Cneu Domício Córbulo

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O chamado "Pseudo-Córbulo", que se acreditava ser um busto de Cneu Domício Córbulo, mas que, na verdade, representa uma personalidade desconhecida do século I a.C.

Cneu Domício Córbulo ou Corbulão (em latim: Gnaeus Domitius Corbulo; c.767) foi um general romano e cunhado do imperador Calígula.

História

Córbulo nasceu na Itália numa família de dignidade senatorial. Seu pai, com o qual compartilhava o nome, entrou no senado como um pretor no reinado do imperador Tibério (r. 14–37). Sua mãe, Vistília, era originária da Itália e vinha de uma família que detinha também o status de pretor.

Desconhecem-se os os primeiros anos da carreira de Córbulo, mas é certo que foi cônsul em 39 durante o reinado de Calígula (r. 37–41), que era marido de sua meia-irmã Milônia Cesônia.

Depois do assassinato de Calígula, a carreira de Córbulo foi interrompida e só retomou em 47 quando o imperador Cláudio (r. 41–54) o promoveu a comandante dos exércitos na Germânia Inferior, cuja base era em Colônia Agripinense (Colônia).

O novo posto era desafiador e Córbulo teve que lidar com grandes revoltas entre os povos germânicos dos queruscos e os caúcos. Ele ordenou a construção de um canal ligando os rios Reno e Meuse[1]. Partes desta obra, conhecida como Canal de Córbulo (Fossa Corbulonis), foram encontradas em escavações arqueológicas. Seu curso é idêntico ao Vliet, que conecta as cidades modernas de Leida (antiga Matilo) e Voorburgo (Fórum de Adriano; Forum Hadriani).

No oriente

Ver artigo principal: Guerra romano-parta de 58-63

Córbulo retornou para Roma, onde ficou até 52, quando então foi nomeado governador da província da Ásia. Depois da morte de Cláudio, em 54, o novo imperador, Nero, enviou-o para as províncias orientais para enfrentar o Reino da Armênia. Depois de alguma demora, ele finalmente partiu para a ofensiva em 58 e, reforçado por tropas vindas da Germânia, atacou Tiridates I, rei da Armênia e irmão de Vologases I da Pártia. Artaxata e Tigranocerta foram capturados por suas legiões (a III Gallica, VI Ferrata e a X Fretensis) e Tigranes, que havia sido criado em Roma e era um obediente servo do governo romano, foi instalado como rei da Armênia.

Em 61, Tigranes invadiu Adiabena, um território do Reino Parta, e o conflito entre Roma e os partas parecia inevitável. Vologases, porém, achou por bem propor a paz. Concordou-se que tanto as tropas romanas quanto as partas deveriam deixar a Armênia, Tigranes seria deposto e Tirídates seria novamente reconhecido como rei. O governo romano não concordou com o acerto e Lúcio Cesênio Peto, legado imperial propretor da Capadócia, recebeu ordens de resolver a questão subjugando a Armênia.

Estátua de Córbulo em Voorburg, nos Países Baixos.

A proteção da Síria durante o período tomou todo o tempo de Córbulo. Cesênio Peto, um comandante fraco e incapaz, que "desprezava a fama de Córbulo", sofreu uma dura derrota na Batalha de Randeia (62), na qual ele foi cercado, forçado a capitular e acabou entregando a Armênia aos partas. O comando das tropas foi novamente entregue a Córbulo. No ano seguinte, com um forte exército, ele atravessou o Eufrates, mas não conseguiu enfrentar Tiridates, que lhe ofereceu a paz. Em Randeia, ele colocou seu diadema aos pés da estátua do imperador e prometeu não retomá-lo a não ser pelas mãos de Nero em Roma.

Últimos anos

Depois de dois fracassados complôs entre nobres e senadores - incluindo o genro de Córbulo, o senador Lúcio Ânio Viniciano - para derrubar Nero em 62, o imperador passou a suspeitar de Córbulo e do apoio que ele recebia da população romana. Em 67, vários distúrbios irromperam na região da Judeia e Nero, depois de ordenar que Vespasiano tomasse o controle das forças romanas na região, convocou Córbulo e seus dois irmãos, que governavam as regiões da Germânia Superior e Inferior, até a Grécia. Ao chegarem em Cencrea, o porto de Corinto, os enviados de Nero ordenaram que Córbulo se suicidasse. Obediente, ele se lançou sobre sua própria espada dizendo "Axios!"[2]

Obras

Córbulo escreveu um relato de suas experiências na Ásia, mas ela se perdeu.

Casamento e filhos

Córbulo se casou com Cássia Longina, uma romana de família senatorial, filha de Caio Cássio Longino e sua esposa, Júnia Lépida. Eles tiveram duas filhas:

Júnia Lépida era trineta de Augusto e, portanto, Cássia e suas filhas eram descendentes diretas do primeiro imperador romano e membros da Dinastia júlio-claudiana.

Referências

  1. Tácito, Anais XI.20
  2. «The game of death in ancient Rome: arena sport and political suicide» (em inglês). Consultado em 30 de agosto de 2013 

Bibliografia

  • Este artigo incorpora texto (em inglês) da Encyclopædia Britannica (11.ª edição), publicação em domínio público.
  • Military History, Vol. 23, Number 5, p. 47-53 (em inglês)
  • Christian Settipani, Continuite Gentilice et Continuite Familiale Dans Les Familles Senatoriales Romaines, A L'Epoque Imperiale, Mythe et Realite. Linacre, UK: Prosopographica et Genealogica, 2000. ILL. NYPL ASY (Rome) 03-983. (em francês)

Ligações externas

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