Contrainformação
Contrainformação refere-se a ação, estratégia ou conjunto de recursos que visam neutralizar os serviços de informação do campo inimigo para impedir ou dificultar seu acesso a informação verdadeira, mediante, sobretudo, a divulgação de informações falsas.[1][2]
Exemplos de situações de contrainformação
Na história de Portugal, um dos primeiros exemplos de contrainformação foi o caso da Padeira de Aljubarrota.
Um exemplo mais recente, datado da Segunda Guerra Mundial, precedeu os desembarques do Dia D, no que ficaria conhecido como Operação Fortitude: os serviços secretos britânicos convenceram as forças armadas da Alemanha Nazi de que dispunham de uma força invasora muito maior do que a que de facto passou pelo Canal da Mancha a partir de Kent.
A contrainformação era especialmente frequente durante a Guerra Fria. Alguns exemplos de alegada contra-informação soviética contra os Estados Unidos incluiam[3]:
- Divulgação de teorias da conspiração sobre o Assassinato de Kennedy pelo escritor Mark Lane que teria mantido contactos com vários agentes soviéticos. Lane negou estas acusações.
- Desacreditação da CIA, através do historiador Philip Agee (com o nome de código PONT).
- Tentativas de desacreditar Martin Luther King, Jr. através de publicações que o retratavam como um "Uncle Tom" que recebia secretamente subsídios governamentais. À época a campanha de King pelos direitos civis era elogiada pela União Soviética, e ele foi alvo de esforços de contra-informação pela Comissão Cointelpro do FBI.[4]
- Agitação das tensões raciais nos Estados Unidos endereçando cartas falsas do Ku Klux Klan, com um explosivo na "the Negro section of New York" (operação PANDORA), e divulgação de teorias da conspiração que o assassinato de Martin Luther King, Jr. teria sido planeado pelo governo dos EUA.
- Fabrico de histórias de que o vírus da síndrome da imunodeficiência adquirida seria fabricado por cientistas americanos em Fort Detrick; a história foi divulgada pelo biólogo de origem russa Jakob Segal.
Em 1957 a CIA sabia que tinha havido um acidente na central nuclear de Mayak mas a informação não foi divulgada publicamente por causa da "(...) relutância da CIA em destacar um acidente nuclear na URSS, que poderia causar preocupação às pessoas que viviam perto de instalações nucleares nos Estados Unidos. (...)".[5]
O jornalista soviético Yuri Bezmenov, correspondente da agência de notícias RIA Novosti e informante da KGB, desertou para o ocidente em 1970. Durante as décadas de 1970 e 1980, Bezmenov denunciou as estratégias de desinformação usadas pela URSS para fomentar a subversão pelo mundo. Estas estratégias, também usadas para manipular a opinião pública soviética, visavam implantar governos pró URSS em vários países.
Em 1986, O conselheiro para a segurança nacional dos EUA John Poindexter escreveu para o presidente Ronald Reagan um "programa de contra-informação" para desestabilizar o coronel líbio Muammar al-Gaddafi através de relatórios na imprensa estrangeira sobre um conflito entre os dois países. Todavia, a informação falsa chegou ao The Wall Street Journal, um fenómeno conhecido no meio como blowback[6].
Ver também
- Agente provocador
- Censura
- Coerção
- Controlo social
- Falsificações de fotografias na União Soviética
- Finlandização
- Indoutrinação
- Lavagem cerebral
- Manipulação da mídia
- Medo, incerteza e dúvida
- Operação de bandeira falsa
- Preconceito cognitivo
- Propaganda
Referências
- ↑ "contrainformação", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013.
- ↑ contrainformação. Infopédia
- ↑ Christopher Andrew, Vasili Mitrokhin (2000). The Mitrokhin Archive: The KGB in Europe and the West. Gardners Books. ISBN 0-14-028487-7.
- ↑ From Civil Rights to Human Rights: Martin Luther King Jr. and the Struggle for Economic Justice. Por Thomas F. Jackson
- ↑ Arjun Makhijani, A Readiness to Harm: The Health Effects of Nuclear Weapons Complexes
- ↑ Daniel Schorr, "Official US deception: Can it be trusted?", Christian Science Monitor, 1-3-2002; acesso em 22-2-2007