Cyro Monteiro

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Cyro Monteiro
Cyro Monteiro
Informação geral
Também conhecido(a) como Formigão[1][2]
Nascimento 28 de maio de 1913
Local de nascimento Rio de Janeiro, DF
País Brasil
Morte 13 de julho de 1973 (60 anos)
Local de morte Rio de Janeiro, RJ
Gênero(s) Samba
Período em atividade 1934-1973
Gravadora(s) Odeon
RCA Victor
Todamérica
Columbia
Philips
Copacabana
Continental
Afiliação(ões) Cauby Peixoto (primo)

Cyro Monteiro (Rio de Janeiro, 28 de maio de 1913[3] — Rio de Janeiro, 13 de julho de 1973) foi um cantor e compositor brasileiro.

Infância[editar | editar código-fonte]

Cyro nasceu em 28 de maio de 1913 na Rua D. Alice (atual Rua General Belford), nº 68. Seus pais eram Ildefonso Monteiro, dentista, capitão da reserva e funcionário público; e Luísa Monteiro, dona de casa. Teve oito irmãos, todos batizados com nomes iniciados na letra "c": Celso, Célia, Careno, Celma, Cícero, César Cássio e Cenira.[3]

A partir dos dois anos, Cyro e sua família se mudaram constantemente: primeiro foram para a Alameda São Boaventura nº 1 005, em Niterói. Depois, em 1924, foram para a Travessa Santa Rosa, nº 22, onde ficaram até Cyro ter 15 anos. De 1928 a 1938, morou na Rua Cruzeiro (atual 5 de Julho).[3]

Cyro estudou o primário no Grupo Escolar Alberto Brandão e depois, aos 12 anos, foi para a Escola Profissional Washington Luís. Aos 16, saiu de lá e foi para o Instituto de Humanidades, onde ficou até os 19 anos.[3]

Carreira musical[editar | editar código-fonte]

Início e passagem pela Rádio Clube[editar | editar código-fonte]

Costumava cantar informalmente em festinhas do bairro. Inspirado por duplas como Chico Alves & Mário Reis, Jonjoca & Castro Barbosa e Sílvio Caldas & Luís Barbosa; Cyro montou uma parceria com seu irmão Careno.[3] Os dois eram acompanhados no violão por Eliziário Peixoto (conhecido como "Cadete", irmão da mãe deles e pai de Cauby Peixoto.[4]

Juntos, apresentaram-se regularmente na Rádio Clube do Brasil. Por meio do pianista Nonô, que costumava praticar na casa dos Monteiro, onde havia um piano, a dupla conseguiu uma oportunidade para conhecer Sílvio e Luís. Por excesso de timidez, Careno se recusou e Cyro apresentou um repertório sozinho.[5]

Algum tempo depois, Silvio o convidou a substituir Luís, que havia assinado um contrato de exclusividade com a Rádio Mayrink Veiga.[5] Assim, Cyro estreou no Programa Casé com Silvio ao final de 1933, apresentando-se também como corista de outros cantores, como Antônio Moreira da Silva.[6]

Contudo, menos de um mês depois, Cyro pediu demissão por não aceitar o fim da parceria com seu irmão, deixando Silvio e o próprio Careno muito decepcionados.[6]

Carreira na Rádio Mayrink e primeiros discos[editar | editar código-fonte]

Em 1934, atuando como meio-campista do Fluminense de Niterói, Cyro conheceu Patacho, um colega de equipe que trabalhava na Mayrink. O jogador o apresentou ao maestro Napoleão Tavares, que o testou (numa apresentação que contou com Custódio Mesquita) e o aprovou.[7]

Cyro é contratado pelo cachê de 25 mil-réis por programa. Dois anos depois, foi promovido à "tropa de elite" da emissora, ganhando 300 mil-réis por mês e juntando-se a Carmen e Aurora Miranda, Francisco Alves, Mário Reis, João Petra de Barros, Noel Rosa, Luís Barbosa, Patrício Teixeira, Muraro e outros nomes. No mesmo ano, conhece a cantora Odete Amaral, com quem inicia um relacionamento[7] e com quem se casaria em 1937.[8] É na Mayrink que consolida sua técnica de acompanhar-se sempre com uma caixa de fósforos para marcar o ritmo.[7]

Também em 1936, lançou seu primeiro disco, pela Odeon, tendo "Perdoa" de um lado e "Vê se Desguia" no outro.[9]

Carreira como freelancer, outros trabalhos e doença[editar | editar código-fonte]

Em 1937, motivado por um boato - que no fim não se concretizou - de que haveria uma demissão em massa na rádio, tomou a iniciativa antes e saiu da emissora. Passa a trabalhar como freelancer, apresentando-se nas rádios Philips, Clube, Educadora, Ipanema e outras por cachês de 25 ou 30 mil-réis.[9]

Passou também a integrar o coro da RCA Victor, ao lado de Almirante, Castro Barbosa, Odete, e Violeta Cavalcanti.[9] Ainda no mesmo ano, gravou seu primeiro grande êxito, "Se Acaso Você Chegasse", de Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins.[10] A gravação só foi possível após interferência do próprio Felisberto, uma vez que Leslie Evans, então diretor da RCA, preferia que algum outro cantor da gravadora interpretassem a canção.[11]

Em 1938, começa a atuar também como compositor, geralmente co-autorando as músicas com Dias da Cruz.[8] No ano seguinte, gravou quatro discos pela RCA.[8]

Em 1956, participou como ator da peça Orfeu da Conceição,[12] de Vinicius de Moraes (que o considerava "o maior cantor popular brasileiro de todos os tempos", rivalizando apenas com João Gilberto[13]). Ainda nos anos 50 e 60 participou de programas de televisão como O Fino da Bossa e Bossaudade, gravou discos e fez muitos espetáculos.[1][2]

Após separar-se de Odete, Cyro foi morar no Catete. Por um ano, trocou a Mayrink pela Rádio Nacional, mas logo desfez a mudança.[12]

Em 1953, descobriu ter bacilos de Koch no pulmão esquerdo. Por oito anos, teve dificuldades para falar, cantar e fazer esforço, mas gravou alguns discos pela Rio, Todamérica e Odeon.[12] Realizou uma toracoplastia (cirurgia em que a caixa torácica é modificada pela adição ou subtração de costelas; no caso de Cyro, três delas foram removidas) para se livrar da doença.[14]

Em 1961, o cantor conseguiu retomar sua carreira normalmente e lançou o LP Senhor Samba, que lhe rendeu prêmios de melhor do ano.[14] No decorrer dos anos 1960, além dos programas televisivos supracitados, participou de outros projetos, como o Telecoteco Opus nº 1, de Oduvaldo Vianna Filho, Teresa Aragão e Sérgio Cabral (1965) e o disco De Vinicius e Baden Especialmente para Cyro, da Elenco

Morte[editar | editar código-fonte]

Cyro morreu de Cirrose em 13 de julho de 1973, aos 60 anos. Foi enterrado no Cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro.[2]

Discografia[editar | editar código-fonte]

Adaptado das fontes.[15][16]

78 rpm[editar | editar código-fonte]

  • 1936 "Perdôa" / "Vê Se Desguia"
  • 1938 "Pomba serena"
  • 1938 "Se acaso você chegasse" / "Ela não compreende"
  • 1939 "Eu sou um" / "Enquanto a cidade dormia"
  • 1939 "Tua beleza" / "Oh! Seu Oscar"
  • 1939 "Mania da falecida" / "Que vida é essa"
  • 1939 "Sinhá, Sinhô" / "Bem querer"
  • 1940 "O bonde de São Januário" / "Morena brasileira"
  • 1940 "Vida apertada" / "Acabou a sopa"
  • 1940 "Linda Iaiá" / "Você quis saber da minha vida"
  • 1940 "Briga de amor" / "Quem gostar de mim"
  • 1940 "Sim, sou eu" / "Tá maluca"
  • 1940 "Beijo na boca" / "Bonito papel, hein?"
  • 1940 "Quero essa!" / "Gosto de te ver cantando"
  • 1940 "Tive um prazer" / "Chamei pelo teu nome"
  • 1941 "Quem engorda porcos é o Pacheco" / "Vamos saravá"
  • 1941 "Sopa de concha" / "Não vá atrás de ninguém"
  • 1941 "Ai, ai, ai, ai, ai! Eu gosto de você" / "Chica, Chica, bum, chic"
  • 1941 "Ela não teve paciência" / "Quem fica mal sou eu"
  • 1941 "Se eu lhe perder" / "Criança louca"
  • 1941 "Será possível?" / "Você é meu xodó"
  • 1941 "A mulher que eu gosto" / "Dinheiro não é semente"
  • 1941 "Rosinha"
  • 1941 "Dama de ouro"
  • 1941 "Linda flor da madrugada"
  • 1941 "Esquimó" / "Ela bateu a janela"
  • 1941 "Os quindins de Iaiá" / "Qué-qué-qué-ré"
  • 1942 "Maluquinha pra dançar" / "Quem é que está com a razão"
  • 1942 "Aquela dama" / "Que é isso Isabel"
  • 1942 "Essa mulher tem qualquer coisa na cabeça" / "Quem canta de graça é galo"
  • 1942 "Falta de consciência" / "Boa companheira"
  • 1942 "Eu queria" / "Professora de latim"
  • 1942 "Quando ela samba" / "Botões de laranjeira"
  • 1942 "Regra de bom viver" / "Fonte de amor"
  • 1942 "Hildebrando" / "Faz um homem enlouquecer"
  • 1942 "Quem me dera" / "Dance comigo"
  • 1943 "Oh! Seu Djalma" / "O vestido que eu dei"
  • 1943 "Não faça isso" / "Boêmio regenerado"
  • 1943 "Samda de Copacabana" / "Não te doi a consciência"
  • 1943 "Apelo final" / "Apresenta-me aquela mulher"
  • 1943 "Domine a sua paixão" / "Não são todas iguais"
  • 1943 "Você está sumindo" / "Minha homenagem"
  • 1943 "Beija-me" / "Saudade de Tereza"
  • 1943 "Vem surgindo a Avenida" / "O diabo da mulher"
  • 1943 "Vira esses olhos pra lá" / "Cruel decepção"
  • 1943 "Doce de coco" / "Senta lá na mesa"
  • 1943 "Até quarta-feira" / "Só você"
  • 1944 "Anita" / "A razão estava comigo"
  • 1944 "Agredece a deus" / "Voltei mas era tarde"
  • 1944 "Pobre coração" / "Meu lema de vida é este"
  • 1944 "Crioulo sambista" / "A maior mulher do mundo"
  • 1944 "Balbina" / "De cor de rosa"
  • 1944 "Mariá" / "Pensando no futuro"
  • 1944 "Falsa baiana" / "Duzentos e doze"
  • 1944 "Ouro de lei" / "Saudades dela"
  • 1944 "Tire a mão do meu bolso" / "Não vai Maria"
  • 1944 "Vale ouro" / "A mim você não engana"
  • 1945 "O dono da razão" / "Quem é que não quer?"
  • 1945 "Não é a primeira vez" / "Cravo branco"
  • 1945 "Pra minha morena sambar" / "Perdeu-se uma pequena"
  • 1945 "Tentação divina" / "Minha diferença"
  • 1945 "Boogie-woogie na favela" / "Obrigação"
  • 1945 "Aquele bilhetinho" / "O bebê da madame"
  • 1945 "Os quindins de Iaiá" / "Brigas de amor"
  • 1945 "Moleque vagabundo" / "A saudade me devora"
  • 1945 "Tentação" / "olha que maçada"
  • 1945 "Samba lelê, samba lalá" / "Sem meu tamborim não vou"
  • 1946 "Samba de Realengo" / "ôp, ôp, ôp"
  • 1946 "Trabalha" / "Louco por mulher"
  • 1946 "Aliança de casada" / "Pau no burro"
  • 1946 "Ai mãezinha" / "Até hoje não voltou"
  • 1946 "Calvário de amor" / "Santo Antônio amigo"
  • 1946 "Rugas" / "O que se leva dessa vida"
  • 1946 "Abriu-se o pano" / "Decepção"
  • 1946 "Golpe errado" / "Você tem casa e comida"
  • 1946 "Deus me perdoe" / "O mandarim"
  • 1947 "Por favor, seu doutor" / "Vivo bem"
  • 1947 "Meu pandeiro" / "Meu trabalho"
  • 1947 "Pisei num despacho" / "Indecisão"
  • 1947 "Não vejo ninguém" / "Dentro da capela"
  • 1947 "Rei pequeno" / "Tenha dó de mim"
  • 1948 "Beijo" / "Isabel" / "
  • 1949 "O trombone do Tribuza" / "Meu poema"
  • 1949 "Sereia de Copacabana" / "Vem brincar no meu país
  • 1950 "Maria sambou" / "Os coroas tem cartaz"
  • 1955 "Tá na cara" / "Fim de Saíra"
  • 1955 "Vida mansa" / "Petição"
  • 1955 "Mataram o meu samba" / "uma de reserva"
  • 1955 "Tem que rebolar(Com Mariúza)" / "Escurinho"
  • 1956 "Deixa isso pra lá" / "Vago simpático"
  • 1956 "O barão na dança" / "Nega Luzia"
  • 1957 "Meu assunto é sambar" / "Sou um barco"
  • ca.1961 "Sacode Carola" / "Entre beijos e carinhos"
  • ca.1961 "Entrego a Deus" / "Samba oficial"
  • 1961 "Quatro loucos num samba" / "Liberdade demais"
  • 1962 "Pelo cano" / "Certa Maria"

LPs, compactos e CDs[editar | editar código-fonte]

  • 1961 - Senhor Samba
  • 1966 - A Bossa Eterna de Elizeth e Cyro
  • 1969 - A Bossa Eterna de Elizeth e Cyro - vol. 2
  • 1969 - Meu Samba, Minha Vida
  • 2000 - Raízes do Samba: Cyro Monteiro
  • 2004 - Cyro Monteiro: Mestre do Samba

Filmografia[editar | editar código-fonte]

Adaptado da fonte.[17]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Aguiar, Ronaldo Conde (2013). «Cyro Monteiro - O Cantor das Mil e Uma Fãs». Os Reis da Voz. Rio de Janeiro: Casa da Palavra. ISBN 978-85-773-4398-0 

Referências

  1. a b «102 anos de Cyro Monteiro, o "Formigão"». jornalggn.com.br 
  2. a b c Aguiar 2013, p. 251.
  3. a b c d e Aguiar 2013, p. 240.
  4. Aguiar 2013, pp. 240-241.
  5. a b Aguiar 2013, p. 241.
  6. a b Aguiar 2013, p. 242.
  7. a b c Aguiar 2013, p. 243.
  8. a b c Aguiar 2013, p. 246.
  9. a b c Aguiar 2013, p. 244.
  10. Aguiar 2013, pp. 244-245.
  11. Aguiar 2013, p. 245.
  12. a b c Aguiar 2013, p. 249.
  13. Aguiar 2013, p. 247.
  14. a b Aguiar 2013, p. 250.
  15. «Cyro Monteiro». Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira. Consultado em 12 de dezembro de 2020 
  16. Aguiar 2013, pp. 252-254.
  17. Aguiar 2013, p. 255.