Condicionador de cabelo

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Condicionador de cabelo ou amaciante de cabelo, ou ainda amaciador de cabelos é um produto usado nos cabelos, após o uso do xampu, para equilibrar o pH dos fios, e melhorar a sensação, a aparência e a capacidade de gerenciamento do cabelo. Seu principal objetivo é reduzir o atrito entre os fios para facilitar a escovação ou o penteado, o que poderia causar danos ao couro cabeludo.[1]

É também usado para hidratar e condicionar água nos fios, podendo exercer funções cada vez mais variadas, como devolver nutrientes ao cabelo, proteínas e várias outras substâncias extraídas dos fios no dia-a-dia.

Histórico[editar | editar código-fonte]

Durante séculos, os óleos naturais têm sido usados ​​para condicionar o cabelo humano.[2] Um condicionador popular entre os seres humanos no final da era vitoriana era o óleo de Macassar, mas este produto era bastante gorduroso e exigia a fixação de um pequeno pano, conhecido como antimacassar, nos apoios de cabeça de cadeiras e sofás para preservar o estofamento de ser danificado pelo óleo.[3]

O condicionador de cabelo moderno foi criado na virada do século 20, quando a empresa Edouard Pinaud apresentou um produto que ele chamou de Brilliantine na Exposição Universal de 1900 em Paris.[4] Seu produto tinha como objetivo suavizar os cabelos dos homens, incluindo barbas e bigodes.[5] Desde a invenção dos primeiros produtos de Pinaud, a ciência moderna avançou na indústria de condicionadores de cabelo para incluir aqueles feitos com silicone, álcoois graxos e compostos de amônio quaternário. Esses produtos químicos têm os benefícios do condicionador de cabelo sem parecer gorduroso ou pesado.

Mecanismo químico[editar | editar código-fonte]

Estrutura do cabelo[editar | editar código-fonte]

O cabelo é composto de fios de proteína, sendo que a queratina predomina em sua camada exterior, denominada cutícula. As proteínas são polímeros feitos de unidades de aminoácidos.[6] Na queratina, um aminoácido muito presente é a cisteína. A saúde do cabelo está fortemente relacionada à regularidade dessa camada (inclusive, quanto mais lisa, mais regularmente a luz é refletida, isto é, mais brilhante fica o cabelo), sendo que a quantidade de moléculas de água nas pontas das estruturas e a carga elétrica delas são fatores importantes.

As proteínas fibrosas, das quais as que compõem o cabelo fazem parte, possuem propriedades que dão força e flexibilidade às estruturas do fio[7] e, assim como qualquer outra proteína, fatores como calor, pH, tipos de detergentes e solventes orgânicos podem alterá-las.

Xampu e desbalanço de carga[editar | editar código-fonte]

O xampu, em consequência de seus mecanismos para a limpeza do cabelo, acaba deixando as cisteínas dos fios de cabelo carregadas negativamente. Devido a efeitos eletrostáticos, os fios se repelem, o que, macroscopicamente, significa que o cabelo fica esvoaçado. Nesse sentido, o condicionador serve, primordialmente, para neutralizar as cargas desses aminoácidos.

Relação entre o pH do cabelo e produtos capilares[editar | editar código-fonte]

O pH do couro cabeludo é de 5,5 e o pH da haste do cabelo é de 3,67.[8][9] O cabelo é extremamente sensível à variação de pH dos produtos aplicados em sua superfície. O pH alcalino pode aumentar a carga negativa na superfície da fibra capilar, e assim, aumentar o atrito entre as fibras. Esse atrito pode levar a danos na cutícula do cabelo. A acidez dos condicionadores (baixos valores de pH, grande disponibilidade de H+) se deve à necessidade de doar prótons às cisteínas carregadas negativamente, de modo que se neutralizem. Além da limpeza, o tratamento do cabelo com produtos de baixo pH (até 3,5) faz com que a cutícula fique compacta e o cabelo, tratado. Isso se deve às ligações de hidrogênio entre as moléculas de queratina, que são reforçadas com o novo ambiente de pH. Abaixo disso, o excesso de H+ desencadeia reações que comprometem a estrutura da queratina, podendo danificar o cabelo.[10] É necessário, portanto, atentar-se às composições dos produtos, buscando o equilíbrio entre eles: o excesso no uso de condicionador pode ultrapassar o ponto isoelétrico das proteínas (nível de pH em que a carga líquida é nula. No cabelo é em torno de pH 3,67) e carregar positivamente os fios de cabelo, fazendo com que fiquem esvoaçados devido à repulsão, gerando frizz e abrindo as cutículas dos fios.[11]

Um pH alto nos xampus comerciais pode gerar incompatibilidade com o couro cabelo e os fios por conta dos efeitos de frizz e atrito entre as fibras, mas para cabelos lisos extremamente oleosos e finos pode dar volume ao cabelo, um efeito considerado positivo. Um pH superior a 5,5, isto é, superior ao pH do couro cabeludo, pode causar irritações.[11]

Vinagre como condicionador de cabelo[editar | editar código-fonte]

O vinagre é uma solução muito ácida que deriva da reação de fermentação acética do álcool. O uso de vinagre de maçã tornou-se popular como cosmético capilar por proporcionar efeitos positivos aos cabelos. Tem seu pH em torno de 2 a 3[12] - dependendo do fabricante - e por isso seu uso como condicionador deve ser feito após a diluição em água a fim de diminuir a concentração e aumentar o pH para um valor mais próximo do encontrado no cabelo.

Um estudo realizado em 2017 demonstrou a eficácia do vinagre de cebola-albarrã no combate de piolhos.[13]

Referências

  1. André O. Barel; Marc Paye; Howard I. Maibach (3 de março de 2009). Handbook of Cosmetic Science and Technology, Third Edition. [S.l.]: CRC Press. pp. 687–. ISBN 978-1-4200-6968-6 
  2. «Argan oil as a geographic indication». web.archive.org. 19 de março de 2017. Consultado em 28 de outubro de 2022 
  3. «Antimacassar». 1911 Encyclopædia Britannica. 1911. Consultado em 28 de outubro de 2022 
  4. Gaspar, Enrique (26 de junho de 2012). The Time Ship: A Chrononautical Journey (em inglês). [S.l.]: Wesleyan University Press 
  5. «Prell Shampoo - Rediscover a Classic Clean». www.neotericcosmetics.com. Consultado em 28 de outubro de 2022 
  6. ATKINS, Peter (2018). Princípios de Química. Porto Alegre: Bookman. p. 819. ISBN 978-85-8260-462-5 
  7. NELSON, David L. (2014). Princípios de bioquímica de Lehninger. Porto Alegre: Artmed. pp. 125–126–127. ISBN 978-85-8271-073-9 
  8. Sinclair RD. Healthy hair: what is it? J Investig Dermatol Symp Proc. 2007 Dec;12(2):2-5. doi: 10.1038/sj.jidsymp.5650046. PMID: 18004288.
  9. Robbins, Clarence R. and Richard Joseph Crawford. “Cuticle damage and the tensile properties of human hair.” Journal of the society of cosmetic chemists 42 (1991): 59-67.
  10. Köhler, Rita de Cassia Oliveira (2011). A Química da estética capilar como temática no ensino de Química e na capacitação dos profissionais da beleza. Santa Maria: [s.n.] pp. 42–47  . Disponível em: https://repositorio.ufsm.br/handle/1/6646
  11. a b Gavazzoni Dias, Maria FernandaReis; Pichler, Janine; Adriano, AndreRicardo; Cecato, Patricia; de Almeida, AndreiaMunck (2014). «The shampoo pH can affect the hair: Myth or Reality?». International Journal of Trichology (em inglês) (3). 95 páginas. ISSN 0974-7753. PMC 4158629Acessível livremente. PMID 25210332. doi:10.4103/0974-7753.139078. Consultado em 31 de outubro de 2022 
  12. «Is Vinegar an Acid or Base? And Does It Matter?». Healthline (em inglês). 30 de agosto de 2019. Consultado em 31 de outubro de 2022 
  13. Shahrbanoo Abdolhosseini, Roshanak Mokaberinejad, Vahid AlianNezhadi, Mahbubeh Bozorgi, Esmaeel Nazem. Evaluation of Treatment with Squill Vinegar in 10 patients with Head Pediculosis. Asian J Clin Case Rep Trad Alt Med, Jan-Mar 2017; 1(1): 57-64
Este artigo é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o. Editor: considere marcar com um esboço mais específico.