feito a partir da folha do arbusto Camellia sinensis.

Muito popular na China e no Japão, há pouco tempo começou a ser consumido com maior frequência no ocidente, tradicional consumidor de chá-preto, devido tanto a uma tendência orientalista, quanto às propriedades antioxidantes a ela atribuídas. No ocidente, é a partir de Portugal, mais exactamente na localidade da Gorreana, na ilha de São Miguel, nos Açores, que existe a mais antiga plantação de chá-verde, a qual realiza a exportação de chá-verde para todo o mundo.

A preparação do chá-verde difere um pouco dos chás tradicionais. A água não deve estar fervendo, pois, do contrário, as folhas acabam sendo cozidas e proporcionando um gosto amargo à bebida. O tempo de infusão também não deve ser maior que 3 minutos.

História do chá-verde

Até a invenção oriental do chá-preto na China, durante o século XVII, o chá não era dividido por cores, e era processado de maneira simples, a partir de folhas secas picadas, ou transformado em um bolo, comparável ao Pu-erh.

Chá verde no mundo

Folhas secas e moídas de chá-verde

Originalmente da China, o chá foi levado ao Japão através de monges que viajavam entre os dois países. Curiosamente, o chá-verde foi o único chá que se popularizou no Japão, tornando-se a bebida mais consumida do país, superando refrigerantes e bebidas alcoólicas.

O chá-verde também é produzido em outros países da Ásia, inclusive em produtores tradicionais de chá preto, como Índia e Ceilão, mas com técnicas diferentes das japonesas.

Fora da Ásia, devido à imigração japonesa, o chá-verde também é produzido no sudeste do Brasil, particularmente no estado de São Paulo. Embora existam marcas de qualidade reconhecida, é comum encontrar, sob o nome de "chá-verde", compostos de plantas, incluindo o mate. Isso é devido à grande generalidade do termo "chá" no Brasil, podendo se referir a qualquer infusão.

O chá-verde é cultivado também no arquipélago dos Açores, mais propriamente na localidade da Gorreana, na ilha de São Miguel, sendo cultivado e comercializado o de tipo Hysson.

Chá-verde no Japão

Uma chávena de chá-verde

Para entender as variedades de chá-verde Japonês, é necessário conhecer os diferentes tipos de plantio e processamento.

Plantação coberta

Os tipos mais nobres de chá-verde vêm das folhas de árvores parcialmente cobertas do sol, que tem o nome genérico de Tencha. De acordo com a qualidade, e as características de cada chá, os vasos condutores podem ser removidos, para conferir um paladar mais agradável.

  • Gyokuro: É enrolado e processado como o Sencha, mas tem um sabor mais doce e delicado. É considerado o chá mais nobre, dentre os com folha enrolada.
  • Matcha: É feito a partir do tenchá triturado até a consistência do talco, e é usado no Chanoyu, a cerimônia do chá Japonesa.
  • Kukicha: É feito com folhas, galhos, e partes menos nobres que sobram da colheita do Gyokuro. Conhecido pelo seu sabor leve e refrescante, e sua cor levemente amarelada, um bom Kukicha tem um sabor próprio, comparado ao Oolong chinês, e muito pouca cafeína.

Plantação descoberta

Do restante da plantação, são feitos outros chás, considerados menos nobres, porém mais populares, e de preparo mais fácil.

  • Sencha: O tipo mais comum de chá no Japão, representando mais de três quartos de toda a produção. O Sencha da primeira colheita, quando usado comemorativamente, é também chamado de Shincha (Novo chá).
  • Bancha: É uma classe de Sencha colhido entre o verão e o outono. Embora não tenha o sabor delicado, como o Sencha, é respeitado pelas suas características bem definidas, como seu sabor forte e refrescante. Ele é mais barato, e contém menos cafeína que as outras variedades.
  • Genmaicha: É uma mistura de algum chá, geralmente Sencha, e Genmai (arroz torrado). A proporção de arroz e chá é muito importante, pois, se o aroma do arroz tira um pouco da amargura de um chá de qualidade inferior, o excesso tira todas as suas características.
  • Hojicha: É um chá frito, ou até torrado, muito comum em casas de chá pelo Japão. Tanto o bancha quanto o kukicha podem ser usados para fazê-lo. Ele tem muito pouca adstringência, uma cor claramente vermelha, e pouca cafeína. Mas também pode haver danos à saúde se usado por pessoas portadoras de diabetes.

A colheita do chá-verde no Japão

Cesto com chá-verde

Na primavera

A mais apreciada leva de chá-verde, Ichiban Cha, é colhida entre a primavera e o verão, mais ou menos em Maio, no hemisfério norte, e em Setembro, no hemisfério sul. O período exato depende de cada fazenda, devido às sutis diferenças no clima e geografia.

Antes da primavera, no começo de Março, no hemisfério norte, e de Junho, no hemisfério sul, as folhas da árvore de chá são arrancadas, e, delas, é feito o Banchá de Primavera.

Entre vinte e trinta dias antes da colheita, as árvores destinadas à produção de Gyokuro e Matcha são cobertas por cortinas especiais, chamadas Kanreisha, para isolá-las de contato solar direto. Dessa forma, ambos os tipos de Chá crescem com um aroma mais encorpado, uma cor mais esverdeada, e um sabor mais doce e menos amargo, graças à quantidade menor de taninos.

Depois, vem a colheita, na qual é preciso saber tempo certo para colher as folhas: colher antes do tempo certo acarretará em folhas pouco maduras, e colher depois, mesmo que alguns dias, irá tornar o chá muito mais amargo, estragando sua alta qualidade.

Para um chá perfeito, como ocorre com os melhores Gyokuros e Matchas, as folhas deverão ser recolhidas manualmente, já que, com uma máquina, será impossível separar as folhas boas das ruins.

No Verão

Durante o verão, são produzidos chás de qualidade inferior aos da primavera. No total, são feitas duas colheitas, resultando no Nibancha e no Sanbancha.

Durante esse período, a árvore fica particularmente vulnerável à competição de outras espécies, incluindo a erva-daninha. As plantações orgânicas sofrem ainda mais, pois, sendo impossível arrancar automaticamente as invasoras de cada árvore, os criadores acabam tendo de retirá-las manualmente, uma a uma.

No Outono

Durante o outono, as árvores são podadas e fertilizadas, para que o solo se enriqueça lentamente durante seis meses, até chegar a primavera novamente.

Das folhas retiradas nesse período, é feito o Banchá de Outono, o último chá do ano.

No Inverno

Durante o rigoroso inverno não há produção de chá.

Benefícios à saúde

Estudos indicam que o chá-verde é rico em substâncias antioxidantes, chamadas polifenóis, que evitam a ação destrutiva das moléculas de radicais livres que degeneram as células, auxiliando, por exemplo, na prevenção do câncer, tendo efeito antienvelhecimento e na queima de gorduras.[2]

O chá-verde também é rico em tanino que faz diminuir as taxas do LDL (colesterol ruim) e fortalece as artérias e veias favorecendo a prevenção de doenças cardíacas e circulatórias. Possui bioflavonoides e catequinas: substâncias que bloqueiam as alterações celulares que dão origem aos tumores.[3]

Um estudo feito nos Estados Unidos indica que o extrato de chá-verde pode suprimir o crescimento de Helicobacter pylori (em vivo e em vitro).[4] Um outro estudo feito na Coreia do Sul sugere que um polissacarídeo ácido encontrado no chá-verde é significativamente efetivo na prevenção da adesão do H. pylori a células epiteliais humanas em cultura[5]

O chá-verde também possui manganês, potássio, ácido fólico, vitamina C, vitamina K, vitamina B1 e a vitamina B2.

O chá-verde é diurético.

Referências

  1. Academia Brasileira de Letras. Disponível em http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=23. Acesso em 30 de abril de 2014.
  2. [1]
  3. [2]
  4. [3]
  5. Referência: Lee J, Shim J, Lee J, Kim J, Yang I, Chung M, Kim K (2006). "Inhibition of pathogenic bacterial adhesion by acidic polysaccharide from green tea (Camellia sinensis)". J Agric Food Chem 54 (23): 8717–23).