Ciclo de vida do filo Apicomplexa

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Os apicomplexa são um grupo de parasitas intracelulares que têm um ciclo de vida complexo e que ocorre ao longo de estágios, os quais evoluíram de modo a lhes permitir sobreviver nos mais diversos ambientes a que estão expostos.[1] Em cada estágio no ciclo de vida o parasita apresenta uma forma celular característica, com morfologia e bioquímica distintas. Nem todos os apicomplexa desenvolvem todas as variedades celulares e métodos de divisão seguintes; este artigo assume um organismo apicomplexo genérico.

Métodos de replicação assexuada[editar | editar código-fonte]

Os apicomplexa replicam-se através de processos de fissão múltipla (também denominada esquizogonia). Nestes processos inclui-se a gametogonia, esporogonia e a merogonia.[2]

Merogonia[editar | editar código-fonte]

A merogonia é um processo de reprodução assexuada característico dos apicomplexa. Depois de infectar a célula do hospedeiro, um trofozoíta aumenta de tamanho ao mesmo tempo que continuamente replica o seu núcleo celular e outras organelas.[3] Durante este processo, o organismo é denominado meronte ou esquizonte. Em seguida, a citocinese subdivide o esquizonte polinuclear em várias células idênticas chamadas merozoítos, os quais são libertados para a corrente sanguínea quando a célula hospedeira é rompida.

Entre os organismos cujo ciclo de vida depende deste processo estão a Theileria, Babesia,[4] e o parasita da malária, Plasmodium.[5]

Esporogenia[editar | editar código-fonte]

A esporogenia é um tipo de reprodução sexuada e assexuada. Envolve cariogamia, a formação de um zigoto sucedida de meiose e fissão múltipla, e resulta na produção de esporozoítos.

Endodiogenia e endopoligenia[editar | editar código-fonte]

As restantes formas de replicação incluem a endodiogenia e endopoligenia. A endodiogenia é um processo de reprodução assexuada presente em parasitas como o Toxoplasma gondii. Envolve um processo invulgar no qual são produzidas duas células-filha no interior da célula-mãe, a qual é então consumida pelas descendentes antes de se separarem dela.[6] E endopoligenia é a divisão em vários organismos em simultâneo através de gemulação interna.[6]

Glossário dos tipos de célula[editar | editar código-fonte]

Um oocineto, esporozoíto e merozoíto do Plasmodium falciparum.

Estágios infecciosos[editar | editar código-fonte]

Esporozoíto[editar | editar código-fonte]

Um esporozoíto é a forma celular que infecta novos hospedeiros. Por exemplo, no Plasmodium os esporozoítos são células que se desenvolvem nas glândulas salivares do mosquito, que durante a picada penetram no sangue no hospedeiro, alojando-se nas células hepáticas, onde se multiplicam. As células infetadas com esporozoítos a determinado ponto rompem-se, libertando merozoítos para a corrente sanguínea.[7]

Merozoíto[editar | editar código-fonte]

Um merozoíto é o resultado da merogenia que ocorre no interior de uma célula do hospedeiro. Durante a coccidiose, os merozoítos correspondem à primeira fase do ciclo de vida interno dos coccídeos. No caso do Plasmodium, os merozoítos infectam os glóbulos vermelhos, reproduzindo-se em seguida rapidamente. O glóbulo vermelho do hospedeiro é destruído por este processo, o qual liberta novos merozoítos que procuram novas células sanguíneas que possam infectar.

Gametócito[editar | editar código-fonte]

Gametócito é o nome dado às células do parasita capazes de formar gâmetas. Os gametócitos macho dividem-se para dar origem a vários microgâmetas, enquanto que os gametócitos fêmea se diferenciam num macrogâmeta.[8]

Oocineto[editar | editar código-fonte]

Um oocineto é um zigoto fertilizado capaz de se mover de forma espontânea. Penetra nas células epiteliais do intestino médio de mosquitos de modo a formar no seu revestimento externo uma estrutura de paredes densas denominada oocito.[9]

Trofozoíto[editar | editar código-fonte]

Um trofozoíto corresponde ao estágio ativado de alimentação intracelular do ciclo de vida apicomplexo. Depois de se alimentar no hospedeiro, o trofozoíto sofre esquizogonia e evolui para um esquizonte, o qual mais tarde liberta merozoítos.

Bradizoíto[editar | editar código-fonte]

Um bradizoíto é uma forma séssil de microorganismos zoonóticos, como a Toxoplasma gondii. Na toxoplasmose crónica, os bradozoítos apresentam-se ao microscópio na forma de conjuntos envoltos por uma parede em forma de crescente (um pseudocisto), nos músculos e tecidos cerebrais infetados.

Taquizoíto[editar | editar código-fonte]

Um taquizoíto, ao contrário de um bradizoíto, é uma forma na qual é característico o rápido crescimento e replicação. Os taquizoítos são formas móveis de coccídeos que formam cistos nos tecidos, como por exemplo o Toxoplasma e o Sarcocystis. Geralmente infetam vacúolos celulares e dividem-se por endodiogenia e endopoligenia.

Oocisto[editar | editar código-fonte]

Um oocisto é um esporo duro e de parede espessa capaz de sobreviver durante um longo período de tempo fora de um hospedeiro. O zigoto desenvolve-se no interior do esporo, o qual funciona como proteção durante a transferência para novos hospedeiros. Entre os organismos que produzem oocistos estão o Plasmodium, Cryptosporidium e Toxoplasma.


Referências

  1. Jadwiga Grabda (1991). Marine fish parasitology: an outline. [S.l.]: VCH. p. 8. ISBN 0-89573-823-6 
  2. Yoshinori Tanada, Harry K. Kaya (1993). Insect pathology. [S.l.]: Gulf Professional Publishing. ISBN 978-0-12-683255-6 
  3. «Schizogony definition». MSN Encarta. Consultado em 11 de dezembro de 2009. Arquivado do original em 22 de novembro de 2009 
  4. Herwaldt; Persing, DH; Précigout, EA; Goff, WL; Mathiesen, DA; Taylor, PW; Eberhard, ML; Gorenflot, AF; et al. (1 de abril de 1996). «A Fatal Case of Babesiosis in Missouri: Identification of Another Piroplasm That Infects Humans». Annals of Internal Medicine. 124 (7): 643–650. PMID 8607592. doi:10.1059/0003-4819-124-7-199604010-00004. Consultado em 11 de dezembro de 2009 [ligação inativa]
  5. Zhou; Liu, Q.; Wongsrichanalai, C.; Suwonkerd, W.; Panart, K.; Prajakwong, S.; Pensiri, A.; Kimura, M.; Matsuoka, H.; et al. (6 de janeiro de 2002). «High prevalence of Plasmodium malariae and Plasmodium ovale in malaria patients along the Thai-Myanmar border, as revealed by acridine orange staining and PCR-based diagnoses». Tropical Medicine & International Health. 3 (4): 304–312. doi:10.1046/j.1365-3156.1998.00223.x. Consultado em 11 de dezembro de 2009 
  6. a b James Desmond Smyth, Derek Wakelin (1994). Introduction to animal parasitology 3 ed. [S.l.]: Cambridge University Press. pp. 101–102. ISBN 0-521-42811-4 
  7. «Malaria - Life Cycle Of Plasmodium.swf». esnips. Consultado em 11 de dezembro de 2009. Arquivado do original em 21 de novembro de 2009 
  8. Sinden, R. E.; A. (1 de agosto de 2010). «The flagellum in malarial parasites». Current Opinion in Microbiology. 13 (4): 491-500. ISSN 1879-0364. PMID 20566299. doi:10.1016/j.mib.2010.05.016 
  9. «Ookinete (Medical Dictionary)». Dictionary.com. Consultado em 11 de dezembro de 2009 

DenilsonClever@Wiki/pag.br